DarkRider
Só uma torturazinha.
[DarkRider][Fantasia Infantil]
Autor: DarkRider
Título: Fantasia Infantil
Bob estava tendo um dia feliz em sua escola, empoeirada, onde todo o dia a merendeira servia o lanche - uma gosma que ela dizia ser uma iguaria -, e todos os professores passavam deveres de casa enfadonhos e que prendiam as crianças a eles, impedindo-as de brincar com seus bonecos de soldadinhos - no caso dos meninos - ou com suas bonecas e casinhas - no caso das meninas -.
E nesse dia, Bob estava sentado em uma mesinha, que por acaso era bem menor que ele (o garoto tinha por volta de nove anos), comendo o seu lanche, trazido de sua casa e feito com amor e carinho por sua mãe, que o espera voltar sorridente e feliz para casa, como sempre fazia. Mas nesse dia Bob iria sofrer muito e muito, mas ele não fazia idéia disso.
Naquele momento, a boca excepcionalmente vermelha que habita no rosto gorducho de Bob mastiga o sanduíche dietético que sua mãe preparara para ele, visando diminuir suas taxas de colesterol, resultante da ingestão das verdadeiras iguarias infantis: biscoitos recheados, refrigerantes, cachorros quentes e salgadinhos. A tentativa da mãe seria em vão, é claro, pois as crianças não se contém, e Bob não era uma exceção a - pelo menos essa - regra. Ele pedia a meninos tão gordinhos quanto ele doces e batata frita, além de pedaços crocantes de pastel de queijo - o seu favorito.
O recreio termina e as crianças vão voltando cabisbaixas para a sala de aula, e Bob também vai. Os professores estão esperando sorridentes, com dentes brancos e amarelados a mostra, sardas iminentes e cabelhos penteados de maneira quase padrão. O Prof. Rubens começava a falar sobre a matemática chata, mas de repente é interrompido, no meio da aula, pela diretora da escola, dona Sandra, que dá uma notícia aparentemente boa a turma de Bob.
- Uma nova fábrica de salgadinhos se mudou para cá! E eles querem vir para essa escola saber do que as crianças gostam! - dizia ela, falsamente animada. - Não é legal, turminha?
Vários "Ééé"'s e "Sim"'s ecoam pela sala, e todos os alunos, outrora desanimados, começam a conversar animadamente entre si, e Bob, mais do que todos, fica animado. Salgadinhos de graça, e sua mãe não precisaria saber que ele andava comendo.
E o fim da aula chega, e as crianças da terceira série saem da sala, animadas, como é natural para essa idade, com a iguaria que seria oferecida a eles. E estão lá, vários adultos, vestindo roupas multicoloridas com desenhos de palhaços, e um até maquiado de palhaço. Todos abrem um enorme sorriso, e as crianças (todas da escola) o retribuem.
- Crianças, estes são o Sr. Bumba, o Sr. Guilherminho e a Sra. Felícita - fala a diretora Sandra, novamente naquele tom adoçado forçadamente. - Eles não vão ficar por aqui, mas vão dar pra vocês sacos de salgadinhos pra irem comendo, ou comerem mais tarde! - as crianças faziam cara de que iriam devorar tudo assim que recebessem o pacote.
E elas vão saindo a media que recebem os pacotes de "Pinta e Borda", e barulho de sacos sendo rasgados são ouvidos do lado de fora. Quando chega a vez de Bob, o Sr. Bumba, que era o maquiado de palhaço, abre um sorriso meio simpático, meio aterrorizante.
- Tome aqui criança - diz ele. - É gostoso, é legal!
Bumba tinha um ar infantil com o qual as crianças se identificavam, o que tornou muito difícil Bob recusar o pacote. Ele nem agradeceu e saiu correndo, como é típico das crianças.
Do lado de fora do colégio, ele abriu o pacote, e encontrou nele vários flocos coloridos artificialmente. Bobo era alérgico a corantes, mas ignora a alergia e coloca logo uns cinco na boca. Ele vai prossegue e devora mais salgadinhos. A barriga dele começa a pesar, e ele se sente tonto. Mas continua comendo. Termina o pacote e joga o saco fora. A barriga dele pesa assustadoramente, ele enjoa e cai de joelhos. Desmaia. Alguns homens vestidos de roupas coloridas aparecem das ruas, como se estivessem de tocaia. Pegam Bob pelos braços.
