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Vazamentos de Oleo

  • Criador do tópico Focr_BR
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Focr_BR

Visitante
Alguem esta acompanhando?

Aparentemente o ultimo vazamento foi justamente em um dos locais onde estavam sendo feito os leilões.

E alguns deles aparentemente apresentam densidades diferentes, podendo ser proveninentes não só de um navio.
 
Esse vazamento tá praticamente acabando com algo que eu faço de forma ininterrupta há 19 anos seguidos: viajar todo final de ano ou começo de outro próximo ao Reveillon pro melhor litoral brasileiro que é o do Nordeste.

Quanto ao vazamento em si, é extremamente absurdo ele atingir uma extensão quilométrica tão grande e não haver uma mega hiper mobilização pra uma maior e mais rápida contenção do avanço desse vazamento. Se fosse nos EUA, já teriam mobilizado toda a marinha, guarda costeira, exército, aeronautica, FBI, NASA, SWAT, o Rambo, o Chuck Norris, o Exterminador do Futuro ou seja lá o que fosse pra deter custasse o que fosse.
 
tenho acompanhado desde o início. desde os primeiros dias de setembro aparecem manchas nas praias do nordeste, inicialmente noticiadas como "manchas misteriosas". dentro do ibama agentes já diziam o óbvio: rolou um vazamento. mas apesar do alerta, o governo trabalhou a política da negação até quanto conseguiu, e quando começou a lidar com o vazamento como um fato, preferiu primeiro transformar em factoide: "foi o greenpeace!!! veio da venezuela!!! vão cobrar do maduro!! cadê a greta?!!", é o que repetiam por aí. e enquanto isso, o óleo atingindo as praias e nada sendo feito. é revoltante. tem um vídeo de um pescador desesperado falando que não adianta treinamento se ele não é colocado em prática. o desespero era esse: de saber o que precisava ser feito mas não ter o apoio do governo para o que precisava ser feito. botam militares para juntar um tanto em algumas praias, como se isso bastasse. é ridículo que dois meses depois nada tenha sido feito de fato, e o quanto o período de negação pode ter custado para o bioma da região.

é revoltante, mas completando quase um ano de governo, não dá mais para alegar surpresa: a política atual é de tocar o foda-se para questões ambientais mesmo.
 
Um país minimamente sério e comprometido com o meio ambiente, para começo de conversa não teria política pra reduzir desmatamento e sim promover o reflorestamento.

Desde que o Brasil começou a ser colonizado, salvo algumas raras exceções muito pontuais, nunca houve uma política de grande porte para garantir proteção ambiental decente para o mar, rios e florestas.

Nisso governantes serem omissos, fazendo vista grossa e arrumar algum culpado pra desviar o foco sempre será a atitude mais comum, mas quando pensamos que já atingimos o fundo do poço, infelizmente aqui temos sempre que nos prepararmos pra algo ainda pior.
 
Um país minimamente sério e comprometido com o meio ambiente, para começo de conversa não teria política pra reduzir desmatamento e sim promover o reflorestamento.

Desde que o Brasil começou a ser colonizado, salvo algumas raras exceções muito pontuais, nunca houve uma política de grande porte para garantir proteção ambiental decente para o mar, rios e florestas.

Nisso governantes serem omissos, fazendo vista grossa e arrumar algum culpado pra desviar o foco sempre será a atitude mais comum, mas quando pensamos que já atingimos o fundo do poço, infelizmente aqui temos sempre que nos prepararmos pra algo ainda pior.
O pior é que em época de eleições quase ninguém fala sobre problemas ambientais, e quando falam é como se fosse uma coisa de importância secundária. Não são só políticos, a população não cobra porque não está nem aí. Por exemplo, pra todo lugar aonde eu vou tem lixo jogado no chão. Em alguns países fazer uma coisa dessas é algo impensável. Vivemos num país onde alguém chega a te chamar de idiota por você reciclar lixo. E quando tem um problema ambiental grave como esse do óleo, a mentalidade dos ignorólogos não muda instantaneamente, continua sendo a mesma. Em outros países o Brasil é muitíssimo criticado por sua política ambiental ineficiente (e olha que isso é um baita eufemismo), é só aqui que todo mundo é indiferente ou até idolatra um bando de imbecis que não dão a mínima pro próprio país mas se dizem patriotas. Será que amam mesmo o próprio país? Se amassem de verdade já teriam feito alguma coisa. Na verdade sequer teriam deixado um absurdo desses acontecer. Mas aconteceu, e infelizmente não acredito que será a última vez. Hora de acordar. O planeta não é indestrutível e as coisas não são infinitas, então é bom a gente parar de agir como se fossem se quisermos que sobre alguma coisa. Fico muito triste com a forma como o Brasil lida com esses problemas. Ou melhor, não lida, né?
 
