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Um clássico, um café e um papo

Ele não é muito lembrado em conversas sobre autores nacionais, o que é um pecado: João Cabral de Melo Neto.


Alguém Gosta?!

Eu só li Morte e Vida Severina. Adoro.

Meu primeiro contato foi com essa história foi com o especial da Globo de 1981. Do especial, minha memória mais forte é Elba Ramalho cantando os versos da rezadeira. Maravilhoso.

Só depois eu fui ler, e reler várias vezes.
 
Eu simplesmente ADORO esse poema.
Acho incrível a atmosfera que ele nos transmite em cada detalhe; a facilidade com que vc vê a realidade que João Cabral descreve: é como se vc estivesse ali, acompanhando a saga daquele 'Severino'.


O conheci quando uma professora minha resolveu trabalhar em sala de aula sobre os motivos que levavam nordestinos irem para outras partes do país à procura de uma vida melhor/ menos pior. Foi amor a primeira vista: esse poema, pra mim, é um dos grandes escritos da literatura brasileira, e não deveria ser esquecido nunca!
 
Turgon disse:
Macunaína é outro livro do qual tive que ler para fazer o vestibular.

É muito boa a leitura do livro. Gostei bastante da história. No começo eu achei meio chatinho, pensei que iriam ficar contando apenas de sua vida na floresta, mas depois ganhou um outro ar.

O começo do livro é bem legal, com aquele ar mitologico, de uma grande história e um grande nascimento que está para acontecer, mas que no final meio que você dá risada.
Macunaíma é genial de tantas maneiras, que fica até difícil falar um pouco mais sobre ele. O grande malandro da Literatura Brasileira é o Leonardo Pataca, em Memórias de Um Sargento de Milícias. Brás Cubas também é um malando, um malandro Burguês. E Macunaíma, nosso querido anti-herói? Libidinoso, individualista, egoísta, amoral...

Eu gosto, bastante, da Carta de Encaminhabas. Acho que eu escreveria uma Tese de Doutorado sobre ela. :lol: A parte óbvia, que ela é uma paródia da carta escrita ao Rei Dom Manuel, é ok. Mas eu gosto de ver a carta como uma maneira de recuperar algo precioso que foi perdido. A pedra foi perdida. Ela é aquela que detém a cultura. Perdendo-se essa pedra, ironicamente, Mario de Andrade nos leva a entender que Macunaíma se apropria de outra preciosidade: a linguagem. O preciosismo da Linguagem. A perda da pedra é a perda de uma identidade.


Senhora da Magia disse:
Crime e Castigo do Dostoiévski foi um dos muitos livros que comecei a ler e não terminei. Achei a escrita pesada, arrastada, não me acrescentava em nada. Mas a história sempre me deixava curiosa.

O Apanhador no Campo de Centeio do J. D. Salinger, também foi outro livro que não terminei de ler, a história sempre me chamou atenção desde quando tinha 16 anos, a mesma idade do personagem do livro, resolvi ler a pouco tempo, mas por um motivo ou outro acabei não terminando. Mas acredito que esse livro vale a pena ler. Não sei se é um clássico, o curioso é que assassino de John Lennon tinha tirado inspiração do livro pra cometer o crime. O conteúdo do livro parecia forte, ainda mais com uma curiosidade dessa.

O Processo do Franz Kafka, esse eu terminei de ler, é o que posso considerar uma literatura absurda. O personagem passa a história toda tentando descobrir porque estava do que estava sendo acusado, e não descobre!! É um absurdo mesmo. Sem falar na ordem dos capítulos, parece que não tinha uma sequência correta. Uma confusão! Acredito que ele tenha tentado explicar como era a justiça na época (incomunicável).

Os sofrimentos do jovem Werther do Goethe, esse livro eu ganhei quando tinha doze anos. Ao ler o prefácio e descobrir que alguns jovens alemães com seus amores impossíveis ou coisa do gênero haviam cometido suicídio após ler a obra, resolvi deixar pra depois, achava que não tinha idade pra isso (maior comédia). Por fim quatro anos depois acabei lendo e adorando. A linguagem não era lá essas coisas, achei um pouco complicada, mas pela época que foi escrita era de se esperar. O jovem Werther vive um amor não correspondido, menino profundo, que por fim profundamente apaixonado acaba cometendo suicídio.

