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Guerra nas Estrelas e Terra-média: Universo Mítico e Mundos Secundários

Chaves para uma compreensão do Imaginário de Tolkien </P>


Há vários conceitos que apóiam o Imaginário de Tolkien, necessários ao seu desejo de compor um conto consistente, uma boa história: Sub-criação, Mundo Primário e mundos secundários, Fantasia, Fuga, Recuperação, Consolação e Eucatástrofe. É minha intenção oferecer um guia útil destes termos, então explicarei cada um deles resumidamente.

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Sub-criação significa para Tolkien o trabalho principal de qualquer artista: a construção de possíveis mundos onde uma história possa ser desenvolvida - isto é, contada. Eles devem ser prováveis e consistentes, evitando que a magia - inerente à qualquer experiência estética - extrapole, e preservando a Arte do fracasso (veja On Fairy Stories, páginas 36-44). Esta situação de crença secundária é uma experiência compartilhada tanto pelo Cinema quanto pela Literatura, e é muito interessante para se fazer uma análise de semelhanças e diferenças entre os mundos que estamos estudando.

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O Mundo Primário é o real, nosso mundo. Poderíamos considerá-lo como a referência para o leitor-espectador colocar sua própria perspectiva, e entender o que ele contempla e experimenta como uma obra de arte. Mundos secundários são os universos de ficção, tão variados quanto as diferentes artes - as possibilidades de criar beleza.

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Para Tolkien, Fantasia é não só a tarefa primária do artista, mas também a arte de dar à uma história "a consistência interna de realidade, que comanda ou introduz à Crença Secundária". A criação de mundos plausíveis necessita de Arte, e não só imaginação. De fato, a habilidade de Lucas e Tolkien é óbvia quando elaboram mundos profundamente consistentes onde sempre são cumpridas leis internas lógicas. Assim é fácil de identificar neles o Mundo Primário - o verdadeiro - e a história que confere a experiência do prazer estético - o desejável.

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O próximo conceito usado por Tolkien é Fuga. Ele define isto como o legítimo escapismo para a verdadeira realidade, que vai além da visão direta da vida cotidiana. Esta fuga não é a de um desertor, mas o legítimo escapismo do prisioneiro, que não pode ser culpado se, "achando-se aprisionado, tenta sair e ir para casa. Ou se, quando não pode fazê-lo, pensa e fala sobre outros assuntos que não sejam carcereiros e muros da prisão". Junto à este conceito está Consolação: o transcender de incontáveis limitações experimentadas pelos seres humanos ao longo do caminho. Os bons contos de fadas oferecem, de acordo com Tolkien, a grande consolação: a chance de escapar da Morte. Ele chama isto a Grande Fuga. Em contos de fadas nós achamos uma explicação para as profundas aspirações da alma humana, realizadas pelas boas histórias contidas nos livros. Porque nós nunca devemos esquecer que, afinal de contas, contos de fadas foram escritos por seres humanos.

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Finalmente, Tolkien analisa o conceito da eucatástrofe: a “Consolação do Final Feliz (...). O conto eucatastrófico é a verdadeira forma de conto de fadas, e sua mais alta função”. Veremos depois que, na mente de Tolkien, o final feliz não tem nada a ver com o cego, irreal, final "perfeito". Deve, acima de tudo, conduzir a uma conclusão final de acordo com as exigências do enredo para aquele ponto na história. A alegria da reviravolta dos eventos, que acontece quando toda esperança parece ter definhado, é capaz de causar a identificação do leitor, quando nossa experiência íntima de vida encontra um conto profundamente tocante. Na vida real (o Mundo Primário) eventos não acontecem do modo que nós planejamos. Muito pelo contrário: eles são tecidos como as linhas de um tapete tramado pela providência e liberdade pessoal. Como Professor Odero mostrou em seu ensaio, "esses contos de fadas não são versos infantis. Eles são contos cheios de fantasia, mas contêm uma recuperação poética do mais elementar, ambas realidades humana e cósmicas, intimamente conectadas com os profundos desejos humanos”. Trataremos disso mais tarde.

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Resumindo, abordarei em primeiro lugar os métodos narrativos próprios para Cinema e Literatura, e explicar como cada um condiciona uma história. Concluirei que o veículo dos momentos eucatastróficos de Guerra nas Estrelas é a linguagem do Cinema: a trilha sonora, efeitos especiais, close-ups - esses elementos visuais, a exigência de um final feliz Hollywoodiano, mais distante do Mundo Primário que qualquer coisa que aconteça na Terra-média. A possibilidade da eucatástrofe na Literatura repousa na experiência vital do leitor, e seu desempenho requer um tipo de magia por parte do autor, que deve ser capaz de causar a identificação subjetiva com o uso exclusivo das palavras.

