Vou fazer comparações, não sei se fica legal, mas vamos lá.
Já li Camus, Dostoiévski e Lima Barreto, e gostei demais dos três.
Comecei a ler e não gostei de Nabokov (Lolita) e GG Marques (Cem Anos de Solidão) .
Porque eu deveria dar uma nova chance a esses dois?
E o contrário?
O que um leitor de GG Marques (por exemplo) acharia do Camus ou do Dostoiévski ou do Lima?
Não os acharia, sei lá, cruéis demais (pra não dizer deprimentes)?
E se eu leio Dostoiévski, pra que vou ler Lima Barreto e Nabokov?
Não é melhor ficar só no russo já que ele foi um dos que começaram com essa coisa toda de realismo e a vida como ela é, cheia de lágrimas, patetismos e filhadaputice?
E pra que vou ler sobre gente feia, suja e malvada e choro e ranger de dentes neste vale de lágrimas (Dostoiévski, Camus, Lima) se posso ficar com GG Marques que (pelo que a devogada Liv falou) é delicado, romântico e tchutchu?
E o GG Marques, não é fofucho demais? Cadê realismo nele?
Um leitor de Camus ou do Lima não ficaria meio
com o colombiano?
Aproveitando as inúmeras questões da Clara, peço vênia para dizer que entendo que na literatura não deve haver exclusividade, vale dizer, devemos ler todos os grandes autores, sempre que puder; seria inconcebível achar que só podemos apreciar esse ou aquele, dependendo do tipo de escrita e dos temas abordados pelo escritor.
Assim, com toda a certeza, devemos diversificar a nossa leitura, lendo Vladimir Nabokov, Gabriel Garcia Marques, Albert Camus, Fiódor Dostoiévski e Lima Barreto e tantos outros, nacionais e estrangeiros, pois só assim iremos nos enriquecer culturalmente.
No tocante ao escritor que eu defendo, acho que vale a pena, e muito, ler Dostoiévski, uma vez que a respectiva obra é cheia de momentos inesquecíveis. Quem leu
Crime e Castigo sabe disso e, destarte, sofreu junto com os delírios e sentimentos contraditórios de Raskólnikov.
Ilusão e destruição são alguns aspectos que parecem dominar os ímpetos de vários dos personagens de Dostoiévski, que são capazes de tudo, às vezes são muito boas, dando a face para ser esbofeteada, humilhando-se até a privação, ou então cruéis, a ponto de assassinar, de modo frio e calculista, pobres seres que, indefesos, ficam a mercê do seu destino.
No entanto, não se pode negar o caráter universal das suas personagens; talvez por isso, nos apaixonamos pela sua obra, porque todos nós também somos movidos por tais aspectos, porém, por sermos escravos da sociedade e dos costumes que elas nos impõem, reprimimos nossos ímpetos, porque de outra forma, seria impossível o convívio em sociedade.
Por outro lado, nos apaixonamos por Dostoiévski porque a leitura dele nos liberta de nós mesmos; de nossos medos, de nossas fraquezas e sentimentos conflituosos, tornando nossa alma mais leve e tolerante, consciente da ideia de que o criminoso e a prostituta são também filhos de Deus e, como nós, passíveis de redenção ou da destruição, conforme a escolha de cada um.