O legal, que mesmo não gostando de alguns clássicos que li e outros que nem terminei, eles deixaram impressões únicas.
Adorei a sua leitura das experiências de leitura dos clássicos abortadas . Eu acho que isto, aprender alguma lição com os livros que abandonamos, é importante. O que conta é nos sentimos bem com a decisão que tomamos. Por exemplo, por mais que, de alguma forma, Crime e Castigo te incomodasse, você não quis intensificar o incômodo até ler o desfecho da obra.

O apanhador no campo de centeio eu preciso reler. Preciso saber qual será o meu posicionamento diante dele nos dias de hoje, depois de já ter vivido mais, ter lido mais, ter amadurecido a minha visão sobre algumas coisas, etc. Mas não é uma releitura que esteja programada. Tenho a consciência de que ela acrescentará, mas sei que pode esperar.

E se você chega a dizer que um livro cuja leitura abandonou é um livro que ‘vale a pena ler’, é sinal de que você merece se dar uma segunda chance e tentar, mais uma vez, ler o livro, Senhora da Magia.

Eu tenho verdadeira paixão por O Processo. Esse livro me deixou doida. Eu ficava andando pela casa com o livro nas mãos. Eu pegava café. Eu fazia tudo, menos relaxar. É uma leitura tensa, uma vez que a obra é tão bem estruturada que o leitor acaba se sentindo o processado, ou, até, mesmo, o motivo pelo qual o protagonista está sendo processado.

Eu costumo apontar, debochadamente (claro), sobre os traços do estilo EMO em Os sofrimentos do jovem Werther. Meus alunos riam muito quando eu começava com minhas teses sobre o vanguardismo de Goethe acerca do MOVIMENTO EMO. Didática, pessoas, Didática.

Pim disse:
Romances mesmo eu não li mais nenhum, na época fiquei com receio de entrar de cara n'outro que não seria do meu agrado, e preferi esperar a maturidade. Desde então não tento ler Machado novamente mais por falta de oportunidade mesmo... Leio muitos livros técnicos que me tomam tempo, e os não técnicos vou lendo aos pouquinhos, 2 por vez, e tenho uma lista enorme de "próximas leituras".

Sobre contos, li não muito tempo atrás O Alienista e A Cartomante. Este achei meio wtf, e aquele me agradou, mas não tanto. Temo não ter pego o tom do Machado ainda...
Hum... vejamos, talvez você ainda não tenha sido apresentada adequadamente à escrita machadiana. Eu não sei se deveria (mas sou ATREVIDA!), e vou dar uns pitacos, mas não é coisa para você ler tipo AGORA-PRA ONTEM- JÁ É, sabe? É para ler quando sentir aquela vontade de começar de novo com Machado.

Tenho certeza (sim, certeza! ) de que você vai gostar, muito, do conto A Teoria do Medalhão, Pim. Se quiser se aventurar pelas passagens de Machado de Assis pelo Fantástico-terror-suspense-whatever, leia Os óculos de Pedro Antão. Se quer uma leitura despretensiosa, fique com o Apólogo, que, por mais ‘pequeno’ que seja, dá muito ‘pano para manga’. E, cá pra nós, acho que a leitura do tão falado A missa do Galo pode ser uma boa pedida.

Se (SE!) um dia, você sentir o desejo de ler Dom Casmurro, tem um trequinho que eu acho que pode ajudar não somente a você, mas a qualquer pessoa que se interessar em ler esta obra. Não no sentido de ‘oh! Ta dizendo que eu não consigo entender Dom Casmurro, sua arrogantezinha?’, mas no sentido de acrescentar às discussões, de te apontar novos direcionamentos de interpretações.

