Haran
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O que eu penso, seguindo a teoria que postei páginas atrás, é que os dragões tem fidelidade com seus parentes, ou que eles sentem indivíduos de mesmo sangue. Assim as Grandes Casas de Valíria eram Grandes Casas pois em algum tempo determinando membros dessas casas foram bem sucedidos em parir dragões usando magia - a linhagem desses dragões tinham assim ligação com aquela casa. Um valiriano de uma casa não podia domar um dragão de outra casa. Com o tempo só restaram descendentes de Targaryen e dragões Targaryen, então esse fato foi esquecido e substituído pelo fato mais simples de que Targaryen domam dragões.
Isso permitiria que Azor Ahai, caso venha a realizar o ritual, tenha domínio sobre seu dragão, independente de ser valiriano ou não. Isso também deixa de lado o fato do sangue valiriano ser mágico por si mesmo entre os povos em geral, o que é estranho e pediria alguma explicação.
Se isso é verdade, temos certa dificuldade com a questão do domínio de Daenerys sobre seus dragões - talvez os ovos descendam dos dragões Targaryen pois foram conseguidos de Westeros e/ou o vinculo de Daenerys tê-los 'chocados' em situação bastante excepcional, dramática e um tanto quanto mágica contribuiu para isso. Afinal de contas, o sangue não é o único jeito de domar dragões: certos berrantes de Valíria também o fazem (penso que os berrantes foram feitos nos conflitos entre as Casas de Valíria, para dominar dragões de casas rivais).
Voltando ao ritual de Mirri... A maegi aponta que os mortos estariam presentes na tenda, e que vivos não deveriam ter contato com eles. Depois é dito que a maegi não dançava sozinha. Ambos fatos dão às sombras um caráter pessoal, são pessoas que estavam ali com a maegi. Essa pessoalidade bate perfeitamente com a crença de Asshai que versava que um certo povo da Sombra tinha dado dragões aos valirianos e ensiná-los a domá-los (e o maestre narrador pergunta ingenuamente porque esse povo não dominou o mundo com os dragões).
Interessante que sobre o preço que o ritual acarretaria, Mirri fala que "It is not a matter of gold or horses". Claro que a interpretação lógica é que ela não queria pagamento financeiro, mas pode ser também uma fala que implicitamente já antevê de que a morte do cavalo não seria suficiente, e que o preço seria mais alto. O que Daenerys já entende durante a luta que se dá fora da tenda, e que é explicitado no diálogo com Mirri que se dá mais tarde:
Alguém poderia dizer que esse dito preço foi algo mais simbólico e metafórico, mas interpreto de forma oposta: as sombras cobraram de fato o preço tirando todas essas vidas, a magia se estendeu para fora da tenda, e de certa forma "manipulou" o destino para que essas mortes ocorressem (assim como a magia das sanguessugas manipularam o destino e resultaram na morte de Robb, de Balon e de Joffrey, ainda que não tenham fisicamente influído nessas mortes). Assim interpreto que o fato da Daenerys ter entrado na tenda pouco influiu na magia que ali ocorria - a recomendação de não entrar na tenda era uma recomendação visando a seguridade de Daenerys e o bebê: talvez entrar na tenda seria uma exposição maior aos mortos e à própria morte de alguma forma, e de fato foi o que causou que o feto de Daenerys ficasse como se decomposto há anos (!) ainda que estivesse vivo antes do ritual. De qualquer forma a magia funcionou, e cobrou como preço não só a vida do bebê, mas dos mortos no conflito que se desenrolou fora da tenda.
Vemos certa arbitrariedade por parte das sombras, que tirou a vida de cavaleiros de fora da tenda mas não de Jorah que entrou na tenda. Talvez essa magia com as sombras seria como tratar com o Demônio, segundo crendices cristãs: ele cumpre o trato, mas nesse cumprimento há arbitrariedades e no fim o trato é amargo. Dragões poderiam assim ser frutos desse trato com as sombras, mas que provavelmente demandassem muitos mais sacrifícios, sejam sacrifícios literais, ritualísticos, ou sacrifícios indiretos ou até mesmo segundo o 'destino', como o que ocorreu com os mortos nesse evento envolvendo Mirri e Daenerys (nesse sentido, aliás, falas de crentes dos Sete dizendo que dragões são criaturas demoníacas não estariam assim tão longe da verdade).
Curioso que os berrantes de Valíria demandam também o sacrifício de uma vida para domar o dragão (a vida daquele que soa o berrante), o que de certa forma é esperado: segundo conjecturei acima muitas vidas são tomadas para que o dragão primeiramente venha à tona das sombras, dessa forma é esperado que o domínio "não natural" desse dragão não venha sem custar ao menos uma vida.