O pior é que em época de eleições quase ninguém fala sobre problemas ambientais, e quando falam é como se fosse uma coisa de importância secundária. Não são só políticos, a população não cobra porque não está nem aí. Por exemplo, pra todo lugar aonde eu vou tem lixo jogado no chão. Em alguns países fazer uma coisa dessas é algo impensável. Vivemos num país onde alguém chega a te chamar de idiota por você reciclar lixo. E quando tem um problema ambiental grave como esse do óleo, a mentalidade dos ignorólogos não muda instantaneamente, continua sendo a mesma. Em outros países o Brasil é muitíssimo criticado por sua política ambiental ineficiente (e olha que isso é um baita eufemismo), é só aqui que todo mundo é indiferente ou até idolatra um bando de imbecis que não dão a mínima pro próprio país mas se dizem patriotas. Será que amam mesmo o próprio país? Se amassem de verdade já teriam feito alguma coisa. Na verdade sequer teriam deixado um absurdo desses acontecer. Mas aconteceu, e infelizmente não acredito que será a última vez. Hora de acordar. O planeta não é indestrutível e as coisas não são infinitas, então é bom a gente parar de agir como se fossem se quisermos que sobre alguma coisa. Fico muito triste com a forma como o Brasil lida com esses problemas. Ou melhor, não lida, né?

No Brasil, a coisa que mais vejo dar certo em prol do meio ambiente são mais ações isoladas e pontuais, quando moradores em associações de bairro, comunidades ou um bairro inteiro de uma determinada cidade se empenha em promover coleta seletiva de lixo, plantar árvores, notificar a prefeitura quando uma obra é iniciada e areia de construção é despejada na calçada muito próxima a guias e bueiros sem nenhuma proteção e assim ajudando a prevenir enchentes, denunciar ligações clandestinas e irregulares de esgoto entre outras coisas. São pequenas ações que quando feitas, já fazem uma boa diferença.

Tudo isso pode parecer muito pouco diante da imensidão gigantesca de problemas que temos num país gigante como o nosso, mas se esse primeiro passo for bem dado, quando um pequeno bairro faz sua parte, o bom exemplo pode se propagar pra toda a cidade e dali seguir adiante. Como infelizmente não podemos esperar essa ação vinda de nossos governantes de cima pra baixo, o melhor caminho ainda é cada um procurar fazer da melhor forma possível a sua parte.
 
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Impressionante que ninguém que vive no NE comentou aqui! Como foi pra você em Salvador e redondezas @Eriadan ? E como está hoje?

Admito que em função desse problema, esse ano até desloquei o meu período de 7 a 10 dias de folga que eu e minha esposa escolhemos tirar sempre entre o final de Dezembro e Janeiro pra segunda quinzena de Janeiro, mas mantendo a preferência de prestigiar o melhor, mais quente e mais belo litoral do país.
 
Impressionante que ninguém que vive no NE comentou aqui! Como foi pra você em Salvador e redondezas @Eriadan ? E como está hoje?
Cara, na minha vida o que mudou foi que evitei praia no período mais crítico. Saudades imensas de Massarandupió, inclusive, um dos locais mais atingidos. :sad: Mas agora parece que já foi quase 100% contornado, muito pelo trabalho fantástico dos voluntários. Todos depõem que se o governo tivesse agido com vigor poderíamos ter reparado os prejuízos com muito maior eficácia e rapidez, mas com essa mentalidade que culpa o Greenpeace e Leonardo DiCaprio, acha que ambientalismo é coisa de vegano e maconheiro e viraliza ataques contra Greta, a salvação é a iniciativa civil mesmo.
 