Dez “dicas” para se ler Dom Casmurro (Ivan Teixeira)


1- A narrativa é centrada na primeira pessoa, feita em flashback.
2- O romance apresenta uma dimensão metalinguística.
3- O ponto de vista é de Bento Santiago, advogado, que se põe na velhice a retratar o passado distante.
4- O principal intertexto é Otelo, de Shakespeare.
5- O narrador pretende atar as duas pontas da vida, para isso, reconstrói, no Engenho Novo, a casa em que viveu na adolescência, na rua de Mata Cavalos.
6- O narrador irá julgar-se vítima da crueldade da vida e da ação corrosiva do tempo. Escreve o livro para negar a sua própria felicidade.
7- A narrativa de Bento Santiago funciona como uma catarse ou mesmo como uma maneira de exorcizar os demônios do passado e demonstrar, definitivamente, que não errou ao expulsar a mulher de casa e negar a paternidade do filho.
8- Só conhecemos as personagens por meio de Bento Santiago: todas estão mortas quando ele se propõe a escrever.
9- A narrativa acaba sendo uma justificativa para o próprio narrador.
10- O romance, enfim, revela a dúvida entre o que conhecemos das pessoas e aquilo que elas realmente são.

Sua experiência com Machado não começou da melhor forma. Eu sou, assumidamente fã do Machado, mas não subo no pedestal para dizer que Machado é OBRIGATÓRIO! WTF? O professor é que precisa querer partilhar com o aluno o fascínio da leitura, não impor-lhe a obrigatoriedade dela.

Fernanda disse:
Eu tenho dificuldade com Machado de Assis. Li Dom Casmurro, me apaixonei pelo livro e fui ler Memórias Póstumas por exigência da escola e simplesmente não foi impossível. Detestei cada linha. Um processo idêntico aconteceu com os livros de José de Alencar. Adorei Lucíola e odiei Iracema. O resultado disso é que fiquei com preguiça de Machado de Assis e de José de Alencar.

Meu pai era fã dos contos do Machado, então eu comprei justamente os contos para ver se eu entro em sintonia com ele, mas José de Alencar e aquele indianismo romântico todo, ainda continua me dando muita preguiça.
Isso, tente os contos. Se gostar de crônicas, tente, também. Sou suspeita para falar sobre o Machado cronista (ok, sou suspeita para falar sobre o Machado de modo geral), porque acho que a acidez machadiana e o gênero crônica formam um casal ímpar.

Sei que você não gostou de Memórias Póstumas, mas sou como Bentinho, que fico repetindo as coisas à exaustão. Então... texto meu lá no blog do Meia Palavra sobre Memórias Póstumas:
Do amor ao bolor: uma breve reflexão sobre Memórias Póstumas de Brás Cubas

Arwen Undomiel Evenstar disse:
Ele não é muito lembrado em conversas sobre autores nacionais, o que é um pecado: João Cabral de Melo Neto.


Alguém Gosta?!
João Cabral de Melo Neto é, simplesmente, o meu poeta preferido. Como, por hoje, já falei demais, outro dia, faço um post sobre ele.

Enfim, perdoem os meus excessos, pessoas, mas essa lua, mas esse conhaque deixam a gente comovido como o diabo.
 
Nunca li Machado de Assis, ano retrasado o meu professor de português mandou a turma ler O Alienista mas nem comprei o livro, já que falavam mal do Machado de Assis para mim e também sabia que podia tirar total no trabalho sem ler o livro, a mesma coisa aconteceu com Morte e Vida Severina mas lendo agora esses comentários vou ler alguma coisa dele logo após acabar a leitura do Ulisses do James Joyce.
 
Adorei o tópico Melian! :obiggraz:

Desde que me entendo por gente sou meio traça de livros, então, quando a lista de livros recomendados para leitura nos foi entregue no Ensino Médio, a professora passou uma lista imensa e pediu-nos que escolhêssemos dois livros para serem lidos. Bem, eu li quase todos os livros da lista, foi nessa época que conheci Machado de Assis, José de Alencar entre outros grandes escritores da literatura brasileira e adorei! Mesmo o tom piegas de Alencar me cativou, ainda que o meu livro favorito dele seja aquele em que ele mais deixou esse tom de lado (Lucíola), também foi nessa época que o Machado se tornou um dos meus escritores favoritos, sempre digo e repito eu simplesmente adoro a ironia que ele imprime em seus personagens!

rsrsrs
É nesse caso que ele realmente cativa. A ironia, a crítica absurda a tudo que a sociedade da época impõe, e incrivelemten, um modo que quando toda a escrita parece um deserto de infidavéis palavras dificílimas, a vontade de ler não diminui, mas aumenta, tanto que ficar com um dicionário ao lado se tornou automático quando pego algum dos seus livros.
Amei Memórias póstuams de Bras Cubas ,e depois li, O Alienísta, e a Mão e a Luva.
A mão e a luva, bem, romance, e tals, mamão com açucar.Mas não menos interessante.