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Era uma vez... o conto de fadas </P>


Tem-se dito que Guerra nas Estrelas é um conto tradicional, uma fantasia espacial - tanto pelo enredo quanto pela atmosfera, e ao mesmo tempo, um mito "atualizado". Eu não concordo com este ponto de vista. A história é ambientada em sistemas solares longínquos, mas o enredo é profundamente humano, de forma que o drama pode ser negligenciado sem detrimento de sua conexão com o mundo real.

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A Trilogia começa com o enorme universo como fundo onde um texto contínuo nos põe a par da situação. Seu propósito é levar o espectador para um ambiente alienígena (este dispositivo foi chamado de "viagem espacial"). Mas um olhar mais acurado nos permitirá ver que estamos sendo convidados a viajar no tempo, também. "Há muito, muito tempo atrás...", é um eco da expressão "Era uma vez" com a qual os contos tradicionais começam. Neste ponto Guerra nas Estrelas e Terra-média se encontram: mundos míticos desenvolvem-se fora do tempo, ou seja, anacrônicos: eles não existem, mas poderiam existir, e isso os faz aplicável em essência, e não só superficialmente, para todas as idades. </P>




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Neste cenário "um conflito entre o homem e a máquina" é estabelecido, na opinião de Joseph Campbell. Eu discordo, desde que esta visão simplifica em excesso os temas subjacentes da história. O conflito não responde a uma mera confrontação em termos de bem/mal, homem/máquina, ou até mesmo uma luta simples entre o Império e a Rebelião. Esta perspectiva deve-se muito à uma compreensão maniqueísta da história, uma visão que não se conta para uma análise profunda dos elementos narrativos do enredo.

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George Lucas afirma que todo artista cria de acordo com um imaginário específico e busca as verdades que estão por baixo da superfície. Para este fim ele usa arquétipos mitológicos. Han Solo ilustra este padrão, um padrão que não tem nenhum correspondente na Terra-média, onde nós dificilmente podemos achar personagens secundários ou extras: a presença poderosa, penetrante de uma história comum que age como um cenário que explica o presente, é um antídoto contra a dependência da qual todos os personagens tiram proveito. Esta é outra diferença entre a Trilogia e mundo de Tolkien. As limitações impostas, especialmente pela duração do filme, na narrativa, fazem os personagens de Guerra nas Estrelas representar tipos humanos, e ocasionalmente, as suas ações dificilmente respondem à personalidade de cada personagem. Em todo caso, como um todo, a Trilogia nos permite analisar a profundidade com que George Lucas desenvolveu os atores do drama. Os personagens de Tolkien não são arquétipos; pelo contrário, eles são essencialmente humanos. A consistência interna deles os faz acreditáveis: a evolução deles como agentes do enredo pode ser traçada passo à passo. Deste ponto de vista a aplicabilidade para o universo particular se torna uma tarefa mais fácil. A liberdade deles ao longo do tempo interno os faz seres individuais, identificáveis ao longo da história através de suas ações e reações em face às exigências inesperadas do enredo.

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As ações do herói ou vida com aventura </P>


Os personagens devem sofrer uma transformação das suas perspectivas gerais. Eles costumam agir de acordo com referências que devem ser rendidas a interesses maiores: uma tarefa opressiva. Em O Hobbit e O Senhor dos Anéis existe um paralelismo - não exclusivo desses personagens específicos dentre os da Terra-média; também pode ser encontrado em Niggle, Túrin Turambar ou Beren - com respeito ao amadurecer pessoal do herói: Bilbo, Frodo e Luke Skywalker são exemplos a serem considerados.

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Identificação subjetiva do espectador com o herói é incitada pelo direcionamento com que o herói é apresentado a ele. Os agentes principais destes contos não são os heróis distantes de mitologia grega. Pelo contrário, eles são vistos como indivíduos que não estão preparados para cumprir a missão à que eles foram designados. Esta missão parece ser para eles um fruto do acaso, um intruso nas vidas deles. Não obstante a missão é apresentada como a razão definitiva de suas histórias pessoais. Lealdade recíproca se torna o apoio da esperança. Para nomear alguns exemplos, a amizade crescente entre Solo e Luke - e por meio dela, o compromisso daquele com a Rebelião -; a fidelidade de Chewbacca para Han, ou, possivelmente o melhor exemplo, a lealdade demonstrada por Sam a Frodo ao longo de O Senhor dos Anéis. Em Uma Nova Esperança, R2D2 e C3PO tentam cumprir uma missão que eles não procuraram. R2D2 é guiado por sua lealdade a Princesa Leia, enquanto C3PO é compelido pelo mesmo sentimento a R2, até mesmo contra a vontade dele. Considerando que ambos os robôs são capazes de lealdade, eles não são máquinas mas uma síntese imaginativa de seres racionais com pele de metal e ossos. Eles são pessoas disfarçadas como máquinas. Os comentários de C3PO oferecem um contraponto exato sobre quão pouco deve ser esperado de realidades mundanas, e a necessidade para realizar obrigações: "Parece que fomos feitos para sofrer. É nossa sina na vida", disse C3PO enquanto vagava pelo deserto desanimado. Frodo está completamente ciente disto quando, dando adeus a Sam, declara, </P>


"Tentei salvar o Condado, e ele foi salvo, mas não para mim. Muitas vezes precisa ser assim, Sam, quando as coisas correm perigo: alguém tem que desistir delas, perdê-las, para que outros possam tê-las".

