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Você é a favor da legalização do aborto?

Você é contra ou a favor a legalização do aborto?


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Eu enxergo o problema de forma muito simples. Longe da discussão sobre a moralidade, que está pautada no achismo, alguns fatos:

- Por restrições naturais, o aborto não é e não poderá ser banalizado: é um processo extremamente agressivo para a mãe, tanto no aspecto psicológico quanto no fisiológico (vamos evitar a falácia da generalização; se existe uma mulher que fez 15 abortos e está saudável, ótimo pra ela, mas ela é exceção).

- Provavelmente temos um grande número de tragédias (com consequências crônicas ou até mesmo óbito) de abortos clandestinos, sendo que esse número não pode ser sequer apurado pelo sistema de saúde pública brasileiro já que não reconhecemos a prática. Apenas nas estimativas, já temos um quadro bastante alarmante, além de todo um esquema de corrupção alimentado pela proibição.

- O Brasil não possui um sistema de adoção eficiente. Não temos vazão / estrutura / recursos para encaminhar crianças indesejadas para famílias que queiram adotar.

- A lei determina um padrão mínimo para o desenvolvimento de uma criança (dúvidas? leia o ECA). Porém, o salário mínimo brasileiro não garante esse padrão. Havendo a proibição do aborto contra famílias de baixa renda (mesmo sabendo que a situação social não é critério para definir a legitimidade de um aborto), temos uma grotesca contradição na lei.

Antes de divagar sobre moralidade, ou de procurar definição de indivíduo, temos que pensar num problema efetivo de saúde pública que envolve a morte de mulheres e a consolidação de famílias sem estrutura nenhuma.

A favor, sem restrições.
 
Aqui e aqui eu postei algumas matérias falando sobre redução do aborto em países onde o ato é legalizado, graças aos programas de educação sexual e o incentivo do uso de métodos contraceptivos. Não lembro se cheguei a postar mais matérias em algum outro tópico, depois vou procurar. Mas a questão é que a legalização torna a escolha uma prática legal, o que deixa tudo mais simples para encontrar gestantes que estejam pensando em abortar e conversar melhor, educar, etc.., sem a legalização do aborto não há espaço para que estas gestantes busquem algum local especializado legal, quase """da mesma forma""" que todo mundo consome material pirata mas 'não pode' falar disso abertamente. Lembrando que minha posição de legalizar visa a solução mais rápida (além de única, até o momento) para um problema de saúde pública que precisa de solução, em vez de ser ignorado. O acompanhamento das gestantes, planejamento familiar e incentivo à redução de abortos seriam ações que deveriam obrigatoriamente acompanhar a legalização enquanto solução deste problema.
Mas esses dois artigos não vão de encontro com suas ideias. O artigo sobre a Rússia aponta três fatores que aumentavam a incidência de abortos até os anos oitenta 1) Visão ideológica soviética a respeito da contracepção. 2) Má qualidade da distruibuição de contraceptivos e crendices a respeito. 3) Abortos eram encorajados por parte dos médicos, que recebiam financiamento por leitos. A partir dos anos 80, 90 esses fatores atenuaram-se, e aumentaram campanhas para planejamento familiar e contracepção, como também esterilização voluntária, o que era proibido anteriormente. Disso houve a diminuição nos abortos. A conclusão do artigo é que "improved contraceptive access can help reduce high abortion rates". O que, acho eu, poucos duvidavam, afinal aqui a situação não é entre liberar ou não liberar o aborto, mas sim que aumentar o uso e acesso de métodos contraceptivos diminui o aborto.

Já o texto sobre Portugal, ele nada diz sobre a redução no número de abortos com a legalização, e ainda por cima expressamente diz que a redução no número de grávidas foi devido a diversos fatores, mas que a legalização do aborto NÃO contribuiu para essa redução.

Então essas duas matérias em nada fundamentam essa sua crença de que a legalização do aborto vai fazer o que quer que seja... Muito menos diminuir a incidência dos próprios abortos! Para mim, pelo contrário, qualquer coisa legal tende a ter sua incidência aumentada, seria muito curioso que um efeito inverso acontecesse. Claro, posso estar enganado, mas o ônus da prova é de quem, por exemplo, defenda a tese de que a legalização diminuirá a incidência de abortos (por criar um ambiente maior para discussão a respeito) e vê nisso um motivo utilitário para a legalização.

