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Tudo está sendo 'coisificado', diz psicóloga sobre abandono de bebê

Anica

Usuário
Especialistas em comportamento ouvidos pelo G1 classificaram o abandono de um das trigêmeas por um casal que esperava dois filhos como “tratar seres humanos como coisas” e “questão maquiavélica”.

Nascido no último dia 24 de janeiro, depois de um tratamento de fertilização, uma das três gêmeas teria sido rejeitada pelo pai – o homem queria deixar a bebê na maternidade, mas foi impedido. As informações são do médico responsável pelo tratamento, o geneticista Karan Abou Saad. Ele disse nunca ter visto algo assim em 36 anos de profissão.

A maternidade não quis se pronunciar sobre o assunto, mas foi a responsável em informar o Ministério Público. As três crianças, por determinação da Justiça, foram levadas pelo Conselho Tutelar. A ação está protegida pelo segredo de justiça.

A psicóloga Clodete Azzolin considera que essa rejeição “é fruto de uma sociedade movida pelo excesso de racionalidade, onde tudo está sendo coisificado, inclusive o ser humano”. Ela diz ainda que “agindo assim, o ser humano se afasta cada vez mais de sua natureza, comprometendo inclusive a manutenção dos instintos naturais”.

Ao explicar o que é “coisificar”, Clodete faz alusão à compra de vasos de flor para a sacada: “Se o entregador chega com três, tenho de mandar um de volta para a loja. Não tem espaço para três, só para dois”.

Nos 30 anos de profissão, o psicólogo Guilherme Falcão repete a história de Saad: “Nunca vi nada assim, nem parecido. Vi, na verdade, bem o contrário. O casal fez tratamento para engravidar, mas o bebê morreu ao nascer. Então eles adotaram duas crianças”.

Para ele, “a questão é muito mais de caráter do que de doença. (...) Mas de qualquer forma o Ministério Público tinha ainda que obrigar esses pais a um tratamento psicológico e psiquiátrico. (...) Alguém tinha que tentar descobrir que coisa é essa de ter obsessão em ter filhos, ao ponto de fazer um tratamento tão caro, e depois abandonar”.

Falcão ressalta que “ninguém sabe os detalhes da história, mas foi uma maneira de descartar um ser humano que não pediu para nascer. Se alguém pode sustentar dois [filhos], pode sustentar três”.

A advogada dos pais das trigêmeas informou, por telefone, que o casal teria se arrependido e tentaria reaver a guarda das crianças na Justiça.

Fonte: G1


********

Eu pessoalmente estou chocada com a história. Esses tratamentos de fertilização não são baratos, como assim o sujeito gasta dinheiro num negócio desses para depois recusar a criança? Não faz sentido. Aliás, a coisa toda não faz sentido, pq não é como se a mulher tivesse colocado umas moedinhas numa máquina de refri e tirado 3 latas na hora, houve todo o processo de gestação, caraca.
 
Anica disse:
A psicóloga Clodete Azzolin considera que essa rejeição “é fruto de uma sociedade movida pelo excesso de racionalidade, onde tudo está sendo coisificado, inclusive o ser humano”. Ela diz ainda que “agindo assim, o ser humano se afasta cada vez mais de sua natureza, comprometendo inclusive a manutenção dos instintos naturais”.

Esse é o problema, Anica, faz todo o sentido do mundo: o cara pagou pra ter um número de filhos e é o que ele vai ter, ele pode optar por não querer mais um produto mesmo que ele tenha pago por ele.

A Azzolin vai na mosca. Racionalidade em excesso, essa cultura infeliz propagada há mais de um século de dimensionar tudo e a todos. O respeito pelas coisas vão sumindo, os descartes acontecem com mais frequência, os símbolos ficam mais escassos e o ser humano vai virando uma memória.

Falta poesia no coração da humanidade.
 
Pescaldo disse:
Anica disse:
A psicóloga Clodete Azzolin considera que essa rejeição “é fruto de uma sociedade movida pelo excesso de racionalidade, onde tudo está sendo coisificado, inclusive o ser humano”. Ela diz ainda que “agindo assim, o ser humano se afasta cada vez mais de sua natureza, comprometendo inclusive a manutenção dos instintos naturais”.

Esse é o problema, Anica, faz todo o sentido do mundo: o cara pagou pra ter um número de filhos e é o que ele vai ter, ele pode optar por não querer mais um produto mesmo que ele tenha pago por ele.

A Azzolin vai na mosca. Racionalidade em excesso, essa cultura infeliz propagada há mais de um século de dimensionar tudo e a todos. O respeito pelas coisas vão sumindo, os descartes acontecem com mais frequência, os símbolos ficam mais escassos e o ser humano vai virando uma memória.

Falta poesia no coração da humanidade.

Bethânia vem aqui para nos ajudar xD


Pois é, concordo bem com o Pes. Onde tudo hoje é mercadoria, como mercadoria será tratado. E não é só abandonar o produto, não querer mais ele. É tratá-lo com descaso também.
 
A psicóloga Clodete Azzolin considera que essa rejeição “é fruto de uma sociedade movida pelo excesso de racionalidade, onde tudo está sendo coisificado, inclusive o ser humano”.

Sim, sim. Deve ser culpa do capetalismo e da modernidade em geral.
Nunca existiu a Roda dos Enjeitados. Os espartanos não matavam os bebês defeituosos. Etc.
 
