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Vampiro Americano (S. King, Scott Snyder e Rafael Albuquerque)

Breno C.

Usuário
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Depois que a moda do vampirismo voltou com força total, todo mundo quis fazer seu ganha pão encima do tema. Claro que na minha opinião, foram poucos os que realmente escreveram algo diferenciado do esquema "adolescente e vampiros" e valem apena serem destacados.

Corri atrás de material interessante sobre o tema e encontrei obras como Blood And Water e 30 Dias de Noite , porém nenhuma delas era contemporânea a nova saga de vampiros que estava invadindo os mercados e talvez por isso não fossem bons comparativos.

Bolinha vai, bolinha vem, acabo por ficar ciente que op Stephen King tentaria mudar um pouco de ares e escrever em conjunto, com mais dois nomes sendo um deles brasileiro, uma história sobre vampiros. Me animei, porque gosto do autor e achei que se alguém fosse escrever algo diferenciado, seria ele. Nesse ultimo final de semana tive a oportunidade de ler essa nova HQ chamada Vampiro Americano.

Antes de continuar o texto, gostaria de deixar bem claro que tentei ler com duas visões em mente: uma crítica como leitor de quadrinhos e outra como fã do autor. Vou tentar focar em pontos positivos e negativos dentro das duas visões para que não fique algo misturado e sem sentido.

Pontos positivos
Como leitor: A narrativa é o ponto forte. Não existe melodrama, não existe casal meloso beirando uma tragédia shakesperiana e a todo o momento somos jogados direto ao ponto. O texto é construído de uma forma que leva o leitor a continuar pela trama sem ficar cansado ou desmotivado.

Como fã: Sei que não é um trabalho só do King, mas fica evidente que existe uma assinatura dele pela obra. O texto é construído daquele jeitinho dele, em que o personagem faz parte de um cenário e se movimenta junto com ele.

Pontos negativos
Como leitor: Falta uma conexão maior entre os personagens e o leitor. Fica complicado torcer para alguém, porque os dois protagonistas iniciais são seres humanos muito comuns ou com perfis pouco heróicos.

Como fã: sinceramente não gostei da falta de explicação para a existência de vampiros evoluídos. Tudo bem que todos eles podem andar durante o dia desde que tomem os devidos cuidados, mas ficou desinteressante os protagonistas não terem uma fraqueza vampirica natural.

Até agora só li duas edições e espero que muito dos nós sem ponta sejam explicados logo, porque vai ficar complicado estender uma história de trama simples (vingança) por tantos números sem dar dados técnicos ou o chamado bla bla bla explicativo. Em suma é uma das HQs mais legais que li sobre os chupadores de sangue. Agora é ficar na torcida por mais números.

Segue uma pequena sinopse da obra:

O personagem principal é Skinner Sweet, um vampiro genuinamente norte-americano, diferente de seus assemelhados europeus. Sweet é uma espécie de mutação, pertence a um outro ramo da evolução genética dos vampiros, vive do sol, suas presas são como as de uma cascavel, suas unhas são diferentes, assim como seus poderes e fraquezas. Stephen King escreve a história de Sweet, enquanto Snyder fica com a personagem Pearl, na década de 1920.

Primeiramente vemos a história de Pearl, uma jovem morena inteligente e apaixonante que quer fazer a vida em Hollywood, que ainda dava seus passos a caminho da maior indústria de cinema do mundo na época (1925). Após este primeiro conto vamos à narrativa de King, que se passa exatos 45 anos antes e ainda brinca com a própria profissão do autor, já que este pequeno texto é narrado por um escritor que presenciou estes fatos em sua vida e os transformou num livro de ficção chamado Bad Blood. Seguindo o estilo gore do próprio King, na história temos mais uma noção de quem é Skinner Sweet (que também aparece na história anterior como o vizinho chato de Pearl e sua amiga).

“Adoro histórias de vampiro, e a ideia de acompanhar as peripécias de um vampiro decididamente americano excitou minha imaginação. A chance de mostrar a gênese do personagem foi um barato. Devo um enorme obrigado a Scott por permitir que eu divida sua ideia e beba de seu balde de sangue”, gracejou King no blog oficial da Vertigo.
 
[align=justify]Mas isso já saiu no Brasil, né? Histórias com vampiros sempre são atrativas (ao menos para mim), e não posso opinar sobre a "onda de vampiros adolescentes", uma vez que não vi nem a obra literária nem o filme. Porém lerei essa HQ mais por causa do Stephen King do que propriamente por se tratar de vampiros.
O que mais gosto quando vejo material sobre vampiros é a transformação que eles vão sofrendo conforme vão mudando os autores, os tempos, os referenciais, as idéias e tudo o mais. Não que os novos sejam, via de regra, melhores que os antigos, mas novas abordagens são sempre interessantes, embora nem sempre agradem. Fico imaginando que tipo de traço casaria melhor com aquele tom sombrio e sinistro que o King tem. A quadrinização da saga d'A Torre Negra é muito legal, o traço é todo grotesco, cheio de sombra e luz...muito bom. Espero que essa HQ saiba acrescentar ao estilo dele, e não subtrair.[/align]
 
Lucas_Deschain disse:
[align=justify]Mas isso já saiu no Brasil, né? Histórias com vampiros sempre são atrativas (ao menos para mim), e não posso opinar sobre a "onda de vampiros adolescentes", uma vez que não vi nem a obra literária nem o filme. Porém lerei essa HQ mais por causa do Stephen King do que propriamente por se tratar de vampiros.
O que mais gosto quando vejo material sobre vampiros é a transformação que eles vão sofrendo conforme vão mudando os autores, os tempos, os referenciais, as idéias e tudo o mais. Não que os novos sejam, via de regra, melhores que os antigos, mas novas abordagens são sempre interessantes, embora nem sempre agradem. Fico imaginando que tipo de traço casaria melhor com aquele tom sombrio e sinistro que o King tem. A quadrinização da saga d'A Torre Negra é muito legal, o traço é todo grotesco, cheio de sombra e luz...muito bom. Espero que essa HQ saiba acrescentar ao estilo dele, e não subtrair.[/align]

Então, não sei se ainda saiu no Brasil, estou lendo por scan, mas quando sair espero que seja num compensado e com capa dura.

O legal das novas abordagem é quando elas são diferentes entre si e vão acrescentando mais a lenda já existente. Reescrever uma lenda para que ela caiba dentro de uma idéia tosca como ter vampiros no ginásio é matar conceitos firmados sobre um elemento e desfamiliarizar todo o contexto apenas em nome da facilidade na escrita.

Eu não comentei muito sobre a arte, porque realmente não foquei minha avaliação nesse ponto, mas posso dizer que ela cabe perfeitamente dentro da idéia principal da HQ que é retratar os anos 20 e o Western. Não gostei do tipo de arte (meio digital) que deram a Torre Negra, mas nessa HQ o traço cai bem com o roteiro, é uma escolha mais técnica.
 
[align=justify]Agora que tu disse sobre a arte da quadrinização d'A Torre Negra ser meio digital fiquei pensando e não gosto tanto assim do traço (obrigado por me fazer gostar menos das HQs, hehehe), mas a essência da arte, aquele tom que parece passar um ar sinistro, sombrio, dark mesmo está presente na obra, motivo pelo qual eu ainda gosto dela.
Mais especificamente sobre essa HQ agora: abordar vampiros no velho oeste é uma proposta bem interessante, embora pareça um pouco um "samba do criolo doido", já que junta elementos até certo ponto discrepantes, que pertencem a universos distintos. É esperar para ver o que vai dar dessa junção.[/align]
 
Lucas_Deschain disse:
[align=justify]Agora que tu disse sobre a arte da quadrinização d'A Torre Negra ser meio digital fiquei pensando e não gosto tanto assim do traço (obrigado por me fazer gostar menos das HQs, hehehe), mas a essência da arte, aquele tom que parece passar um ar sinistro, sombrio, dark mesmo está presente na obra, motivo pelo qual eu ainda gosto dela.
Mais especificamente sobre essa HQ agora: abordar vampiros no velho oeste é uma proposta bem interessante, embora pareça um pouco um "samba do criolo doido", já que junta elementos até certo ponto discrepantes, que pertencem a universos distintos. É esperar para ver o que vai dar dessa junção.[/align]

O que permitiu essa transição de cenário naturalmente gótico para algo mais diurno, foi justamente a forma como os vampiros foram encarados. A explicação ainda não ficou clara e acredito que não fique, mas é visível que o vampirismo não é uma simples maldição divina, está mais para a condição viral como aparece no Blade e em outras histórias mais modernas. Se você tem vampiros condicionados por uma doença, acaba tendo em conjunto milhares de explicações plausíveis (cientificamente falando) para o fato deles poderem andar de dia ou existirem evoluções da doença onde o vampiro se alimenta da própria luz.

E... não tinha a intenção de te fazer gostar menos da HQ da Torre Negra, até porque não vejo muito problema em ser uma arte mais digital, só que ficara bem melhor se fosse um tipo de ilustração tradicional.
 
Breno C. disse:
E... não tinha a intenção de te fazer gostar menos da HQ da Torre Negra, até porque não vejo muito problema em ser uma arte mais digital, só que ficara bem melhor se fosse um tipo de ilustração tradicional.

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Não tem problema não, afinal o espírito da saga literária está lá (e falei de brincadeira, XD) Aquele "conceito digital" já me desgostava mesmo antes de você ter falado, eu só não havia percebido ele nas HQs ainda. Não sei, me parece que esse aspecto digital tira um pouca a humanidade dos desenhos, parece que eles foram feitos com menos esmeros dos que não são tão "digitalóides".
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Lucas_Deschain disse:
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Não tem problema não, afinal o espírito da saga literária está lá (e falei de brincadeira, XD) Aquele "conceito digital" já me desgostava mesmo antes de você ter falado, eu só não havia percebido ele nas HQs ainda. Não sei, me parece que esse aspecto digital tira um pouca a humanidade dos desenhos, parece que eles foram feitos com menos esmeros dos que não são tão "digitalóides".
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Pois é... a impressão fica mesmo, mas a verdade é que boa parte das HQs produzidas hoje, tem uma artifinalização feita em softwares. Acho que o problema está quando a ferramenta de trabalho deixa de passar pela caneta e pelo papel para ser direto tratado pelo computador. Em obras mais futuristas se torna até um efeito válido, exemplo é a HQ Substitutos, que tem uma arte muito destoante com o conteúdo de roteiro, onde caberia um tipo de arte digital como da Torre Negra.

Mas enfim... acredito que questões tecnológicas não podem influenciar dentro do resultado final de uma arte clássica, porque historicamente ela existia antes do que a ferramenta moderna e já tinha qualidade.
 
Breno C. disse:
[align=justify]Pois é... a impressão fica mesmo, mas a verdade é que boa parte das HQs produzidas hoje, tem uma artifinalização feita em softwares. Acho que o problema está quando a ferramenta de trabalho deixa de passar pela caneta e pelo papel para ser direto tratado pelo computador.[/align]

[align=justify]Falou tudo cara. É exatamente isso que eu queria dizer e não fui capaz de sintetizar. [/align]
 
Lucas_Deschain disse:
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Mais especificamente sobre essa HQ agora: abordar vampiros no velho oeste é uma proposta bem interessante, embora pareça um pouco um "samba do criolo doido", já que junta elementos até certo ponto discrepantes, que pertencem a universos distintos. É esperar para ver o que vai dar dessa junção.[/align]

[align=justify]a parte em que a história se passa no velho oeste é o cenário específico da narrativa do stephen king (que não é, nem de longe, o mais importante atrativo dessa série em quadrinhos) e é uma marca importante para a saga. porque,veja bem,é no velho oeste americano que se molda uma parte significante da identidade americana. o nascimento dessa nova espécie de vampiros está, de certa forma, atrelado ao surgimento dessa nação. e funciona. principalmente pelas analogias. dessa espécie suja e desbocada que luta (em um dos arcos a história deixa de ser uma trama de terror para se tornar uma história em quadrinho de guerra) contra uma espécia engessada na sua dominação aristocrática e européia. é bacana perceber que, assim como não se esquiva dos traços mais horripilantes da mitologia vampiresca (coisa que a stephanie meyer, em seus dogmas religiosos, teima em fazer), ele também não se esconde das sombras que acompanham a história da própria américa.

a arte do rafael albuquerque (brasileiro, gaúcho) é incrível. esse sim é,sem dúvida, o ponto alto do quadrinho. ele usa uma mistura de técnicas para construir personagens memoráveis, cenários grandiosos, cenas de ação e momentos dramáticos. tudo isso, utilizando enquadramentos cinematográficos e variação de quadros para criar efeitos sobre o leitor e ,inclusive, determinar o ritmo de leitura. o resultado é fascinante.

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Tá saindo aqui no Brasil, tem um bom tempo na Vertigo!É o segundo arco de histórias após o lançamento da revista...
 

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