Muda, porque o problema real, o qual precisamos enfrentar na nossa realidade atual, não envolve moral, envolve a vida de gestantes que são colocadas em risco em clínicas clandestinas. A única coisa que eu quero é uma solução para isso, e como já disse antes, a legalização parece ser o único caminho. Se achar que estou errado, proponha uma solução melhor.
As vidas não contrapõe moral, se você discute sobre a validade de se permitir certo tipo de mortes, sua discussão envolve moral e envolve vidas. Eu não preciso achar uma solução melhor para achar sua solução ruim né. Mas de qualquer forma muitos países que não permitem o aborto têm menor taxa de abortos do que países que permitem o aborto (vide seu artigo sobre a Rússia, onde há o gráfico em comparação com os EUA), então há sim outras variáveis a se considerar e por isso é possível diminuir o nº de abortos sem legalizar o aborto, fazendo uso dessas outras variáveis, investindo em educação e em contracepção, em uma cultura e economia que torne a mera escolha do aborto pouco atraente, etc.

O que eu proponho e defendo é algo bem diferente do que as ideias abortistas pregam, discordo de todos os argumentos a favor do aborto, só acho que não há outra saída para resolver o problema de saúde pública que sofremos. Sobre tratar filhos como contratos, isso é uma visão sua, eu acho perfeitamente normal e aceitável o pai ou a mãe recusar sua responsabilidade, isto em um cenário onde o aborto é legalizado. Ninguém está vendendo bebês, o aborto finaliza uma vida, não tira lucro em cima dela, nem cria uma geração de crianças psicologicamente afetadas por descobrirem que foram vendidas pelos próprios pais. Eu acho que a sociedade poderia alterar um pouco essa supervalorização dada aos pais biológicos, porque engravidar alguém ou parir um filho não torna ninguém pai ou mãe.
Tratar filhos como "acidentes", ou um peso a ter que carregar, uma punição, uma dificuldade, um obstáculo, que é o que acontece hoje em dia, não seria igualmente imoral, na sua opinião?
Mas eu não vejo como essas coisas ruins que você mencionou... Mas como disse, não quero entrar nesse ponto, afinal tratamos aqui de valores fundamentais e de tão fundamentais são pouco justificáveis racionalmente, do mesmo jeito que esses pontos que você levantou pouco convenceriam um anarcocapitalista radical que um mercado de bebês é algo errado* não vou convencer você de que abdicar de sustentar o filho é algo errado e deva ser punido por lei. Mesmo porque como disse não vale a pena discutir sobre isso, só você defende isso pelo que sei, nenhum país ou grande movimento o faz...

*E não convencem mesmo! Nada indica que num cenário tão anarcocapitalista, onde a venda de bebês fosse corriqueira e bem aceita, que ser adotado via venda seria tão traumatizante, ou não é possível justificar que lucrar em cima do bebê é algo mais imoral do que simplesmente abandoná-lo (claro, o comprador teria que passar pelos critérios mínimos que pais adotivos passam para serem compradores), se você acha isso, é por certo senso moral dessas coisas e não por crença racionalmente fundamentada.
 
Última edição:
- O Brasil não possui um sistema de adoção eficiente. Não temos vazão / estrutura / recursos para encaminhar crianças indesejadas para famílias que queiram adotar.
Que eu saiba, tem mais gente querendo adotar do que crianças disponíveis para adoção, pq os adotantes só querem bebês...
 
Que eu saiba, tem mais gente querendo adotar do que crianças disponíveis para adoção, pq os adotantes só querem bebês...

nope, bel. dá uma lida nesse artigo aqui >> http://zh.clicrbs.com.br/especiais-zh/zh-a-historia-de-uma-espera/ veja aliás, o que aconteceu quando eles falaram sobre a idade da criança que queriam adotar.
e eles não são o único caso. conheço um casal que está há mais tempo esperando. nada de restrição, nem idade nem sobre tom de pele (porque eu ouvia muito isso também, "as pessoas só querem bebês, e bebês brancos"). mas nunca chega a criança que eles tanto querem. é, no final das contas, como o amon falou: o sistema claramente não é eficiente.
 
- A lei determina um padrão mínimo para o desenvolvimento de uma criança (dúvidas? leia o ECA). Porém, o salário mínimo brasileiro não garante esse padrão. Havendo a proibição do aborto contra famílias de baixa renda (mesmo sabendo que a situação social não é critério para definir a legitimidade de um aborto), temos uma grotesca contradição na lei.