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Esta missão - a qual assume a forma literária de uma jornada, conseqüentemente assemelhando-se a um fluxo, a narrativa da vida -, aparece em um momento mais ou menos inesperado, como um aborrecimento adicional que chacoalha uma existência cheia de rotina. A jornada conduz os personagens para um lugar que eles nunca teriam escolhido ir -Mordor ou a Estrela de Morte. A consciência do papel a executar na cadeia de eventos deste momento em diante torna-se dolorosa: a certeza subjetiva dos personagens da falta de talento, medo do desconhecido, a possibilidade de uma morte provável, e assim por diante, como também a certeza de que a missão exigirá o melhor deles, isso é, comprometer suas vidas a algo maior que eles. "Mas é sempre assim o curso dos fatos que movem as rodas do mundo: mãos pequenas os realizam porque precisam, enquanto os olhos dos grandes estão voltados para outros lugares". Elrond - o autor desta frase considerada por Tolkien em uma entrevista de BBC como "a mais inteligente" frase de O Senhor dos Anéis - e Gandalf são exemplos brilhantes de personagens sábios, capazes de compreender o curso das rodas que movem o mundo - ambos real e secundário. Frodo e Luke também são paradigmas neste respeito, talvez de um modo mais profundo que Bilbo. E possivelmente Frodo está acima de todos.

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Luke é disposto e autoconfiante. Ele quer partir com Obi Wan, se antecipa a Yoda em seu desejo de aprender, e pensa que ele certamente aprenderá mais rapidamente que o seu mestre acredita, embora não seja assim. De certo modo é mais fácil para ele deixar para trás sua vida cotidiana -uma vez que sua família foi assassinada pelas tropas do Império, "não há nada aqui para mim agora. Eu quero aprender os caminhos da Força e me tornar um Jedi como meu pai". Mas ainda sim Luke tem pouco conhecimento de si mesmo.

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Frodo não tem nenhuma intenção de levar uma vida diferente daquela que ele já desfruta no Condado. Os perigos que estão por vir estão mais claros na mente dele do que na de Luke, e ele está mais ciente de sua incapacidade. De fato, ele é mais incapaz: Luke confia na Força, que vem em sua ajuda no ataque final a Estrela de Morte, como também em outros momentos ao longo da Trilogia. O único aliado de Frodo é sua própria lealdade, deste modo alcança um desenvolvimento moral mais profundo já que ele tem que passar por tormentos internos incontáveis que parecem drenar sua determinação, sempre por um fio. Tolkien criou Frodo usando como inspiração os heróis antigos da Literatura Nórdica Européia: heróis que resolveram lutar por um senso de dever, confiando numa lealdade que ia além de toda a esperança e recompensa. A história de O Senhor dos Anéis - assim como a de Túrin ou Beren, Beowulf ou Kullervo - consegue deste modo um sentido épico mais poderoso, mais íntimo ao mundo Primário que as ações de Luke. Estas são mais transparentes e identificáveis às coordenadas do receptor no reino superficial de expectativas. Luke é apresentado como um adolescente e suas metas são, neste modo, claras do mundo real. Tanto Luke quanto Frodo têm que deixar a vida cotidiana, deixar para trás uma vida confortável para salvar algo. Durante a jornada eles amadurecerão como indivíduos, e esta maturidade pessoal reflete na aquisição progressiva da verdadeira sabedoria, como também na construção de uma condição profundamente misericordiosa. Ao término de ambas as histórias nós descobrimos dois personagens inclinados a entender as fraquezas dos outros e propensos a perdoar, finalmente purificados pela dor de viver. Os destinos de seus respectivos universos pesam em seus ombros. Eles têm que empregar suas vidas inteiras nesta libertação sem esperar uma única recompensa. Mas a liberdade deles para aceitar ou rejeitar a missão não é predeterminada. Ben Kenobi apresenta a Luke a necessidade dele se envolver nos caminhos da Força, com o propósito de salvar a galáxia - "eu preciso de sua ajuda, Luke", ele declara; e ele continua dizendo "Você deve fazer o que você achar que é certo, é claro".

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Semelhantemente, Gandalf expressa sua alegria quando ele tem conhecimento da condição leal de Frodo, duas vezes: no Bolsão, e na firme determinação dele em ir para Mordor, expressa diante do Conselho de Elrond. Mas Luke e Frodo poderiam ter recusado a proposta, deixando a história desenvolver-se de outro modo, em cursos perfeitamente possíveis.

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O personagem de Yoda dá nova luz ao estudo da evolução pessoal de Luke. George Lucas tem a opinião de que um mestre, que ensina uma filosofia específica de vida, tem uma influência mais profunda que o herói. Yoda veio de tempos antigos, de eras mais sábias e mais civilizadas. Obi Wan apresenta o sabre de luz do Jedi como "uma arma elegante para uma era mais civilizada". Yoda é SÁBIO e PRUDENTE. Mas ele não está acima de tudo, além de todas as coisas. Mais importante, ele não está acima da morte embora - como no caso de Aragorn -, ele pareça ter escolhido o momento de partir do mundo. Luke, durante toda sua jornada pessoal, estará desenvolvendo sabedoria e prudência, como também misericórdia, assim como Frodo. No fim, ambos são essencialmente personagens serenos, cheio de paz interna. A briga entre Luke e o Imperador revela um aspecto chave no conflito subjacente que é mantido durante a cena decisiva de O Retorno do Jedi. Luke diz: "sua confiança excessiva é sua fraqueza", e o Imperador responde "sua fé em seus amigos é a sua". Em essência, o que está em jogo é ou a vitória da humildade ou a vontade de escravizar - o criador sendo os meios de catarse, quer dizer, purificação: todos os personagens crescem na jornada da abnegação voluntária - escolhendo entre confiar nas suas próprias capacidades, ou questionando-as. Tanto a extensão do Império, ou enorme poder de Melkor e Sauron, repousam no vazio que é o coração deles. Mal é nada mais que uma ausência de direito, a vocação negada da realização de coisas. Isto não existe em seu próprio meio e assim, não é auto-suficiente. Eis por que a derrota final deles é completa. Bom, embora aparentemente fraco - Yoda é um exemplo apropriado -, é poderoso porque não conta com si mesmo, não presume uma força que não tem. Ele suspeita de sua própria força, confiando em outros elementos e instâncias diferente de si mesmo, por exemplo na própria idéia que é defendida e é sua força -ou em liberdade, um dos padrões em O Senhor dos Anéis. A morte de Obi Wan é um exemplo de sacrifício em favor de outra pessoa. Na real vida, a vitória de uma idéia depende de seus defensores mais fracos. A batalha verdadeira é travada entre Luke e o Imperador, não entre os cruzadores e as naves da Rebelião; de um modo até mais distinto, o destino estava por um fio enquanto Frodo e Sam escalavam cuidadosamente como frágeis insetos em direção as Fendas da Perdição, embora parecesse que a batalha decisiva estava desdobrando-se nos Campos de Pelennor.

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No Reino das Fadas nada pode ser preservado intencionalmente da luta. Tanto os mundos de Lucas e Tolkien ilustram um fato diretamente resgatado da vida real. O dilema que os personagens enfrentam acontecem, em um caso, durante a visita de Gandalf à Frodo (A Sombra do Passado, capítulo II de A Sociedade do Anel) enquanto, no outro caso, nós encontramos uma primeira fase marcada pelo encontro inicial com Ben Kenobi (Uma Nova Esperança), seguido pelo desenvolvimento progressivo de Luke como um cavaleiro Jedi (O Império Contra Ataca), e a completa maturidade dele (O Retorno do Jedi). As cenas nas quais Luke conversa com Yoda mostram o modo que um Jedi deveria desconfiar de si mesmo para confiar crescentemente na Força. Yoda não é o grande guerreiro que Luke esperava encontrar - "guerra não faz ninguém grande", observa o mestre quando eles se encontram pela primeira vez. Em essência, o que é exigido de Luke é um ato de fé - um salto -, um elemento sempre presente no universo narrativo de Lucas (outros exemplos estão nos filmes de Indiana Jones e Willow). Luke vacila quando ele deve "puxar" a nave dele para fora do pântano: "Eu vou tentar", ele diz. "Não", responde Yoda, "faça ou não faça; não há tentativa". Luke falha, não porque a nave "é muito grande", mas porque lhe falta fé. "Você sempre diz que é impossível", Yoda reclama. Só na mente de Luke é impossível mover a nave. Yoda responde com a demonstração de que julgamentos não deveriam ser fundados na aparência, que engana freqüentemente. "Você me julga pelo meu tamanho; não importa o tamanho". A Força os faz "seres luminosos", e Luke deve descobrir sua presença entre a pedra e a árvore, entre ele e o mestre... Quando a cena termina e a nave de Luke está fora da lagoa, ele diz: " Eu..., eu não consigo acreditar nisso", mas resposta de Yoda é eloqüente: "Sim; por isso você falhou". Os obstáculos nunca são o problema. Nós construímos as trincheiras dentro de nossos corações.

