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[L] [Skylink] [Ecos de um sonho]

Skylink

Squirrle!
[Skylink] [Ecos de um sonho]

Ao lado de uma pequena poça de água, em seus áureos tempos, ele cantava, em direção ao céu. Cantava por si só melodias para que um dia a imensidão acima de si lhe pudesse ouvir. Cantava para que, talvez, pudesse observar um sorriso do céu, ou ver seus belos olhos através das estrelas. E eram magníficas as melodias as quais ele compunha na pequena tentativa de se fazer ouvir e representar parte da beleza daquele céu, que parecia sorrir ante as estrelas que se desenhavam em sua face e a melodia que parecia dar forma e beleza ao pequeno lugar de onde brotava.

Era assim desde muito tempo atrás quando, ainda jovem, ele penetrara naquele vale profundo e contemplara o firmamento estrelado. E ali desejara ficar, sem tempo para ir ou voltar, apenas para cantar e sentir a saudade do tempo que se esvaía e ditava a aproximação daquela a quem amava. E talvez pelo encanto daquele lugar, ou por algum desejo que ultrapassava os limites do mundo e se perfazia em toda a sua beleza através de sua música, ele não envelheceu. Nem deixou o tempo qualquer marca sobre ele, sendo assim também sobre o lugar por onde sua música se estendia.

E cada amanhecer era um novo acorde a ser celebrado por mais um dia inteiro, enquanto o sol se estendia pelo mundo até morrer no oeste, para logo nascer a lua, que ordenava o descanso da terra, com sua luz singela e delicada. Era então momento de cantar, mais uma vez, enquanto começava a longa caminhada da esfera de prata pelo céu. Sua forma não era essa no momento, mas pouco importava. A magia e o encanto dela estavam presentes em todos os instantes de mais esta viagem. A música então se estendeu, rasgando o ar ao redor e impondo suas notas sobre terra e água, tal qual o som triunfal de uma tempestade.

O tempo foi então passando, dia após dia, apesar da aparente indiferença daquele pequeno pedacinho do mundo. E o canto do pequeno continuava em seu próprio arranjo solene, não importando nada mais ao redor além do céu e seus astros. Era no sol que ele via a energia que era a fonte de toda a vida. Na lua o singelo brilho cinzento do reflexo da luz solar encantava seus olhos. E era no céu que ele via o reflexo de seu amor, por agora somente imaginado. E era para lá que se lançavam seus sonhos, suas esperanças, sua vida e sua música. E assim continuou sendo, enquanto o desenrolar das eras e os acontecimentos do mundo se passavam fora dali.

Havia as estrelas também, mas palavras ou músicas não eram suficientes para expressar a beleza de todas elas. Somente a algumas ele se dedicava a louvar, pois poucas eram as jóias que lhe pareciam próximas. Todas as outras transpassavam uma beleza velada e incomensurável, fruto da distância e da impossibilidade de um dia se chegar até elas através de sua música. Por isso ela era dedicada apenas ao pequeno conjunto que seus sentidos percebiam, embora não deixasse de percorrer todo o universo e voltar através dos ecos de lamento daqueles que também queriam ser vistos e notados. E, dessa forma, o tempo continuou passando, sem ser percebido. Por muito tempo assim transcorreram os dias, até que algo por muito esperado finalmente aconteceu, embora ele não soubesse no começo.

Era pleno meio dia e, em meio a mais uma canção de amor, o sol lentamente começou a desaparecer, tornando-se mais escuro a cada novo instante, como se algum tipo de sombra tentasse ocupar seu lugar. O céu então começava lentamente a se tornar o breu sem estrelas, assustador e terrível, em seus primeiros momentos. As sombras cobriam as árvores e os pequenos animais que por ali estavam pareciam tentar se esconder, enquanto o firmamento anunciava subitamente o que parecia ser a derradeira escuridão.

A música já se alterava, como que para tentar conter as forças do mundo, num momento de quase desespero. Como haveria de ser agora cantar para o vazio? Nunca fizera isso, e nem tinha idéia de como realizar esta façanha. A perplexidade dominou-o por breves momentos, até que o coração finalmente retirou os véus que encobriam sua visão e seus pensamentos. Era apenas cantar como cantara por sua amada, cantar sobre o futuro que não podia ser predito nem adivinhado, cantar sobre as formas negras que eram apenas esboços de uma folha em branco sem preenchimento.

Explodiu então a melodia no pequeno vale, de forma como nunca antes fora sentida ou ouvida. O ar não simplesmente rasgava-se, mas parecia dar passagem a ela e aumentar seu clamor. Reverbavam as pedras todos os ecos possíveis e fazia a água ainda mais um tom ao clamor que se anunciava. Todos os que estavam ali juntaram suas vozes no coral que se formava e a música adquiriu poder e forma plenos. E mais pessoas e seres chegavam, vindos de toda a parte. A escuridão então se juntou e se submeteu ao equilíbrio singelo de todos aqueles sons que já não eram emitidos agora pelo medo ou pesar, e sim apenas pela simples alegria.

A escuridão chegava, lentamente, a sua forma mais plena, enquanto a música ditava sua aproximação da forma que lhe parecia conveniente em seu próprio arranjo solene. Tocava agora a melodia de forma imperiosa, para atrair sobre si toda a vastidão que antes só alcançava por meio de sonhos distantes. E o céu sorria ante a tudo o que acontecia, e as própias estrelas se aproximaram para se juntar ao clamor. Mesmo as mais longínquas não deixaram de transcorrer os limites infinitos do espaço apenas para poder presenciar, por breves momentos, toda a ousadia daqueles que erguiam suas vozes para além dos limites do próprio universo, sem motivo algum senão o prazer.