Última edição:
Infelizmente é assim. Voluntários com pouco ou sem nenhum apoio ou recurso financeiro limpam como podem o que é possível do estrago.

As notícias sobre o ocorrido foram diminuindo e ficando tudo como se nada tivesse acontecido. O que é mais triste e revoltante é que a forma como o governo se posiciona diante disso tudo consegue ser tão ou mais trágico que esse desastre, mais as queimadas da Amazônia e a tragédia de Brumadinho juntos.
 
Governo se precipitou ao apontar suspeitos sobre óleo na costa, diz relatório do Senado
Em documento preliminar, comissão aponta problemas com seguro-defeso e questiona capacidade do Estado brasileiro em gerenciar esse tipo de desastre.

Após 112 dias de contradições e ausência de respostas claras sobre a maior tragédia ambiental no País em extensão territorial, a Comissão Temporária Externa do Senado acusa o governo de ter se precipitado ao apontar o navio-tanque grego Boubolina como principal suspeito de ter vazado no oceano o óleo que chegou à costa brasileira.

O óleo chegou ao litoral do Brasil no fim de agosto e se espalhou por 969 locais, em 129 municípios de 11 estados, conforme o relatório diário do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) de quarta-feira (18).

A comissão do Senado foi formada em 5 de novembro para monitorar as ações do governo e vai funcionar até 10 de junho de 2020. Embora longe do prazo final, o relator, senador Jean Paul Prates (PT-RN), decidiu fazer um parecer preliminar para o verão, “quando todo mundo vai estar olhando para as praias”.

“Dividimos o relatório basicamente em três áreas: investigação, medidas nas comunidades afetadas, segurança alimentar”, explicou o parlamentar ao HuffPost. Ao final, além disso, haverá recomendações.

Ele destacou, porém, que neste primeiro parecer, não se tratará de conclusões sobre a condução das investigações. Embora o senador já tenha traçado uma linha de pensamento que deve seguir em seus próximos relatórios.

Veja três questões apontadas pelo relatório:

1. Precipitação sobre a origem e a causa do desastre ambiental
Em seu parecer preliminar, o senador é categórico ao afirmar que foi precipitado da parte do governo federal apontar o navio-tanque grego Boubolina como principal suspeito pelo derramamento do petróleo que tem chegado à costa brasileira desde o fim de agosto.

“Houve uma precipitação embutida do espírito de acusação. Isso está sendo tratado como se fosse uma ação inimiga”, analisa Prates.

No relatório, ele ressalta que o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) chegou a uma conclusão divergente à da manifestada pela Polícia Federal ao apontar a suspeita sobre o Boubolina. “Ainda outra é a conclusão a que chegam recentes estudos realizados pelo Inpe: a origem do derramamento de petróleo no litoral brasileiro estaria a milhares de quilômetros da costa do País. Mais precisamente, as avaliações indicam que o óleo teria se deslocado da região sul do mar da África, em abril, até chegar à costa brasileira, em setembro.”

E, mais à frente, aponta outras contradições: “Outras análises vão nesse sentido, conforme depoimento recente na CPI da Câmara dos Deputados do representante do Cenima do Ibama, que rejeitou as imagens utilizadas pela Polícia Federal para indicar o Bouboulina como origem do óleo.”

O senador se refere à declaração do coordenador-geral do Centro Nacional de Monitoramento e Informações Ambientais, Pedro Bignelli, segundo quem o Ibama rejeitou o relatório elaborado pela empresa HEX Tecnologia, que serviu de base para a Polícia Federal para deflagrar a operação Mácula contra o Boubolina. Para ele, ainda não há como apontar um responsável, já que os resultados mostrados pela HEX mostraram um “falso positivo”. Ele próprio rejeitou o relatório em outubro por não ter visto consistência.

“O produto tinha imagens sem coordenadas, coloração duvidosa. Como técnico, e com 25 anos de mestrado em sensoriamento remoto pelo Inpe, nunca tinha visto aquela cor. Não nos foi apresentada a imagem que teria sido utilizada, não nos foi apresentada a composição colorida. Não me senti confortável em assumir aquilo como um relatório verdadeiro”, disse na CPI na terça (17).

Ainda no depoimento, ele afirmou que a empresa queria inicialmente que o Ibama assinasse uma ordem de serviço para, só depois, mostrar o relatório. Voltou atrás após pressão do coordenador do Cenima.

2. Inabilidade do governo no gerenciamento deste tipo de desastre
Em um longo relato dos fatos apresentados à comissão nas audiências públicas, ou nos estados por pessoas ouvidas nas visitas que fizeram, ou ainda demonstrados nos documentos solicitados pelos parlamentares, Jean Paul Prates afirmou que houve “desarticulação e demora do governo federal em acionar o PNC (plano nacional de contingência), o que só foi feito 43 dias após a chegada da primeira mancha de óleo”. “A crescente passagem de navios petroleiros no Atlântico Sul indica a necessidade de planos de contingência que sejam efetivos.”

Para o senador, faltou “mobilização, coordenação e pronta resposta”. “É imprescindível que se aperfeiçoe essa operacionalização, inclusive por meio da participação do setor privado, sobretudo empresas que exploram e transportam petróleo”.

3. Necessidade de aperfeiçoar instrumentos de indenização e reparação do desastre
A chegada do óleo ao litoral, primeiro nordestino, em seguida aos estados do Espírito Santo e depois também ao Rio de Janeiro, trouxe uma reação em cadeia. Na largada, a preocupação com o meio ambiente, a poluição e os impactos na vida marinha. Como outra consequência, o consumo de pescados em geral, que ainda está sob suspeição segundo pesquisadores — avalia-se a necessidade de monitoramento por ao menos 20 anos —, interfere na saúde humana, mas também na atividade pesqueira e no ganha-pão de pescadores artesanais.

O governo prometeu o pagamento do seguro-defeso, que começou a ser pago em meados de dezembro. Mas, segundo Jean Paul Prates, o pagamento “não resolverá a situação de forma abrangente, pois muitos pescadores ainda não estão cadastrados”.

O relator da comissão externa do Senado aponta falhas na MP 908/2019, de 28 de novembro, que determinou o pagamento do benefício aos pescadores que tiveram as atividades afetadas pelo petróleo. “Note-se que apenas aqueles que tiveram prejuízos até a data em que a MP foi editada pelo governo podem ter acesso à indenização. A despeito de seu intento, entendemos que a MP carece de requisitos essenciais de efetividade, notadamente quanto a três aspectos fundamentais: duração, valor nominal e critério de inclusão.”

Até 28 de novembro, conforme o relatório diário feito pelo Ibama, havia 803 locais afetados em 126 municípios de 10 estados. De lá pra cá, o óleo continuou chegando a mais locais: foram outras 166 localidades atingidas, em três municípios, e mais um estado (RJ).

O parlamentar chama a atenção para o fato de que o valor do seguro defeso, R$ 1.996 pago em duas vezes, é insuficiente para o tamanho da tragédia e dos prejuízos que o trabalhadores tiveram e ainda terão com a situação ambiental.

“Os efeitos socioeconômicos do desastre vêm ocorrendo, na mais otimista das hipóteses, há pelo menos três meses e seus impactos perdurarão por anos. Quais são o sentido, o fundamento e a justificativa para que o auxílio dure apenas dois meses? E como compensar com meros dois salários mínimos a fome (insegurança alimentar), a perda econômica e, no campo dos danos morais, a perda de sentido pela impossibilidade de exercer seu trabalho ocasionadas por esse desastre que teve como fonte de agravamento a leniência e a letargia do poder público?”, questiona o senador no relatório.

Ele destaca os esforços em aprovar emendas, na comissão especial do Congresso que analisará a MP no ano que vem, para aprovar emendas para ampliar o tempo de pagamento do seguro-defeso e também o valor do auxílio.

https://www.huffpostbrasil.com/entr...fe4b0843d35f9029b?ncid=tweetlnkbrhpmg00000002
 
Óleo invisível deixa manchas em banhistas que frequentam praias no Nordeste


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Charles Silva, 45, ficou com a mão suja com óleo na praia de Cupe, em Pernambuco Imagem: Arquivo Pessoal

A temporada de férias chegou com o verão, e banhistas que frequentam praias paradisíacas do Nordeste estão sendo surpreendidos com manchas de óleo pelo corpo. Invisíveis a olho nu, fragmentos do material derramado grudaram no corpo de pessoas, segundo ao menos três relatos colhidos pelo UOL. Pesquisadores e autoridades confirmaram o problema em alguns pontos do litoral.

Um dos casos ocorreu na paradisíaca Barra de São Miguel, no litoral sul de Alagoas. Um casal de turistas foi à praia com duas crianças no sábado (11) e acabou deixando o local com manchas de óleo, especialmente na sola dos pés. O que chama a atenção é que a família não percebeu qualquer contaminação do ambiental.

"Não dá pra ver, mas o problema parece ser recorrente", diz a turista, que pediu para não ter o nome revelado. "Quando a gente chegou no hotel já havia na recepção óleo de soja pronto para dar os hóspedes para que limpassem o óleo. Não houve qualquer informação antes sobre isso." Ela mostrou uma foto do joelho sujo após apoiar-se na areia para brincar com os filhos.

O "óleo invisível" também foi percebido praia de Cupe, no município de Ipojuca, litoral sul do estado de Pernambuco. As águas claras convidaram a professora universitária Caroline Vieira Feitosa, 40, e o namorado, Charles Silva 45, para um mergulho junto com a família e sua cadela, em dezembro.

"Assim que entrei na água senti cheiro de óleo. Achei que estivesse impressionada. Mas ao retornar para o apartamento vi a cadela com manhas", conta Caroline. "Achei que era carrapicho, mas ela estava cheia de piche. Olhei e vi que eu estava com piche nos pés, e meu namorado, na mão."

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Banhista com mancha de óleo no corpo em Barra de São Miguel, em Alagoas
Imagem: Arquivo Pessoal

Ela afirma que chegou a perceber pequenas partículas de óleo. "Tem muito fragmento de óleo em pedaços bem achatados, do tamanho de botão de roupa. Mas nem sempre são visíveis", diz a professora, que também limpou o corpo com óleo de soja. "No caso da minha cachorra foi mais fácil cortar o pelo em algumas regiões", conta.

Na Bahia, problema similar foi flagrado por uma banhista no dia 22 de dezembro, na praia de Cumuruxatiba, no município do Prado (BA), no sul baiano. Nas imagens, há pequenas manchas de óleo pelo corpo de uma banhista.

Segundo o último balanço do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis), do final de agosto até o dia 8 de janeiro de 2020, 997 localidades haviam sido afetadas em 130 municípios dos estados do Nordeste, além do Espírito Santo e do Rio de Janeiro.

Fragmentação esperada


Em dezembro, o UOL havia revelado que especialistas alertavam para a chegada do óleo no litoral nordestino ainda em pequenos fragmentos, especialmente nos estados de Alagoas, Sergipe e Bahia.

Novamente procurados, pesquisadores afirmaram que a fragmentação do óleo a tamanho invisível a olho era algo esperado.
Rivelino Martins Cavalcanti, do Laboratório de Avaliação de Contaminantes Orgânicos do Labomar da UFC (Universidade Federal do Ceará), afirma que é um erro achar que o problema terminou com o fim da chegada das grandes manchas no litoral. "Agora que o perigo e o risco estão muito maiores. Cada ressaca que tiver vai jogar um pouco do resto desse óleo", diz.

Ele explica que, se antes você tinha grandes manchas de óleo, agora elas são até microscópicas. "Isso faz parte do processo de dispersão, mas ainda há muito material na costa. Só que ele agora está em nível micro e até molecular. A gente não vê a olho nu."
Para ele, será necessário um tempo maior até que tenhamos certeza de que as praias estão livres de contaminação. "Em todo canto do mundo onde ocorre algo assim são cinco, dez anos de avaliação até realmente certificar que está ok", pontua.

