Mergulha! Vai lá pras sombras onde o sol não chegará,
sob a raiz dos salgueiros, linda dona, dormitar!
Pra casa da sua mãe, lá bem do fundo do rio,
nadou bela Baga d’Ouro; mas Tom não a seguiu:
sobre a bela sombra dos salgueiros assentou-se no chão mol’,
secando a pena molhada e as suas botas ao sol.
Acordou Homem-salgueiro, começou o seu cantar,
e pôs o Tom a dormir com seu canto de embalar;
numa fenda o apertou: taque! E logo a fechou;
preso ficou Bombadil e a pena de enfeitar.
“Ah, Tom Bombadil, em que estás tu a pensar,
a espreitar pra minha árvore pra a beber me observar;
e com essa tua pena coceguinhas me fazer;
a pingar pra minha cara como se fora a chover?”
“Deixa-me lá ir embora, ó velho Homem-salgueiro!
Sinto-me mal instalado, nem sequer há travesseiro
nestas raízes torcidas. Vai beber do rio frio!
E vai dormir o teu sono como faz Filha-do-rio!”
Homem-salgueiro o soltou, quando ouviu assim falar;
e a casa de pau fechou, a ranger, a resmungar,
dentro da árvore a murmurar. Do salgueiro Tom saiu
e ao longo do rio subiu.