• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

William Shakespeare

10/04/2010
Shakespeare foi Shakespeare
El País
Patricia Tubella
Em Londres

O especialista James Shapiro desmonta as teorias que negam sua existência

Shakespeare escreveu as obras de Shakespeare? A verdadeira identidade do maior dramaturgo de todos os tempos, que legou obras repletas de símbolos universais como a paixão, a ambiguidade, a sátira ou o instinto político, continua dividindo os círculos culturais quase 400 anos depois da morte do bardo de Stratford-upon-Avon (1564-1616). Foi um impostor, uma fraude, a assinatura encobridora de um personagem mais ilustre? As teorias conspiratórias nunca deixaram de estar em voga, mas na era da internet dispõem inclusive de uma melhor tribuna.
Representantes da nata teatral britânica, como Derek Jacobi ou Vanessa Redgrave, aderiram a essa corrente de ceticismo. O diretor Mark Rylance afirma sem recato que a criação de Hamlet, Otelo ou Macbeth foi produto de uma "cabala literária", da qual fazia parte sir Francis Bacon. Antes deles, outras figuras de renome como Mark Twain, Henry James ou Sigmund Freud demonstraram preconceitos culturais semelhantes, apoiando-se em um certo esnobismo e em algumas pistas mais que precárias, na opinião do escritor americano James Shapiro, que desmontou todas essas teorias em seu livro "Contested Will: Who Wrote Shakespeare?" [Testamento contestado: quem escreveu Shakespeare?].
Como pôde o filho de um simples comerciante de lã, açougueiro e meeiro, um homem de estudos limitados que escrevia para pagar suas dívidas e que nunca viajou, entender o mundo de reis e cortesãos, tratar de assuntos de Estado, filosofia, leis, música ou a arte da falcoaria? Shapiro, professor da Universidade Columbia e especialista na obra do autor inglês (a quem já dedicou o livro "Um Ano na Vida de William Shakespeare: 1599"), propõe um percurso histórico por algumas das teorias negacionistas de maior repercussão para salientar, antes de tudo, seu anacronismo: as suspeitas sobre a pluma de Shakespeare só surgem 200 anos depois de sua morte. Ninguém antes encarou a leitura de suas obras levando em conta a biografia do criador.
Denso em histórias e argumentos, ao mesmo tempo que ameno, "Contested Will: Who Wrote Shakespeare?" relata como as teorias alternativas nascem no início do século 19, quando se fortalece a suposição de que os trabalhos artísticos são reflexo das chaves pessoais do autor e devem ser interpretados como uma autobiografia, inclusive espiritual, segundo os românticos.
A americana Delia Bacon, filha de um pregador visionário, afirmou em um estudo publicado em 1857 que Shakespeare era "um iletrado e ator de quarta categoria, simples demais" para ter concebido uma obra que manifesta "os últimos refinamentos da mais alta educação parisiense". Escolheu como alternativa o poeta, filósofo e cientista Francis Bacon (do qual não era parente), com o argumento de que seu ódio secreto ao despotismo monárquico o obrigava a recorrer a um pseudônimo.
Influenciada pelas ideias de Mark Twain - que também afirmava que Elisabeth 1ª era na verdade um homem -, Delia Bacon não trouxe mais que elucubrações para o debate, embora, ao morrer em um hospital psiquiátrico, uma nova geração tenha tomado seu lugar com uma vasta produção de artigos. Em 1920, o professor T. J. Looney atribuiu em um livro a autoria das obras a Edward de Vere, conde de Oxford, baseando-se em seus conhecimentos de falcoaria, na coincidência de que tinha três filhas - como o rei Lear - e outras generalidades. Looney passa por alto que o conde morreu em 1604, antes de ter sido escrito o grosso da obra shakespeariana. Isso não foi obstáculo para que Sigmund Freud abraçasse a teoria como alimento de suas próprias obsessões: relacionou o complexo de Édipo de Hamlet com o de Edward de Vere, impotente diante do casamento de sua mãe com outro homem depois de enviuvar.
Outra tese afirma que o dramaturgo e poeta inglês Christopher Marlowe - assassinado em 1593 - fingiu sua morte para continuar escrevendo sob o nome de William Shakespeare, de quem era contemporâneo. Essa teoria denota, segundo Shapiro, a resistência entre um vasto setor do mundo acadêmico a aceitar que William Shakespeare escreveu várias de suas obras em coautoria. Porque Marlowe foi um desses colaboradores, em uma prática habitual nos tempos do teatro elisabetano. Inclusive hoje, acrescenta Shapiro, os estudiosos estão muito longe de entender como o bardo e seus coautores dividiam tramas e personagens, revisavam seus respectivos trabalhos ou unificavam estilos.
A verdade é que apenas um punhado de documentos confirma a trajetória privada do escritor que deixou tal marca na literatura universal. Nem sequer existe absoluta certeza sobre seus verdadeiros traços físico, objeto de perene controvérsia entre historiadores e especialistas do mundo da arte. Mas o veredicto de Shapiro é uma defesa a toda regra do homem de Stratford. Seu retrato o apresenta como um homem de teatro, que lia, observava, escutava e colocava tudo em obras que refletem o gênio da imaginação. Sim, conclui Shapiro, Shakespeare escreveu Shakespeare.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
 
Como a Kika, também gostei muito de Otelo. É a minha obra preferida dele. A história do que o ciúme é capaz de fazer... Suas consequências trágicas, e toda a trama de Iago. Puxa vida, é um livro realmente inspirador.
 
Eu particularmente gosto das comédias, A comédia dos erros é de longe o meu livro preferido dele, o humor desse inglês me fez rir litros...
 
ressucitando o tópico pra divulgar o novo filme baseado nele, anonymous (2011), desta vez com uma pitadinha d teoria conspiratória, hehehehe.

 
Última edição por um moderador:
Um dos autores que mais li:

OTELO
SONHOS DE UMA NOITE DE VERÃO


Esses dois li na infância e adolescência. Já HAMLET li ano passado e adorei
 
A minha favorita do momento é Hamlet, até porque tem algumas das minhas cenas favoritas das peças de Shakespeare. Mas Sonho de Uma Noite de Verão é uma comédia fantástica, que rende cenas visualmente inesquecíveis se a montagem é boa. Em Oxford no ano passado tinha uma montagem diferente, esqueci o termo que dão mas é algo assim: a peça acontecia em um parque, e o público ia "seguindo" os atores, então no final das contas o parque todo era o palco. Deve ter sido muito foda *_*
Deve ser mesmo. Tempos atrás eu assisti essa adaptação pro cinema, achei bem legal (como filme, porque infelizmente ainda não li o livro pra saber se a versão é boa): http://www.imdb.com/title/tt0140379/

Eu amo o filme... E fora que a Olivia Hussey foi a Julieta mais fofa que eu já vi... =}


...So does a youth
So dooooooes the fairest maid...
Ela é mesmo, praticamente impossível não se apaixonar por ela no filme.

Falando sobre a obra dele, infelizmente até hoje li pouco, apenas quatro peças: Romeu e Julieta, Macbeth, Hamlet e Othelo. Mas pretendo ler muitas outras logo.
 
Vou começar meu plano maléfico de ler Shakespeare no original logo, logo. Estou quase terminando a leitura das Tragédias dele (falta só o "Péricles" e o "Rei Lear"), e estou relendo as tragédias principais em várias traduções diferentes, como as do Onestaldo, do Nunes, do Geir Campos, do Péricles Eugênio da Silva Ramos, do Jorge Wanderley...

Comprei o "King Lear" e o "Macbeth" da Arden, que achei dando sopa no Estante Virtual. O "Othello" acho que vou comprar da Oxford, me guiando mais pelo número de páginas que pelo conteúdo propriamente dito (ainda que a versão utilizada pelo Onestaldo em sua tradução tenha sido a da Arden). Agora o Hamlet... Alguém tem alguma sugestão? Encontrar o Hamlet da Arden parece ser bem piada aqui no Brasil: na Livraria Cultura ele tá 250 contos de réis. Vou sair na procura dele pela Oxford...

Estou procedendo bem dando preferência pelas edições da Arden e da Oxford? Lembro que o Gigio falou bem da edição da Arden do King Lear; então, fiquei com isso na cabeça...
 
Às vezes tenho medo de você, Mavericco...

Mas o que posso dizer é que se você estudar todos os volumes da Arden Shakespeare, se tornará automaticamente proficiente em história inglesa renascentista e formação estrutural do inglês moderno. A proporção deve ser mais ou menos de 10 palavras nas notas de rodapé para cada 1 palavra do texto em si.

E se você planeja atacar o original, por que não pede os livros direto pela Amazon? Aqui o Hamlet. Com o frete, e mesmo pedindo só um livro, sairia por ~$26, o que ainda é muito menos que R$250.
 
Opa, valeu pela confirmação da qualidade! De toda forma, acho até melhor ficar um pouco longe do Hamlet a princípio, apesar dele ter sido a peça que eu mais reli... Meu esquema será o mesmo da Kika. Vou me munir com um Webster, um Concise Oxford, uma Gramática Inglesa qualquer (verbo To be everywhere) e, no caso do King Lear, com as traduções do Nunes, da Heliodora, do Wanderley (a edição da Relume Dumará já é bilíngue), do Oscar Mendes, do Costa Neves, da Aila de Oliveira Gomes (também bilíngue) e talvez com a do Millôr (se eu achar dando sopa...).

O problema do King Lear é que os textos bases parecem ser bastante díspares; pelo que eu pude ler acerca das edições da Arden, eles adicionam em algum canto da página as variações de texto a texto; mas o prefácio do Jorge Wanderley assustou um pouco, mostrando que a diferença entre os textos estão na casa das dezenas de linhas suprimidas e/ou adicionadas...

Mas é isso mesmo. Se é pra aprender, vamos aprender direito. Pior que fazer o dever de casa é refazer o dever de casa...
 
A minha peça favorita de Shakespeare é Otelo. Um dos motivos é por causa da bela ópera de Giuseppe Verdi que foi composta baseada nesta obra.
 
Andaram descobrindo que, possivelmente, esta era mesmo a cara do Bardo:

Ver anexo 89657


Se a larga tradição de bustos e esculturas do futebol que não são nada fiéis ao original for aplicada ao Shakespeare, a chance de não ser ele é bem grande também :lol:
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo