Beriadar
And I will see it all before
Fonte: O Dia OnlineEm operação da polícia na Rocinha, meninos simulam dar tiros com as mãos
Policiais armas pesadas à procura de traficantes, fogos de artifício anunciando a movimentação dos agentes e a explosão de seis granadas, lançadas por bandidos. Esse cenário de guerra se instalou na Favela da Rocinha, em São Conrado, durante as cinco horas de ocupação policial no local e levou pânico para os moradores da comunidade, com exceção de um grupo de meninos. Indiferentes ao clima de medo, garotos simulavam, com as mãos, atirar contra as patrulhas. Um deles, aparentando ter no máximo 10 anos, chegou a subir na traseira de um veículo blindado da polícia para encenar o ‘ataque’.
Com fuzis, metralhadoras, pistolas e granadas, os 150 policiais de diversas delegacias especializadas, com apoio de agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), foram à Rocinha em busca do chefão do pó na favela, Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi, e seu bando. Logo na chegada das equipes, na Rua da Servidão, as crianças passaram a fingir que disparavam contra as patrulhas. Um dos ‘alvos’ dos menores foi o blindado da Core, o Morcegão.
Cena constrange policiais e choca moradores
Ao longo da operação, outros meninos, também aparentando ter cerca de 10 anos, cantaram funks proibidos, cujas letras incitavam ataques à polícia e seus blindados. A cena deixou policiais constrangidos e chocou moradores. “Meu Deus, o que vai ser dessas crianças?”, questionava a dona-de-casa Maria Virgínia Laênio, 42 anos.
O DIA já havia mostrado, em 3 de julho, flagrantes de crianças da Rocinha simulando atirar na polícia. Cinco meninos usaram cabos de vassouras para fingir que disparavam em veículo da Core. “X-9 tem que morrer”, gritou um deles, se referindo ao piloto do helicóptero cuja lataria havia sido alvejada por bandidos. Da aeronave, ele informava aos agentes em terra a localização dos atiradores. Na época, o sociólogo Josinaldo Aleixo de Sousa explicou que, para esses garotos, os criminosos representam o bem: “Elas vêem os traficantes como prestadores de assistência e defensores da população dos invasores”.
Bom, na folha do O Dia, os jornalistas ficaram impressionados com a palavra "Ore", nas fotos, como se essa fosse a única solução para o problema da violência urbana.
Mas cá entre nós, as fotos são mesmo dignas de prêmio.