A inspiração para este tópico surgiu de uma descontraída conversa entre o Éomer, a Arringa Hrívë e eu, no tópico Censo Valinor 2010. Começamos, de forma leve, a falar sobre alguns escritores clássicos da Literatura: James Joyce, Homero e Machado de Assis.

A proposta do tópico é falarmos, de maneira bem informal, por meio de uma escrita automática (termo que peguei emprestado dos surrealistas), nossas impressões sobre os clássicos, nossas dificuldades, nossas curiosidades, entre outros.

É um lugar para falarmos coisas que, em outros tópicos, talvez fossem consideradas HERESIAS (sim, pessoas, vocês podem dizer que odiavam Machado de Assis. Nem amaldiçoarei a família de vocês Haha), mas que, aqui, ganharão o status de algo que se diz em um bate-papo enquanto se bebe um bom café (para quem não bebe café, pode ser chá, para quem não bebe chá, pode ser suco, para quem não bebe suco... ah! Vai beber água, vai!).

Não gosta dos clássicos por que não sabe por qual começar? Peça sugestões. Não gosta de um livro clássico por que não entendeu? Fale o quê não entendeu, talvez alguém aqui possa te ajudar. Não gosta de um livro clássico por que não leu? Olha, quer um resuminho? :lol: Não gosta de um livro clássico por que não gostou da estética? Pode falar, ninguém vai te julgar.

Falemos sobre nossa primeira vez com a leitura de clássicos. Falemos sobre termos abandonado a leitura dos clássicos por dificuldades com a linguagem, falemos sobre os clássicos abandonados (e nunca mais retomados, que nos assombram!), entre outros.

Para começar, vou quotar o último post da Arringa, no Censo Valinor 2010, respondendo o que achou da Leitura de Machado de Assis:



Eu amo Machado de Assis. Ele é (ao lado do Rosa), meu escritor preferido. E amo, ainda mais, quando consigo convencer alguém a ler Machado e perder o medo que fazia com que esse alguém se escondesse embaixo da mesa só de ouvir o nome "Machado de Assis". Medo que, muitas vezes, é resultado da forma pela qual os clássicos são apresentados (cobrados!) na escola.


Vocês, aí, cheguem mais! Escolham um livro clássico, peguem um café, e vamos bater um papo.

kkkkkkkkkkkkkkk
Eu nem sabia que tinha participado da inspiração, se não, já estaria aqui anbtes, até porque, hoje que descobri este tópico.
Ótima iniciativa Melian ^^
:abraco:

Continuo na minha missão de fazer os outros perderem o trauma "Machado de Assis" e literatura Nacional na minha escola. :obiggraz:
 
Por que um dos tópicos mais aconchegantes do Literatura foi tão esquecido, hein? Voltem, aqui, pessoas. Bora conversar sobre os clássicos.
 
E não é?
Estamos todos com espírito de ressuscitar os mortos... :lol:

Tudo bem, estou com meu café, já tenho o clássico que quero discutir, vamos ao Papo.
Li recentemente muitos livros clássicos, confesso que Melian é culpadíssima nessa questão. Ela dá dicas como que respirando...
Isso meio que me desafia sabe, e involuntariamente fixo o título na mente, não preciso de lista e tals. O que é novidade.
Chego na biblioteca e inconscientemente me vejo catando um livro que ela falou, assim, só por falar. :roll:
Esquecendo a Melian e a Manipulação inconsciente dela na minha consciência.

Gostei muito de ler "Olhai os Lírios do campo" de Erico Veríssimo.
Fez uma mescla de crítica a sociedade e reflexão interior. E muito sútil os ideias de filósofos que ele pôs no livro, Hobbies é visível, Platão, Sócrates e etc.
Amo isso, de paixão!
E essa característica dos clássicos em analisar a sua época. Estou comentando, mas sou uma pessoa consideravelmente leiga para falar de clássicos! ^^
Eu não sei se eu que escolho os livros atuais errados, mas não vejo essa característica crítica nos livros de anos para cá. Não tem essa preocupação em aprender com o passado mas pensar no FUTURO.
Não é porque leio mais fantasia, considerando Tolkien, é fantasia e para mim, tem muito essa imagem, Lewis também, só estão bem entrelaçados aos fatos das estórias, mas estão ali.
 
Eu li "Olhai os lírios do campo" para a faculdade e sei que foi num momento errado. Estava com muitas leituras acumuladas e acabei não aproveitando muito. No começo devorei as páginas e depois fui me arrastando, alternando com outras leituras que precisava fazer. O resultado é que acabei não gostando muito. Pretendo pegar o livro novamente quando estiver de férias e apreciá-lo melhor. :yep:

E essa característica dos clássicos em analisar a sua época. Estou comentando, mas sou uma pessoa consideravelmente leiga para falar de clássicos! ^^
Eu não sei se eu que escolho os livros atuais errados, mas não vejo essa característica crítica nos livros de anos para cá. Não tem essa preocupação em aprender com o passado mas pensar no FUTURO.

Também não consigo me lembrar de nenhum autor que faça esse processo nos dias de hoje, mas tenho lido pouca coisa atual além de séries de fantasia.:hihihi:
Um clássico de literatura brasileira que li há pouco tempo e que me agradou bastante foi "Triste fim de Policarpo Quaresma" do Lima Barreto. O livro questiona a identidade do Brasil, a questão de que tudo em nossa cultura parece ter sido importada e que a ideia nacionalista que nos é vendida é uma mentira. A sensibilidade do autor me agradou e me fez muitas vezes ficar comovida pelo personagem central.
Outro livro que me marcou foi "Vidas secas" de Graciliano Ramos. Muito mais do que um retrato da seca no nordeste, o livro desvenda a alma humana por meio do sertanejo Fabiano e descobrimos que a vida seca do título não se refere ao clima severo, mas à privação de muitas outras coisas necessárias ao homem.
 
Bom, se é pra conversar e nos expor sem sermos julgados... :D


Eu tenho certo probleminha às vezes de acompanhar algum livro que seja um tanto grande, sabe? Por mais que a leitura seja boa, dependendo de como estou me sentindo no momento acabo arrastando =/

Aconteceu um pouco assim com O continente, do Erico Veríssimo. Por mais estivesse muito bom acompanhar as vidas daqueles personagens, eu fiquei um tempão sem ler o livro desde que tinha deixado temporariamente de lado... Pra me entender um pouquinho mais nisso: quando estou querendo muito fugir da realidade, quando está muito chata a rotina, aí é que eu leio com mais vigor, hehe Aí com esse livro aconteceu basicamente isso: eu estava num dia anterior de uma prova de física( Ensino mérdio é uma droga:lol:) e vi o livro ali na estante, que eu já queria ler há um tempinho... comecei a ler, deixando de lado o livro didático, e avancei rapidamente os dois primeiros capítulos da história, hehe. Mas, nos dias posteriores, fui decaindo no ritmo e tal. E só voltei a ler no meio desse ano :dente:
Mas gostei muito, é só que eu sou idiotinha mesmo. Um tempão depois e eu não esqueci D. Bibiana, prática, sincera e direta, a personagem que mais me cativou - apesar de ter na obra uns tantos outros personagens de peso lá - Ana Terra, Cap. Rodrigo, Dr. Karl Winter(esse então!) :D


E agora, para algo completamente diferente...

Apesar de ter amado Macunaíma(isso pode-se verificar no meu rank :D), não fui muito com a cara de Amor, verbo intransitivo, do mesmo autor... Acho que não gostei pq, diferente daquele, esse é muito esparso, o narrador vai falando de tantas coisas ao mesmo tempo, faz crítica, blague, foge tanto dos personagens e da história em si, que não me cativou - uma coisa que eu penso é que o Mário devia estar assanhado com a idéia de criar seu próprio romance modernista que se empolgou demais, HAHAHAHAHAHAHAHAHA... Assim, acho tbm pq fui com a expectativa de ler algo como Macunaíma(que mesmo sendo todo fantasioso e sem seguir muito uma cronologia - e por isso mesmo que encanta - segue sempre de perto o anti-herói, contando seus causos etc)...

Gostei desse tópico, bons papos ^^
 
Última edição:
Vou falar de Machado um pouco.

Tenho uma pré-história com Machado de Assis, era um conto chamado 'Igreja do diabo' que nem lembro mais do que se trata e que li aos 8, 9 anos de idade. Não entendi bulhufas. Quando cheguei no ensino médio porém e começou todo aquele hype em torno da literatura eu ainda não tinha lido. Na verdade só peguei Dom Casmurro pra ler quando já estava aqui no fórum, e por influência da Melian, que não parava de tagarelar por conta de uma edição especial comemorativa, ou algo do tipo, que tinha ganhado. Peguei e li.

Já experimentado de ler livros de filosofia não estranhei tanto a linguagem do Bruxo nem o contexto histórico, social etc, a minha dificuldade foi ter aquele visão de conjunto. Aliás, tenho dificuldade com essa 'visão de conjunto', do 'todo', alguns livros me pegam nisso, outros me escapam. E Dom Casmurro me escapou por um bom tempo. Percebi sim a ligação com Otelo, mas o tema era só um detalhe, a vida de Bentinho passava como um filme na minha cabeça, me identifiquei com o amor de infância, a vida no seminário (só que era uma vida que eu ansiava, diferente de Bentinho, embora eu o perdoasse porque por amor a gente perdoa tudo), e... Capitu. Capitu foi uma personagem complicada, dissimulada e doce, amorosa e distante, desejada e odiada, tão presente e tão longe. Eram uns contrários complicados, mas aprendi a me apaixonar por ela. Mas aí veio o desfecho, aquelas cenas tristes, as atitudes INCOMPREENSÍVEIS do Bentinho, e aí foi intuir como se ata as 'duas pontas da vida'. Terminei abatido o livro.

Coisa muito diferente foi ler Memórias Póstumas de Brás Cubas, o melhor livro que já li, não canso de repetir. Algumas pessoas falaram que não gostaram do tom pessimista e, bom... Brás era incorrigível e era como se ele vivesse correndo em direção ao nada, virando as costas ao que era de fato importante e só satisfazendo seus apetites, mas... depois de Dostoievski, meu filho, depois de Notas do subsolo, nada mais me abala psicologicamente na literatura. Então o pessimismo não me incomodava, até era bem-vindo na época. O que me incomodava mesmo... era o Brás, era o cinismo dele, era o conjunto de situações em que conviviam o otimismo em que ele parecia caminhar nos seus sonhos e as contínuas quedas de caráter, as indecências, as imoralidadezinhas, a canalhice diluída aqui e ali, e tantos outros pequenos canalhas envoltos na trama e aquele amor tão verdadeiro, tão forte, mas tão nojento, egoísta, canalha! Então eu não via uma sucessão de canalhices disparatadas, mas uma história coesa quanto à unidade do destino humano pela desconfiança na natureza humana, pela traição, pela falta de caráter. Foi uma leitura muito difícil, rápida e espontânea, até fácil de digerir mas foi difícil administrar as mudanças no meu espírito, as pequenas angústias que se acumulavam. Lembro de ler na saída da igreja, enquanto caminhava pelo calçadão da praia do Gonzaga, em Santos, e como aquela paisagem se mesclava, na minha imaginação, com a casa escondida de Brás e de Virgília. E era uma sensação doce, tristemente doce...

Outra surpresa foi Quincas Borba. Quincas já tinha aparecido no Brás e a filosofia dele ali era algo já velho e mofado com ares de novidade, era na verdade a representação de toda intelectualidade moderna, a recuperação das indagações e temas dos antigos enfiados em um sentido aparentemente novo, mas no fundo era só mais uma nova loucura moderna, mais uma moda disfarçada de arte oculta, 'mais-do-mesmo-que-se-apequena-ao-se-fazer-grande'. Assim era o Quincas. E aí vem Rubião, Rubião e o cão Quincas, Rubião e a paixão ardente por uma dona, uma dona que afinal não é muito diferente dele, sonha em sair um pouco do mundo em que vive. Uma é uma apóstola da frivolidade dos vários sensualismos, o outro, igualmente, com a diferença que Rubião é um pobre coitado, rico mas desajustado, amante mas preterido, cercado de atenções e novas experiências, no entanto, incapaz de se desligar da sua obsessão. A dona já não é nada desajustada, ela só quer que seu mundo bem ordenado e ajustado lhe ofereça algo de novo, um prazer diferente. E nesses desencontros emocionais, nessas trocas de danças, olhares e pseudo-sentimentos, acompanha-se a lenta e gradual degradação da mente humana. Talvez seja o livro mais triste de Machado, porque não apresenta tragédias, nem canalhices, nem erros de cálculo, é apenas a lenta loucura que se apossa do homem e o reduz a nada, a uma coisa bestial, triste. Lembro que chorei com o final. De pena, um pouco de mim mesmo pelas minhas esperanças de algo diferente, pela cegueira em não ver que isso estava ali, implícito, como está implícito na nossa vida o tempo inteiro, o risco de escorregar e ver o mundo cair ao nosso redor.

