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À primeira vista, a origem de “hobbit” é fácil de explicar: um acadêmico entediado inventa uma palavra divertida “do nada” e a anota. À medida que a palavra se tornou conhecida, porém, começaram os debates sobre sua origem. Alguns até questionaram se Tolkien realmente havia criado o termo. No entanto, o que provavelmente era mais importante para o próprio Tolkien era a história de “hobbit” dentro de seu universo, e é essa questão que abordaremos primeiro.
No passado da Terra-média os Hobbits habitavam as regiões setentrionais dos Vales do Anduin, e a língua que Tolkien usou para representar essa região foi o Inglês Antigo (Old English), o idioma dos Anglo-Saxões. Sua tarefa, então, era encontrar palavras do Inglês Antigo que pudessem se transformar, ao longo de milênios, na forma “hobbit”.
A palavra hob (que significa “duende” ou “homenzinho”, como em hobgoblin) parece uma solução óbvia. No entanto, um dos sinais da atenção de Tolkien aos detalhes é que ele não a utilizou—essa palavra é muito recente (tem menos de mil anos) e era desconhecida pelos anglo-saxões. Assim, os Homens do Norte da Terra-média também não teriam conhecimento de hob.
A solução que ele escolheu foi mais sofisticada: Tolkien selecionou as palavras do inglês antigo hol byldan, ou alguma variante semelhante, que significa “construir um buraco”, e desenvolveu um termo fictício com o significado de “construtor de buracos”: holbytla (plural holbytlan). É fácil perceber como, ao longo de vários milhares de anos, isso poderia evoluir para “hobbit”.
O sucesso e a engenhosidade dessa solução, no entanto, escondem um detalhe inconveniente: “construtor de buracos” é, no mínimo, um uso bastante incomum do inglês. Afinal, não se pode “construir um buraco” da mesma forma que não se pode “cavar uma casa”. É interessante notar que, em suas obras posteriores, Tolkien tende a interpretar holbytla como “habitante de buracos” em vez de “construtor de buracos”. Em particular, ele submeteu “habitante de buracos” ao Oxford English Dictionary quando foi solicitado a definir o nome (ver As Cartas de J.R.R. Tolkien, #316). Não sabemos o que aconteceu depois—talvez algum pesquisador atento, fluente em anglo-saxão, tenha intervindo—mas o dicionário moderno acabou retornando à definição mais estritamente precisa de “construtor de buracos”.
Essas questões parecem ter surgido a partir de uma carta enviada ao jornal The Observer, publicada em 16 de janeiro de 1938 (As Cartas de J.R.R. Tolkien, #25). O autor, conhecido apenas pelo pseudônimo trocadilhesco Habit, afirmou que um amigo se lembrava de um conto de fadas chamado The Hobbit, datado de cerca de 1904. Outras menções a essa história (aparentemente sobre uma criatura bastante feroz) surgiram desde então, com datas que variam em torno da virada do século XX.
Existia um Hobbit antes do de Tolkien? Simplesmente não sabemos. Até onde conseguimos determinar, ninguém jamais apresentou uma cópia desse “proto-hobbit”. O próprio Tolkien, embora não tenha descartado completamente a ideia, sugeriu que um título de som semelhante pode ter sido erroneamente lembrado à luz da palavra que ele próprio inventou. Se um hobbit anterior realmente existiu, já se passou um século desde sua publicação, então as chances de encontrar qualquer prova são mínimas (mas, se você encontrar uma cópia, nos avise!).
Embora o misterioso conto de fadas de Habit nunca tenha sido redescoberto, temos algumas possíveis fontes. No século XIX, Michael Aislabie Denham escreveu uma série de panfletos conhecidos como os Denham Tracts. Um deles contém uma lista de criaturas mágicas e, no meio dessa lista, entre os boggleboes, freiths e wirrikows, aparece o termo hobbits conforme reportado no The Times em 31 de maio 1977. Denham afirmou que as criaturas que listou vieram de sua própria pesquisa, especialmente de The Discoverie of Witchcraft, de 1584. Infelizmente, a palavra hobbits não aparece nessa obra, nem em qualquer outra fonte conhecida, e Denham não explica seu contexto ou origem.
Lista de Monstros do Denham Tracts – conseguiu acha hobbit?
Não se sabe se Tolkien estava familiarizado com o material de Denham ou se foi influenciado por ele de alguma forma. No mínimo, porém, a aparição de “hobbits” nos Denham Tracts demonstra que a palavra já existia antes de 1895, quando o volume relevante dos panfletos de Denham foi publicado. Assim, podemos afirmar com certeza que o termo “hobbit” antecede o primeiro uso de Tolkien por algumas décadas.
Os Denham Tracts não são a única possível origem do nome “hobbit” na literatura. Outro exemplo—embora com uma grafia ligeiramente diferente—aparece em The Gods of Pegāna, de Lord Dunsany, publicado originalmente em 1905, onde há uma referência passageira a um pequeno “deus doméstico” chamado Hobith. Sabemos com certeza que Tolkien conhecia o trabalho de Dunsany, e alguns até sugeriram uma influência sobre O Silmarillion, embora a extensão dessa influência seja difícil de determinar.
Ainda assim, temos algumas referências diretas de Tolkien a Dunsany. Em uma carta escrita em 1937—pouco depois da publicação de O Hobbit—Tolkien menciona que não ficou muito impressionado com os nomes inventados por Dunsany. Seria, de fato, uma certa ironia se o nome “Hobith” tivesse se infiltrado em seu subconsciente a partir dos escritos de Dunsany e mais tarde ressurgisse como “Hobbit”.
Em última análise, porém, não há nenhuma conexão inequívoca entre o Hobbit de Tolkien e qualquer uso anterior do nome. A palavra final sobre esse assunto veio do Oxford English Dictionary, quando decidiram homenagear Tolkien ao incluir “hobbit” em suas páginas consagradas. Para a etimologia, precisavam estabelecer de forma definitiva quando a palavra foi usada pela primeira vez. Sua conclusão, de fato, encerra a questão:
(Se você tiver alguns livros antigos no sótão, pode valer a pena folheá-los para ver se há algum hobbit esquecido espreitando por lá!)
Tome como exemplo a Ilha de Man, no meio do Mar da Irlanda: uma ilha com uma infestação severa de fadas. Na parte sul da ilha, há a “Fairy Bridge” (Ponte das Fadas), uma ponte que nenhum habitante da ilha atravessaria sem cumprimentar os Pequenos Povos que vivem ali. Para a maioria, claro, isso é apenas superstição, mas há aqueles que realmente acreditam que compartilham a ilha com todo tipo de criaturas mágicas. Entre elas, há um ser conhecido como phynnodderee—tímido em relação aos humanos, amigável e despreocupado, de pernas peludas, apreciador de vinho e cerveja, e dedicado ao trabalho agrícola. Parece familiar?
Os habitantes da Ilha de Man não estão sozinhos, é claro: na Alemanha, os mineiros são ajudados por kobolds, criaturas subterrâneas amigáveis, enquanto na Islândia, os Elfos habitam um reino espectral curiosamente semelhante ao “wraith-world” de Tolkien. Essas tradições aparecem em diversas culturas.
Além disso, até os nomes dessas criaturas são familiares: já mencionamos hob, mas também há boggart, boggard, flibbertigibbet e até Hobberdy, Hobbidy e Hobberdy Dick—estes últimos foram listados pelo próprio Tolkien em As Cartas de J.R.R. Tolkien, #319, datada de 1971.
Talvez surpreendentemente, Tolkien nega ter sido influenciado por essa tradição ao escolher o nome “hobbit”, mas parece tê-la abraçado quando escreveu o prefácio de O Senhor dos Anéis. Lá, ele afirma que os Hobbits eram “mais numerosos antigamente do que são hoje” e que “nos evitam com desânimo e estão se tornando difíceis de encontrar”. Podemos interpretar isso como uma tentativa de conectar seu povo fictício aos hobbits do folclore e da tradição
Uma história que começou com uma anotação casual em uma folha em branco, no fim das contas, nos levou de volta por milhares de anos de mitos e linguagem. Essa é uma das grandes maravilhas da obra de Tolkien—ela tem uma qualidade quase “fractal”. Quanto mais se examina um único detalhe, mais ele se desdobra em uma rede épica de conexões e complexidade. A última palavra sobre esse assunto deve ser deixada ao próprio mestre:

Este é o próprio relato de Tolkien sobre a invenção da palavra “hobbit”, enquanto corrigia provas do Certificado de Conclusão de Curso. Ele não dá uma data precisa, mas, a partir das pistas que fornece, isso provavelmente aconteceu em algum verão no final da década de 1920. Esse é, então, um dos doodles mais significativos da história da literatura: sem ele, não existiria O Hobbit, e sem O Hobbit, não haveria O Senhor dos Anéis—e sem O Senhor dos Anéis, certamente não haveria O Silmarillion. Se não fossem essas dez palavras rabiscadas, o mundo talvez nunca tivesse ouvido falar de J.R.R. Tolkien.“Em uma folha em branco, rabisquei: ‘Num buraco no chão vivia um hobbit.’ Eu não sabia e ainda não sei por quê.”
As Cartas de J.R.R. Tolkien, #163, para W.H. Auden, datada de 1955
À primeira vista, a origem de “hobbit” é fácil de explicar: um acadêmico entediado inventa uma palavra divertida “do nada” e a anota. À medida que a palavra se tornou conhecida, porém, começaram os debates sobre sua origem. Alguns até questionaram se Tolkien realmente havia criado o termo. No entanto, o que provavelmente era mais importante para o próprio Tolkien era a história de “hobbit” dentro de seu universo, e é essa questão que abordaremos primeiro.
A Etimologia Inventada
Por que os Hobbits chamam a si mesmos de “hobbits”? Qual é a história da palavra dentro do mundo da Terra-média? Essas são perguntas que a maioria dos escritores nem consideraria, mas que representaram um desafio para Tolkien. A maioria dos nomes de seus personagens e lugares vinha de línguas estabelecidas, sejam elas fictícias ou reais, e, assim, tinham uma história “autêntica” na imaginação de Tolkien, que podia ser traduzida para seu mundo ficcional. No entanto, “hobbit” surgiu espontaneamente e, portanto, não possuía uma história própria. Tolkien precisou inventar uma.No passado da Terra-média os Hobbits habitavam as regiões setentrionais dos Vales do Anduin, e a língua que Tolkien usou para representar essa região foi o Inglês Antigo (Old English), o idioma dos Anglo-Saxões. Sua tarefa, então, era encontrar palavras do Inglês Antigo que pudessem se transformar, ao longo de milênios, na forma “hobbit”.
A palavra hob (que significa “duende” ou “homenzinho”, como em hobgoblin) parece uma solução óbvia. No entanto, um dos sinais da atenção de Tolkien aos detalhes é que ele não a utilizou—essa palavra é muito recente (tem menos de mil anos) e era desconhecida pelos anglo-saxões. Assim, os Homens do Norte da Terra-média também não teriam conhecimento de hob.
A solução que ele escolheu foi mais sofisticada: Tolkien selecionou as palavras do inglês antigo hol byldan, ou alguma variante semelhante, que significa “construir um buraco”, e desenvolveu um termo fictício com o significado de “construtor de buracos”: holbytla (plural holbytlan). É fácil perceber como, ao longo de vários milhares de anos, isso poderia evoluir para “hobbit”.
