Soul Asylum®
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[size=small]Qual o tempo do cair de uma lágrima?
Quanto tempo é preciso para partir?
Qual o tempo do cair da noite?
Quanto tempo o tempo leva para se extinguir?
Qual o tempo do cair de uma lágrima?
É o frio, a noite, a súbita razão da existência...
Vejo a tv pelo lado de fora através da janela,
A fumaça do cigarro embassa o vidro.
Ainda encoberto, mesmo quando a fumaça se dissipa.
A sombra na parede, à luz contra, falam de mim os
Contornos que me devastaram;
E penso: qual o tempo do cair de uma lágrima?
A barba longa e áspera perpassa a sombra longe e fina,
Vejo fios passar a linha do meu rosto, inválido e pálido.
Impalpável, sonolento rio de águas profundas.
Incubro-me no viés da porta, que se fecha.
Sinto falta de poemas...
havia um tempo em que eu os sabia,
Eram forte presença a implorar direitos dentro de mim,
A me fazer sonhar em ser quem não sou.
Presente definitivo.
Uma chama fraca de azeite de fatigada lamparina.
Pego o caderno, hesito, tenho medo de não conseguir,
Abro-o pelo verso. Vejo versos, inúmeros inversos,
Uma folha, verso. Outra folha. Verso no inverso do meu papel,
Verso no verso do caderno circuncidado, versosinversos...
Não quero perder estas idéias que fogem dos olhos.
Elas dançam no escuro, e meus olhos míopes atordoados,
Irritadando-as, vão-se embora, numa trama fecundada.
Uma folha, mais uma folha, outra folha,
Eclodindo um verso solitário, um menino delirante,
Embarcado de subjetividade intransigente.
Versos, tantos versos, Inversamentos versificantes,
Erros crassos.
Qual o tempo do cair de uma lágrima?
A escorrer pelo chão, sem rumo...
Decai-se em uma valsa crua, eterna,
Fecho a cortina... incomoda-me o ranger dos trilhos,
É madruga e faz frio. Aqui dentro de mim.
Um pavoroso ressoar geado vai-me até a barba.
Conto os meus passos para junto à cama,
Qual o tempo do cair de uma lágrima? – penso.
Meus passos são pesados como nunca antes
Houveram de ser. São pés-bigorna.
Versos deixaram de vir, deixaram de querer,
Versos de inversos, da alma contíguos...
Versos que se arrastam por entre minada mente,
Tristonhos e demarcados como a um bandônion
solitário, depois do fim de um tango desesperado.
Apago a luz, fecho as cortinas.
Ante ao meu rosto o quarto volta a dormir.
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Quanto tempo é preciso para partir?
Qual o tempo do cair da noite?
Quanto tempo o tempo leva para se extinguir?
Qual o tempo do cair de uma lágrima?
É o frio, a noite, a súbita razão da existência...
Vejo a tv pelo lado de fora através da janela,
A fumaça do cigarro embassa o vidro.
Ainda encoberto, mesmo quando a fumaça se dissipa.
A sombra na parede, à luz contra, falam de mim os
Contornos que me devastaram;
E penso: qual o tempo do cair de uma lágrima?
A barba longa e áspera perpassa a sombra longe e fina,
Vejo fios passar a linha do meu rosto, inválido e pálido.
Impalpável, sonolento rio de águas profundas.
Incubro-me no viés da porta, que se fecha.
Sinto falta de poemas...
havia um tempo em que eu os sabia,
Eram forte presença a implorar direitos dentro de mim,
A me fazer sonhar em ser quem não sou.
Presente definitivo.
Uma chama fraca de azeite de fatigada lamparina.
Pego o caderno, hesito, tenho medo de não conseguir,
Abro-o pelo verso. Vejo versos, inúmeros inversos,
Uma folha, verso. Outra folha. Verso no inverso do meu papel,
Verso no verso do caderno circuncidado, versosinversos...
Não quero perder estas idéias que fogem dos olhos.
Elas dançam no escuro, e meus olhos míopes atordoados,
Irritadando-as, vão-se embora, numa trama fecundada.
Uma folha, mais uma folha, outra folha,
Eclodindo um verso solitário, um menino delirante,
Embarcado de subjetividade intransigente.
Versos, tantos versos, Inversamentos versificantes,
Erros crassos.
Qual o tempo do cair de uma lágrima?
A escorrer pelo chão, sem rumo...
Decai-se em uma valsa crua, eterna,
Fecho a cortina... incomoda-me o ranger dos trilhos,
É madruga e faz frio. Aqui dentro de mim.
Um pavoroso ressoar geado vai-me até a barba.
Conto os meus passos para junto à cama,
Qual o tempo do cair de uma lágrima? – penso.
Meus passos são pesados como nunca antes
Houveram de ser. São pés-bigorna.
Versos deixaram de vir, deixaram de querer,
Versos de inversos, da alma contíguos...
Versos que se arrastam por entre minada mente,
Tristonhos e demarcados como a um bandônion
solitário, depois do fim de um tango desesperado.
Apago a luz, fecho as cortinas.
Ante ao meu rosto o quarto volta a dormir.
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