Já quanto a questão de Lyvio, primeiro, não sejas taxativo, nem categórico.
Não podemos afirmar que ela é um ser do "vazio", nem um Ainu (se bem que eu defendo essa posição, como já discorri anteriormente no mesmo tópico). Sendo assim, ainda temos um entrave neste raciocínio, ela devorou seu corpo (seja fána, seja fruto do vazio materializado), desta forma, ela não devorou seu fëa (se é que um ser do vazio o teria); caso fosse um Ainu, ela vagaria; caso fosse um ser do vazio, aí sim, voltaria a seu estado primevo.
Abraços.
Aracáno, gostei muito de ver que uma das coisas que eu mais procurei destacar no texto sobre Ungoliant foi captada por vc: o de que não é possível fazer afirmações taxativas a respeito da matéria.
Mas gostaria de salientar um detalhe que talvez tenha passado batido no texto do ensaio, que, por ser tão grande como é, às vezes passa despercebido.
Eu citei o texto de HoME X que inclui o diálogo do próprio Morgoth com Ungoliant e, mesmo considerando que ele seja indicativo de que ela possa ter sido realmente uma serva dele, eu NÃO ACHO que isso implique no fato de que ela NECESSARIAMENTE seria uma maia.
Nesse ponto eu divirjo da opinião do Reinaldo Inrahil
http://www.valinor.com.br/artigos/tirith_aear/afinal,_quem_era_ungoliant?.html
Ao contrário do que a maioria das pessoas parece entender, pra mim, ser uma forma "avatar" ou uma personificação da Noite Primordial não faria de Ungoliant portadora de todos os poderes do Outer Dark . Se ela realmente fosse percebida por Tolkien como avatar ela seria uma"miniatura" da Noite Exterior e, portanto, poderia ser AO MESMO TEMPO uma serva de Melkor feita como "souvenir" do Vazio, que fora o local onde ele havia concebido seus pensamentos discordantes com os de Ilúvatar.
No ensaio eu aventei a hipótese de que ela poderia ser uma porção da essência subcriativa do próprio Morgoth mesclada à "matéria escura" caótica de Ava Kuma mas há tb a possibilidade que ela fosse uma porção dessa "Protomatéria" animada por um espírito maia subserviente a Morgoth, do mesmo jeito que as estátuas de Cirith Ungol eram animadas por espíritos maus e do mesmo jeito que os Lobisomens eram feras possuídas por espíritos maléficos controlados por Sauron.
Um forte indício que , para mim, sugere que Ungoliant não era pensada por Tolkien como um dos Maiar reside no fato de que ele não incluiu Ungoliant entre os Maiar que , tendo tranformado seus Fánar em "hábitos", moradas permanentes iguais ,para todos os efeitos e propósitos, aos Hröar dos Encarnados, deram à luz uma prole se unindo com um ser dotado de Fëa e Hröa.
Tolkien disse não uma, mas DUAS VEZES, que isso SÓ TERIA ACONTECIDO COM MELIAN e , uma vez que a prole de Ungoliant tem tanto destaque no Legendarium, eu creio que a inferência mais razoável é que Tolkien nunca identificou Ungoliant como pertencente à estirpe dos Maiar. Eu acho que seria muito esquisito ele dizer isso e se esquecer completamente de Shelob e seus poderes herdados de sua mãe em duas ocasiões distintas em textos já tardios.
As duas menções ao papel único de Melian como maia "encarnada permanentemente" podem ser encontradas no Shibolleth of Fëanor , citado no Ensaio , e em uma das notas do Osanwë Kenta.
Há numerosos outros motivos já incluídos no texto que para mim tendem a sugerir que e o conceito de Ungoliant como forma avatar do Vazio permaneceu válido apesar das diversas transformações da mitologia entre eles o de que nem mesmo Morgoth, como Senhor das Trevas e "negro como a Noite do Vazio" era capaz de reproduzir a Antiluz. Como já foi dito por aqui, esse seria um poder demasiado útil e destrutivo pra que Morgoth não tentasse empregá-lo na sua guerra contra os Elfos e o exército dos Valar. No meu entendimento, Ungoliant não poderia ser uma maia e AO MESMO TEMPO ser tão sui generis assim ao ponto de ter uma habilidade tão exclusiva e singular.
Mas isso, claro, é minha opinião, e não devemos confundir qualque fânon com a opinião canônica de Tolkien mesmo que se trate de uma extrapolação fundamentada em cima da própria evidência deixada pelo autor e da única referência textual explícita que esclarece a origem da personagem.
Obrigado pelo feedback na leitura do Ensaio pra todo mundo que andou lendo o danado.