A
Anne
Visitante
[size=medium]Virando a mesa[/size]
Capítulo 1
Esgotada. Era assim que eu me sentia. Exaurida de estar naquele trabalho, saturada de pessoas desinformadas que acreditam que gritar faz bem às cordas vocais. Milhões de telefonemas, mas nenhum exigindo minha ausência daquele escritório infernal. Um dos meus sonhos era sentar no meio daquela pilha de relatórios e pessoas correndo adoidadas, e fazer as palavras cruzadas da minha Coquetel.
A única coisa que você via ao entrar na sala era um quadro daqueles do tempo da vovó, pendurado, de uma maneira bastante torta, numa parede; um armário escancarado, de onde saíam coisas que cabem à imaginação de cada um decidir o que era e uma mesa, com milhares de folhas empilhadas em várias colunas. E, de repente, surgia dali de trás uma pequeninha cara gorda avermelhada. Caro leitor, apresento-lhe, eu mesma. A mulher da cara gorda e avermelhada que passa o dia inteiro tentando diminuir, com insucesso, aquela pilha à sua frente para ver se consegue enxergar a cor da calça de quem entra naquele escritório.
Eu nem sempre fui vermelha, apenas gorda. Isso eu sou desde criança. A gordura excessiva foi, com o tempo, se amenizando, mas resolveu permanecer no meu rosto. Não que ele fosse feio. Era gordo. Meu corpo até que é bonitinho, mas ninguém o via atrás daquela mesa. E o avermelhado do meu rosto é conseqüência da sala abafada, na qual sou obrigada a passar o dia.
Minha esperança sempre foi que alguém, um dia, fosse me tirar dali. Que me levasse para um lugar longe daquele inferno, onde eu pudesse ter uma vida mais tranqüila. Não que eu não gostasse de uma agitação. Mas eu também gostava de ver as calças que as pessoas estavam usando.
Eu não tinha coragem suficiente para sair desse emprego, talvez eu tivesse capacidade de conseguir coisa melhor para minha vida, mas eu tinha muito medo de o pior acontecer. Muitas das contas da minha casa era responsabilidade minha, se eu perdesse o emprego, correria o risco de perder minha família também. As únicas que tinham um emprego fixo eram minha mãe e eu. Meu pai sempre foi um bêbado que viveu à custa da minha pobre mãe, que sempre achou ele um marido ótimo até cair no vício. Sem falar no meu irmão, que já devia há muito estar trabalhando, mas, pelo que vejo, acabará seguindo a carreira do nosso pai.
Sentia-me ignorada ali. O fluxo de pessoas era grande, mas ninguém se interessava se eu estava bem ou se precisava de alguma coisa, na verdade, estavam todos preocupados em me deixar muito mais trabalho. Pelo menos, eu tinha um tempo durante o almoço pra relaxar. Aproveitava o tempo para ler uma revista, pintar as unhas, repor a maquiagem e espremer espinhas, que não eram poucas. Meu rosto ficava todo marcado por causa das minhas unhas, mas ninguém estava aí do mesmo. Então, o que de mal tinha nisso?
Assim que concluía minhas tarefas e o expediente chegava ao fim, levantava-me da cadeira pela primeira vez naquele dia. Dirigia-me até a porta e voltava-me para a mesa, tudo parecia intacto, apesar de ter trabalhado feito uma delinqüente naquele dia. Desanimada, desligava a luz e saía porta a fora.
Atravessando o corredor, via as pessoas descontraídas, combinando festas e jantares, dando boas risadas. Mas ninguém me percebia ali, era insignificante para todas aquelas pessoas. Minha vida tornara-se monótona e observar o outro feliz me partia o coração.
Assim que saía da empresa, atravessava a rua e seguia em direção à minha casa. O caminho não era longo, aproveitava esse curto espaço de tempo entre um inferno e outro, para respirar um ar puro. Isso mesmo, minha casa era tão insuportável quanto meu emprego.
Eu sempre sonhei com uma família feliz, onde a mamãe preparava a comida e todos esperavam comportadinhos à mesa. Depois cada um colocava o seu prato para lavar. Então, todos dirigiam-se à sala e sentavam-se juntos num mesmo sofá e cantavam acompanhados do violão entoado por papai.
Vendo minha família hoje, posso afirmar, com toda a certeza, que alguma coisa deu errado durante o processo de sua formação.
