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BEBENDO O MAR DA INSANIDADE

Um gesto coíbe a lágrima:
A glória e a angústia se amalgamam,
Se entrelaçam, se abraçam, se procuram, se misturam,
Se mastigam, se adaptam, se compactam, se fecundam,
Se masturbam e se adicionam hirsutos
Ao sabor dos pensamentos mitômanos, confusos,
Gerando uma insólita & desvairada
Alegria atormentada em relação
Ás aquarelas assenzaladas quais sequestram,
Flagelam ou sepultam
O oceano fluente pelo cérebro á beira
Do abismo profundo.


Ah, pensar também
Que integro o elenco
De reféns desta maré maligna:


Ora como um espectador impotente
Por não poder ser reativo
Quando a peçonha da violência,
Da cobiça e da autocracia
Preda a candura ---- até então,
Mantida incólume ainda, quanto
Á sua alma, á sua lírica arquitetura ---
Pois a consciência sente a dolência
De viver em infinita clausura;

Ora sentindo o amargor
De fruta cítrica
Da amorosa sensaboria
Fazendo malsãs investidas,
Cheias de sedução e aleivosia
Contra a aurora da fantasia
Quando a arte da conquista
Vira planeta em sangria;


Ora completamente imerso
Na piscina labiríntica
Do meu mundo-ego,
Hades onde
Os demônios --- apátridas
Da indulgência e da fidalguia ---
Castram-me o combustível qual alimenta,
De maneira apaixonadamente feroz e fidedigna,
A fogueira ativista contra o império da hidra,
Além de devorar --- tal se fosse
Um cardume celerado
De famintas piranhas assassinas ---
O lume do farol que mantém viva e fortifica
A energia do Corcel da tranquilidade assertiva,
Da solar lira!


Ah, não desejo mais
Que o nosso destino
Caiba --- de modo conciso ---
Na palma da mão
Do vácuo empedernido:


Ao contrário,
Espero incansável
Que a manhã-mor
Do equinócio auspicioso ecloda,
Portando consigo o sol do denodo,
Do arco-íris onde mora o regozijo do sonho,
Da flora, da fauna, da via Láctea do ouro,
Da Poesia que liberta a Mente do Povo!


Mas o império da pedra
Mostra o verdadeiro timoneiro
Do navio da realidade:


Ele ostenta a face
De canções quais assassinam a jocosa tarde
E levam ao templo do abate
O carcereiro da catástrofe.


Então minha rijeza
Vira mármore:
A poesia cuja centelha
Irrompe do Rio São Francisco
Dos meus versos
É catarse trôpega, lôbrega, estéril:
A realeza maior dos tétricos cemitérios!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
Bebo três terços do mar

para assim não sobrar gota, gole ou soluço
nessa boca sedenta de sal e apocalipse.
De tanto tomar cemancol ou chá de sumiço
se esse bom senso do ridículo sumisse...
De tanto rimar fevereiro e travesseiro

rumo bocejando por todos meses do ano
e tomo comprimidos nas horas certas do dia.

Pois navegar é preciso, de navegar impreciso,
quando tsunamis devastam todos portos seguros
e não há mais lar pra onde voltar nesse mundo.

Então alucinação se mescla a realidade
e dá às cores um sabor especial.
Dá à mentira a medida da verdade
liga estrela à estrela, lenda à lenda, desenha deuses no céu.

Esquece... já é tarde.
Desligo o despertador. Tenho meu trabalho oito horas da manhã. Coço o saco, espreguiço, calço os chinelos, lavo o rosto, faço a barba, mijo fora do vaso, escovo os dentes, ponho as meias, amarro os cadarços, afivelo o cinto, apoupo os bolsos, sinto as chaves e visto minha camisa de força.

Some o sol uiva a lua chama a chama
queima um desejo piromaníaco
mingua um pensamento lunático
pois existe um amigo imaginário
confessando que eu sou doido de pedra.
 

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