• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Villette (Charlotte Brontë)

Brontë rainha, King nadinha.
Assino embaixo, pq os poucos livros do Stephen King que eu li, achei ó 👌 uma bosta.

Chegando em 40% do livro e conforme esperado, a madrinha e o Graham apareceram de novo (ele estava ali o tempo todo, só você não viu). Ainda estou aguardando o ressurgimento da Paulina, aquela criança estranha.
Até aqui, percebo que além de um banho de autoestima, nossa narradora marota precisa também de um psicólogo, pois claramente sofre de algum tipo de depressão ou bipolaridade e um caso severo de amor platônico pelo doutor. Ou, pelo menos essa é a impressão que dá.
Mas claro, nosso amigo Graham poderia utilizar de serviços de um psicólogo também, levando em consideração a sua obsessão pela chatinha e materialista Ginevra. Resumindo: a mão de dar 3 tapas na cara de cada um deles chega a coçar.


P.S.: @Béla van Tesma eu sei que tu já leu essa bagaça, faz uns comentários comigo aí.
 
Assino embaixo, pq os poucos livros do Stephen King que eu li, achei ó 👌 uma bosta.

Chegando em 40% do livro e conforme esperado, a madrinha e o Graham apareceram de novo (ele estava ali o tempo todo, só você não viu). Ainda estou aguardando o ressurgimento da Paulina, aquela criança estranha.
Até aqui, percebo que além de um banho de autoestima, nossa narradora marota precisa também de um psicólogo, pois claramente sofre de algum tipo de depressão ou bipolaridade e um caso severo de amor platônico pelo doutor. Ou, pelo menos essa é a impressão que dá.
Mas claro, nosso amigo Graham poderia utilizar de serviços de um psicólogo também, levando em consideração a sua obsessão pela chatinha e materialista Ginevra. Resumindo: a mão de dar 3 tapas na cara de cada um deles chega a coçar.


P.S.: @Béla van Tesma eu sei que tu já leu essa bagaça, faz uns comentários comigo aí.


Eu também já li. Sim, dá vontade de bater tipo shun li.
 
Bom, retomei a leitura, ontem. Vou comentar algumas coisinhas, mas ainda não tenho como olhar e comentar o que a Erendis colocou como spoiler, porque só li até o capítulo sete.

Lucy deixa Bretton seis meses depois da partida de Paulina. Ela meio que faz um resumo, sem realmente dizer o que aconteceu, dos seus últimos oito anos e, então, começa a contar os eventos que culminaram nas escolhas que ela viria a fazer.

Eu me compadeci dela, neste ponto: Quão difícil, quão opressiva, quão complicada minha situação me pareceu! Em Londres pela primeira vez; em uma estalagem pela primeira vez; cansada com a viagem, confusa por causa da escuridão; hirta devido ao frio; desprovida tanto de experiência quanto de conselhos em relação ao modo de agir, e, contudo, ser obrigada a agir.

Quem nunca passou pela situação de ter de agir, mesmo que não tivesse a menor ideia de como agir, não é, mesmo?

Vez ou outra, a Lucy deixa escapar um traço de sua personalidade: por ser muito apegada às suas ideias, ela se apressa em julgar tudo e todos, ao redor. E acho bacana, mesmo, quando o texto cumpre o papel de colocar um espelho diante do que ela fala. Vou tentar explicar o que estou falando: "Mantendo uns modos muito tranquilos em relação à camareirazinha arrogante, e subsequentemente fazendo o mesmo em relação ao garçom com aparência de pastor da igreja, com seu casaco negro e seu colarinho branco, logo consegui que ambos me tratassem educadamente. Acredito que a princípio tivessem pensado que eu fosse uma empregada; mas dentro de pouco tempo eles mudaram de opinião, e vacilaram em uma atitude incerta entre condescendência e polidez". Ela disse, momentos antes, que a camareira e o garçom haviam sido soberbos com ela. Em seguida, ela chama a camareira de "camareirazinha", e diz que o garçom tem aparência de "pastor da igreja". O que eu quero dizer é que, às vezes, o jeito com que os outros tratam a Lucy pode não ser exatamente o jeito que ela nos conta. O olhar dela parece, vez ou outra, contaminado pela projeção.

Lucy Snowe disse:
O que deveria fazer na manhã seguinte? Quais perspectivas tinha na vida? Que amigos tinha na face da Terra? De onde eu tinha vindo? E para onde deveria ir? O que deveria fazer?

Se você não sabe, eu que vou saber, Lucy? (Sim, gente, eu converso com os personagens. Inclusive, quando li o trecho que citei, tive uma conversa toda trabalhada em Sartre, com a narradora. Foi algo do tipo: "Bom, minha amiga, Sartre dizia que viver é ficar, o tempo todo, se equilibrando entre escolhas e consequências. E também tem a questão de que quando você não escolhe, ainda assim tem de lidar com as consequências, porque não escolher é, paradoxalmente, uma escolha. Acho que não te ajudei, né?".)

Lucy Snowe disse:
Quem, a não ser um covarde, passaria toda sua vida em vilarejos; e abandonaria para sempre suas faculdades à corrosão da obscuridade?
FOI UMA INDIRETA (DIRETA, NÉ?) PARA MIM, DONA LUCY? NÃO RESPONDA!

Charlotte Brontë disse:
Pela correnteza negra nós deslizamos; pensei no Estige, e em Caronte transportando uma alma solitária até a Terra das Sombras.

Aqui, rolou uma parada GENIAL. Daquelas coisas que fazem a gente pensar: "Charlotte escrevia bem demais da conta, meu Deus!" Mas vou explicar no spoiler. O uso da mitologia, aqui, foi estratégico. A referência acaba sendo invertida: Caronte, o barqueiro, transportava as pessoas, já mortas, para o mundo dos mortos. Lucy, com o gesto de sair da Inglaterra, estava tentando abandonar uma viva não vivida, espécie de morte metafórica, para viver, plenamente, a sua vida. Se ela teria mais sorte na sua nova vida, ainda não é possível saber, claro.

Para continuar a exaltação do estilo de escrita literária da Charlote Brontë, falemos, um cadinho mais, sobre a construção da nossa narradora marota (que é uma estratégia narrativa magnífica). Adoro os comentários ácidos da narradora. Se a gente não estiver atento, passa por esses comentários sem se dar conta. Por exemplo, quando está no navio, viajando para a França, ao comentar sobre as outras pessoas que estavam na viagem, Lucy começa com as características positivas. Fala que os Watsons eram pessoas ricas e, em seguida, arremata com um "pois eles tinham em seu porte a confiança proporcionada pela consciência da riqueza". Depois, começa a falar sobre as mulheres, ambas jovens. De esguelha, diz que uma era muito bonita, mas faz o reparo: "no que concerne à beleza física". Então, ela diz que as mulheres estavam "luxuosamente vestidas, com roupas alegres", e arremata com um ácido: "absurdamente em desacordo com as circunstâncias". Se a gente não ficar atento, pensa que ela está elogiando as roupas das mulheres, mas a verdade é que ela quer dizer que as mulheres não se vestiram de modo adequado à ocasião.

Isto aqui é lindo demais da conta, gente: [...] o perigo, a solidão e um futuro incerto não são males opressivos, desde que o físico seja saudável e as faculdades mentais estejam empregadas; desde que, sobretudo, a Liberdade nos empreste suas asas e a Esperança nos guie com sua estrela.
 
Última edição:
Miga, dá um abraço, aqui. Eu comentei um tanto porque fiquei muito tempo sem falar nada. Você tá fazendo um ótimo trabalho, ao dar um jeito de manter o tópico ativo. :abraco:
 
Continuo firme na leitura, embora às vezes eu começo a ler e me bate um sono gigantesco, porque eu sempre estou lendo no horário de almoço (oi, sesta) ou quando eu finalmente consigo deitar no meu ninho, mas aí vou lendo até que eu aguento com os olhos abertos.
Enfim, continuamos na França e agora, com o nosso amigo Dr. John (a.k.a. Graham) se decepcionando amorosamente com a chatinha da Ginevra, eu realmente pensei "ahá! esse livro vai dar uma reviravolta ao estilo de orgulho e preconceito e ele vai se apaixonar pela mocinha de baixa autoestima e inteligente!"
Pois é, caros amigos, como eu sou uma nerd de araque, estava curiosa demais pra não procurar um spoiler do livro e descobrir que no final eles não ficam juntos. Ou seja, já sei que vou me decepcionar com o final, embora ainda esteja curiosa pra descobrir os caminhos que me levarão à essa decepção terrível.
Sim, eu sou esse tipo de pessoa que não se importa em saber o final, pra mim o que importa são os acontecimentos que vão levar a esse final. Seguimos.
 