O sucesso e a engenhosidade dessa solução, no entanto, escondem um detalhe inconveniente: “construtor de buracos” é, no mínimo, um uso bastante incomum do inglês. Afinal, não se pode “construir um buraco” da mesma forma que não se pode “cavar uma casa”. É interessante notar que, em suas obras posteriores, Tolkien tende a interpretar holbytla como “habitante de buracos” em vez de “construtor de buracos”. Em particular, ele submeteu “habitante de buracos” ao Oxford English Dictionary quando foi solicitado a definir o nome (ver As Cartas de J.R.R. Tolkien, #316). Não sabemos o que aconteceu depois—talvez algum pesquisador atento, fluente em anglo-saxão, tenha intervindo—mas o dicionário moderno acabou retornando à definição mais estritamente precisa de “construtor de buracos”.
Quem Inventou ‘Hobbit’?
Quase assim que O Hobbit foi publicado, começaram a surgir perguntas sobre as verdadeiras origens da palavra. Claro, o uso que Tolkien fez dela foi sua própria invenção, mas será que ele foi realmente o primeiro a usar o termo? Talvez alguém já o tivesse criado antes? Talvez Tolkien tenha encontrado essa palavra na infância e esquecido o evento, apenas para vê-la reaparecer de seu subconsciente anos depois?Essas questões parecem ter surgido a partir de uma carta enviada ao jornal The Observer, publicada em 16 de janeiro de 1938 (As Cartas de J.R.R. Tolkien, #25). O autor, conhecido apenas pelo pseudônimo trocadilhesco Habit, afirmou que um amigo se lembrava de um conto de fadas chamado The Hobbit, datado de cerca de 1904. Outras menções a essa história (aparentemente sobre uma criatura bastante feroz) surgiram desde então, com datas que variam em torno da virada do século XX.
Existia um Hobbit antes do de Tolkien? Simplesmente não sabemos. Até onde conseguimos determinar, ninguém jamais apresentou uma cópia desse “proto-hobbit”. O próprio Tolkien, embora não tenha descartado completamente a ideia, sugeriu que um título de som semelhante pode ter sido erroneamente lembrado à luz da palavra que ele próprio inventou. Se um hobbit anterior realmente existiu, já se passou um século desde sua publicação, então as chances de encontrar qualquer prova são mínimas (mas, se você encontrar uma cópia, nos avise!).
Embora o misterioso conto de fadas de Habit nunca tenha sido redescoberto, temos algumas possíveis fontes. No século XIX, Michael Aislabie Denham escreveu uma série de panfletos conhecidos como os Denham Tracts. Um deles contém uma lista de criaturas mágicas e, no meio dessa lista, entre os boggleboes, freiths e wirrikows, aparece o termo hobbits conforme reportado no The Times em 31 de maio 1977. Denham afirmou que as criaturas que listou vieram de sua própria pesquisa, especialmente de The Discoverie of Witchcraft, de 1584. Infelizmente, a palavra hobbits não aparece nessa obra, nem em qualquer outra fonte conhecida, e Denham não explica seu contexto ou origem.

Lista de Monstros do Denham Tracts – conseguiu acha hobbit?
Não se sabe se Tolkien estava familiarizado com o material de Denham ou se foi influenciado por ele de alguma forma. No mínimo, porém, a aparição de “hobbits” nos Denham Tracts demonstra que a palavra já existia antes de 1895, quando o volume relevante dos panfletos de Denham foi publicado. Assim, podemos afirmar com certeza que o termo “hobbit” antecede o primeiro uso de Tolkien por algumas décadas.
Os Denham Tracts não são a única possível origem do nome “hobbit” na literatura. Outro exemplo—embora com uma grafia ligeiramente diferente—aparece em The Gods of Pegāna, de Lord Dunsany, publicado originalmente em 1905, onde há uma referência passageira a um pequeno “deus doméstico” chamado Hobith. Sabemos com certeza que Tolkien conhecia o trabalho de Dunsany, e alguns até sugeriram uma influência sobre O Silmarillion, embora a extensão dessa influência seja difícil de determinar.
Ainda assim, temos algumas referências diretas de Tolkien a Dunsany. Em uma carta escrita em 1937—pouco depois da publicação de O Hobbit—Tolkien menciona que não ficou muito impressionado com os nomes inventados por Dunsany. Seria, de fato, uma certa ironia se o nome “Hobith” tivesse se infiltrado em seu subconsciente a partir dos escritos de Dunsany e mais tarde ressurgisse como “Hobbit”.
Em última análise, porém, não há nenhuma conexão inequívoca entre o Hobbit de Tolkien e qualquer uso anterior do nome. A palavra final sobre esse assunto veio do Oxford English Dictionary, quando decidiram homenagear Tolkien ao incluir “hobbit” em suas páginas consagradas. Para a etimologia, precisavam estabelecer de forma definitiva quando a palavra foi usada pela primeira vez. Sua conclusão, de fato, encerra a questão:
hobbit s. um membro de uma raça imaginária de pessoas de meia estatura nas histórias de Tolkien; portanto ~RY (5) s. [inventada por J.R.R. Tolkien, escritor Ingl. f. 1973, e dito por ele significar ‘construtor de buracos’]’
The Concise Oxford Dictionary of Current English
(Se você tiver alguns livros antigos no sótão, pode valer a pena folheá-los para ver se há algum hobbit esquecido espreitando por lá!)
Sobre Hobs e Boggarts
Em toda a Europa do Norte, existe uma tradição predominante dos “Pequenos Povos”. Eles têm uma lista interminável de nomes: brownies, pixies, fadas, leprechauns são apenas alguns dos mais comuns. Em algumas regiões, essas criaturas são muito mais do que meros mitos ou folclore—até hoje, elas influenciam a vida cotidiana das pessoas.Tome como exemplo a Ilha de Man, no meio do Mar da Irlanda: uma ilha com uma infestação severa de fadas. Na parte sul da ilha, há a “Fairy Bridge” (Ponte das Fadas), uma ponte que nenhum habitante da ilha atravessaria sem cumprimentar os Pequenos Povos que vivem ali. Para a maioria, claro, isso é apenas superstição, mas há aqueles que realmente acreditam que compartilham a ilha com todo tipo de criaturas mágicas. Entre elas, há um ser conhecido como phynnodderee—tímido em relação aos humanos, amigável e despreocupado, de pernas peludas, apreciador de vinho e cerveja, e dedicado ao trabalho agrícola. Parece familiar?
Os habitantes da Ilha de Man não estão sozinhos, é claro: na Alemanha, os mineiros são ajudados por kobolds, criaturas subterrâneas amigáveis, enquanto na Islândia, os Elfos habitam um reino espectral curiosamente semelhante ao “wraith-world” de Tolkien. Essas tradições aparecem em diversas culturas.
Além disso, até os nomes dessas criaturas são familiares: já mencionamos hob, mas também há boggart, boggard, flibbertigibbet e até Hobberdy, Hobbidy e Hobberdy Dick—estes últimos foram listados pelo próprio Tolkien em As Cartas de J.R.R. Tolkien, #319, datada de 1971.
Talvez surpreendentemente, Tolkien nega ter sido influenciado por essa tradição ao escolher o nome “hobbit”, mas parece tê-la abraçado quando escreveu o prefácio de O Senhor dos Anéis. Lá, ele afirma que os Hobbits eram “mais numerosos antigamente do que são hoje” e que “nos evitam com desânimo e estão se tornando difíceis de encontrar”. Podemos interpretar isso como uma tentativa de conectar seu povo fictício aos hobbits do folclore e da tradição
Uma história que começou com uma anotação casual em uma folha em branco, no fim das contas, nos levou de volta por milhares de anos de mitos e linguagem. Essa é uma das grandes maravilhas da obra de Tolkien—ela tem uma qualidade quase “fractal”. Quanto mais se examina um único detalhe, mais ele se desdobra em uma rede épica de conexões e complexidade. A última palavra sobre esse assunto deve ser deixada ao próprio mestre:
“Oh, que teia emaranhada tecem aqueles que tentam conceber uma nova palavra!”
As Cartas de J.R.R. Tolkien, #319, datada de 1971
- doodle refere-se a desenhos ou esboços feitos sem muita intenção ou propósito, geralmente enquanto a pessoa está distraída ou entediada. ↩︎