A lua finalmente deixou o sol voltar a aparecer no céu e agora todos se dirigiam aos últimos acordes. As estrelas apareciam, sem motivo, e tudo era a plena consistência das formas de vida e energia. O pequeno ainda se maravilhava por tudo aquilo que começara, e olhou longamente para tudo que se ajuntava a sua volta, para todos os ecos que se repetiam antes à passagem de tantos clamores. E então, ele a viu, em meio às multidões que haviam se ajuntado.

Aquela que por tanto tempo ele esperara estava ali ao seu lado, juntando sua voz ao coro que cantava somente pelo prazer e pela beleza das própias vozes e melodias. Ele a ouviu e percebeu finalmente. Era ela que emitia as palavras amorosas que ouvira, e que eram como os próprios ventos a cantarem em seu ouvido. Era ela a quem havia procurado e encontrado. Ela, com seu olhar que era a mais singela representação das estrelas, senão as própias incrustadas em seus profundos olhos negros, como o céu nas noites estreladas. Seu corpo era a perfeição imaginada, embora já não mais fizesse diferença ante o brilho de seu olhar e seus longos cabelos negros que se escorriam até as costas.

Ele a olhou longamente. Olhou para aquela pelo qual tanto sonhara, ansiara e desejara. E que agora finalmente estava ali. Olhou novamente para o céu percebendo agora o momento máximo que resultaria na lenta diminuição dos tons e vozes. No firmamento havia amor, ódio desejo, dor, todos os sentimentos humanos estavam lá, colocados como herança divina. Era o momento de tudo atingir seu ponto máximo e lentamente começar a diminuir, como ele sabia. Mesmo assim, nada mais o atraía e ele caminhou lentamente até ela.

Quando os olhares de ambos se cruzaram, tudo o mais foi deixado para trás. O clamor, os sons, a beleza de todas as coisas. Nada mais importava enquanto ambos encaravam as profundezas um do outro e percebiam aquele sentimento mágico que existe dentro de cada um de nós. Havia o amor, na sua forma mais pura e verdadeira, que era a origem de toda a beleza vista há pouco. A magia então se perfazia plena, enquanto ambos falavam e sonhavam, esquecidos de tudo o mais ao redor que acontecia. Logo veio a declaração, fruto de todo o amor que o pequeno conseguia devotar:

-Eu te amo!- disse ele enquanto fitava as profundezas dos olhos de sua amada.

A resposta fora outra declaração e, nesse momento, o mundo não mais existia para os dois. E apenas eles permaneciam, transpassando todo o sentimento que dera origem a tudo aquilo. Era o amor, simplesmente na sua forma mais bela e jamais imaginada plenamente. Era aquilo pelo qual o pequeno tanto cantara e sonhara, aquilo pelo qual ela ansiara em tantas noites nas quais não dormira. E tudo isso se resumia ali, no único instante que dera início a toda aquela magia. Tudo era fruto do momento em que seus olhos se cruzaram, e toda sua história viera simplesmente disso. E a magia daquele dia teve por fim o final que era apenas mais um começo, e que se demonstrou no mais profundo e sincero beijo que dois apaixonados já se deram.
 
Sky! Eu achei esse texto um dos mais bonitos que vc já fez, muito fofo ^^ e a estrutura tá muito boa, palavras bem empregadas e talz... muito legal!

Parabéns :clap:

p.s: tava com saudade de ler um dos seus textos :oops:
 
Realmente, Sky, vc melhora a cada texto.Está muito lindo, limpo, como sempre vc se concentra mais nos sentimentos e nos sentidos do que na descrição objetiva, e EU ADORO ISSO!!!!
:mrgreen:
 
nossa, mto bom! .. as palavras tao num ritmo que surge interesse, faz com que imaginamos os momentos descritos..
Parabens! :D :clap:
 
Puxa Sky, está lindo!

Vc escreve muito bem como já te disse. Esse realmente está lindo, bem construido, bem narrado. E se vê bastante sentimento nesse texto, sentimento verdadeiro.

Continue sempre escrevendo porque vc vai longe! :D
 
Ah, muito obrigado a todos. Esse texto foi escrito para uma pessoa que amo, mais do que tudo. Ultimamente a sorte sorri pra mim e posso dizer que a cada dia me apaixono mais por ela. Estou alegre demais.^^

Não há muito o que dizer. Fico simplesmente feliz por sonhar com ela a cada segundo que se passa de minha vida. :grinlove:
 
Parabéns Sky (Posso te chamar assim?), seu texto está muito bom! Cada texto melhor que o outro! Você merece aplausos :clap: ! Parabéns!
 
Mago do Alvejante disse:
Parabéns Sky (Posso te chamar assim?), seu texto está muito bom! Cada texto melhor que o outro! Você merece aplausos :clap: ! Parabéns!

Pode sim. Obrigado pelos elogios. Mas esses são textos antigos, faz tempo que não escrevo alguma coisa. Eles apenas voltaram por causa do rumo da vida, que parece pretender a concretização das idéias de ambos.

E isso me deixa mais do que feliz. :obiggraz:
 
Rafa, terei eu o que dizer além de que:
1)morro de ciumes quando leio a história;
2)én nagyon sérétlek tégeret :grinlove: :grinlove: :grinlove:
 

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