Matheus Spier
Usuário
Olá.
Li um poema de um dos membros do fórum, Cerberus, e gostei muito dele; eis o poema:
"Que mais fazer, se é noite, e chove, e venta,
senão beber, ao pé do fogo, o vinho,
para aquecer-nos e esquecer-nos lenta
e amargamente um fado tão mesquinho?
Enchei-me a taça e a boca, moças; vinde
provar destas efêmeras delícias:
o álcool e os beijos que vos dou. Um brinde
ao livre amor! O mais são só malícias…
Se a árvore é já torta da família,
murchemo-la de vez, de vinho; e os ramos
cortemos fracos, hoje, de vigília,
antes de o fruto podre vir. Bebamos!
Hei de ir-me co’o crepúsculo e, vampiro,
sem sol morrer, se o sangue meu prefiro.
Calib, 22 abril de 2008"
Pois bem, ao ler esse poema lembrei de um soneto que escrevi certa vez, também relacionado a uma noite onde "chove" e "venta". Eis o poeminha:
Noites por velho inverno violadas
Sangram virginais chuvas, choram gelo,
Despertam poluídas por seu selo:
A brilhante saliva das geadas.
Treme o ancião, frágil qual faísca;
Mendigos fervem sopa nas fogueiras;
Gatos trocam os céus pelas lareiras;
Uivam árvores que o vento belisca:
Eis o mundo que o frio lá fora pinta,
Mas não nos fere seu reino cruel.
Beijam-se nossas peles, frutam mel:
Suor é neste leito a nossa tinta.
Veria amor, se fosse passarinho,
Nos nossos lençóis palha pra seu ninho.
Não é um dos sonetos que mais me deixam orgulhoso, mas mesmo assim gosto muito dele, pois nada é melhor do que estar agarradinho com uma menina bonita, embaixo das cobertas, enquanto lá fora o tempo se desintegra em geada, chuva e vento.
Abraço para todos.
Matheus:traça:
Li um poema de um dos membros do fórum, Cerberus, e gostei muito dele; eis o poema:
"Que mais fazer, se é noite, e chove, e venta,
senão beber, ao pé do fogo, o vinho,
para aquecer-nos e esquecer-nos lenta
e amargamente um fado tão mesquinho?
Enchei-me a taça e a boca, moças; vinde
provar destas efêmeras delícias:
o álcool e os beijos que vos dou. Um brinde
ao livre amor! O mais são só malícias…
Se a árvore é já torta da família,
murchemo-la de vez, de vinho; e os ramos
cortemos fracos, hoje, de vigília,
antes de o fruto podre vir. Bebamos!
Hei de ir-me co’o crepúsculo e, vampiro,
sem sol morrer, se o sangue meu prefiro.
Calib, 22 abril de 2008"
Pois bem, ao ler esse poema lembrei de um soneto que escrevi certa vez, também relacionado a uma noite onde "chove" e "venta". Eis o poeminha:
Noites por velho inverno violadas
Sangram virginais chuvas, choram gelo,
Despertam poluídas por seu selo:
A brilhante saliva das geadas.
Treme o ancião, frágil qual faísca;
Mendigos fervem sopa nas fogueiras;
Gatos trocam os céus pelas lareiras;
Uivam árvores que o vento belisca:
Eis o mundo que o frio lá fora pinta,
Mas não nos fere seu reino cruel.
Beijam-se nossas peles, frutam mel:
Suor é neste leito a nossa tinta.
Veria amor, se fosse passarinho,
Nos nossos lençóis palha pra seu ninho.
Não é um dos sonetos que mais me deixam orgulhoso, mas mesmo assim gosto muito dele, pois nada é melhor do que estar agarradinho com uma menina bonita, embaixo das cobertas, enquanto lá fora o tempo se desintegra em geada, chuva e vento.
Abraço para todos.
Matheus:traça: