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Uma loira no mosteiro – a cerveja na história da Igreja

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Paganus

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CNS foto / Francois Lenoir, Reuters, 06 de setembro de 2013

Keep Calm and leia o post até o fim. SIM, esta é a foto de um sacerdote católico abençoando um barril de cerveja. Mas NÃO, isso não é nenhum sacrilégio. A bênção da cerveja sempre constou no Ritual das Bênçãos até ser retirada após o Vaticano II, quando foi “incorporada” pela bênção genérica para alimentos. A verdade é que a bebida que hoje é quase sinônimo de pecado desempenhou um papel muito importante nos mosteiros da Idade Média. Era tão indispensável que tinha santa que transformava água em cerveja!!! Mas antes de encomendar aquele barrilzão de cerveja para o próximo jogo da Copa, vamos entender melhor tudo isso.

Na Idade Média, a cerveja era vista como um alimento saudável, nutritivo e básico para todos, e não como um produto associado a diversão e busca de prazeres, como é hoje em dia. Os monges medievais foram os pioneiros na pesquisa e desenvolvimento de técnicas de fabricação da cerveja. Eles não inventaram essa bebida, mas melhoraram muito o seu aspecto, aroma e sabor.

A prova de que a cerveja, para o homem medieval, não fazia a menor referência ao hedonismo e aos prazeres ilícitos é que eram comuns histórias de milagres de santos relacionados à essa bebida. A mais famosa delas é a de Santa Brígida da Irlanda, que teria transformado água em cerveja em diversas ocasiões; certa vez, ela teria distribuído cerveja aos pobres, em um volume tão grande que daria para encher 17 barris (todo esse volume brotara miraculosamente de um único barril).

Relatos como esse de Santa Brígida soam estranhíssimos para a sociedade atual. Causa-nos escândalo a ideia de um religioso com fama de santidade degustando um caneco de Stella Artois, ou se penitenciando com uma rodada de Itaipava. Isso se deve ao fato de que a mentalidade geral foi influenciada por uma ampla vertente do protestantismo (em especial os batistas e pentecostais) que estigmatizou a bebida alcoólica como uma coisa essencialmente má. Os protestantes europeus, porém, não costumam demonizar o consumo moderado de álcool.

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A cerveja foi, durante muitos séculos, uma grande aliada da austeridade monástica
. Afinal, durante a Quaresma e em outros períodos de penitência, os religiosos medievais seguiam uma dura rotina de jejum, e a cerveja os mantinha razoavelmente nutridos e os ajudava a suportar o frio. Para quem está se perguntando se eles não poderiam tomar suco em lugar de cerveja, a resposta é simplesmente não. Lembremos que a Europa não é muito pródiga em frutas (muito menos no inverno), e naquele tempo não havia suco em caixinha!

Para o povo em geral, a cerveja também era uma bênção, especialmente para os viajantes. Nem todas as hospedagens e tabernas medievais ficavam próximas a fontes de água corrente e fresca, e assim a água era retirada de poços, que não raramente estavam contaminados. Por isso, beber cerveja era muito mais seguro e saudável do que beber água.

Como bons anfitriãos e homens caridosos, os monges ofereciam cerveja aos viajantes e mendigos que lhes pediam ajuda. A bebida também servia como fonte renda para os monastérios, que vendiam a produção excedente, assim como queijos e outros produtos. Até hoje, a cerveja feita pelos monges trapistas belgas é considerada por muitos especialistas como a melhor do mundo.

Sendo a loiruda tão importante para os medievais, é natural que eles a considerassem digna de receber uma benção, como qualquer outro alimento. Assim, o Ritual Romano antigo da Igreja Católica possui uma benção própria para a cerveja (o novo Ritual não possui mais essa bênção). Antes de aspergir o barril ou tonel com água benta, o sacerdote profere a seguinte oração:

V. A nossa proteção está no nome do Senhor.
R. Que fez o céu e a terra.
V. O Senhor esteja conosco.
R. E contigo também.

Abençoai, Senhor, esta criatura, a cerveja, que da riqueza do grão vos dignastes produzir do melhor lúpulo, para que seja remédio saudável ao gênero humano. Concedei que, pela invocação do vosso santo Nome, todos o que dela beberem recebam a saúde do corpo e a firmeza da alma. Por Cristo, nosso Senhor.

R. Amém.

Sim, assim seja! Queira Deus que os cristãos não-abstêmios possam realmente degustar a cerveja como um dom de Deus, em vez de fazer dela um instrumento para a sua degradação e embriaguez. Saúde!

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