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[L] [Forfirith][Lençóis Apáticos]

Forfirith

Usuário
[Forfirith][Lençóis Apáticos]

Bem...pra começar eu digo que esse conto foi TUDO CULPA DO SKY :twisted:
Eu li o conto dele e acabei me inspirando..na verdade o meu tá praticamente igual ao dele...
Ah, antes de postar, dei espaço em todas as vírgulas e pontos finais, em homenagem ao Melkor, afinal, é Natal, época de milagres :mrgreen:

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Lençóis apáticos

O sono e o descanso já não faziam parte de sua rotina há tempos. Ele não dormia mais. Também não relaxava mais.
Tudo que fazia era deixar seu corpo se mover sozinho, todos os dias, da mesma maneira.
Ele morava em uma cidade praiana. Lá era muito calor, e terrivelmente abafado. Muitos tinham um ar condicionado, mas não ele. Ele não tinha dinheiro suficiente. E também já se acostumara ao calor, desde sempre convivera com ele. Talvez ele nem mais notasse o ar pesado, úmido e quente que pairava sobre sua cidade todas as noites.
Ele tinha em seu quarto apenas um ventilador de teto velho. Estava coberto de poeira, e rodava tão devagar que mal produzia algum vento. Não fazia nem sequer uma brisa.
Sua cama também era velha, juntamente com seus lençóis. Eram do casamento de sua mãe, que falecera já há vários anos. Eram mal lavados, e cheios de bolinhas de linha que o incomodariam, se ele as percebesse. Era também coberto de migalhas de pão, e várias manchas de café. Mas ele já não percebia nada
Seu apartamento era pequeno e tinha dois cômodos apenas. Seu quarto e um banheiro.Lá ele morava, lá ele reiniciava sua rotina diária, sempre a mesma, sempre igual, incessante.
Às cinco horas da manhã, o despertador tocava. Não que ele precisasse de um, servia apenas como mais um detalhe da lista diária de coisas que aconteciam.
Então, o despertador tocava. Ele levantava da cama e de seus lençóis cheios de bolinhas, emaranhado em suas pernas suadas, e ia se trocar.
O armário já estava aberto. Ele nunca fechava o armário. Ele não sabia porque o deixava assim, mas uma vez daquela maneira, assim permaneceria. Ele então pegava sua roupa, a vestia, e se dirigia à geladeira.
Era branca e velha, devia ter mais de vinte anos. A abria e caçava algum resto de pão que sobrasse do dia anterior. Ele não sentia muita fome, mas comia da mesma maneira, pois assim era sua rotina. E assim ela continuaria sendo.
Uma vez alimentado, abria a porta do apartamento, toda descascada. A tinta branca uma vez pintada já estava amarelada há muito tempo, algumas lascas podiam ser encontradas no chão, do lado de dentro do apartamento. Não fazia parte de sua rotina varrer o chão. Nem se preocupar com a aparência da porta.
Trancava então a porta, e descia as escadas. Cinco lances de escadas até chegar no térreo. De lá então, seguia para o ponto de ônibus.
Era comum a rua estar ainda úmida do calor da noite. Mas ele não percebia isso, apenas tinha consciência de que ela estava lá, como sempre estaria.
Subia no ônibus, e descia num ponto que ficava a duas quadras de seu emprego. Ele era faxineiro de uma empresa. Limpava o chão com seu esfregão, o mesmo chão, da mesma maneira, todos o dias. O mesmo cheiro de água sanitária, todos os dias. Mas essa era sua rotina, inalterável e inconsciente.
Era sempre um dos últimos a ir embora. Guardava seu esfregão, seu balde, apagava as luzes, trancava as portas, deixava as chaves na portaria e pegava seu ônibus.
Ele não se preocupava em decorar horários, nem preços. Porque estes eram sempre os mesmos, sem nenhuma alteração, comprava sempre as mesmas coisas, no mesmo lugar, fazia tudo sempre no mesmo horário, tinha sempre a mesma vida. Essa era sua rotina. E assim ela continuaria sendo.
O despertador então tocou mais uma vez. Ele então o desligou, e sua rotina incessante se reiniciou, mais uma vez. Ele se levantou de sua cama, com seus lençóis, foi até o armário, colocou sua roupa em seu corpo suado e foi até a geladeira. Passou os olhos de leve por toda ela, como sempre fazia, depois os voltou ao saco de pães velhos. De café da manhã, comeu uma fatia de pão velho, do modo com o qual sempre fazia, e mesmo estando sem fome.
Passou mais uma vez pela porta, desceu mais uma vez as escadas, e parou mais uma vez ao ponto do ônibus. Na noite anterior havia chovido. Não que ele tivesse percebido a umidade fresca da manhã.
Desceu mais uma vez no ponto próximo a seu emprego. Deixou suas pernas o guiarem até lá, mais uma vez. Entrou no prédio e seguiu até seu esfregão.
No local onde estava a trabalhar, porém, foi parado por um superior seu, e informado de que haveria folga naquele dia. Era natal.
Ele então, frente a frente com a quebra absoluta de sua rotina, nada fez. Ficou lá, parado, imóvel. Não movia um músculo. O outro homem continuou a andar pelo corredor, e o deixou lá, a só. E parado.
Estava lá, e mas não pensava em nada. Simplesmente estava parado, de pé, sem pensar. Apenas piscava os olhos e continuava respirando. De pé, no corredor, segurando seu esfregão.
Ele ficou lá, e os minutos passaram, e continuaram passando ininterruptamente no relógio. Ele permanecia inerte e apático.Horas se passaram, e ele continuava lá.
Depois de muito tempo, então, ele se moveu.Virou o rosto, levantou seu esfregão do chão. Olhou para baixo, e levou o esfregão ao balde. E então, continuou a limpar o corredor.
 
bom tem muita influencia do skylink mesmo neh.....mas fico legal o texto....as descriçoes tao muito boas, gostei do desenrolar do texto, apesar de ser quase identico ao do sky!

parabens!!!!! :mrgreen:
 
Apesar d parecer com o do Sky, o seu tem um final bem diferente, mais realista, seincero... Gosto mais assim, sair do realismo pra entrar em uma situação feliz e, obviamente, fantasiosa, num é bem comigo... osteimais tb do seu personagem, ele simplismente É assim, e não se tornou assim, se deu conta e saiu da situação d fininho...
 
Interessante... mais uma expressão de como a rotina e a sociedade nulificam uma pessoa. Em sincronia com o Hora da Estrela que eu acabei de reler
 
Ah, gostei! ^^ Esse final que vc colocou... eu pensei em algo do tipo, mas decidi fazer diferente... As vezes acho o realismo meio chato... Mas bem, gostei bastante do seu texto. :wink:
 

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