- Ugh! - geme um. - Esse pesa.
Levam o corpo inconsciente de Bob e o colocam num furgão, onde estão os corpos de várias crianças, todos esverdeados. Bob é deitado de qualquer jeito. A porta do furgão se fecha, e ele vai embora. Um outro furgão espera por mais crianças.
O interior do furgão onde está Bob cheira a éter, mas o menino não acorda. Ele chega num prédio de aspecto velho, de janelas opacas, e é, junto com as outras crianças, colocado numa maca. Eles o levam para o terceiro e último andar, cujos aposentos também cheiram a éter. Bob é deitado numa cama de ferro e preso. Tem vários plugs anexados ao seu corpo. São ligados.
Um palhaço aparece, e liga para a escola.
- Alô, diretora Sandra? - diz. - Pegamos mais alguns. Logo daremos o seu dinheiro pela ajuda. Silencie os pais deles.
A escola de Bob estava envolvida com uma organização de propósitos obscuros. A medida que o tratamento no garoto vai avançando, ele vai envelhecendo, e seu corpo começa a se putrefazer. Apodrece. Bob está morto. Retiraram sua essência de ser. Mas sua mente ainda existe. Mas não vai se reconhecer como Bob. Está aprisionada num paraíso cor-de-rosa, esquecendo-se do viver, esquecendo-se da infância. E a infância real de Bob foi perdida para sempre. E será usada em experiências mais assustadoras. A infância era a vida. E os humanos querem vida eterna. Então os humanos desejam a infância eterna. E apenas as crianças possuem a infância.
E o suborno havia levado a megera Sandra a cometer o que cometeu. O dinheiro. A mais mortal arma. E Sandra provou que não era criança, como até os adultos são. Ela provou apenas que era humana, se deixando levar por coisas futeis.
E a mãe seria assassinada. Por uma organização cujo objetivo era desafiar a morte. Por um bando de covardes desleais. De tal maneira que eu não me atrevo a descrever.
___________________________________________________________
Bem, isso aqui (desnecessário dizer) se passa numa cidadezinha longe de tudo, tudo mesmo, onde as pessoas fazem de tudo por dinheiro, as crianças estudam até a quarta série num único colégio (e depois vão para outra cidades), e sem uma legislação muito severa, sucetível a subornos.
Autor: DarkRider
Título: Fantasia Infantil
Bob estava tendo um dia feliz em sua escola, empoeirada, onde todo o dia a merendeira servia o lanche - uma gosma que ela dizia ser uma iguaria -, e todos os professores passavam deveres de casa enfadonhos e que prendiam as crianças a eles, impedindo-as de brincar com seus bonecos de soldadinhos - no caso dos meninos - ou com suas bonecas e casinhas - no caso das meninas -.
E nesse dia, Bob estava sentado em uma mesinha, que por acaso era bem menor que ele (o garoto tinha por volta de nove anos), comendo o seu lanche, trazido de sua casa e feito com amor e carinho por sua mãe, que o espera voltar sorridente e feliz para casa, como sempre fazia. Mas nesse dia Bob iria sofrer muito e muito, mas ele não fazia idéia disso.
Naquele momento, a boca excepcionalmente vermelha que habita no rosto gorducho de Bob mastiga o sanduíche dietético que sua mãe preparara para ele, visando diminuir suas taxas de colesterol, resultante da ingestão das verdadeiras iguarias infantis: biscoitos recheados, refrigerantes, cachorros quentes e salgadinhos. A tentativa da mãe seria em vão, é claro, pois as crianças não se contém, e Bob não era uma exceção a - pelo menos essa - regra. Ele pedia a meninos tão gordinhos quanto ele doces e batata frita, além de pedaços crocantes de pastel de queijo - o seu favorito.
O recreio termina e as crianças vão voltando cabisbaixas para a sala de aula, e Bob também vai. Os professores estão esperando sorridentes, com dentes brancos e amarelados a mostra, sardas iminentes e cabelhos penteados de maneira quase padrão. O Prof. Rubens começava a falar sobre a matemática chata, mas de repente é interrompido, no meio da aula, pela diretora da escola, dona Sandra, que dá uma notícia aparentemente boa a turma de Bob.
- Uma nova fábrica de salgadinhos se mudou para cá! E eles querem vir para essa escola saber do que as crianças gostam! - dizia ela, falsamente animada. - Não é legal, turminha?
