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Um terço dos professores da rede estadual do Paraná é temporário

Ana Lovejoy

Administrador
Quase um terço dos professores da rede estadual de ensino no Paraná está contratado em caráter temporário, via Processo Seletivo Simplificado (PSS). O porcentual (30%) é o triplo do recomendado pelo Parecer 09/2009 da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação.

O Paraná não é o único estado nesta situação. Santa Catarina e Espírito Santo, por exemplo, chegam a ter um quadro de temporários de 47% e 56%, respectivamente. Por outro lado, o Rio de Janeiro possui apenas 0,5%. De acordo com os especialistas, o porcentual alto de professores temporários pode afetar a qualidade da educação.

“Entendemos que para garantir a qualidade na educação é necessário um quadro permanente de pessoal efetivo concursado lotado na Secretaria de Educação, com plano de cargos e salários”, afirma o secretário de assuntos educacionais do Conselho Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo. Segundo ele, um quadro formado por um alto índice de temporários dificulta a formação continuada dos professores, já que o vínculo deles não supera dois anos. “Isso faz com que não se complete um ciclo de formação”, opina.

Para o coordenador do programa de pós-graduação em Educação na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o doutor em educação Ângelo Souza, os professores temporários não efetivam um vínculo com o sistema e com a escola. “Eles são ‘aulistas’, não têm condição ou disposição para se envolver na elaboração de diagnósticos e nas relações comunitárias. Isso causa danos”, diz.

Ontem o Tribunal de Contas do Paraná julgaria o Processo 566.178/09, que questiona a forma de contratação de professores da rede pública estadual. Mas o conselheiro Caio Márcio Nogueira pediu vistas, adiando o voto do relator do processo, o conselheiro Ivens Zschoerper Linhares. Com isso, o projeto só deve voltar à pauta de votação daqui a quatro sessões.

Promessa

O vice-governador eleito e futuro secretário da Educação do Paraná, Flávio Arns, diz que o PSS só deve ser usado quando há necessidade e promete ampliar o quadro de docentes de carreira, reduzindo o número de temporários. “Para o ano que vem existe a indicação de contratação de cerca de 30 mil professores temporários. É um número alto e mostra que é necessário ter um quadro de servidores mais equilibrado, com mais contratações fixas. Para isso vamos fazer chamamentos de remanescentes do concurso de 2007 e, se for necessário, realizar mais concursos”, afirma.

Já a atual secretária de estado da Educação, Yvelise de Souza Arco-Verde, ressalta que a demanda pela ampliação do acesso à escola e as legislações fiscais tornam difícil a composição de um quadro mais equilibrado. Yvelise, que também preside o Conselho Nacional de Secretários de Estado da Educação (Consed), afirma que o Paraná e outros estados sofrem com este dilema. “Há oito anos tínhamos mais da metade do quadro de professores e funcionários da secretaria com contratos temporários. Fizemos concursos e contratações e avançamos. Mas os concursos não são relâmpagos. É preciso uma política que garanta a continuidade”, esclarece.

Ontem, o governo do estado se comprometeu a nomear 2,4 mil concursados que foram aptos em exame médico, durante reunião com representantes dos professores. O secretário de Controle Interno, Cícero Gonçalves de Oliveira, que presidiu a reunião, informou que um edital de chamamento de 5.117 agentes educacionais será publicado até o dia 19 de novembro.

Contratados em setembro ainda não receberam

Aproximadamente 500 professores da rede estadual de ensino participaram de uma manifestação em frente ao Palácio das Araucárias, no Centro Cívico, ontem. A mobilização começou por volta das 9 horas e se estendeu até as 16 horas. O ato visava chamar atenção para o fato de que 2,9 mil professores temporários, contratados via Processo Seletivo Simplificado (PSS), no final de setembro, estão sem receber salários até o momento. Com a mobilização, o governo prometeu fazer os pagamentos por meio de uma folha suplementar até dia 17 de novembro.

De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (Seed), o número de licenças concedidas, aposentadorias e exonerações teria extrapolado as previsões de afastamento. Atualmente são 20 mil servidores licenciados. Isso teria motivado um “replanejamento orçamentário e financeiro que ocasionou a não inclusão na folha de pagamento dos profissionais contratados pelo Processo de Seleção Simplificado (PSS) para o mês de outubro”.

“As contas estão atrasadas e estou tendo de emprestar dinheiro. Nós não trabalhamos só por hobby. Esse descaso mostra o papel que é renegado à educação. Só não desisti, ainda, porque essa é a profissão que eu escolhi”, afirma a professora de História contratada por PSS, Dayane Rúbila Lobo Hessmann, 23 anos.