Anão véi.
Agora apareceu de novo a Paulina, vulgo criança prodígio estranha do rolê. E já começa a ficar um tanto óbvio que vai ser ela que vai conquistar o coração do Dr. John, porque obviamente ele só pode se apaixonar por uma mocinha novinha, bonita e chatinha, o que já ficou demonstrado quando dos sentimentos dele pela Ginevra. Poxa, Charlote Brontë, tu podia ter fugido do estereótipo, né minha filha?
A pobre da mocinha inteligente mas não tão bonita vai ficar abandonada? Largada? Assim não tem condição de ser feliz com esse livro não!

Agora estou ficando injuriada.
 
E eu tô sendo massacrada pela curiosidade. Mas, como sou uma maldita nerd que não aguenta um spoilerzinho, NÃO VOU clicar nos trequinhos que cê botou como spoiler.
 
Ah, um trem que esqueci de comentar: fiquei agoniada demais da conta quando a Lucy estava esperando pela mala e ela não estava lá. Desse momento até o ponto em que o carinha apareceu, conversou com o moço, e disse que a mala dela chegaria em tal dia, quase morri de ansiedade. :rofl:
 
Anão véi.
Agora apareceu de novo a Paulina, vulgo criança prodígio estranha do rolê. E já começa a ficar um tanto óbvio que vai ser ela que vai conquistar o coração do Dr. John, porque obviamente ele só pode se apaixonar por uma mocinha novinha, bonita e chatinha, o que já ficou demonstrado quando dos sentimentos dele pela Ginevra. Poxa, Charlote Brontë, tu podia ter fugido do estereótipo, né minha filha?
A pobre da mocinha inteligente mas não tão bonita vai ficar abandonada? Largada? Assim não tem condição de ser feliz com esse livro não!

Agora estou ficando injuriada.


Isso tudo se compreende bem quando se leva em consideração o fato de que

(spoiler sobre o estilo geral da Charlotte Bronte, com referências aos spoilers da Erendis. Isto é, não é spoiler para a Erendis e para quem chegou na parte em que ela está)

a Charlotte Bronte ficava de cara com a visão romantizada de relacionamentos da Jane Austen. As mulheres de Austen não trabalham, as de Charlotte Bronte sim. E quanto à vida amorosa das protagonistas, eu não vou falar nada até que vocês terminem o livro, mas dá para ver em Vilette e em Jane Eyre que a coisa não é tão simples quanto em Austen, por isso que a Charlotte nunca escreveria uma história em que o pretty boy sonho molhado das novinhas da época (o Graham) simplemente se interessaria pela protagonista.
 
Última edição:
Versão sem spoiler do meu post anterior:

vale saber ao começar a ler algo escrito pela Charlotte Bronte que essa não será uma experiência como a de ler Jane Austen.
 
Versão sem spoiler do meu post anterior:

vale saber ao começar a ler algo escrito pela Charlotte Bronte que essa não será uma experiência como a de ler Jane Austen.
Nossa, isso aqui faz muito sentido.

E eu já fui muito criticada por ter falado, em diversas ocasiões, que prefiro, infinitamente, ler Charlotte Brontë (Jane Eyre é um dos meus livros preferidos da vida!) a ler Jane Austen.
 
Última edição:
Li até o capítulo 10 e, mais uma vez, virei aqui enaltecer a romancista grandiosa que a Charlotte Brontë foi. Já falei que amo o jeito com que a Charlotte usa a mitologia na constituição do romance? Pois bem, neste trecho, ela usou de um modo que, INDUBITAVELMENTE, coloca a personagem comparada a um ser mitológico numa caracterização que é, no mínimo, ambígua: "Quanto à sensibilidade e inclinações, com toda a sua ternura e temeridade, eu sentia, de algum modo, que Madame seria exatamente um tipo de Minos usando anáguas."

Bom, para começo de conversa, o Rei Minos, por ganância, tentou passar a perna em um deus, né? Ao invés de sacrificar o touro, que ganhara de Poseidon, em louvor a este deus, sacrificou outro, o que lhe rendeu a punição, imposta por Poseidon, de a esposa ter feito coisinhas com o touro branco, e gerado o Minotauro. Aí tem toda a trama do labirinto, construído por Dédalo. Tempos depois, quando Teseu matou o Minotauro e conseguiu escapar do cativeiro, Dédalo foi punido por não ter construído uma prisão segura o suficiente (tá, mentira, ele foi colocado no Labirinto para não revelar os segredos deste aos outros). O resto da história cês sabem: Dédalo se aproveitou do fato de o labirinto não ter teto, pegou penas das aves que voavam por lá, fez asas e colou-as com cera. Então, ele e o filho, Ícaro, fugiram, voando. Este, ignorando o conselho do pai, aproximou-se do sol, a cera derreteu, e ele caiu, direto para a morte.