Quanto a certa relatividade das tradições e o fato delas terem fatos contraditórios, acho que ninguém discorda... Mas isso não significa que é impossível escavar a verdade por trás tradições. Nesse sentido, tendo a valorizar as lendas de Asshai, pois eles parecem ter sabedoria maior das coisas em geral, dados seu domínio da magia e a antiguidade de suas tradições... Porém de fato isso não significa que por exemplo R'hllor exista. Mas estender o ceticismo ao próprio Azor Ahai acho demais, pois a figura heróica que derrotou os Outros existe em várias tradições, inclusive entre os Targaryen e entre meistres, que tendem a ser menos religiosos ou místicos. Sendo que as profecias têm poder real no mundo de Westeros, não posso imaginar profecia mais confiável... Alguém poderia achar que Nissa Nissa ou Luminífera por outro lado são mitos, de fato é possível, mas eu acharia desanimador literariamente falando, especialmente no caso da espada, que tem importância na história. Aemon Targaryen chega a usar como argumento que Stannis não é Azor Ahai certa artificialidade em sua espada - fosse a espada um aspecto mitológico e não propriamente histórico da figura de Azor Ahai, esse seria um argumento um tanto quanto falho. Isso não significa, claro, que Nissa Nissa e Luminífera sejam literalmente a esposa e uma espada propriamente ditas, mas penso que têm que ser seres particulares de alguma forma.
Isso permitiria que Azor Ahai, caso venha a realizar o ritual, tenha domínio sobre seu dragão, independente de ser valiriano ou não. Isso também deixa de lado o fato do sangue valiriano ser mágico por si mesmo entre os povos em geral, o que é estranho e pediria alguma explicação.
Se isso é verdade, temos certa dificuldade com a questão do domínio de Daenerys sobre seus dragões - talvez os ovos descendam dos dragões Targaryen pois foram conseguidos de Westeros e/ou o vinculo de Daenerys tê-los 'chocados' em situação bastante excepcional, dramática e um tanto quanto mágica contribuiu para isso. Afinal de contas, o sangue não é o único jeito de domar dragões: certos berrantes de Valíria também o fazem (penso que os berrantes foram feitos nos conflitos entre as Casas de Valíria, para dominar dragões de casas rivais).
Voltando ao ritual de Mirri... A maegi aponta que os mortos estariam presentes na tenda, e que vivos não deveriam ter contato com eles. Depois é dito que a maegi não dançava sozinha. Ambos fatos dão às sombras um caráter pessoal, são pessoas que estavam ali com a maegi. Essa pessoalidade bate perfeitamente com a crença de Asshai que versava que um certo povo da Sombra tinha dado dragões aos valirianos e ensiná-los a domá-los (e o maestre narrador pergunta ingenuamente porque esse povo não dominou o mundo com os dragões).
Interessante que sobre o preço que o ritual acarretaria, Mirri fala que "It is not a matter of gold or horses". Claro que a interpretação lógica é que ela não queria pagamento financeiro, mas pode ser também uma fala que implicitamente já antevê de que a morte do cavalo não seria suficiente, e que o preço seria mais alto. O que Daenerys já entende durante a luta que se dá fora da tenda, e que é explicitado no diálogo com Mirri que se dá mais tarde:
“There is a price,” the godswife warned her.
“You’ll have gold, horses, whatever you like.”
“It is not a matter of gold or horses. This is bloodmagic, lady. Only death may pay for life.”
“Death?” Dany wrapped her arms around herself protectively, rocked back and forth on her heels. “My death?” She told herself she would die for him, if she must. She was the blood of the dragon, she would not be afraid. Her brother Rhaegar had died for the woman he loved.
“No,” Mirri Maz Duur promised. “Not your death, Khaleesi.”
Dany trembled with relief. “Do it.”
The maegi nodded solemnly. “As you speak, so it shall be done. Call your servants.”
Khal Drogo writhed feebly as Rakharo and Quaro lowered him into the bath. “No,” he muttered, “no. Must ride.” Once in the water, all the strength seemed to leak out of him.
“Bring his horse,” Mirri Maz Duur commanded, and so it was done.
(...)
“I will stay,” Dany said. “The man took me under the stars and gave life to the child inside me. I will not leave him.”
“You must. Once I begin to sing, no one must enter this tent. My song will wake powers old and dark. The dead will dance here this night. No living man must look on them.”
(...)
Someone threw a stone, and when Dany looked, her shoulder was torn and bloody. “No,” she wept, “no, please, stop it, it’s too high, the price is too high.” More stones came flying.
(...)
“No,” Mirri Maz Duur said. “That was a lie you told yourself. You knew the price.”
Had she? Had she? If I look back I am lost. “The price was paid,” Dany said. “The horse, my child, Quaro and Qotho, Haggo and Cohollo. The price was paid and paid and paid.”
“You’ll have gold, horses, whatever you like.”
“It is not a matter of gold or horses. This is bloodmagic, lady. Only death may pay for life.”
“Death?” Dany wrapped her arms around herself protectively, rocked back and forth on her heels. “My death?” She told herself she would die for him, if she must. She was the blood of the dragon, she would not be afraid. Her brother Rhaegar had died for the woman he loved.
“No,” Mirri Maz Duur promised. “Not your death, Khaleesi.”
Dany trembled with relief. “Do it.”
The maegi nodded solemnly. “As you speak, so it shall be done. Call your servants.”
Khal Drogo writhed feebly as Rakharo and Quaro lowered him into the bath. “No,” he muttered, “no. Must ride.” Once in the water, all the strength seemed to leak out of him.
“Bring his horse,” Mirri Maz Duur commanded, and so it was done.
(...)
“I will stay,” Dany said. “The man took me under the stars and gave life to the child inside me. I will not leave him.”
“You must. Once I begin to sing, no one must enter this tent. My song will wake powers old and dark. The dead will dance here this night. No living man must look on them.”
(...)
Someone threw a stone, and when Dany looked, her shoulder was torn and bloody. “No,” she wept, “no, please, stop it, it’s too high, the price is too high.” More stones came flying.
(...)
“No,” Mirri Maz Duur said. “That was a lie you told yourself. You knew the price.”
Had she? Had she? If I look back I am lost. “The price was paid,” Dany said. “The horse, my child, Quaro and Qotho, Haggo and Cohollo. The price was paid and paid and paid.”
Alguém poderia dizer que esse dito preço foi algo mais simbólico e metafórico, mas interpreto de forma oposta: as sombras cobraram de fato o preço tirando todas essas vidas, a magia se estendeu para fora da tenda, e de certa forma "manipulou" o destino para que essas mortes ocorressem (assim como a magia das sanguessugas manipularam o destino e resultaram na morte de Robb, de Balon e de Joffrey, ainda que não tenham fisicamente influído nessas mortes). Assim interpreto que o fato da Daenerys ter entrado na tenda pouco influiu na magia que ali ocorria - a recomendação de não entrar na tenda era uma recomendação visando a seguridade de Daenerys e o bebê: talvez entrar na tenda seria uma exposição maior aos mortos e à própria morte de alguma forma, e de fato foi o que causou que o feto de Daenerys ficasse como se decomposto há anos (!) ainda que estivesse vivo antes do ritual. De qualquer forma a magia funcionou, e cobrou como preço não só a vida do bebê, mas dos mortos no conflito que se desenrolou fora da tenda.
Vemos certa arbitrariedade por parte das sombras, que tirou a vida de cavaleiros de fora da tenda mas não de Jorah que entrou na tenda. Talvez essa magia com as sombras seria como tratar com o Demônio, segundo crendices cristãs: ele cumpre o trato, mas nesse cumprimento há arbitrariedades e no fim o trato é amargo. Dragões poderiam assim ser frutos desse trato com as sombras, mas que provavelmente demandassem muitos mais sacrifícios, sejam sacrifícios literais, ritualísticos, ou sacrifícios indiretos ou até mesmo segundo o 'destino', como o que ocorreu com os mortos nesse evento envolvendo Mirri e Daenerys (nesse sentido, aliás, falas de crentes dos Sete dizendo que dragões são criaturas demoníacas não estariam assim tão longe da verdade).
Curioso que os berrantes de Valíria demandam também o sacrifício de uma vida para domar o dragão (a vida daquele que soa o berrante), o que de certa forma é esperado: segundo conjecturei acima muitas vidas são tomadas para que o dragão primeiramente venha à tona das sombras, dessa forma é esperado que o domínio "não natural" desse dragão não venha sem custar ao menos uma vida.
Quanto a certa relatividade das tradições e o fato delas terem fatos contraditórios, acho que ninguém discorda... Mas isso não significa que é impossível escavar a verdade por trás tradições. Nesse sentido, tendo a valorizar as lendas de Asshai, pois eles parecem ter sabedoria maior das coisas em geral, dados seu domínio da magia e a antiguidade de suas tradições... Porém de fato isso não significa que por exemplo R'hllor exista. Mas estender o ceticismo ao próprio Azor Ahai acho demais, pois a figura heróica que derrotou os Outros existe em várias tradições, inclusive entre os Targaryen e entre meistres, que tendem a ser menos religiosos ou místicos. Sendo que as profecias têm poder real no mundo de Westeros, não posso imaginar profecia mais confiável... Alguém poderia achar que Nissa Nissa ou Luminífera por outro lado são mitos, de fato é possível, mas eu acharia desanimador literariamente falando, especialmente no caso da espada, que tem importância na história. Aemon Targaryen chega a usar como argumento que Stannis não é Azor Ahai certa artificialidade em sua espada - fosse a espada um aspecto mitológico e não propriamente histórico da figura de Azor Ahai, esse seria um argumento um tanto quanto falho. Isso não significa, claro, que Nissa Nissa e Luminífera sejam literalmente a esposa e uma espada propriamente ditas, mas penso que têm que ser seres particulares de alguma forma.
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