Pensar macro e agir micro
Esse é um lema interessante...quase nunca seguido.
Outro dia na volta da faculdade umas amigas vieram declarar como acham o brasileiro um povo afável, sempre se emocionando com a desgraça alheia, e eu fiquei irritadíssimo e logo protestei "os miseráveis não precisam de lágrimas, e sim de pessoas que os ajudem a se tornarem auto-sustentáveis. Quando eu chamei vocês para nos ajudarem em nossos projetos sociais vocês disseram que não podiam porque tinham balada na sexta e não acordariam sábado às 8h00 para ir em regiões perigosas da cidade".
E digam o que quiserem, mas países como EUA ajudam muito mais seus miseráveis que nós, brasileiros afáveis e amorosos. É muito mais fácil conseguir um patrocínio lá para projetos sociais do que aqui. Aliás, os dois patrocinos que conseguimos para nossos projetos aqui foram de empresas americanas (empresas grandes, com filias aqui no Brasil).
Então sejamos um pouquinho mais realistas.
Realmente adquirir a lucidez de perceber que esse tipo de coisa é primeiro passo. Mas sempre penso antes de agir para tornar o mundo melhor. Sabe como é, as vezes o método pode ser uma caca e piorar tudo, que é o caso para a ajuda para os paises africanos.
E tomando o cuidado para não parar de respirar por que por causa disso alguém no mundo está morrendo (Chaves). Afinal, morta ou infeliz, raramente teria vontade de fazer algo por outrem.
Corretíssimo.
E acredite meu caro... Eu me recuso a crer que recebemos ajudas de industrias americanas. Maaaas, cavalo dado não se olha os dentes, e por incrivel que pareça eles fazem algum investimento concreto.
Então todo brasileiro faz corpo mole?
É o mesmo que dizer que todo americano adora o Bush (afinal foi pau-a-pau a disputa nos estados... 49virgula alguma coisa% republicanos contra 50virgula outra coisa% democratas, e no final, o que mela é o peso dos representantes na hora da eleição indireta)
Culpar o capitalismo é o mesmo que culpar o dinheiro pelos males do mundo. Oras, o dinheiro facilita um bocado de coisas! Eu não ia querer vender meus serviços por um boi (e o que eu faria com um boi inteiro?
Eu só quero um ou dois quilos bife, e o resto podia ser de frutas e arroz e verduras!).
Mas neste ponto é interessante o ponto do Dan, contanto que se tome o cuidado de não ficar sisudo e sério demais. Raramente pessoas rabugentas conseguem ajudar outrem. De novo, lembro de Teresa de Calcutá. Todo mundo fala que ela era uma santa - e realmente foi - mas o que mais impressionava-me era o sorriso da mulher.
Pensava "puxa, aqui estou vendo na minha TV cheia de estática e mal sintonizada, e posso sentir a felicidade do sorriso dessa mulher"
Li uma vez uma notinha rápida que poderíamos ler a bondosa mulher como uma tremenda egoísta: ela fazia o bem, porque sentia-se feliz em ajudar os outros.
E creio que entendo. WTF! Era muito legal ver a cara dos meus alunos de sábado no cursinho voluntário, vendo o progresso mínimo que faziam (apesar que eu sempre judio de alunos "quem disse que eu vou ensinar!? Façam o favor de suar junto comigo, senão não tem jeito de aprender! leia o exercício 4, me diga o que o problema tá pedindo. Não! Essa parte é a parte para dispistar trouxa do foco do problema. Agora vem na lousa, faz o diagrama. Tudo bem que o problema fala do prédio, mas eu não quero desenhista de CAD, faça o prédio unidimensional. É isso mesmo, só a altura que nos interessa!")
De tal forma que a gente não precisa de um motivo para ajudar outra pessoa, mas what the fuck fazer pela sensação gostosa de ver a cara de "oh, era assim que se anda sozinho?" é um motivo, e não percebemos isso.
Não lembra um bebê se pensar bem? E no caso de quem ajuda não seria o papel de mamãe babona? (oh, meu aluno entrou na fuvest, ganhou o nobel de literatura, etc).
(falando nisso, onde diabos foi parar aquele aluno folgado que pediu aula de graça e ainda não entregou a tarefa que mandei para resolver no final de semana do mês retrasado? tsc... aposto que pensa que se tiver só uma professora com "didática" vai tudo entrar na cachola sem mover um único musculo cerebral)