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Luke pode sentir a Força mas ele não pode controlá-la. Sua impaciência faz dele uma presa fácil para o lado negro (um sinônimo de "ira, medo, agressão") uma vez que "há muito ódio nele" que é algo que o Imperador já notara. O lado negro da Força é "mais rápido, mais fácil, mais sedutor". Ele comandará para sempre os destinos daqueles que permitem sua vitória: apagará sua liberdade e os transformará em escravos de sua própria ambição assim como o Anel faz, corroendo a vontade seus portadores. Por isso a compaixão que Frodo sente por Gollum: ele sabe de primeira mão a luta interna pela que Gollum está passando já que cada vez mais ele sente o chamado para reivindicar o Único Anel para si mesmo. A essência do mal do Anel ou as mentiras do Lado Negro repousam no enfraquecimento da capacidade das pessoas em seguir em frente e fazer o que é certo; eles dificultam uma escolha verdadeiramente livre.

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Ben e Yoda aconselham Luke a ser paciente quando ele decide salvar os amigos antes do término de seu treinamento. "Se você honra pelo o quê eles lutam, você pode deixá-los morrer". De certo modo, Luke quer ajudar os amigos - para controlar sua própria história pessoal como também seu papel dentro do enredo geral que se desdobra diante dele. Ele perceberá a verdade logo. Diante de sua determinação, o último conselho é: "Não deixe o ódio dominar você".

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Outro marco importante no treinamento de Luke como um Jedi é a aventura dele na floresta ominosa onde ele é compelido por Yoda a entrar: "Você tem que entrar". "Eu sinto frio, morte", diz Luke. Embora ele insistisse de que não estava sentindo medo, ele verá que o aviso de Yoda tornar-se realidade: "Você vai sentir". Luke achará na floresta "aquilo que você tem dentro de você". Esta cena tem uma semelhança notável com o Espelho de Galadriel em O Senhor dos Anéis. Frodo e Luke descobrirão dentro de suas visões lampejos de coisas que acontecerão, eventos que eles não entendem completamente. Quer dizer, eles dependem em grande parte da liberdade deles - que é por isso que o futuro constantemente muda. Luke enfrenta Vader e vê sua própria face dentro do capacete partido: sua condição de herdeiro de Vader, e a possibilidade de tornar-se o alter-ego de Vader se ele com sucesso for atraído pelo Lado Negro da Força. Ambos os heróis obtêm algumas pistas de suas respectivas visões para resolver seus enigmas: como Galadriel diz a Frodo, "o Espelho é um guia perigoso para a ação".

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Liberdade pessoal e responsabilidade </P>


Há outra co-relação interessante entre o sentido peculiar de providência que permeia ambos os possíveis mundos - aplicável até certo ponto para qualquer Reino das Fadas - e a liberdade de cada personagem. As exigências da consistência interna requer que a liberdade de cada personagem permaneça indiscutida do começo ao fim, embora o narrador (Lucas, Tolkien) possa atuar como um mágico, prevendo o que acontecerá até certo ponto. Em todo caso, a exemplo de Tolkien, o respeito dele pela credibilidade de O Senhor dos Anéis o conduziu a escrever quatro fins diferentes; o formato conhecido da história não reproduz nenhum deles. Há um pequeno projeto geral em um bom conto: as coisas fluem para seus finais "próprios" com possibilidades contidas nos eventos e decisões diferentes. Assim como na vida real. Conseqüentemente, os personagens tornam-se dignos de exaltação (a recompensa reservada aos heróis da antiga Literatura Nórdica, o lofgeornost (título dado a Beowulf que significa “o mais ávido por glória”), lastworda bests (a melhor reputação) com o qual Beowulf termina, e é o que encoraja Sam a continuar quando toda a esperança parece ter desaparecido: os seus atos serão dignos de serem cantados por trovadores em Eras vindouras); ou merecedores de castigo, de acordo com suas ações. Este modo de ação permite o que Tolkien chamou "a Consolação do final feliz". Darth Vader tem que morrer, como Boromir: uma morte gloriosa ajusta-se as suas necessidades como personagens. Obviamente, as exigências do Cinema como entretenimento fazem a morte de Han Solo um evento muito improvável. Não obstante, Gandalf morre, assim como Frodo, e estes eventos são parte de uma compreensão correta do trabalho. Eles não são só meros truques para empurrar o enredo adiante. De qualquer maneira nós esperamos que tudo dê certo enquanto vemos os filmes.

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Por outro lado, esperança desaparece e não deixa nenhum rastro, enquanto lemos O Senhor dos Anéis, ou a canção de Beren e Lúthien, e especialmente a história de Túrin Turambar no Narn i Hîn Húrin, uma dos Contos Inacabados. Então, a eucatástrofe nos primeiros dois exemplos é mais acentuada por ser menos esperada, enquanto que a morte de Túrin é completamente consistente com a destino trágico que segue o personagem que é, afinal de contas, responsável por todos os seus atos: não há nenhum fatum na Terra-média.

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Campbell afirma que Darth Vader é incapaz de demonstrar vontade própria - de fato, ele se tornou quase um robô -; ele comanda um sistema padrão totalitário. Embora ele tenha sido seduzido, ele ainda é livre. Cada escolha levada a cabo é um ato voluntário, ainda que equivocado, e portanto ele é censurável por isso. De fato, sua evolução interior - causada entre outras razões por ternura - alcança seu clímax com uma boa escolha voluntária antes do fim (não muito tarde; nunca é). Annakin Skywalker-Darth Vader fornece um dos momentos eucatastróficos da história, e a morte dele, já redimido, representa mais um passo na catarse de Luke como também na maturidade dele como um cavaleiro Jedi. Luke perde mais um apoio: ainda há um grande futuro pela frente e em suas mãos; ele ainda é livre e ao mesmo tempo o lado negro da Força ainda é uma ameaça. Toda ação compromete Luke com sua própria liberdade, e portanto com sua responsabilidade pessoal. Então, ele sempre tem a possibilidade de mudar, só que agora ele corre o risco de se aprofundar mais nos caminhos do mal de que o próprio Imperador, se ele escolher. E isso deve-se ao fato de que Luke é agora mais poderoso, isso é, mais capaz de fazer o que é certo, mais capaz de servir; o risco é transformar este poder em vaidade. Morgoth e Sauron caem nesta mesma tentação, assim como Saruman e Boromir, enquanto Gandalf e Galadriel, confrontados com a mesma escolha, superam-na.

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No duelo entre Vader e Luke em O Império Contra Ataca, o argumento principal para tentar Luke é que o Imperador o teme. Por conseguinte, Vader lhe faz uma oferta: "una-se a mim, e com nossas forças combinadas nós terminaremos este conflito destrutivo e traremos ordem para a galáxia". Isto exemplifica a lógica do poder: governar de acordo com suas próprias leis. Do mesmo modo, Darth Vader quer usar a Força (como Saruman quer ter o Anel) para seu benefício próprio. Mas isso é impossível. Nós estamos diante do conto da tentação suprema como revelado no Gêneses 3, 5 no qual o que foi oferecido era não ter nenhuma lei além da de cada um: "vocês serão deuses". Gandalf, Elrond, Galadriel ou Aragorn, todos eles personagens de uma condição moral alta e sabedoria profunda, são justamente por causa disto, muito suspeitos deles próprios, sabendo as conseqüências que aconteceriam ao mundo secundário se eles achassem o Anel e o mantivesse com a intenção de empregá-lo no serviço do bem. Todos eles superam a tentação através da humildade e do serviço para o bem comum. Luke prefere pular para dentro do abismo à trair a causa a qual dispensa sua lealdade. A pessoa tem que fazer tudo aquilo que está dentro de sua capacidade, não importa quanto, a despeito da dor e dos sentimentos mais nobres - como o amor de Luke por seu pai e Leia; mesmo se o abismo à frente seja incomensurável e a chance de ser salvo pareça improvável. No contos de fadas, como na vida, não há nenhuma certeza: liberdade permanece indiscutida a toda hora. E isso é por que há esperança. Quando Frodo fala do Anel e diz: "Este Anel! Gostaria de nunca ter visto o Anel! Por que veio a mim? Por que fui escolhido?", Gandalf responde: </P>


"Perguntas desse tipo não se podem responder. Pode ter certeza de que não foi por méritos que outros não tenham: pelo menos não por poder ou sabedoria. Mas você foi escolhido, e portanto deve usar toda força, coração e esperteza que tiver".

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A única garantia no Reino das Fadas é uma estrada sombria cheia de incertezas. </P>


De certo modo, Sméagol-Gollum se assemelha a Darth Vader. Regido pelo desejo de possuir o Anel, ele executará um papel chave em sua destruição, assim como Vader na salvação de Luke do poder destrutivo do Imperador. Mas Gollum também é um personagens com seus momentos de claridade mental, vislumbres de um passado jovial, quando ele era livre para escolher e ir onde quer que ele quisesse.

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A importância de idioma em mundos imaginários </P>


Há outros vínculos entre ambos mundos narrativos. Em primeiro lugar considerarei a primazia em se criar idiomas. Estes provêem viabilidade para as histórias. No caso da Terra-média, este aspecto está no coração de toda perspectiva de Tolkien. Na mente de Tolkien sub-criação sempre foi subordinada ao poder sugestivo das palavras. Os Povos que moram no mundo secundário são melhor compreendidos a partir da consideração de seu próprio idioma e passados distintos. Como dissemos antes, para Tolkien e Lucas, consistência interna é indispensável. Neste sentido, a qualidade fonética, quer dizer, o som de nomes formais é uma conseqüência da correspondência íntima entre os objetos designados e seus nomes: Darth Vader, Moff Tarkin, a Estrela da Morte; Skywalker, Leia Organa, Obi Wan Kenobi, Yoda Tatooine, Alderaan, Jabba o Hutt, Endor; cada idioma dos povos define seu respectivo papel na história. O idioma ríspido dos Tuskens, os meios primitivos de comunicação dos Jawas, simples e ingênuo, assim como a fala dos Ewoks. As enlatadas, vozes de metal dos soldados do Império, a dicção calma de Ben Kenobi e Yoda...

