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Villanelle dos condenados

Haleth

Sweet dreams
[size=xx-small]Experimento com a estrutura formal da villanelle. Não sei se a ideia do texto ficou clara, mas pra primeira vez, achei válido. =)
[/size]
Do lado contrário da sorte
Sem medo, sem vista ou porquê,
Zombamos e rimos da morte

Quem há que com isso se importe?
Em que se fia, teme ou crê
Do lado contrário da sorte?

Flecha ardente em certeiro norte
Abatendo o que não se vê
Zombamos e rimos da morte

Se nos desgasta o braço forte,
Ou se a aljava nos desprovê
Do lado contrário da sorte,

De onde extraimos o suporte?
Pois em fuga, em frágil cupê
Zombamos e rimos da morte.

Nosso erro talhou-nos um corte.
Cegos de dor, ufanos porque
Do lado contrário da sorte,
Zombamos e rimos da morte.
 
acho legal a ideia de fazer poema em formas fixas, até porque é um verdadeiro exercício, já que vc se força a pensar em métrica quando em poema livre vc só coloca ideias.

gostei, manu, o ritmo está bem bom, flui bem. a escolha das palavras são boas e os dos refrãos a cadência do versos. parabéns =]
 
“já que vc se força a pensar em métrica quando em poema livre vc só coloca ideias.” Anica
Pois bem, discordo um pouco nessa parte Anica.
Ideias, um questionamento filosófico, transpiração, inspiração, observação, bagagem cultural, vai depender de qual o público alvo a ser atingido. O poema livre sai daquele engessamento que a métrica impõe, dá mais liberdade para expressar, ajuda a disseminar a poesia atingindo um público mais amplo. Pode ser sim, uma questão de gosto pessoal também.
Numa entrevista no Caderno de Cultura do Jornal Hoje em Dia (Belo Horizonte MG), o poeta carioca Chacal (Ricardo de Carvalho Duarte ) disse: “A poesia circula em dois guetos: na academia e na periferia.” No caso em questão, tanto no gueto do poema métrico ou no gueto do poema livre, ( há na academia quem faça tanto versos livres ou utilize a métrica) são apenas formas diferentes de expressar; nada mais do que isto. São várias as vertentes poéticas. É muito interessante essa diversificação.

Fluiu bem o poema (Villanelle) Manu. Inteligível, um bom ritmo. "Mandou Bala". :sim:
Acredito que você vá tirar mais leite dessa pedra :rofl: (Villanelle)
 
O poema livre sai daquele engessamento que a métrica impõe, dá mais liberdade para expressar, ajuda a disseminar a poesia atingindo um público mais amplo.

foi exatamente o que eu disse, ricardo.
 
Poemas métricos e poema livres, é questão de gosto. No entanto, poemas métricos são mais difíceis de se compor porque além de expressar uma idéia, a expressão é feita na rigidez de um formato.

O problema dessa rigidez são os malabarismos feitos em nome da métrica, como exemplo o uso de estruturas gramaticais e palavras incomuns. Por isso, os poemas métricos, que usam uma estrutura regular e uniforme, ao invés de soarem fluidos eles soam artificiais demais. Não digo que não haja sonetos mecânicos. Alguns sonetos são tão bons que soam tão normais como uma fala informal.

Bom mesmo é o poeta que inventa suas próprias métricas.

No caso da Manu, pelo que vemos, ela compõe tanto poemas concretistas quanto villanelles. Bom pra ela e pros leitores.
 
Obrigada pela parte que me toca, trio. =)

ricardo campos disse:
Acredito que você vá tirar mais leite dessa pedra :rofl: (Villanelle)
Pois, eu também XD

Rodovalho disse:
Poemas métricos e poema livres, é questão de gosto.
Hmm... :think: Gosto pra quem? Acho que mais pro leitor, não? Quando um poeta escolhe metrificar ou não um verso, ele está conscientemente optando pelo formato que mais se adequa à sua mensagem. Tem coisa que só funciona em verso livre, outras só em prosa, e por aí vai. Não digo que é questão de gosto, mas de expressão, não acha?

Rodovalho disse:
No entanto, poemas métricos são mais difíceis de se compor porque além de expressar uma idéia, a expressão é feita na rigidez de um formato.
Mas tem o lado bom disso. Quando a gnt se força a fazer a ideia caber numa forma (fórma, não fôrma), a ideia sai muito mais depurada. Muitas vezes, mais enriquecida, até.

Rodovalho disse:
O problema dessa rigidez são os malabarismos feitos em nome da métrica, como exemplo o uso de estruturas gramaticais e palavras incomuns.
Pois é. Isso é negativo no meu ponto de vista tb. Mas, se o incomum e o malabárico se adequam à mensagem q se deseja transmitir... Fazer o quê, né? XD Sei lá, penso que nenhum autor (ao menos os peixes grandes) usa da palavra impunemente, até porque não existe palavra inocente. Se a palavra ou a estrutura passou, é intencional. Caso contrário, fica na gaveta até que a ferramenta certa chegue (o que não é o caso dos meus textos impacientes, hehe. Não fosse por causa dessa villanelle, jamais saberia o que é um cupê :rofl: )
 
Não culpe o metro por sua inapitidão de superá-lo. O verso não é engessado pela forma fixa e sim potencializado pelo efeito estético sonoro causado pela sistematicidade do ritmo impresso através das técnicas da versificação.

Do jeito que colocam parece que a forma fixa é mero capricho de quem assim escreve, sem utilidade, sem razão sem motivo além de um puritanismo arcaico.

A redondilha não é capricho academicista, é uma forma rica utilíssima ao seu propósito de internalizar os versos ao interlocutor. Dê um giro pela poesia popular, música sertaneja, cantiga de roda e pelos versos do repentista nordestino... Todos compostos em redondilha pois ela garante que aqueles versos serão assimilados e decorados numa facilidade incrível.

Além disso o metro só engessa o discurso de quem não está acostumado a usá-lo quem o domina de verdade escreve usando-o com a mesma naturalidade que usamos a lingua escrita.

É tão "anti-natural" o escrever com metro quanto o próprio escrever. Naturalizar o uso de um ou outro só depende de treino e assmilação da técnica.
 
é uma forma fixa, portanto há sim um engessamento, visto que nunca se poderá romper com esse modelo padrão. vc tem que seguir um esquema para dizer que fez um haikai, um soneto ou um vilanelle. não pode escrever um negócio com quatro versos e chamar de soneto, por exemplo. então se você se propõe a escrever poesia em forma fixa, há um número de regras a serem seguidas. em prosa não há limite, não há regras, não há nada que te diga quantas linhas ou quantas palavras ou como uma palavra deve rimar com outra. é sobre isso que eu falava.
 
Todas as formas de escrita seguem regras e grilhões. Algumas são de uso corrente como as regras de pontuação, conjugação verbal e outras tantas da gramática normativa que seguimos bem ou mal durante a construção de nossos textos. Outras regras são de uso mais particular, são os hábitos de escrita de cada autor.

Se você opta por não escolher as regras que irá seguir acabará se fiando unicamente em seus hábitos, em seus vícios de escrita. Hábitos e vícios que criam o que chamamos de estilo e que Quintana tão bem definiu: "Chama-se de estilo quando um autor não sabe escrever de outro modo."

Escolher deliberadamente as regras sob as quais seu texto será construido lhe dá um controle e um domínio sobre o mesmo que não teria caso deixasse ao acaso e ao seu estilo. Um poeta que não estuda a sua forma de escrever acaba fadado a escrever sempre em seu único estilo, em seu hábito que criou no próprio exercício da escrita.

Conhece o OULIPO? A oficina de Literatura Potencial é uma ótima alternativa para que nós escritores não caiamos na ilusão de liberdade versolivrista.
 
"A oficina de Literatura Potencial é uma ótima alternativa para que nós escritores não caiamos na ilusão de liberdade versolivrista. " Personna

Mesmo a liberdade "versolivrista" segue algumas regras, certo? Quando escrevemos mais "livremente" devemos ter em mente que está liberdade é relativa. Se a ideia vai sair mais depurada como disse a Manu, aí vai depender do autor, isso também é relativo.Nossa quanta coisa boa para ser debatido.No mais é o que a Anica falou, restou pouco a acrescentar.
Enfim, na poesia existem vários caminhos.Escolha o seu :sim:
Quero ler bastante no desafio da Villanelle.

Ricardo Campos
aprendendo um pouco todo dia...
 
Muito interessante essa estrutura Manu M.. Não conhecia esse tipo de métrica pra poesia.

Preciso me aventurar mais um pouco pelas quadras e quintilhas antes de me arriscar numa dessa. Mas como a Anica bem citou, é um ótimo exercício.
 

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