Ressurreição foi uma surpresa. Lembrava um romantismo pré-machadiano, e era basicamente um romance curto que meio que prefigurava Dom Casmurro, mas mais simples. Nem por isso era menos difícil de lidar. Com Bentinho sempre havia ciúme mas parece que as coisas se deram mais repentinamente. Com Félix, não é muito repentino, é algo que vai se delineando mais claramente e termina como se suspeita. Como é de praxe, termina em tristeza, mas uma tristeza boa, uma consolação.

Vem agora Memorial de Aires. Foi um soco na cara, porque veio logo após 'Memórias' na primeira vez que li. E era um romance epistolar, o que me deliciava por causa dos 'Sofrimentos de Jovem Werther' (sim, sou emo, Melian :disgusti: ), que amo de paixão. Mas o 'Memorial' era uma leitura muito menos apaixonada, é uma leitura tranquila, episódica, de um clima, uma atmosfera nada melancólica mas muito nostálgica, quase como se aquela Praia do Flamengo fosse uma extensão da minha casa. Vamos aos episódios. O amor celebrado ali era uma questão de destino, os acontecimentos, fortuitos, as ocasiões, enfim, tudo ocorria sem razão aparente, eram fruto do acaso e sem a mínima sensação de estarmos sendo levados no bico pelo autor, mas era como se estivéssemos lidando com uma história real, com episódios verídicos de tão verossímeis, e isso encantava, levava quele meu desejo de realidade a um nível muito próximo e quase como não desejava que acabasse ao mesmo tempo que queria saber o desfecho. E entre tantas despedidas e partidas, terminei o livro como havia começado e como o li o tempo todo, com uma serenidade, uma paz e tranquilidade que veio a casar com o clima oposto de desespero existencial do 'Memórias', não como um mero consolo mas como uma união de opostos, de princípios da existência, a finitude que exaspera e que leva à canalhice extrema e constante na juventude contra a maturidade de Aires, que une as duas pontas da vida, mas não artificialmente como Bentinho, une de forma orgânica, pela sua maturidade a juventude cheia de possibilidades e erros com um fim, um resto de vida que permite recapitular tudo em uma existência madura, serena, o verdadeiro ideal não isento de paixões mas pleno de sabedoria, saturado de plenitude.
 
Última edição:
Se fosse criar este tópico nos dias de hoje, acho que o título seria "Um clássico, um leito de soja, e um papo". Ou seja, seria um péssimo título.
 
Se fosse criar este tópico nos dias de hoje, acho que o título seria "Um clássico, um leito de soja, e um papo". Ou seja, seria um péssimo título.

Olha, se a intenção fosse chamar pessoas, soja teria o efeito contrário.
Por isso, café (sem piadas) seu lindo, vem cá... :amor:
 
Drawing Love GIF by Ai and Aiko

Lose My Mind Cartoon GIF by Raye Rodriguez
 
Interessante, não sabia da premissa deste tópico...

Acho que vou começar dizendo que dragões de eter é um clássico dos dias modernos :lol:

Enfim, claro que não acho isso, mas eu continuo gostando da forma como ele pegou uma série de elementos, no es e etc, presentes na cultura pop ou aspectos da nossa vida e misturou com contos de fada numa salada, aparentemente sem se preocupar se soaria bem ou não algumas coisas.

isso que me agrada lendo as histórias dele, enfim...
 

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