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'UCI' Interrompe 'O Senhor dos Anéis'

esse testo de Kleber Mendonça Filho diz respeito aos absurdos intervalos que estão sendo feitos nas salas de projeção em todo país, a pergunta é o que a UCI pretende exatamente com isso?

Antigamente, clássicos de longa duração como Os Dez Mandamentos, Ben Hur e Dr. Zhivago eram apresentados com intervalos meticulosamente preparados pelos realizadores. Numa seqüência conclusiva, a tela escurecia e entrava a música do filme com a palavra INTERMISSION sobre alguma bela imagem congelada, projetada durante 10 minutos. Interrupção perfeita que visava o descanso e, claro, a venda de bebidas, doces e pipocas. Lawrence da Arábia, de David Lean, foi o último filme exibido no Brasil com esse tipo de intervalo, em 1991. Agora, a novidade é uma interrupção rude de O Senhor dos Anéis, que a UCI está brecando aos 50 minutos de projeção gerando discussão junto ao público. No Recife, onde a empresa opera dois multiplexes com total de 18 salas, as reações têm sido variadas. A novidade também aflige espectadores do Rio, Bahia, Paraná e São Paulo, onde a empresa também opera.A diferença entre os intervalos de antigamente (que podem ser observados hoje nas versões dos filmes citados em VHS e DVD), e esse de O Senhor dos Anéis, é o aparente descuido com o produto, o próprio filme. A UCI pára o filme com um aviso mudo precário, cortando a tensão e narrativa. Se era para parar O Senhor dos Anéis, certamente não seria ali, aos 50 minutos de um filme que tem três horas. Depois do intervalo, leva ainda um tempo para que o público se aquiete nas cadeiras.A reportagem entrou em contato com a Warner em São Paulo, distribuidora de O Senhor dos Anéis, e a gerente de vendas Sheila Souza informou que eles não têm como se opor à idéia do intervalo. "O exibidor faz o que ele achar que é melhor para o produto", disse.Segundo o departamento de marketing da United Cinemas International - UCI, "o intervalo está em caráter experimental" e a opinião do público será levada em consideração. Eles disponibilizam o e-mail faleconosco@ucicinemas.com como canal aberto de comunicação. Um aviso do lado de fora das salas explica que haverá intervalo para maior conforto do espectador.Sabe-se, no entanto, que esse conforto pode estar intimamente associado à venda dos combos de pipoca e refrigerante por parte da UCI. Os combos representam uma parcela substancial da receita de um exibidor. Não é por acaso que trolleys carregados de pipoca e refrigerante já estão a postos toda vez que O Senhor dos Anéis é interrompido nos multiplexes Recife e Tacaruna.Diferente dos filmes, cujas rendas são repartidas com os distribuidores, o lucro da venda de comida nos multiplexes fica com as próprias empresas exibidoras. Portanto, a chance de vender pipoca durante um filme de três horas é mesmo confortável para a empresa, não importando exatamente se o filme será, ou não, prejudicado, ou como exatamente será feita a interrupção. Difícil entender exatamente o que o público está achando sem uma pesquisa de campo, embora alguns tenham argumentado a favor lembrando que "a revista Veja aprovou", numa nota recente. A julgar por e-mails recebidos pela reportagem, os que gostam muito de cinema - os cinéfilos - geralmente repudiam a parada, e os que têm uma relação mais superficial com os filmes, têm aprovado."A parada é boa porque dá pra fumar e ir no banheiro", diz a bancária Salete Sarda, lembrando que "muita gente vê filme em vídeo com 15 ou 20 interrupções e, nem por isso, o filme torna-se ininteligível".O advogado Rodrigo Moura diz que "isso evidencia a visão estritamente mercantilista que a UCI tem de cinema, sem qualquer intenção de estimular o envolvimento com a arte cinematográfica", enquanto a estudante Mariana Pires não acreditou no que estava vendo, na sessão de O Senhor dos Anéis: " Como é que alguém tem a cara de pau de interromper a exibição de um filme pra vender pipoca, coca-cola e Mm's?" Para Andrea Mota, divulgadora de boa parte dos filmes lançados nos multiplexes pernambucanos, "O intervalo visa o conforto do espectador, que às vezes fica ansioso ao precisar ir ao banheiro e não querer perder uma parte do filme".Já o designer Luiz 'yellow' Cajueiro é contra e pensa em corromper a idéia. "Vou aproveitar a interrupção para mudar de sala se não estiver gostando do filme que eu estava vendo", diz.Para os cinéfilos, um pensamento: com três horas e 18 minutos de duração, Apocalypse Now Redux, obra prima ganhadora da Palma de Ouro de Cannes, de Francis Ford Coppola, poderá ser o mais novo interrompido da temporada, na UCI. Resta confiar nos talentos editoriais da empresa para que o melhor momento do filme seja encontrado para pipoca e refrigerante. O que você acha disso?
 

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