Entendi. Então a lei diz que existe um padrão mínimo e se uma família de baixa renda está pouco se fudendo para isso e não faz uso de nenhum método contraceptivo, blz, o aborto é a solução. Aliás, sinceramente não sei pq vc colocou uma observação entre parênteses, já que o seu argumento nesse item é exatamente esse: Se uma família de baixa renda não tem condições econômicas, definidas pelo ECA, para criar o seu filho e se o aborto for proibido, então temos uma contradição.
 
Entendi. Então a lei diz que existe um padrão mínimo e se uma família de baixa renda está pouco se fudendo para isso e não faz uso de nenhum método contraceptivo, blz, o aborto é a solução. Aliás, sinceramente não sei pq vc colocou uma observação entre parênteses, já que o seu argumento nesse item é exatamente esse: Se uma família de baixa renda não tem condições econômicas, definidas pelo ECA, para criar o seu filho e se o aborto for proibido, então temos uma contradição.
Vc não falou explicitamente, mas está propondo o fatídico "fecha as pernas, guria"?
 
Curioso que ao invés de responder o meu comentário, você desvia (e deturpa) o assunto.

Não falei nem implícita e nem explicitamente.

Estou questionando o seu argumento, isso sim, de que o aborto deve ser descriminalizado pq há famílias que tem filhos mesmo sem ter condições de criá-los. Onde que isso é uma justificativa para o aborto? Parece ir na mesma direção do argumento de que proibido ou não, as mulheres continuarão a fazer aborto. Esse tipo de argumentação poderia servir para justificar uma série de ações que são criminalizadas hoje - que são criminalizadas justamente pq são analisadas do ponto de vista moral e ético. Infelizmente você acha que isso é divagação.
 
Ué, vc questionou o uso do parênteses. Pra que eu iria responder isso?

O argumento de fato é "se a família não tem a estrutura imposta por lei para criar a criança, então ela naturalmente não pode criar a criança. Quais as alternativas dela?". O argumento tá encerrado aí. Qual o contra argumento?

Não tem absolutamente nada a ver com outras questões legais pois envolve um problema de saúde pública. O critério é esse.
 
Mas esses dois artigos não vão de encontro com suas ideias.

Então essas duas matérias em nada fundamentam essa sua crença de que a legalização do aborto vai fazer o que quer que seja... Muito menos diminuir a incidência dos próprios abortos! Para mim, pelo contrário, qualquer coisa legal tende a ter sua incidência aumentada, seria muito curioso que um efeito inverso acontecesse. Claro, posso estar enganado, mas o ônus da prova é de quem, por exemplo, defenda a tese de que a legalização diminuirá a incidência de abortos (por criar um ambiente maior para discussão a respeito) e vê nisso um motivo utilitário para a legalização.
Como eu já tinha falado antes, na hora em que postei os links, estas matérias mostram uma redução do aborto através da melhoria e incentivo a educação sexual e métodos contraceptivos. É assim que eu acredito que se reduz o número de abortos, e estas matérias provam isso. O outro lado, é que esta redução ocorre em países onde o aborto é legalizado, o que não quer dizer, como você entendeu erroneamente, que a legalização do aborto ajuda a reduzir o aborto, mas prova que mesmo com o aborto legalizado é possível reduzir a taxa de aborto. O que eu defendo são dois pontos:
1. Legalização do aborto para resolver um problema de saúde pública.
2. Acompanhamento e planejamento familiar para reduzir a taxa de aborto.

No caso, para deixar mais claro, eu seria contra uma legalização do aborto que não desenvolvesse ao mesmo tempo o planejamento familiar e o incentivo (melhor direcionado com base em novos dados recolhidos das gestantes que optam por abortar) ao uso correto e frequente dos métodos contraceptivos.

As vidas não contrapõe moral, se você discute sobre a validade de se permitir certo tipo de mortes, sua discussão envolve moral e envolve vidas. Eu não preciso achar uma solução melhor para achar sua solução ruim né. Mas de qualquer forma muitos países que não permitem o aborto têm menor taxa de abortos do que países que permitem o aborto (vide seu artigo sobre a Rússia, onde há o gráfico em comparação com os EUA), então há sim outras variáveis a se considerar e por isso é possível diminuir o nº de abortos sem legalizar o aborto, fazendo uso dessas outras variáveis, investindo em educação e em contracepção, em uma cultura e economia que torne a mera escolha do aborto pouco atraente, etc.
Não precisa de uma solução melhor para achar a minha ruim, porém precisa de alguma solução, porque "fazer nada" diante desta situação não é uma opção viável, ou pelo menos não deveria ser.
Agora, tentar reduzir o número de abortos sem legalizar o aborto, já não seria a nossa situação atual? Na qual as gestantes continuam colocando suas vidas em risco para abortar? Com a legalização e o acompanhamento destes casos eu gostaria de entender melhor os motivos destas gestantes, assim facilitando a criação de campanhas melhor direcionadas para reduzir o aborto.