Ao comparar a Madame com o personagem mitológico sobre o qual falei - mal e parcamente - no spoiler, a narradora meio que nos alerta para o fato de que a gente não deveria ficar surpreso com o que quer que a dona do pensionato fizesse.

Outra coisa: acho intrigante quando a Lucy se descreve como uma pessoa covarde porque, se olharmos bem, ela teve muita coragem para mudar de país sem ter com quem contar, né?

Ah, um momento eu sendo eu: a narradora conta de sua viagem e tal. Ela fala da mocinha que fez companhia para ela, durante a viagem, né? Pois bem, capítulos depois, ela começa: "O leitor se esqueceu da Srta. Ginevra Fanshawe?". Eu, imediatamente, RESPONDI: claro que não me esqueci, porque acho que ela lembra, muito, a Paulina. :rofl:

Sobre a Ginevra, isto aqui me deu muito o que pensar: "... e é tão cansativo ser sempre boazinha, e falar coisas sérias… pois ele realmente acha que sou sensata. Eu me sinto muito mais à vontade com você, minha velhota; com você, querida resmungona; que pensa o pior de mim, e sabe
que sou coquete e ignorante e namoradeira e inconstante e tola e egoísta, e todas as outras coisas doces que nós duas concordamos que fazem parte da minha personalidade.


No trecho citado, Charlotte Brontë meio que quebrou a porra toda com uma personagem, mulher, que, dentro das limitações da sociedade da época, assumiu o risco de ser quem era, não quem esperavam que ela fosse.

Sobre o Doutor John, meio que era óbvio que ele seria o homem que ajudou Lucy quando ela desembarcou, né? Adorei a descrição inicial que a narradora fez dele, e adorei a não interação inicial entre eles, também. Vejamos o que acontecerá, nos próximos capítulos.
 
Gente, tô muito travada na leitura. Acho que parte disso se deve ao fato de que a leitura em pdf é cansativa, mesmo que a maior parte seja culpa do fato de eu estar lendo mil coisas ao mesmo tempo. Acho que vou esperar eu conseguir organizar as finanças para poder comprar o livro físico, bonitinho. De qualquer modo, eu já tinha planos de adquirir o livro, mesmo que não fosse em um futuro próximo, porque as irmãs Brontë são muito amor, e a Charlotte é a minha preferida.
 
Gente, tô muito travada na leitura. Acho que parte disso se deve ao fato de que a leitura em pdf é cansativa, mesmo que a maior parte seja culpa do fato de eu estar lendo mil coisas ao mesmo tempo. Acho que vou esperar eu conseguir organizar as finanças para poder comprar o livro físico, bonitinho. De qualquer modo, eu já tinha planos de adquirir o livro, mesmo que não fosse em um futuro próximo, porque as irmãs Brontë são muito amor, e a Charlotte é a minha preferida.
Eu também travei na leitura, justamente pelo motivo de querer ler várias coisas ao mesmo tempo. Agora estou terminando de ler uma ótima ficção científica de Philip K. Dick.
 
Ok, dei uma caprichada e descobri que estava nos últimos 3 capítulos do livro, aí terminei de ler e já consegui engatar um novo na sequência, vamos que vamos.
Num panorama geral, eu até que gostei do livro, embora tenha achado ele meio "morno", explico: não tem nenhuma grande emoção ou reviravolta.
Momento desabafo:
Ah pronto, chega lá pelas tantas o insuportável e pedante Sr. Paul Emanuel tem que virar o mocinho da história. Passou o livro inteiro torrando o saco e sendo mandão com todo mundo, mas de repente aparece uma veia de santo nele, ah faça me o favor, Charlote Brontë.
Tá bom, ele montou uma escola para a Lucy e deu a chance de um futuro bem melhor pra ela, mas também, depois de toda a encheção de saco, era o mínimo que ele podia fazer, com licença. Enfim, eu gostei que no final ela não precisou de ninguém pra ser feliz, teve uma vida boa de trabalho e ensino. Mas os clichês do Graham com Paulina, Ginevra casando com o bonitinho porém ordinário e o Sr. Paul Emanuel sendo quase um santo no final me irritaram um pouco.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.404,79
Termina em:
Back
Topo