União de partículas vira mancha


Segundo Miguel Aciolly, do Instituto de Biologia da UFBA (Universidade Federal da Bahia), o problema está presente ao menos em áreas do litoral sul e norte baiano. "Em águas calmas, especialmente, as pessoas ficam sentadas ou de joelhos e meio que ficam com os membros um pouco enterrados na areia", conta.

Ele explica que, praias e manguezais estão com muitas partículas de óleo enterradas. "O contato com a pele ficará sendo marcado, até por que óleo atrai óleo e um pequeno pontinho grudado na pele vai atraindo outras pequenas partículas —a maioria nem distinguidos a olho nu. Depois de um tempo será uma mancha visível", assegura.


Análise vê fragmentos



O coordenador da força-tarefa sobre óleo da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), Emerson Soares, disse ao UOL que duas praias alagoanas tiveram análises com mais problemas: além da Barra de São Miguel, Japaratinga, no litoral norte, também teve problemas. "Nas análises de água encontramos pequenos fragmentos", diz.

Ainda segundo o especialista, a última análise da água feita em 19 de dezembro mostrou que ainda há problemas na qualidade. "Mas ela está um pouco melhor que no início do problema, mas poderia estar melhor. Mas importante ressaltam que há problemas que não são do óleo, são efluentes de esgoto e outras coisas lançadas", revela.

Ele ratifica que ainda existe um pouco de petróleo no fundo e na parte superficial do mar. "As correntes que trazem em pequenas porções. Isso chega na areia com os movimentos da maré, que cobre e descobre. Aí você pisa e suja", conta.

Risco pequeno


Para Alberto Wisniewski Junior, do Departamento de Química da UFS (Universidade Federal de Sergipe), devido ao tamanho do derramamento, é provável que exista resquício do óleo em pequenas quantidades pelo mar. "Não é normal tomar banho de mar e sair com óleo, mas considerando ser vestígio ainda deste incidente, é possível, sim", afirma.

Entretanto, o pesquisador, especialista na área de petróleo, afirma não ver riscos graves à saúde de quem se suja. "Não irá acarretar em prejuízos à saúde, salvo alguma situação alérgica específica ou se expor ao sol, o que pode levar a uma queimadura ou a algum dano à pele", afirma.

Autoridade: vestígios e resquícios


O UOL entrou em contato com os órgãos ambientais dos três estados com problemas citado por banhistas na reportagem.
O Inema (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia) confirmou que têm chegado ao litoral "pequenas pelotas, que não são fragmentos novos, mas resquícios [do óleo]". "Hoje, o trabalho de limpeza tem sido apenas recolher esses resquícios", informou a assessoria de imprensa do órgão.

A Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco disse que a Diretoria de Controle de Fontes Poluidoras "está fazendo um levantamento da situação e até a próxima quinta-feira emitirá um parecer sobre a situação das praias."
Já o coordenador do Programa Estadual de Gerenciamento Costeiro do IMA (Instituto do Meio Ambiente de Alagoas), Ricardo César Oliveira, afirmou ao UOL que o órgão não tem recebido relatos de óleo no litoral alagoano.

Em nota, o GAA (Grupo de Acompanhamento e Avaliação, formado por Marinha, ANP [Agência Nacional de Petróleo] e Ibama) informou que "a situação caminha para a normalidade" e que as poucas localidades ainda afetadas "apresentam somente vestígios esparsos."
O GAA diz que, no momento, trabalha para o estabelecimento "dos pontos de término." "Os pontos de término de limpeza são um conjunto de critérios específicos estabelecidos para um trecho da costa afetada que definem quando o esforço de limpeza foi concluído para este trecho. Com efeito, os pontos de término são a definição prática de 'limpo' para um trecho da linha costeira afetada pelo derramamento", explica.

Para o GAA, "considera-se uma área limpa quando os pontos de término predefinidos foram alcançados e fica acordado que as ações de resposta alcançaram seus objetivos." "Em alguns casos, a limpeza natural pode ser menos danosa ao ambiente do que técnicas ativas de limpeza. Portanto, os pontos de término devem considerar as características de cada ambiente", diz o texto.
 
Difícil é garantir com precisão a localização de certos vazamentos. Aquele do óleo com suspeita de ter vindo da Venezuela foi muito complicado.
 

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