Vários "Ééé"'s e "Sim"'s ecoam pela sala, e todos os alunos, outrora desanimados, começam a conversar animadamente entre si, e Bob, mais do que todos, fica animado. Salgadinhos de graça, e sua mãe não precisaria saber que ele andava comendo.
E o fim da aula chega, e as crianças da terceira série saem da sala, animadas, como é natural para essa idade, com a iguaria que seria oferecida a eles. E estão lá, vários adultos, vestindo roupas multicoloridas com desenhos de palhaços, e um até maquiado de palhaço. Todos abrem um enorme sorriso, e as crianças (todas da escola) o retribuem.
- Crianças, estes são o Sr. Bumba, o Sr. Guilherminho e a Sra. Felícita - fala a diretora Sandra, novamente naquele tom adoçado forçadamente. - Eles não vão ficar por aqui, mas vão dar pra vocês sacos de salgadinhos pra irem comendo, ou comerem mais tarde! - as crianças faziam cara de que iriam devorar tudo assim que recebessem o pacote.
E elas vão saindo a media que recebem os pacotes de "Pinta e Borda", e barulho de sacos sendo rasgados são ouvidos do lado de fora. Quando chega a vez de Bob, o Sr. Bumba, que era o maquiado de palhaço, abre um sorriso meio simpático, meio aterrorizante.
- Tome aqui criança - diz ele. - É gostoso, é legal!
Bumba tinha um ar infantil com o qual as crianças se identificavam, o que tornou muito difícil Bob recusar o pacote. Ele nem agradeceu e saiu correndo, como é típico das crianças.
Do lado de fora do colégio, ele abriu o pacote, e encontrou nele vários flocos coloridos artificialmente. Bobo era alérgico a corantes, mas ignora a alergia e coloca logo uns cinco na boca. Ele vai prossegue e devora mais salgadinhos. A barriga dele começa a pesar, e ele se sente tonto. Mas continua comendo. Termina o pacote e joga o saco fora. A barriga dele pesa assustadoramente, ele enjoa e cai de joelhos. Desmaia. Alguns homens vestidos de roupas coloridas aparecem das ruas, como se estivessem de tocaia. Pegam Bob pelos braços.
- Ugh! - geme um. - Esse pesa.
Levam o corpo inconsciente de Bob e o colocam num furgão, onde estão os corpos de várias crianças, todos esverdeados. Bob é deitado de qualquer jeito. A porta do furgão se fecha, e ele vai embora. Um outro furgão espera por mais crianças.
O interior do furgão onde está Bob cheira a éter, mas o menino não acorda. Ele chega num prédio de aspecto velho, de janelas opacas, e é, junto com as outras crianças, colocado numa maca. Eles o levam para o terceiro e último andar, cujos aposentos também cheiram a éter. Bob é deitado numa cama de ferro e preso. Tem vários plugs anexados ao seu corpo. São ligados.
Um palhaço aparece, e liga para a escola.
- Alô, diretora Sandra? - diz. - Pegamos mais alguns. Logo daremos o seu dinheiro pela ajuda. Silencie os pais deles.
A escola de Bob estava envolvida com uma organização de propósitos obscuros. A medida que o tratamento no garoto vai avançando, ele vai envelhecendo, e seu corpo começa a se putrefazer. Apodrece. Bob está morto. Retiraram sua essência de ser. Mas sua mente ainda existe. Mas não vai se reconhecer como Bob. Está aprisionada num paraíso cor-de-rosa, esquecendo-se do viver, esquecendo-se da infância. E a infância real de Bob foi perdida para sempre. E será usada em experiências mais assustadoras. A infância era a vida. E os humanos querem vida eterna. Então os humanos desejam a infância eterna. E apenas as crianças possuem a infância.
E o suborno havia levado a megera Sandra a cometer o que cometeu. O dinheiro. A mais mortal arma. E Sandra provou que não era criança, como até os adultos são. Ela provou apenas que era humana, se deixando levar por coisas futeis.
E a mãe seria assassinada. Por uma organização cujo objetivo era desafiar a morte. Por um bando de covardes desleais. De tal maneira que eu não me atrevo a descrever.
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Bem, isso aqui (desnecessário dizer) se passa numa cidadezinha longe de tudo, tudo mesmo, onde as pessoas fazem de tudo por dinheiro, as crianças estudam até a quarta série num único colégio (e depois vão para outra cidades), e sem uma legislação muito severa, sucetível a subornos.