~8~8~8~8~8~8~8~8~~8~8~88~8~8~8~8~8~8~8~8~8
Assim que terminar de escrever, posto o segundo capítulo. Gostaria que deixassem algum comentário sobre o texto, me falando em que posso melhorar e, se pode-se considerar um texto interessante. Obrigada! :tchauzim:
Capítulo 1
Esgotada. Era assim que eu me sentia. Exaurida de estar naquele trabalho, saturada de pessoas desinformadas que acreditam que gritar faz bem às cordas vocais. Milhões de telefonemas, mas nenhum exigindo minha ausência daquele escritório infernal. Um dos meus sonhos era sentar no meio daquela pilha de relatórios e pessoas correndo adoidadas, e fazer as palavras cruzadas da minha Coquetel.
A única coisa que você via ao entrar na sala era um quadro daqueles do tempo da vovó, pendurado, de uma maneira bastante torta, numa parede; um armário escancarado, de onde saíam coisas que cabem à imaginação de cada um decidir o que era e uma mesa, com milhares de folhas empilhadas em várias colunas. E, de repente, surgia dali de trás uma pequeninha cara gorda avermelhada. Caro leitor, apresento-lhe, eu mesma. A mulher da cara gorda e avermelhada que passa o dia inteiro tentando diminuir, com insucesso, aquela pilha à sua frente para ver se consegue enxergar a cor da calça de quem entra naquele escritório.
Eu nem sempre fui vermelha, apenas gorda. Isso eu sou desde criança. A gordura excessiva foi, com o tempo, se amenizando, mas resolveu permanecer no meu rosto. Não que ele fosse feio. Era gordo. Meu corpo até que é bonitinho, mas ninguém o via atrás daquela mesa. E o avermelhado do meu rosto é conseqüência da sala abafada, na qual sou obrigada a passar o dia.
Minha esperança sempre foi que alguém, um dia, fosse me tirar dali. Que me levasse para um lugar longe daquele inferno, onde eu pudesse ter uma vida mais tranqüila. Não que eu não gostasse de uma agitação. Mas eu também gostava de ver as calças que as pessoas estavam usando.
Eu não tinha coragem suficiente para sair desse emprego, talvez eu tivesse capacidade de conseguir coisa melhor para minha vida, mas eu tinha muito medo de o pior acontecer. Muitas das contas da minha casa era responsabilidade minha, se eu perdesse o emprego, correria o risco de perder minha família também. As únicas que tinham um emprego fixo eram minha mãe e eu. Meu pai sempre foi um bêbado que viveu à custa da minha pobre mãe, que sempre achou ele um marido ótimo até cair no vício. Sem falar no meu irmão, que já devia há muito estar trabalhando, mas, pelo que vejo, acabará seguindo a carreira do nosso pai.
Sentia-me ignorada ali. O fluxo de pessoas era grande, mas ninguém se interessava se eu estava bem ou se precisava de alguma coisa, na verdade, estavam todos preocupados em me deixar muito mais trabalho. Pelo menos, eu tinha um tempo durante o almoço pra relaxar. Aproveitava o tempo para ler uma revista, pintar as unhas, repor a maquiagem e espremer espinhas, que não eram poucas. Meu rosto ficava todo marcado por causa das minhas unhas, mas ninguém estava aí do mesmo. Então, o que de mal tinha nisso?
Assim que concluía minhas tarefas e o expediente chegava ao fim, levantava-me da cadeira pela primeira vez naquele dia. Dirigia-me até a porta e voltava-me para a mesa, tudo parecia intacto, apesar de ter trabalhado feito uma delinqüente naquele dia. Desanimada, desligava a luz e saía porta a fora.
Atravessando o corredor, via as pessoas descontraídas, combinando festas e jantares, dando boas risadas. Mas ninguém me percebia ali, era insignificante para todas aquelas pessoas. Minha vida tornara-se monótona e observar o outro feliz me partia o coração.
Assim que saía da empresa, atravessava a rua e seguia em direção à minha casa. O caminho não era longo, aproveitava esse curto espaço de tempo entre um inferno e outro, para respirar um ar puro. Isso mesmo, minha casa era tão insuportável quanto meu emprego.
Eu sempre sonhei com uma família feliz, onde a mamãe preparava a comida e todos esperavam comportadinhos à mesa. Depois cada um colocava o seu prato para lavar. Então, todos dirigiam-se à sala e sentavam-se juntos num mesmo sofá e cantavam acompanhados do violão entoado por papai.
Vendo minha família hoje, posso afirmar, com toda a certeza, que alguma coisa deu errado durante o processo de sua formação.
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Assim que terminar de escrever, posto o segundo capítulo. Gostaria que deixassem algum comentário sobre o texto, me falando em que posso melhorar e, se pode-se considerar um texto interessante. Obrigada! :tchauzim: