Minas Ecthelion
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[Minas Ecthelion] [Como uma ovelha no Inferno]
Dormi mal essa noite, por isso agora estou quase que nem um zumbi. E esse texto simplesmente saiu. É um pouco forte, pode parecer de terror mas não é.
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A cidade recebeu os primeiros raios solares e logo se tornou escarlate. Era a cidade do pecado, da perdição, era a nova babilônia. Ali selvagens sobreviviam de carne humana, maculavam as ruas com suas simples presenças, mulheres vendiam seus corpos por ninharias, era a maldade contaminando o ar e o solo.
E ali nesta cidade, numa manhã, chegou um estranho. Um homem que provavelmente não sabia aonde estava se metendo, pois seu coração era puro, repleto de bondade e inocência. E como uma ovelha saiu a perambular pela cidade, olhando assustado e maravilhado os altos edifícios, sem nem ao menos preocupar com a segurança de sua vida, e o mais importante; a segurança de sua alma.
Numa esquina foi surpreendido por um grupo de pessoas, que o cercaram e exigiram seu sangue. Queriam seu suor, e o homem o deu de mãos abertas, sofrendo, mas deu. Se afastou do grupo, e descobriu o medo. Era uma sensação nova e apavorante para ele. Nunca precisara andar olhando cada sombra, e cada beco, como se algo estivesse apenas esperando por uma vítima.
E ao cair da noite, as sombras da cidade o engoliram. Não tinha mais condições físicas nem mentais de continuar a andar pelas ruas. Se instalou em um hotel, o primeiro que encontrou. Fora de seu quarto, ouvia gritos e confusões, brigas. A porta não oferecia segurança. Procurou uma Bíblia mas não achou. “O Senhor é meu pastor e nada me faltará!”, repetia como um sutra a cada segundo.
Então, subitamente, sua porta se escancarou. Era o mundo lá fora exigindo que ele entrasse na roda, no jogo. Foi levado a um beco escuro e frio, parecia um pesadelo. Resistiu o tanto que pode, mas era inútil. Poucos resistem à dor. Foi espancado, explorado, maculado e humilhado. O sangue pingava, a mente rodou e rodou, até ele perder a consciência...
Os primeiros raios solares bateram em seu rosto, o acordando. Se levantou, com a noite anterior gravada eu sua memória. Onde antes havia medo, agora havia ódio. A maldade ganhou espaço em seu coração, e sua alma pedia para ir embora. Queria a vingança, somente vingança! Queria maltratar e espancar todos daquela cidade! Porém se controlou e meditou por uns instantes. E uma compreensão profunda, quase mística foi tomando conta de seus pensamentos.
Ele não queria se tornar igual àqueles homens da cidade. Ou seja, não poderia revidar, ou viraria um demônio. Mas, também não significava ficar de braços cruzados. Pois agora ele era diferente, ele conhecia a maldade. E, não a utilizando, mas conhecendo-a ele poderia sobreviver. Fez como um bom cristão, passou a ser astuto como uma serpente e inocente como uma criança.
E assim, sem perder a alma e a humanidade, se fundiu à cidade. Sem se colorir com escarlate.
Dormi mal essa noite, por isso agora estou quase que nem um zumbi. E esse texto simplesmente saiu. É um pouco forte, pode parecer de terror mas não é.
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A cidade recebeu os primeiros raios solares e logo se tornou escarlate. Era a cidade do pecado, da perdição, era a nova babilônia. Ali selvagens sobreviviam de carne humana, maculavam as ruas com suas simples presenças, mulheres vendiam seus corpos por ninharias, era a maldade contaminando o ar e o solo.
E ali nesta cidade, numa manhã, chegou um estranho. Um homem que provavelmente não sabia aonde estava se metendo, pois seu coração era puro, repleto de bondade e inocência. E como uma ovelha saiu a perambular pela cidade, olhando assustado e maravilhado os altos edifícios, sem nem ao menos preocupar com a segurança de sua vida, e o mais importante; a segurança de sua alma.
Numa esquina foi surpreendido por um grupo de pessoas, que o cercaram e exigiram seu sangue. Queriam seu suor, e o homem o deu de mãos abertas, sofrendo, mas deu. Se afastou do grupo, e descobriu o medo. Era uma sensação nova e apavorante para ele. Nunca precisara andar olhando cada sombra, e cada beco, como se algo estivesse apenas esperando por uma vítima.
E ao cair da noite, as sombras da cidade o engoliram. Não tinha mais condições físicas nem mentais de continuar a andar pelas ruas. Se instalou em um hotel, o primeiro que encontrou. Fora de seu quarto, ouvia gritos e confusões, brigas. A porta não oferecia segurança. Procurou uma Bíblia mas não achou. “O Senhor é meu pastor e nada me faltará!”, repetia como um sutra a cada segundo.
Então, subitamente, sua porta se escancarou. Era o mundo lá fora exigindo que ele entrasse na roda, no jogo. Foi levado a um beco escuro e frio, parecia um pesadelo. Resistiu o tanto que pode, mas era inútil. Poucos resistem à dor. Foi espancado, explorado, maculado e humilhado. O sangue pingava, a mente rodou e rodou, até ele perder a consciência...
Os primeiros raios solares bateram em seu rosto, o acordando. Se levantou, com a noite anterior gravada eu sua memória. Onde antes havia medo, agora havia ódio. A maldade ganhou espaço em seu coração, e sua alma pedia para ir embora. Queria a vingança, somente vingança! Queria maltratar e espancar todos daquela cidade! Porém se controlou e meditou por uns instantes. E uma compreensão profunda, quase mística foi tomando conta de seus pensamentos.
Ele não queria se tornar igual àqueles homens da cidade. Ou seja, não poderia revidar, ou viraria um demônio. Mas, também não significava ficar de braços cruzados. Pois agora ele era diferente, ele conhecia a maldade. E, não a utilizando, mas conhecendo-a ele poderia sobreviver. Fez como um bom cristão, passou a ser astuto como uma serpente e inocente como uma criança.
E assim, sem perder a alma e a humanidade, se fundiu à cidade. Sem se colorir com escarlate.