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ZARA

Vail Martins

Usuário
Uma garota na estrada. O carro deslizou. Volte!... Volte!... Seu instinto gritou.
Talvez dê pra fazer o carro deslizar a traseira para o outro lado num golpe de sorte.
O carro era uma pedra rolando morro abaixo, indiferente. Não conseguiu embicar o carro na direção da estrada e a traseira bateu forte na encosta, estava rodando. Num lampejo, pensou em puxar o freio de mão para ajudar na frenagem, acelerar para forçar a dianteira do carro a puxá-lo de novo para frente. Mas seu corpo não se movimentava tão rápido, ao contrário, nas torrentes de pensamentos que lhe ocorriam, seu corpo parecia imutável, imóvel, inerte.
Freneticamente, seus pensamentos, uns por cima dos outros, se acotovelavam. Alguns especulavam como sair dessa situação, outros se amaldiçoando pela falta de destreza. Pensava também em como seria morrer... se ia doer... se ia acordar em algum lugar ou se por um passe de mágica o tempo pararia ali e ele voltaria alguns instantes atrás, antes da curva ou até mesmo ontem, quando estava em casa...
Numa fração de segundo, quando o carro começou a inclinar _ “Como capota devagar um carro, quem diria...” _ sua mão direita soltou o volante e, automática, foi segurar Lena. A velocidade com que fez isso deu à mão uma força instantânea, então foi uma bofetada forte e dolorida no peito o que Lena sentiu. Apesar de ser um ato automático foi uma admissão cabal de que nada que se fizesse o ajudaria a retomar o controle do carro...
Lena deve estar com medo, apavorada... Pensou e sentia que se olhasse para ela, não conseguiria olhar pra frente de novo, estaria tudo acabado e não veria o que o atingiria.
Quando o carro ficou de rodas pra cima, sentiu Lena subir e por mais força que ele pusesse no braço não conseguia trazê-la novamente ao banco. O carro foi virando e Lena era um trapo flutuando no interior do carro, vez por outra o corpo... corpo!?! ... dela batia nele com força.
Os vidros do carro estouraram. Havia uma mata descendo a encosta íngreme e o carro foi direto em direção a ela.
Havia sangue flutuando sem peso como bolhas de sabão no interior do carro.
Lena começou a resvalar para fora da janela, tão devagar, tão lentamente... Mas ainda assim ele se movia mais devagar do que ela, não estava conseguindo alcançá-la e puxá-la de volta para dentro... Estaria se movendo mesmo!?! Ainda se movia!?!
A mata quando vista lá de cima não era tão escura que quando vista por dentro. Via o céu azul e o Sol, e logo depois via a escuridão, numa rápida sucessão de claro e escuro, claro e escuro...
Começou a sair do carro também... Mas não tinha importância isso. O Sol estava muito brilhante e o cegava, ele queria um lugar mais calmo.
Caiu num monte de...pedras!?!... bem perto de onde o carro parou retorcido na base de uma arvore.
Marco ficou numa posição em que nunca ficara antes, talvez quando bebê, pensou, ou nem isso, mas incrivelmente não doeu muito...
Por um instante não houve nada e ele não era ninguém...
Estranhamente as pedras estavam mornas e macias. Como pedras podiam ser macias assim? Marco se sentia bem e sentiu um pouco de vergonha de si mesmo de estar tão à vontade assim, como um gato esparramado ao sol, escorria pelas pedras, como uma nascente...
Lena não havia escapado totalmente do carro, ficara dependurada na porta. As rodas do carro estavam para cima e havia um ponto brilhante entre elas. Fogo.
Isso o acordou, num instante, como um soco.
_Ahhh! Dor, dor, dor, dor, dor... Como é possível se sentir tanta dor assim? Como é possível?_ pensava.
Tentava mas não conseguia se mexer. Lena dependurada no carro, os olhos fixos na sua direção, estranhamente não havia dúvida em seu olhar, nem dor ou espanto. Lena parecia bem, com exceção do seu braço_ onde estará o braço dela?_ e de algum sangue. Olhava-o fixamente enquanto o fogo se espalhava e começava a escorrer pela vegetação.
Marco usava toda a vontade para se mexer. Prendia a respiração pra centralizar bem... _ respirava?!?_ mas não adiantava...
O fogo chegou ao seu braço que encostava o chão. Mas não doeu nada... ao contrario. Estava muito, muito frio, talvez Lena estivesse gostado do calor.
_Não! O Fogo consome, estarreceu-se. Deve estar queimando-me... Deve estar a consumindo, pensou. E a força que fez para se mexer, para se mover, para avançar nem que fosse um centímetro foi enorme. E, num esforço supremo de vontade, reuniu tudo o que restava de suas forças para tentar levantar seu corpo, num único e ultimo tranco...
Pediu a Deus para desmaiar. Então sentiu mãos macias pegarem as suas e carinhosamente puxa-lo, lentamente, de dentro da escuridão.
E tudo apagou. Assim...sem mais nem menos... Apagou.

Os minutos passavam devagar enquanto o vento murmurava nas folhas das árvores.
O Sol, de fraco calor, iluminava seu corpo e nele provocava um reflexo metálico dourado, quase avermelhado. Havia na mata ao seu redor uma fina nuvem de nevoeiro pairando, fraca, mas encorpava minuto a minuto, conforme o Sol ia descendo e o dia perdendo forma.
Sua consciência voltou com um estalo seco, caiu sobre seus ombros com o peso de toneladas.
Desesperado, suando, seu coração batendo a mil, a mil, parecia que ia explodir.
Deixou-se cair _ já não estava caído? _ no chão de terra. Seus olhos esbugalhados, sua boca aberta e seca, arfava. O coração rápido, rápido demais. Marco conseguia ouvir sua pulsação, tão rápida, tão forte que pareciam trovões. Calafrio. Suor. Seu corpo achava que agonizava às portas da morte. Tontura. Taquicardia. A cabeça estourando. O corpo todo tremendo, de frio, de medo, de raiva, de fraqueza. Mordeu os lábios com força para agüentar uma dor que na realidade não mais sentia, apesar de que seu corpo não se convencera disso.
Não foi a dor dos dentes cortando seus lábios o que o trouxe, um pouco, de volta a sí, mas o gosto do sangue em sua boca.
Rastros de luz e sombras perduravam quando desviava o olhar, mas começou a decifrar a visão que deixava de ser turva. Via o chão, as folhas secas, um inseto caminhando perto do seu rosto.
Olhou ao redor de si. Levantou-se aos poucos, cambaleante. Vomitou. Gosto amargo de ácido corroendo a garganta. A visão escureceu, mas retornou logo em seguida.
O acidente, lembrou-se. Procurou o carro.
Olhou para cima procurando as marcas na vegetação por onde o carro teria descido. Estava no lugar certo? Não encontrou nenhum rastro.
Continuou dizendo para si mesmo para procurar o carro pois tinha um medo enorme de esquecer.
_O acidente... O acidente... Onde foi o acidente?
Correu em várias direções a procura de Lena, do carro, de alguma marca, de alguma peça retorcida do automóvel.
Mas não havia nada ali. Gritou chamando Lena. Mas onde estava o carro? O fogo? Onde estava o fogo? Olhou pro alto para ver se enxergava a fumaça em algum lugar ali perto. Mas o céu estava azul e límpido.
Gritou várias vezes pela esposa. Muitas vezes. O dia anoitecia devagar e silenciosamente. Seus próprios gritos feriam seus ouvidos.
Estranhamente agora ele sentia seu corpo. Seus braços e pernas se moviam imediatamente à sua vontade, como sempre fora.
Marco sentou na mesma pedra em que se sentiu morrer a apenas alguns instantes. Um calafrio o percorreu ao tocar em sua superfície fria, e se afastou, num pulo, atônito.
Rodando, olhando em todas as direções, procurava uma prova material do que ocorrera. Ainda podia sentir um resquício mínimo da imensa dor que o dominara. Olhava para suas mãos e quase podia ver o sangue, os dedos tortos quebrados. Encostou-se a uma árvore, com as mãos na cabeça e dormiu.
_Marco!... Marcooooooo!...
_Marco!... Você está melhor? Acorde... acorde!...vamos!... isso!... muito bem, acorde!...
Ouviu a voz feminina que o chamava de longe. Era uma voz suave e carinhosa, mas insistente a que o chamava. Achou que pudesse ser sua mãe o acordando para ir à escola. Devia ser inverno lá fora e ele não queria ir.
A voz continuava a chamá-lo, insistente, e ele finalmente entendeu que não era a da sua mãe e que ele não era mais criança. Não precisava mais ir à escola e sentiu uma ponta de tristeza e saudade.
Sentia na voz que o chamava carinhosamente um tom familiar, próximo.
Abriu os olhos e era manhã de novo e ele achou estranho tanto tempo ter se passado.
Ela estava sentada ao seu lado. Cabelos pretos, tão pretos quanto eram seus olhos bem marcados pela palidez de sua pele e pela moldura de seus cabelos escuros.
Quem era ela? _ perguntou-se. Quem?
_Que bom, Marco!... Estava ficando entediada... Quer água? _ perguntou-lhe a menina.
Não houve resposta dele. Marco apresentava o aspecto frágil de quem acordara de uma longa noite de febre. Sua boca estava seca e ele se sentia mal.
_Que pergunta boba essa minha, não é mesmo?!? Espero que me perdoe, há muito tempo não conversava com ninguém. Isso requer prática, sabe? As pessoas nem pensam sobre isso, mas quando se passa muito tempo em silêncio é difícil voltar a falar... encontrar palavras, as palavras certas...
Ela falava pausada e naturalmente, como se o conhecesse, e carinhosa e suave como se gostasse dele.
_ ...às vezes eu acho que estou falando, confidenciou a menina, mas na realidade não estou. Estou apenas pensando. Como se pudessem me ouvir. Claro que pessoas não podem ouvir pensamentos, não é?
A garota engatinhou para mais perto dele:
_Outras vezes eu acho que estou pensando e na realidade estou falando, riu. Isso poderia gerar grandes problemas, mas sorte que nunca falo ou penso nada de mal de ninguém...
_O que acont... Marco não conseguiu falar, sua boca seca amarrava sua voz.
_Você ficou aí muito tempo... hoje por exemplo, o sol ficou muito forte no decorrer das horas _ disse enquanto brincava com as mãos fazendo delas um binóculo e olhando ao redor. Fitou Marco com seus binóculos. _ Bom... já volto, vou buscar água pra você.
_ Espere!... Marco disse baixinho.
A garota foi andando despreocupada e alegremente pela mata. Os braços abertos e rodopiando. Ao longe Marco pode ouvir risinhos de satisfação quando um vento mais forte levantou folhas do chão e provocou um mini-redemoinho. A menina chegou bem perto, sorrateira. Tomou posição, os dois pés juntos, os dois braços em movimento de vai e vem e pulou dentro do redemoinho, ria estridente. Ela começou a rodar também, acompanhando o movimento das folhas. Tão rápido quanto surgiu, o redemoinho se desfez e as folhas pousaram esparsas no chão. Marco pode ouvir um suspiro de tristeza da menina.
_Ahhh... Que pena, tão rápido!...
A garota deu de ombros e logo começou a correr e saltitar até sumir da vista.
Marco não se sentia bem e apesar disso ficou de pé. Olhou ao redor e calculou que devia ser pelo menos umas onze horas da manhã.
_ Devo ter bebido demais ou tido uma crise_ pensou Marco, procurando uma explcação por estar ali._ Algum tipo de descontrole e acabei parando aqui.
A imagem de Lena batendo de um lado para o outro dentro do carro, o fogo, a dor lhe veio à mente. Talvez tudo isso tenha sido um delírio febril devido a ter dormido sob o calor do sol. Foi um pesadelo. O pior que já tive, mas apenas um pesadelo.
_Pronto! Desculpe-me a demora Marco. Foi um pouco difícil encontrar algo onde colocar a água, por isso demorei. Mas ela está deliciosa, já provei. Vamos beba.
Havia no vaso pequenas rachaduras de onde escorriam finos e contínuos fios de água. Ela virou o jarro de modo a que a boca de Marco não fosse à parte quebrada e afiada da borda.
A água estava tão fria que doeu na boca de Marco.
_Devo estar de porre, pensou. A água descia deliciosa por sua garganta e também pelos cantos de sua boca, descendo pelo seu pescoço e encharcando-lhe a camisa.
_Você está desperdiçando! Disse a garota se divertindo. _Você estava com muita sede mesmo não é?!?
Olhou fixamente para o rosto da garota. Era linda, realmente. Sua pele pálida não tinha manchas, não havia imperfeições. Tanto que seus olhos tinham um destaque anormal tendo sua pele de fundo e acabavam parecendo maiores do que realmente eram. Seus lábios sorriam de um lado a outro com grande facilidade e seus cabelos, levemente ondulados, eram compridos e desciam à altura de seus cotovelos.
Não se lembrava de ter visto cabelos tão pretos assim algum dia, refletiam os raios de sol como se estivessem molhados. Ela era magra e esguia como se só se alimentasse de alface, seus dedos eram finos e quase transparentes. De seu pescoço descia uma cordinha preta com algo que parecia ser um amuleto. Seu vestido era leve, ia quase até os pés e tinha dois cortes enormes de cada lado, mas vestia uma bota de tecido que parecia ter vários quilos. A jaqueta era tão curta que possivelmente não era possível fechá-la.
_ Muito obrigado pela água. Por favor, começou Marco, acho que bebi demais ontem, ou hoje, sei lá. Pra falar a verdade nem sei como vim parar aqui. Você ainda se lembra de meu nome, continuou, mas eu, por favor, me desculpe, não consigo lembrar do seu. Marco falava da forma mais delicada que podia, afinal, para que os dois estivessem ali, provavelmente deveria ter ocorrido algo com eles durante a noite além de beber até cair. Será que os dois dormiram juntos? Talvez por isso o seu rosto estivesse pairando em meus delírios, pensou.
_Não se desculpe. Não havia lhe dito ainda. Meu nome é... _ ela disse pausadamente enquanto olhava uma pulseira em seu pulso, estranhamente, fez uma careta como se não gostasse de algo e em seguida voltou a olhar para Marco_... bom... meu nome é Zara.
_Zara?!?
_É... Eu inventei agora, na verdade é uma abreviação de um nome que já usei antes. O nome que esta garota tem, francamente...
_ Que garota? _ perguntou confuso.
_Esta! Zara apontou para o próprio peito. Acredita que ela se chama Audren C. Smith?!? Eu não usaria um nome desses. Francamente... houve um tempo em que os nomes das pessoas tinham significados profundos e seculares. Era necessária muita meditação para escolher o nome de alguém. Às vezes até consultar oráculos ou a posição dos planetas...
_Calma aí......não estou te entendendo moça... desculpe, você é Zara, é o seu nome não é?
_É... Zara é meu nome.
_Como viemos parar aqui? Como vim parar aqui?
_Você não se lembra Marco?
_Na verdade eu... que loucura... bom, não sei. Só acordei aqui. Acho que estava delirando. Devo ter bebido demais ontem à noite, talvez até me drogado.
_É... você pareceu em alguns momentos delirar mesmo, estava aqui te observando, mas não se preocupe é normal...
_Talvez pra você. Eu nunca... Aliás...você não é menor de idade não é mesmo?!? Olha por que se for e aconteceu algo entre nós saiba que...
_Não se preocupe, Marco , disse ela divertida. Não sou menor de idade e não aconteceu nada entre nós. Ela levantou e deu alguns passos, com os braços abertos virou pra o sol.
_ É incrível como se pode esquecer algo tão bom quanto a luz do sol. Seu calor é tão aconchegante que...
_Você não me disse o que estamos fazendo aqui ainda.
_Ah... é verdade, desculpe, estou excitada ainda com tudo isso.
_Então¿ ...
_ Bom, Marco, na verdade você morreu.
_O quê¿!¿ Quase nada do que ela dizia fazia sentido, mas isso era demais. Ela devia estar brincando, mas Marco não estava achando a menor graça em tudo aquilo.
_Como assim morri?!? Eu estou aqui não estou?!? Quer parar com isso e dizer quem é você?
_Claro! Zara chegou perto dele. Se agachou até que seus olhos ficaram na altura dos de Marco. Ele sentiu-se envergonhado por esse contato direto e por alguns instantes desviou o olhar para suas mãos.
_Acredito que não exista alguma definição apropriada pra mim que você entenda. Se eu disser ”_ Eu sou o que sou...” seria legal mas alguém já disse isso. Mas eu acho que se disser que sou a Morte você entenderá bem. Eu sou a Morte. Eu vim te encontrar aqui. E sim: estamos aqui, eu e você. Não percebeu?
_Olha, não sei se ontem aconteceu algo conosco que te chateou, mas de qualquer forma eu não gosto disso.
O olhar de Zara era alegre e Marco não conseguia ficar realmente nervoso, na verdade ela parecia se divertir com a situação, então ele começou a subir a encosta em direção a estrada.