Mas eu não vejo como essas coisas ruins que você mencionou... Mas como disse, não quero entrar nesse ponto, afinal tratamos aqui de valores fundamentais e de tão fundamentais são pouco justificáveis racionalmente, do mesmo jeito que esses pontos que você levantou pouco convenceriam um anarcocapitalista radical que um mercado de bebês é algo errado* não vou convencer você de que abdicar de sustentar o filho é algo errado e deva ser punido por lei. Mesmo porque como disse não vale a pena discutir sobre isso, só você defende isso pelo que sei, nenhum país ou grande movimento o faz...

*E não convencem mesmo! Nada indica que num cenário tão anarcocapitalista, onde a venda de bebês fosse corriqueira e bem aceita, que ser adotado via venda seria tão traumatizante, ou não é possível justificar que lucrar em cima do bebê é algo mais imoral do que simplesmente abandoná-lo (claro, o comprador teria que passar pelos critérios mínimos que pais adotivos passam para serem compradores), se você acha isso, é por certo senso moral dessas coisas e não por crença racionalmente fundamentada.
Então ok, mas não há diferença entre o meu exemplo e a situação atual, que todo mundo já aceita.
 
Como eu já tinha falado antes, na hora em que postei os links, estas matérias mostram uma redução do aborto através da melhoria e incentivo a educação sexual e métodos contraceptivos. É assim que eu acredito que se reduz o número de abortos, e estas matérias provam isso. O outro lado, é que esta redução ocorre em países onde o aborto é legalizado, o que não quer dizer, como você entendeu erroneamente, que a legalização do aborto ajuda a reduzir o aborto, mas prova que mesmo com o aborto legalizado é possível reduzir a taxa de aborto. O que eu defendo são dois pontos:
1. Legalização do aborto para resolver um problema de saúde pública.
2. Acompanhamento e planejamento familiar para reduzir a taxa de aborto.

No caso, para deixar mais claro, eu seria contra uma legalização do aborto que não desenvolvesse ao mesmo tempo o planejamento familiar e o incentivo (melhor direcionado com base em novos dados recolhidos das gestantes que optam por abortar) ao uso correto e frequente dos métodos contraceptivos.
Que aumentando contracepção e planejamento familiar o número de abortos se reduzam, acho que ninguém discorda. Mas isso não argumenta em nada a favor da legalização do aborto, suas matérias não trazem nada de determinante com respeito a esse tema - pelo contrário, na matéria de Portugal é defendido explicitamente que a legalização não teve influência significativa nos bons resultados que lá ocorrem.

Percebi já ao escrever o post que você não disse com todas as letras que a legalização reduziria o nº de abortos, e que você eventualmente exploraria isso na resposta. Por isso falei sobre "sua crença de que a legalização do aborto vai fazer o que quer que seja", escrevi o "prova é de quem, por exemplo, defenda (...)", etc... Mas de qualquer forma você encaminhou sim a discussão dando a entender implicitamente isso, ao dizer por exemplo "acompanhamento e planejamento familiar devem ser oferecidos junto com a legalização, exatamente da mesma forma como vemos ser aplicado nos países onde o aborto foi legalizado, e onde o número de abortos tem diminuído". Aqui você implicitamente atrela o fato do número de abortos diminuírem via planejamento familiar com a legalização. Afinal de contas, se uma coisa não está ligada a outra, por que dizer que o planejamento se daria "como vemos ser aplicado nos países onde o aborto foi legalizado"? Se a legalização (e a possibilidade de abortar e 'falar livremente' a respeito, como você acredita) não é essencial, então bem poderíamos fazer o planejamento "como vemos ser aplicado nos países onde o aborto não foi legalizado". É como um desarmamentista dizer "o policiamento deve ser feito como nos países onde o porte de armas é livre" - ora, o sujeito atrela implicitamente o policiamento ao porte de arma, ainda que não diga explicitamente isso.

Em outro trecho você diz que "a legalização feita de forma correta traria um acompanhamento que ajudaria a reduzir o número de abortos" - se essa redução de abortos não é feita em comparação ao período anterior onde o aborto é ilegal, então não faz sentido você trazer isso como uma vantagem da legalização, como você deu a entender citando isso ao lado de "permitiria um maior entendimento quanto aos motivos da gestante" e "ninguém morreria em clínicas clandestinas", supostas vantagens diretas da legalização.

Tendo toda essa impressão em mente, perguntei: "Que países são esses, e o quão significativa foi essa redução? A comparação teria que ser entre uma situação sem legalização e outra com legalização. (...) Quer dizer, você legaliza o aborto, na esperança de tratar abertamente a questão e convencer as pessoas a não fazê-lo? :lol:" Estava claro sobre o que eu estava perguntando, que era sobre uma comparação "entre uma situação sem legalização e outra com legalização". Você em resposta citou os artigos sobre a Rússia e Portugal. Quando explico que o artigo nada diz sobre a comparação que eu perguntei, só então você diz que você não defendia desde o início a aplicação dessa comparação... Ora, seria melhor então ter dito logo de uma vez que não defendia e se poupado de trazer os artigos...

Mas se sua posição sempre foi essa mesma, e tudo foi um mal entendido, acho que você não foi ao ponto chave da questão, já que o seu (2), como argumentei, é algo um tanto quanto independente da questão se devemos legalizar o aborto ou não (isto é, podemos aplicar (2) legalizando ou nã0 o aborto), acho até mesmo difícil alguém ser contra o (2). Você deveria ter se focado então em razões que justifiquem diretamente a legalização, por exemplo, "legalizando o aborto menos mulheres morrerão em clínicas clandestinas", essa é em princípio um argumento possível para se legalizar, já que legalizando não haveria clínicas clandestinas. Mas sobre isso você só citou en passant, focando-se por exemplo no "ambiente aberto à discussão" que a legalização traria, coisa não essencial à legalização, o que seu próprio texto sobre Portugal tenta defender.

Não precisa de uma solução melhor para achar a minha ruim, porém precisa de alguma solução, porque "fazer nada" diante desta situação não é uma opção viável, ou pelo menos não deveria ser.
Agora, tentar reduzir o número de abortos sem legalizar o aborto, já não seria a nossa situação atual? Na qual as gestantes continuam colocando suas vidas em risco para abortar? Com a legalização e o acompanhamento destes casos eu gostaria de entender melhor os motivos destas gestantes, assim facilitando a criação de campanhas melhor direcionadas para reduzir o aborto.
"Não legalizar" não é "não fazer nada" né, há medidas de curto e longo prazo que podem ser feitas em um ambiente onde o aborto é ilegal. Assim "não legalizar" não se reduz a manter nossa situação atual, mesmo porque muitos países não legalizam e não estão na nossa situação.

Então ok, mas não há diferença entre o meu exemplo e a situação atual, que todo mundo já aceita.
Sugiro perguntar para as mães que não tem a disposição de cometer aborto e que dependerão da pensão do marido para criar o filho, e veja se elas acham que é a mesma coisa.
 
Última edição:
Sou totalmente contra! Exceto em casos de estupro.
Ninguém pede para nasce - essa frase é antiga, mas é a verdade. Somos animais sim, humanideos! não queria fazer esta comparação, mas irei citá-la.
:obiggraz: de se fecunda eles passam por uma guerra infernal de sobrevivência. Se não quer ter uma gravidez indesejada, use os metados já conhecidos. Aborto só em casos de estupro, e segurança da mãe (As vezes uma gravidez complicada, pode colocar em risco a vida da mulher, a casos que realmente é necessário o aborto, isso também em animais) Pense como humano, seja humano!
Eu sou a favor de aborto em caso de estupro e ameaça de vida a mãe. No mais tem que se f**** mesmo pra aprender a ter responsabilidade e usar camisinha ou pílula ou em último caso pílula do dia seguinte.

E nos casos onde os métodos contraceptivos, mesmo que sendo feitos devidamente, falham?
** Posts duplicados combinados **
Que eu saiba, tem mais gente querendo adotar do que crianças disponíveis para adoção, pq os adotantes só querem bebês...
Minha amiga ficou 7 anos na fila da adoção, sem restrições. Podia ser menino, menina, branco, preto, filho de drogado, prostituta, cadeieiro, HIV positivo,.... Enfim... Após 300 mil entrevistas + 400 mil avaliações com psicólogos + 200 mil reuniões + espera da papelada do governo,.... ela conseguiu adotar um casal de gêmeos. Após 7 anos cara... Os bebês que stavam nascendo naquela época já tinham 7 ANOS!!!!! (A única coisa que a minha amiga restringiu foi a idade... que deveria ter menos de 10 anos, e só)
 
  • Amei
Reactions: Bel
Não sou evangélico e não me sinto representado por eles. Não votei num único evangélico. Agora sim, temos isso em comum. Não significa que me representem, e nem por isso você vê a sociedade mobilizada contra o aborto. Eu mesmo não ouvi falar, por exemplo, de uma passeata ou manifestação específica contra o aborto no Brasil (vi nos EUA, apenas).

Você perguntou por quem representa você nessa discussão, esses aí representam. Religião não está em pauta aqui. Eles pensam como você, no que se trata dessa discussão.

A sociedade não é mobilizada? Experimente algum projeto abortista aparecer na Câmara.

Que países são esses, e o quão significativa foi essa redução ? A comparação teria que ser entre uma situação sem legalização e outra com legalização, mas acho difícil que estatísticas desse tipo sejam fáceis de obter. E sei lá, essa sua ideia parece tratar as pessoas como essencialmente imaturas, que precisam de "orientação" sobre o que é ter e sustentar uma família. Creio que a maioria das pessoas sabem o que isso significa e as consequências de sua ações, não precisam de um médico ou burocrata para orientá-las, e a grande maioria não mudará decisão tão radical (abortar ou não o filho) por meros conselhos dessas pessoas, ainda mais em um ambiente onde o aborto é visto como algo essencialmente corriqueiro... Quer dizer, você legaliza o aborto, na esperança de tratar abertamente a questão e convencer as pessoas a não fazê-lo? No mínimo curioso né. :lol: A "abertura para a discussão" é uma força que vai se contrapor ao ambiente propício para o aborto, falar que nesse ambiente propício os números de aborto vão diminuir pela mera discussão me parece difícil de acreditar qualitativamente, necessaria de dados mais quantitativos para acreditar nisso.

Você só precisa de dados pra acreditar no que o Siker sugere? Mas você afirma que as pessoas pensam assim ou assado ou que não pensarão diferente mesmo que com conselhos e não tem nenhuma estatística corroborando isso.
 
O ônus da prova não é meu, se a pessoa defende a legalização por tais e tais razões utilitárias, ela que deve justificar que essas razões procedem. Se ela tem intuições de como as coisas vão funcionar, e eu tenho outras intuições, então paciência, cabe para a defesa dela trazer algo mais forte que intuições. O que eu estou fazendo é mostrar-se cético sobre uma afirmação, eu mesmo não quero afirmar categoricamente nada nessas frases. Justamente por isso não tive pudores em usar expressões como ""Creio que", "me parece difícil de acreditar", etc.

E o próprio Siker reconheceu mais tarde na discussão que os números de aborto não vão necessariamente diminuir devido a legalização do aborto, que era em suma o que eu também estava defendendo ali nesse parágrafo (e o parágrafo deixa claro que comparo uma situação sem legalização e outra com legalização).
 
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'Aborto já é livre no Brasil. Proibir é punir quem não tem dinheiro', diz Drauzio Varella
Médico diz não ter opinião em discussão sobre fim de gestações por causa do zika vírus, mas condena o que chama de 'hipocrisia': 'a mulher rica faz e não acontece nada. Agora, a mulher pobre, essa morre'.

Ricardo SenraDa BBC

Médico mais popular do Brasil, conhecido por quadros na televisão, vídeos em redes sociais e best-sellers como Estação Carandiru, Drauzio Varella é categórico quando o assunto é a interrupção de gestações. "O aborto já é livre no Brasil. É só ter dinheiro para fazer em condições até razoáveis. Todo o resto é falsidade. Todo o resto é hipocrisia."

drauzio.jpg
Em entrevista por telefone, Varella critica qualquer enfoque religioso sobre o tema - que voltou ao noticiário junto à epidemia de zika vírus e aos recordes em notificações de microcefalia - e afirma que o cerne da discussão não está na moralidade, mas na desigualdade brasileira.

"Ninguém pode se considerar dono da palavra de Deus, intermediário entre deuses e seres humanos, para dizer o que todos devem fazer", diz. "Muitos religiosos pregam que o aborto não é certo. Se não está de acordo, não faça, mas não imponha sua vontade aos outros."

Como a BBC Brasil revelou na última quinta-feira, uma ação que pede a descriminalização do aborto em casos comprovados desta má-formação deve chegar ao Supremo Tribunal Federal, nos próximos dois meses. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), uma brasileira morre a cada dois dias por conta de procedimentos mal feitos e um milhão de abortos clandestinos seriam feitos no país todos os anos.

"A mulher rica faz normalmente e nunca acontece nada. Já viu alguma ser presa por isso? Agora, a mulher pobre, a mulher da favela, essa engrossa estatísticas. Essa morre."

"Proibir o aborto é punir quem não tem dinheiro", prossegue Varella, que não acredita que uma eventual descriminalização possa estimular que mulheres busquem o procedimento.

"Não sou defensor do aborto e ninguém é. Qual é a mulher que quer fazer o aborto? É uma experiência absurdamente traumatizante, uma tragédia. A questão não é essa."

Doação X AbortoTambém segundo a OMS, cerca de 25 países já registram casos de zika. Apenas Brasil e Polinésia Francesa, entretanto, têm dados comprovando o aumento de casos de microcefalia em recém-nascidos.

Varella diz não ter opinião formada sobre o aborto neste caso específico. "Na microcefalia, o diagnóstico definitivo é feito em geral próximo ao 3º trimestre. Você pega um feto aos sete meses e ele está quase nascendo", diz. "Mas é lógico que eu respeito (qualquer decisão)."

"O importante é dar liberdade aos que pensam diferente", afirma o médico. "Essa é a questão fundamental do aborto."

Varella então levanta a pergunta: se a doação de órgãos em caso de inatividade cerebral tem aceitação popular, por que a retirada de um feto igualmente sem atividade cerebral é criticada?

Ele dá o exemplo de uma menina que sofre um acidente de moto e tem morte cerebral. "Ela pode, por lei, ter fígado, coração e rins retirados para doação, porque seu sistema nervoso central não está mais funcionando. O sistema nervoso central é o que determina a vida. Mas até o 3º trimestre de gravidez, não há nenhuma possibilidade de arranjo do sistema nervoso que se possa qualificar como atividade cerebral em qualquer nível, a não ser neurônios tentando se conectar."

Drauzio continua: "Muitos consideram que a vida humana começa no instante da fecundação. Mas, por esse raciocínio, a então vida começa antes, porque o espermatozoide é vivo e o óvulo também."

Religiosos e políticos
O médico faz críticas duras a quem argumenta contra o aborto a partir de princípios religiosos.

"O poder das igrejas católicas e evangélicas é absurdo", diz. "Mas não está certo a maioria impor sua vontade. Respeitar opiniões das minorias é parte da democracia. Tem que respeitar os outros, o modo dos outros de ver a vida."

À reportagem, Varella diz que discorda dos que culpam exclusivamente o governo pela epidemia.

"O estado brasileiro falha em muitos níveis. Mas não dá pra colocar a culpa toda no Estado, essa é uma visão muito passiva. Larga-se o pneu com água armazenada, deixa-se a água acumular na calha... Esta culpa é compartilhada, a sociedade tem uma fração importante nessa luta."

http://g1.globo.com/bemestar/notici...uem-nao-tem-dinheiro-diz-drauzio-varella.html
 
Quem lidera o debate contra o aborto no Brasil são os religiosos, mas as vezes eu tenho a impressão de que tentam taxar (de forma depreciativa) de religiosa a opinião de quem é contra o aborto.
 
Quem lidera o debate contra o aborto no Brasil são os religiosos, mas as vezes eu tenho a impressão de que tentam taxar (de forma depreciativa) de religiosa a opinião de quem é contra o aborto.

justamente porque quem lidera o debate são os religiosos, não? era meio que questão de tempo para que o grupo maior começasse a ser visto como o todo. o outro lado faz a mesma coisa, chamando quem defende o aborto de "esquerdista", e também de forma depreciativa.

não, não acho que esteja certo jogar todo mundo no mesmo balaio, mas enfim, não surpreende.

de qualquer forma, postei a notícia por causa desse trecho aqui:

Ele dá o exemplo de uma menina que sofre um acidente de moto e tem morte cerebral. "Ela pode, por lei, ter fígado, coração e rins retirados para doação, porque seu sistema nervoso central não está mais funcionando. O sistema nervoso central é o que determina a vida. Mas até o 3º trimestre de gravidez, não há nenhuma possibilidade de arranjo do sistema nervoso que se possa qualificar como atividade cerebral em qualquer nível, a não ser neurônios tentando se conectar."

Drauzio continua: "Muitos consideram que a vida humana começa no instante da fecundação. Mas, por esse raciocínio, a então vida começa antes, porque o espermatozoide é vivo e o óvulo também."

queria a opinião de quem é contra o aborto sobre isso.
 
justamente porque quem lidera o debate são os religiosos, não? era meio que questão de tempo para que o grupo maior começasse a ser visto como o todo. o outro lado faz a mesma coisa, chamando quem defende o aborto de "esquerdista", e também de forma depreciativa.

não, não acho que esteja certo jogar todo mundo no mesmo balaio, mas enfim, não surpreende.

de qualquer forma, postei a notícia por causa desse trecho aqui:



queria a opinião de quem é contra o aborto sobre isso.

Sim, claro, não estou defendendo o outro lado. É que o texto parece usar desse artifício ao citar o Drauzio dizendo que ninguém pode se considerar o dono da palavra de Deus. É uma forma de desqualificar as opiniões contrárias ao aborto, taxando-as de fanáticas.
** Posts duplicados combinados **
"o feto tem dignidade humana?"

Ampliando: o feto pode se tornar um ser humano digno? Claro. Temos uma possibilidade muito boa.
Beira-Mar pode se tornar um ser humano digno? Bem...

Naturalmente alguém pode perguntar: um espermatozoide pode se tornar um ser humano digno?

Não vou nem perguntar o que você acha sobre pena de morte.

Acho que o ponto moral não é se o feto vai se tornar um ser humano digno ou não. Isso é impossível de prever e, convenhamos, inútil para o debate. A questão, creio eu, é se o feto, ou o monte de células que ele é no começo, tem o mesmo status que um ser humano completo. Se você acha que sim, como o FURIA, então ser contra o aborto faz sentido. Se você acha que não, então ser a favor do aborto faz sentido.

A título de curiosidade, isso lembra muito o paradoxo sorites: Se um grão de areia não forma um monte, mas um milhão de grãos formam, quantos grãos são necessários para formar um monte? É óbvio que no caso do ser humano a questão é muito mais complexa, mas acho meio bizarro dizer que uma célula fecundada é a mesma coisa que um ser humano completo.
 
Drauzio continua: "Muitos consideram que a vida humana começa no instante da fecundação. Mas, por esse raciocínio, a então vida começa antes, porque o espermatozoide é vivo e o óvulo também."

queria a opinião de quem é contra o aborto sobre isso.
Não sou exatamente contra o aborto, mas achei essa última frase dele bem mal colocada para um médico. Na literatura científica a vida humana começa na fecundação, há um consenso nessa definição, e o raciocínio que leva a essa definição não leva também à definição de que a vida humana começa nos gametas, como ele diz. Claro, "a vida começa antes", mas não se trata de ver onde começa a mera vida (que se for pensar assim começa na primeira célula a surgir no planeta), mas sim a vida daquele indivíduo específico que será feto e posteriormente criança nascida. Nesse caso o indivíduo não pode começar nos gametas, que são células humanas dos pais que não constituem o indivíduo. Então de jeito nenhum "por esse raciocínio" a vida começa nos gametas, afinal o critério é bem outro. Tratei do assunto do começo da vida humana segundo a ciência aqui, e lá defendo que toda essa definição de onde começa a vida, embora haja grande consenso, é pouco informativa empiricamente e moralmente, sendo baseada em convenção, e não diz respeito à discussão sobre a dignidade humana do feto. O que é um outro caminho que esse que o Drauzio toma para defender ou ao menos dar plausibilidade moral à legalização.

E claro, achava dispensável dizer mas agora vejo que não: o termo 'dignidade humana' aqui usado claramente não diz respeito ao quão o indivíduo é um sujeito elevado, admirável, ele próprio moral, ou algo do tipo... e sim a respeito daquela dignidade intrínseca aos humanos enquanto tais, enquanto humanos pura e simplesmente e independente de qualquer coisa. Então citar Beira-Mar e coisas do tipo passa muito longe de tratar a questão.

Mas concordo em certa incoerência de quem acha que com a morte cerebral o indivíduo morre mas ainda assim defende o início do indivíduo na fecundação (incluindo aqui a incoerência na legislação). Suponho que muitos resolvam pragmaticamente essa incoerência encarando a declaração de morte cerebral como verdadeiramente uma eutanásia do indivíduo que severamente e permanentemente perdeu a maior parte de si com a dita morte cerebral.
 
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