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No que diz respeito a Terra-média, as construções lingüísticas complicadas de quenya e sindarin, e a fala pedregosa, vultosa dos Naugrim (Anões), ou o palavreado deturpado dos Orcs. Um personagem como C3PO tem o privilégio de ser capaz falar praticamente todos os idiomas da galáxia, em um mundo imaginário que nos compele a aceitar a existência de robôs humanizados capaz de comunicação.

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Por outro lado, Tolkien mostrou uma característica diferencial dos contos de fadas, a satisfação de desejos inacessíveis para seres humanos: voar como pássaros, comunicar-se com outros seres humanos ou nadar como um peixe pelos oceanos. Radagast o Mago é um bom exemplo deste desejo humano que encontra Consolação dentro da Terra-média, uma vez que ele pode entender o idioma de uma vida selvagem diferente.

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Paisagem mítica e o respeito pela Natureza </P>


Temos que fazer um comentário sobre o modo que a Natureza é tratada nessas ficções. Guerra nas Estrelas não focaliza o enredo cósmico onde a história se desdobra. A Natureza é apresentada como um ambiente hostil ou morno, freqüentemente restrito a paisagens específicas: gelo ou desertos de areia, solos estéreis, asteróides, florestas espessas, pântanos. No mundo de Tolkien o número de conotações que emergem da Natureza é maior. Só a sua presença já ativa freqüentemente uma gama de reações que vão da alegria ao desespero. Ambientes opressivos (Mordor, Isengard, o Condado violentado por Charcote-Saruman), lugares cheios de uma beleza melancólica sofrida (Lothlórien, Valfenda), paisagens abruptas (o Abismo de Helm, as quedas de Rauros, a Montanha Caradhras) são ótimos exemplos de uma personificação da Natureza que atinge características antológicas na Terra-média.

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Ao invés de uma sentido idealizado de Natureza, ou Natureza apresentada em um estado mais ou menos puro, a máquina projeta uma sombra de ausência de humanidade, quer dizer, uma falta de personalidade individual. Já mencionamos isso quando lidamos com Vader. Mas também podemos achar isso no atrezzo que acompanha o Império: os soldados não têm nada que possa ser chamado de um semblante individual, assim como os Cavaleiros Negros. Tudo segue um padrão de acordo com as diretrizes de um desejo para dominar que usa medo e decepção; um desejo de escravizar (ao invés do eco dessas palavras na Bíblia: "A Verdade o libertará" João 8, 32), que inspira as palavras de Leia para Tarkin: "Quanto mais você aperta o laço, mais sistemas estelares deslizarão pelos seus dedos". Os Povos Livres ou a Rebelião contêm as características que definem o que é Certo nos universos míticos. Aparentemente, eles têm pouco poder, mas isso não é um obstáculo para eles reunirem um resistência indestrutível que repousa na força e perseverança que habita no coração da verdade e liberdade.

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Barad-dûr e a Estrela da Morte encontram-se neste ponto como uma visão maquinária inominável. Semelhantemente, em uma proporção menor, Isengard e sua corrupção progressiva e lamentável no mundo secundário de Tolkien. Em suma, embora pudesse ser uma definição simplificada demais, o que está em jogo é uma confrontação entre dois elementos: Tecnologia contra Força; Corrupção contra Natureza.

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Bem, Mal e Esperança: Maniqueísmo rejeitado </P>


Como em qualquer conto tradicional, o oposição entre bem e mal é um dos padrões da narrativa, mas não o padrão. Um dos meios para apresentar este conflito é a desproporção de tamanhos. Ruim subjuga, suas dimensões são incomensuráveis, de forma que a alegria da eucatástrofe sempre é maior, assim como a alegria da esperança recuperada na vida real. Alguns momentos eucatastróficos são, por exemplo: a destruição da Estrela da Morte; a presença inesperada de Obi Wan no ataque final, e depois; o encontro de Han e Luke no deserto congelado; ou o salvamento de Han Solo. Nas próprias cenas de batalhas da saga de Guerras nas Estrela, nós encontramos este contraste de tamanhos: o cruzador imperial que captura a pequena nave consular; a imensa Estrela da Morte; o enorme Destróier Estelar em O Império Contra Ataca que faz os cruzadores parecerem caças comuns. Os exemplos correspondentes na Terra-média poderiam ser os exércitos de Sauron nos Campos de Cormallen; a fortaleza de Barad-dûr; ou a presença dos Nazgûl todo o tempo. Vislumbramos a alegria que virá com a vitória final - embora esta nunca seja completa -, mas ignoramos o modo com que os desafios serão superados. O que sabemos com dolorosa certeza é que encontraremos sofrimento no caminho. No Reino das Fadas, a esperança está sempre suspensa por uma linha fina, resistente.

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Quero mostrar que todos os bons contos de fadas apresentam esta luta com todas as nuances e tons diferentes inerentes a confrontação da vida real entre bem e mal: não há uma simplificação de bom-ruim - uma vez que isso possa minar credibilidade para os universos míticos -; pelo contrário, o autor se esforça para apresentar a luta interior que cada personagem tem que sofrer, com o objetivo de representar o papel chave da liberdade, e de apresentar de que modos misteriosos é preservado o livre arbítrio para escolher sem violência. A disputa de Boromir e Frodo em Amon Hen são dois bons exemplos, como no caso da evolução de Darth Vader em Guerras nas Estrelas.

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Convém uma observação adicional para a Trilogia. O estilo nazista do Império expressa uma concepção totalitária de poder, mantida pelo terror - "O medo manterá os sistemas locais na linha", afirma Tarkin diante da ameaça de uma revolta geral. Esta concepção parece ser um pouco simplificada demais, uma vez que a Terra-média não tem tal paralelo.

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História e Tradição </P>


É mostrada a importância da história e tradição em ambos mundos míticos através de várias técnicas de retrospectiva: pedaços pequenos de um mosaico descrevem, pouco a pouco, a grande tapeçaria que repousa atrás do enredo. Obi Wan fala sobre as Guerras dos Clones, que aconteceram muitos anos antes, quando "por mais de mil gerações os cavaleiros Jedi eram os guardiães da paz e justiça na Velha República, antes dos tempos escuros, antes do Império".

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Atrás do véu da história atual, vislumbramos um mundo que é uma conseqüência de sua própria memória antiga. Na Terra-média esta impressão de um cenário mais fundo ao longo do qual está presente, está arraigado na existência de três Eras anteriores da qual O Senhor dos Anéis desenrola-se. Este quadro histórico responde as perguntas feitas pelo tempo atual. É nessa estrutura que cada personagem descobrirá seu papel, pessoal e intransferível, manter o fogo da esperança ardendo. Alguns personagens como Obi Wan, Yoda, Gandalf ou Elrond se tornam os portadores das recordações de um passado longínquo: eles preservam a memória explicativa do presente que os faz capaz de prever o futuro - entretanto "sempre mudando o futuro está", como Yoda afirma: liberdade torna impossível a predição do que ainda está por vir. Yoda mostrará a surpresa dele mais tarde quando ele percebe que Vader contou para Luke que ele é o pai dele – “inexperado”, ele diz. O mesmo pode ser dito de Sméagol, cujas ações tornam-se decisivas antes do fim, como Gandalf tinha previsto, embora ele ignorasse a maneira efetiva na qual a suposição dele seria cumprida.

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Contos de fadas são coisas para "crianças"? </P>


Mais algumas palavras antes do fim: contos de fadas são coisas para "crianças"? Seja lá o que eles forem, as crianças são os principais leitores de contos? Está claro que este não é o lugar para se discutir demoradamente sobre um assunto tão complexo. Porém, farei um comentário breve sobre o conceito "criança", como explicado por Tolkien em seu ensaio On Fairy Stories (páginas 33 a 44). George Lucas mantém uma concepção semelhante de que os contos de fadas são, julgando a partir das coincidências éticas que ambos mundos fictícios partilham.

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"Se uma história de fadas de qualidade é digna de leitura por todos então é adequado que seja escrita para adultos e lida por adultos. Eles, é claro, colocarão mais e tirarão mais do que as crianças são capazes... “</P>


 Esta opinião mesquinha dos contos de fadas como "criancice" implica uma visão pejorativa sobre crianças, justamente do ponto de vista daquela que é uma das virtudes mais belas da infância: inocência, a aproximação da Verdade de qualquer tipo sem preconceitos. Infância significa uma ânsia pela pura sabedoria. Chesterton escreveu que as crianças estão exigentes, uma vez que elas julgam a consistência das ações na ficção de acordo com um senso de justiça inalterado por uma tendência adulta para a clemência - o modo que eles fazem na vida real. Acima de tudo, as crianças querem saber, aprender, em lugar de entender num sentido racionalista. Deste ponto de vista, "infância" perde suas conotações puramente cronológicas.

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Como Tolkien disse: "histórias de fadas não deveriam ser associadas exclusivamente à crianças. Elas são associadas à elas: naturalmente, porque as crianças são humanas e histórias de fadas é uma predileção humana natural (entretanto não necessariamente universal)". Nem todo conto encantará todo menino ou menina, nem há uma essencial para cada idade individual. Poderia ser mais justo aceitar que um gosto para este gênero literário depende em preservar um coração pueril: um espírito valente e justo, obstinado e aberto aos desafios da verdade. Deste modo a vida cotidiana se torna ela mesma um conto de fadas, uma vez que a existência de cada um é o campo de batalha onde esses desafios devem ser conquistados. De outro modo, contos de fadas nos dão a Consolação, o eco daquilo que ainda não é, mas que seguramente será. Enquanto isso, nós os adoramos de todo nosso coração; assim como as crianças. </P>
Tradução de Niége ´Mystique´ Caldas
 

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