_Quer saber? Acho que você está louca. Eu vou embora. Minha esposa não pode ficar sozinha muito tempo, o pai dela acabou de morrer e...
_Marco, ouça bem. Lena morreu. Vocês dois morreram em um acidente de carro aqui mesmo, há alguns anos.
_O quê?!?
_O carro saiu naquela curva, Marco ouvia atônito a garota falar sem emoção alguma enquanto apontava o ponto. A imagem da encosta se aproximando turvou a mente de Marco.
_Originalmente, continuava Zara, um caminhão que subia te faria perder o controle de seu carro. Como precisava de você inteiro, me antecipei ao caminhão de forma que você deve ter desviado de mim quando saiu da estrada.
_ O que você está dizendo?
_Sua esposa, Marco, continuou Zara, apesar de ter sido carbonizada, já estava morta quando o fogo tomou conta do carro. Ela não sofreu, felizmente, e nem se deu conta do que havia acontecido.
_ Mas o que você está dizendo?!? Gritou Marco descendo a encosta em direção a ela e a olhou nos olhos, a poucos centímetros, esperando intimidá-la. Ela não recuou, ao contrário, continuou com seu sorriso amistoso e despreocupado.
_Olha ao seu redor! Gritou Marco. Se foi aqui onde estão as marcas?!? Não há nada!!!
_...Marco, quanto a você, continuou ela, houve apenas fraturas e coisas assim em seu corpo. Que eu posso recuperar mais facilmente do que se você houvesse se incendiado no fogo que inevitavelmente o choque com o caminhão provocaria, mas saiba que isso doeria bem mais.
_Não!!! Você está doida. Doida de pedra, forjou um sorriso. Eu não acredito numa palavra que você disse.
_É sempre assim. Mas eu não me ofendo. Sabe... da maneira que estou agora vejo como um entendimento limitado das coisas pode ser amedrontador, disse olhando fixamente pra cima.
_Marco. Olhando assim não te parece que o céu está caindo?
_ Você quer parar de falar bobagens!?!
_Tá bem! Você precisa se acalmar Marco. Posso te falar sobre o motivo de eu estar aqui, de você estar aqui.
_Não ... quer saber? Chega! Basta! Eu vou embora daqui. Devo estar ficando doido também, pra ficar aqui te ouvindo. Marco subiu a encosta novamente, desta vez até o final e lá de cima gritou.
_ Vá para sua casa garota! Seus pais devem estar preocupados.
_Marco!!! Não se esqueça disso, é muito importante que você não esqueça... _gritava Zara tentando acompanhar Marco que, no entanto, nada disse e nem olhou para ela. _Haverá alguém... Espere!... Não sei se homem ou mulher... irá te procurar... não lhe dê sangue algum, não lhe dê sangue algum.
Marco ouviu o que ela disse, e deu de ombros. Aquela menina e tudo o que ela dizia lhe dava calafrios.
Bom, pensou Zara, vendo Marco se afastar rapidamente. É sempre assim, eles nunca entendem até que dê tudo errado.
Um caminhoneiro lhe dera carona. Tivera sorte, apesar de ser sido muito difícil agüentar a conversa mole do motorista. Ele falava muito de sua saúde, de como há muito tempo não conseguia ter uma boa transa. Dizia que tinha uma doença, muito provavelmente venérea, que lhe provocava dores e uma vermelhidão anormal, ele descreveu com detalhes, mas Marco preferiu não escutar, mas também não conseguia pensar em nada. O caminhoneiro, inclusive queria lhe mostrar o estado em que estava, mas Marco recusou educadamente.
A carona foi alongada desproporcionalmente, e os 30 minutos que demoraria normalmente para que chegasse à cidade pareceu mais.
A cabine do caminhão cheirava à pizza velha e cigarro.
 
Tentei fazer uma fanfic mas como já disse aqui no Meia, apesar dos esforços tenho
certa dificildade, elas sempre acabam parecendo outra coisa. Então terei mesmo
que falar onde me inspirei e tals pois talvez mesmo para aos que conheçem a HQ a semelhança seja distante.
Foi inspirado na serie "Morte - O grande momento da vida."
Também, como escrevi muito, tive que dar um resumidão para não fica enorme aqui no post. Aliás, uma gata a Morte, não é?
 

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