Re: Tropa de Elite (Brasil, 2007)
Diretor de 'Tropa de Elite' elogia criatividade de camelôs
Para uma platéia de estudantes, Padilha condena pirataria, apesar de ter visto cópia ilegal.
Ele sugere que alunos convidem ambulantes para dar palestra.
Aluizio Freire Do G1, no Rio entre em contato
Numa palestra para alunos de marketing nesta terça-feira (9), no Centro do Rio, o diretor de “Tropa de Elite”, José Padilha, ouviu da platéia que a maioria comprou DVDs de camelôs. Diante do público, ele se rendeu e admitiu que também assistiu à versão pirata do filme.
“Mas foi para ajudar a polícia. Precisava saber que versão tinha vazado”, disse, tentando se justificar, enquanto os universitários desabavam em risos e aplausos.
Na verdade, o diretor já revelara ao G1, em agosto, que assistira a uma das versões e não gostara.
Na palestra ele chegou a sugerir que os estudantes da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), onde foi realizado o seminário “Crime e Terrorismo: caprichos da alma insensata do Alemão ao Afeganistão”, convidassem os ambulantes para uma “aula de marketing”.
“Eu ficaria na platéia para assistir. Eles são muito criativos. Quando começou a repressão policial, eles anunciavam a venda do filme da seguinte forma: ‘Comprem, antes que a polícia proíba’. Venderam tudo”, lembra.
Mas, durante a palestra, que contou também com a participação do antropólogo Luiz Eduardo Soares, o ex-capitão Rodrigo Pimentel e o major da Polícia Militar André Batista, autores do livro “Elite da Tropa”, que deu origem ao filme, Padilha fez questão de mostrar sua posição contrária à pirataria.
“Isso envolve sonegação fiscal”, disse, mostrando-se preocupado com as pessoas que defendem a prática ilegal com o discurso de difusão do conteúdo cultural.
Até a estudante Luciane Ribeiro, de 25 anos, que usava uma boina e roupa preta semelhante à dos integrantes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), admitiu ter assistido ao filme pirata. “A gente tem que ver também as outras versões, né?”, disse, apesar da camiseta com a inscrição “Tropa de Elite. Eu vou ver no cinema”.
Rodrigo Pimentel acrescentou que “uma das causas nefastas da pirataria” é o fato de muitas crianças terem tido acesso ao filme e agora estarem adotando comportamento parecido com o do capitão Nascimento (personagem de Wagner Moura) em casa ou nos colégios. “Tenho um filho de sete anos e graças a Deus, não assistiu”. A classificação do filme é para 16 anos.
Major defende ação violenta de policiais nas favelas
Diante de um público de universitários de classe média, distante da realidade das favelas, o debate esquentou com as perguntas sobre o cotidiano dos moradores de comunidades pobres, os bastidores do tráfico e as ações policiais.
O major PM André Batista, que é lotado no Bope, ao ser questionado sobre o excesso de violência dos policiais nas favelas, desafiou a platéia de estudantes a encontrar uma solução não-violenta diante da necessidade de resgatar inocentes em poder de traficantes armados de fuzis. “Se souberem outra forma, dou a mão à palmatória”.
Em resposta à mesma pergunta, Luiz Eduardo Soares falou sobre a corrupção na polícia e afirmou que as críticas às ações violentas dos policiais do Bope devem ser dirigidas às “instituições que os formaram”.
“As coisas hoje pioraram muito. Em 1997, ano em que o filme é ambientado, os policiais dessa tropa eram acusados de excesso de violência, mas eram incorruptíveis. Chegavam a castigar os neófitos que fugissem ao lema da corporação. Hoje, a polícia é violenta e corrupta”, resumiu.
Em tom de ressalva, Luiz Eduardo afirmou que “a polícia tem o direito de matar, não de torturar e cometer arbitrariedades”.
André Batista comparou a estrutura das polícias Civil e Militar com a Polícia Federal, que consegue fazer operações sem dar um tiro. “Eles (a PF) possuem equipamentos e inteligência. Enquanto a gente não tiver isso, vamos continuar reproduzindo a guerra, descer o morro com corpos e matando inocentes nas trocas de tiros com traficantes”.
José Padilha contou que uma das dificuldades que encontrou para filmar foi conseguir o “nada a opor” da Polícia Militar. “Eles exigiram o roteiro, já que tinham lido o livro 'Elite da Tropa' e não gostaram nem um pouco. Argumentamos que não concordaríamos com isso, pois não estávamos numa ditadura. E, finalmente, encontramos pessoas de bom senso lá dentro que acabaram liberando a permissão”.
http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,...+DE+ELITE+ELOGIA+CRIATIVIDADE+DE+CAMELOS.html
A propósito, V, eu respondi na outra página.