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Dúvida sobre cena da Arwen

Complementando, segue trecho do Apêndice A.I de O Senhor dos Anéis:
No final da Primeira Era os valar impuseram uma escolha irrevogável aos meio-elfos, ou seja, eles deveriam decidir a que raça pertenceriam. Elrond escolheu ser do Povo Élfico, e transformou-se num mestre da sabedoria. Portanto, a ele foi concedida a mesma graça recebida pelos altos-elfos que ainda permaneciam na Terra-média que, quando por fim estivessem cansados das terras mortais, eles poderiam tomar um navio e partir dos Portos Cinzentos para o Extremo Oeste; essa graça perdurou depois da mudança do mundo. Mas para os filhos de Elrond também foi indicada uma escolha: passar com o pai dos círculos do mundo ou, se permanecessem, tornarem-se mortais e morrerem na Terra-média.
 
Os dois últimos trechos desse link me faz crer que Arwen abraçou a mortalidade ainda muito cedo, de forma que a fala "there is now no ship that would bear the hence" é no sentido de que "não há navios que levarão uma mortal à Valinor", isto é, um jeito elegante de dizer que ela não seria recebida lá; e não que não havia mais navios partindo da Terra-média.

Por outro lado, se ela já era uma mortal, Aragorn não saberia disso? Então por que mencionou a hipótese de Arwen ir a Aman? Penso que a mortalidade da Arwen, e a escolha dos meio-elfos de forma geral, envolva algo mais sutil do que uma escolha no sentido literal da palavra, isto é, uma decisão consciente e pontual no tempo. Os meio-elfos aparentam não ter a mortalidade do hröa (isto é, a inevitável decadência do corpo com o tempo). De fato, no diálogo de Finrod e Andreth, e em textos relacionados, essa mortalidade é vista não como um presente de Eru, mas um fruto da corrupção do mundo e em especial do seu aspecto material - o que é um presente é a finitude da estadia no mundo por parte dos sucessores.

E qual é a relevância disso? É que a escolha dos meio-elfos não envolveria, assim, uma repentina mortalidade do corpo, mesmo porque esse é um aspecto corrupto do corpo dos sucessores, não faria sentido os meio-elfos resgatarem esse aspecto. A escolha do meio-elfos é um processo que se dá gradualmente, porém que termina: é como o amadurecimento do espírito, que descobre e entende aos poucos seu lugar no mundo, mas em um determinado ponto esse entendimento é completo. Uma vez feita essa descoberta, o espírito pode dirigir-se aos portos, ou esperar o momento que, de livre vontade (e não devido à decadência do corpo), abandone a vida. A fala do Aragorn tem sentido, portanto, ao entender-se que essa escolha não era uma escolha que manifestava-se fisicamente, mas uma decisão meramente espiritual e de foro íntimo de Arwen - a fala de Aragorn é uma fala de desprendimento, isso é, ele não cobra de Arwen o sacrifício de deixar o mundo e acompanhá-lo.

E mesmo porque penso que não haveria grande imoralidade por parte dela caso permanecesse no mundo, já que, conforme vemos em "Leis e Costumes entre os Eldar", a união dos fëar do casal não é quebrada pela distância, mesmo se for uma distância que ocorre não por infortúnios mas por inclinação pessoal:

Thus, although the wedded remain so for ever, they do not necessarily dwell or house together at all times; for without considering the chances and separations of evil days, wife and husband, albeit united, remain persons individual having each gifts of mind and body that differ. Yet it would seem to any of the Eldar a grievous thing if a wedded pair were sundered during the bearing of a child, or while the first years of its childhood lasted. For which reason the Eldar would beget children only in days of happiness and peace if they could.
Uma vez que os filhos foram gerados e criados, era uma decisão meramente de Arwen acompanhar Aragorn para além do mundo ou permanecer no mundo, não havia obrigação moral devido ao casamento. A resposta de Arwen é somente uma declaração de seu estado espiritual, uma "mortalidade espiritual", isso é, uma inclinação (amarga, que seja) para o além-mundo, e também para os sucessores e em especial para o próprio Aragorn.
 