Segundo a presidente da entidade que representa os profissionais em educação no Paraná (APP-Sindicato), Marlei Fernandes de Carvalho, 70% da pauta de reivindicações foi atendida ontem pelo governo do estado, com a promessa de pagamentos dos professores temporários que estão com o salário em atraso e com a nomeação e a convocação de profissionais concursados. De acordo com ela, o único ponto que ficou de fora foi o referente ao atraso no pagamento de promoções e progressões de professores efetivos. O montante de R$ 16 milhões atingiria cerca de 15 mil professores e funcionários efetivos. A negociação deste ponto ficou para o dia 25 de novembro, segundo o sindicato.

Fonte: RPC

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Dia desses no tópico sobre ensino obrigatório de LEM eu comentei sobre isso, achei interessante compartilhar essa notícia para mostrar a realidade das escolas públicas aqui no Paraná.

O que mais me aborrece é conhecer pessoas que passaram em concurso para ser professor pelo estado e que AINDA NÃO FORAM CHAMADOS. como assim? é cômodo para o governo preencher vagas sem vínculo, ok, mas mais uma vez a comodidade falará mais alto do que o ensino de qualidade?
 
É um sofrimento gigante passar numa prova e não ser chamado. Principalmente quando o concurso passa da data de validade (sem prorrogação de prazo) e todo mundo perde.

Concurso público no Brasil é uma indústria frouxa e sem vontade. As provas são de má qualidade, sem segurança, os editais têm furos, a fiscalização nas empresas que aplicam é pequena e o governo faz de tudo para não ter que abrir vagas.

Reflete muito o estado da educação no país. Prover educação de fachada é algo que vem se tornando um mal hábito até em países avançados.

No Japão as escolas das classes trabalhadoras têm uma defasagem em relação as escolas dos alunos carreiristas. Como se estas escolas tivessem desistido dos alunos antes mesmo de eles perceberem que gostam de estudar.

Em uma entrevista em um artigo do site japanfocus uma aluna respondeu que saiu da escola e foi trabalhar como "host" e que na época da escola sabia que gostava de estudar mas que saiu sem saber o porquê de terem visto aquilo tudo. Como se saíssem da escola sem ter o valor prático do conhecimento. (The Making of Japan's New Working Class: "Freeters" and the Progression From Middle School to the Labor Market)

Em uma outra reportagem li uma crítica sobre como os pesquisadores brasileiros andam se doutorando antes de adquirirem valor prático da profissão. Apenas para cobrir buracos. E essa lacuna de tempo é tão preciosa que se reflete nos alunos que acabam por não levar muita coisa da aula com o professor da faculdade.

Se na faculdade está assim, então as escolas básicas estão abandonadas. Para um aluno que cresce numa vizinhança e "todo mundo põe a mão" na sala de aula acabamos por perder a visão ampla de um profissional que via de regra estaria ali a tempos e que seria o único que poderia dizer com propriedade as falhas de sua região.
 
Ana,

essa prática não acontece só no Paraná, aqui em Minas muitos professores são designados por contratos temporários.

O pior disso tudo é que o Estado abre concurso público mas nem 20% dos aprovados são realmente efetivados no cargo.

Isso gera uma precariedade no ensino e desmotivo geral pois muitos contratados não possuem os mesmos direitos dos efetivos como biênio, quinquênio, férias prêmio e outros benefícios.

E olha que em Minas o último governo é do PSDB e o atual também e nunca esses caras fazem nada sério pelo ensino.

Não é interesse das elites (principalmente do DEM e PSDB) que as pessoas sejam muito bem educadas, preparadas com senso crítico na vida.
 
Eu não posso dizer porque, mas eu tenho vasta experiência no assunto. Infelizmente nem tudo é problema de governo...

A maior parte dos temporários está lá pra, nesta ordem:
* preencher vagas em escolas lá no c* do judas, onde ninguém quer ficar
* preencher vagas em escolas onde é perigoso demais dar aulas
* preencher vagas para professores afastados (licença maternidade, afastamento de função)
* preencher vagas em matérias que ninguém que dar aulas no estado - por exemplo química e física
* e, por último e mais revoltante, ajudar a cumprir as metas de gastos com educação.


Normalmente quem fica na lista de espera sem ser chamado é por ser de matéria com maior concorrência, em núcleo regional com maior concorrência. Normalmente.
 

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