Última edição:
Os dois últimos trechos desse link me faz crer que Arwen abraçou a mortalidade ainda muito cedo, de forma que a fala "there is now no ship that would bear the hence" é no sentido de que "não há navios que levarão uma mortal à Valinor", isto é, um jeito elegante de dizer que ela não seria recebida lá; e não que não havia mais navios partindo da Terra-média.
É essa a minha interpretação também.

Por outro lado, se ela já era uma mortal, Aragorn não saberia disso? Então por que mencionou a hipótese de Arwen ir a Aman?
Acho que porque ele não entende como isso funciona, mas, eu fico também com a impressão de que a pergunta do Aragorn seria a pergunta que o leitor do livro faria, tipo, "ué, ela não pode mais voltar atrás?" Como um recurso literário em que o personagem pergunta alguma coisa que o próprio leitor poderia se perguntar e causar dúvidas (nada pra sustentar essa teoria, é só uma impressão :mrgreen:).

Penso que a mortalidade da Arwen, e a escolha dos meio-elfos de forma geral, envolva algo mais sutil do que uma escolha no sentido literal da palavra, isto é, uma decisão consciente e pontual no tempo. Os meio-elfos aparentam não ter a mortalidade do hröa (isto é, a inevitável decadência do corpo com o tempo). De fato, no diálogo de Finrod e Andreth, e em textos relacionados, essa mortalidade é vista não como um presente de Eru, mas um fruto da corrupção do mundo e em especial no seu aspecto material - o que é um presente é a finitude da estadia no mundo por parte dos sucessores.

E qual é a relevância disso? É que a escolha dos meio-elfos não envolveria, assim, uma repentina mortalidade do corpo, mesmo porque esse é um aspecto corrupto do corpo dos sucessores, não faria sentido os meio-elfos resgatarem esse aspecto. A escolha do meio-elfos é um processo que se dá gradualmente, porém que termina: é como o amadurecimento do espírito, que descobre e entende aos poucos seu lugar no mundo, mas em um determinado ponto esse entendimento é completo. Uma vez feita essa descoberta, o espírito pode dirigir-se aos portos, ou esperar o momento que, de livre vontade (e não devido à decadência do corpo), abandone a vida. A fala do Aragorn tem sentido, portanto, ao entender-se que essa escolha não era uma escolha que manifestava-se fisicamente, mas uma decisão meramente espiritual e de foro íntimo de Arwen - a fala de Aragorn é uma fala de desprendimento, isso é, ele não cobra de Arwen o sacrifício de deixar o mundo e acompanhá-lo.
Verdade, porém a Arwen realmente toma uma decisão no momento em que se comprometeu com Aragorn, daí o processo foi iniciado e talvez não tivesse como voltar (mesmo sendo algo gradual) depois um certo tempo, talvez? No caso da Arwen, ela tomou essa decisão muito antes da morte dele, e portanto não seria algo "desfazível" naquela época.

E mesmo porque penso que não haveria grande imoralidade por parte dela caso permanecesse no mundo, já que, conforme vemos em "Leis e Costumes entre os Eldar", a união dos fëar do casal não é quebrada pela distância, mesmo se for uma distância que ocorre não por infortúnios mas por inclinação pessoal:

Thus, although the wedded remain so for ever, they do not necessarily dwell or house together at all times; for without considering the chances and separations of evil days, wife and husband, albeit united, remain persons individual having each gifts of mind and body that differ. Yet it would seem to any of the Eldar a grievous thing if a wedded pair were sundered during the bearing of a child, or while the first years of its childhood lasted. For which reason the Eldar would beget children only in days of happiness and peace if they could.
Uma vez que os filhos foram gerados e criados, era uma decisão meramente de Arwen acompanhar Aragorn para além do mundo ou permanecer no mundo, não havia obrigação moral devido ao casamento. A resposta de Arwen é meramente uma declaração de seu estado espiritual, uma "mortalidade espiritual", isso é, uma inclinação para o além-mundo, para os sucessores e em especial para o próprio Aragorn.
Talvez até indo pro além-mundo ela pensasse que poderia ter algum conforto afinal, com a possibilidade de talvez encontrar Aragorn ainda nos Palácios de Mandos, quem sabe? :think:
 

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