Não sei se perdi alguma coisa.. mas a ideia de rejeitar uma das crianças é fruto de uma decisão dos dois!!!????, pai e mãe?


... Nojento...
 
Vinnie disse:
Não sei se perdi alguma coisa.. mas a ideia de rejeitar uma das crianças é fruto de uma decisão dos dois!!!????, pai e mãe?

O que chegou até os jornais é que o pai tinha rejeitado a terceira, tomando como critério o fato de ela ter um problema respiratório. Detalhe é que meu filho nasceu na mesma maternidade que essas meninas, e uma pediatra internou ele na uti dizendo que ele tinha problema respiratório e precisava de acompanhamento, qdo na verdade era só excesso de zelo, ele não tinha absolutamente nada. Se bobear a criança "rejeitada" nem tinha nada de sério.
 
Pescaldo disse:
Não é novidade, mas os contextos são diferentes.

Sim, antes não existia tratamento de fertilização. Mas os pais poderiam ter orado aos deuses, feito sacrifícios, etc. pedindo que tivessem gêmeos -- e ter o mesmo comportamento ao nascerem três crianças.

Eu estou atendo-me ao cerne da questão - o desprezo pela vida humana - e não aos pormenores. Minha crítica é basicamente com relação a essa tendência que alguns têm de ver os dias de hoje por essa óptica apocalíptica. Sem falar no "capetalismo", claro.
 
Também não me refiro ao tratamento pego. O contexto é diferente porque, para os Espartanos, por exemplo, existia um motivo além do apenas descartar porque não gostavam: eles buscavam a perfeição militar. É absurdo? É, mas não é mesmo contexto.

O contexto envolvido tem, sim, uma denotação voltada a questão de estarmos coisificando e racionalizando tudo de forma demasiada. Isso não é exclusivo do capitalismo, inclusive, é algo que está acontecendo com frequência por conta duma racionalização exacerbada do que é ou não é humano e de como devemos proceder com isso.

De qualquer forma: poesia na vida das pessoas.
 
Quando li o título do tópico pensei em mais um daqueles tristes (e infelizmente bastante comuns) casos de bebês abandonados no lixo e lugares assim.

É bem chocante mesmo.
E logo lembrei de uma pessoa com quem me relaciono (não é parente nem amiga).
Era uma dessas mulheres que fez, durante um longo tempo, tratamento para engravidar.
Conseguiu, teve uma menina linda e saudável e, logo em seguida (tipo, uns três meses depois) engravidou de novo.

Foi um deusnosacuda!
A mulher xingava, chorava, reclamava que era pra ela ter tido só um filho, que a vida dela já tinha sido toda programada ( o_O ) para apenas uma criança, o que ela iria fazer com outra? Onde essa criança ia dormir? "Não no quartinho da M.!" (a primeira). Até pro médico sobrou (picareta, na opinião dela).
Acho que a moça só não abortou porque (diz que) é espírita.

Enfim, teve o bebê (outra menininha linda) mas só fala da primeira (que é linda, inteligente e apegada à mãe).
A outra? É terrível, vive doente, só apronta e ela tem certeza que ainda vai lhe dar "muito trabalho". ¬¬

Ainda bem que tiraram as três crianças desses pais tranqueiras.
Já pensou se fossem abrigados a levar o terceiro bebezinho? O tratamento que ela ia ter ao longo da vida?
Fico nauseada só de imaginar.

Algumas Muitas pessoas deviam ser proibidas de ter filhos.
 
O que as pessoas acham é que todo mundo nasceu para ser pai, que é só a criança vir ao mundo e que opa, tá beleza, ligou o botãozinho da paternidade/maternidade. Mas não é assim. Eu escrevi sobre isso recentemente no blog do Arthur, levou um bom tempo para eu criar meus laços com o Arthur, para sentir mais segura sobre cuidar dele, me sentir mãe mesmo. Não foi sair da maternidade com ele no colo que me fez mãe dele.

Somando a isso tem o pessoal que acredita naquele modelo de felicidade, o "casar e ter filhos", que caso você não faça algum dos dois você é uma pessoa deformada socialmente/moralmente, o que acho completamente estúpido. O Arthur, por exemplo, não foi planejado. Meu "plano a" era não ter filhos ("deusolivre botar criança num mundo desses", eu dizia), mas aconteceu e aí eu tive 9 meses para repensar meus planos, oras bolas.

Essa sua conhecida, Clara, fez o que nos 9 meses? Ficou só reclamando? 9 meses é muito tempo, você pode se organizar perfeitamente e inclusive dá tempo para "cair a ficha" e perceber a nova realidade.

E é nisso que eu penso que entra a "coisificação". Acredito sim que nossa sociedade tem ficado cada vez mais egoísta, porque cada vez menos dependemos de relações sociais verdadeiras para viver. Aquela ideia de vizinhança, comunidade, está se restringindo cada vez mais às pequenas cidades do interior. É cada vez mais eu, eu, eu.

Nesse "eu primeiro" acabamos vendo de tudo, desde o babaca que não usa fones de ouvido no ônibus (eu estou ouvindo minha música e me divertindo, o resto que se lasque) até essas histórias de pais que na realidade não estão pensando na criança que colocaram no mundo, mas nas contas que terão que pagar.

Enfim, é uma mescla do que disse o Calib e o Pescaldo: novidade não é, mas os contextos estão ficando diferentes porque nossa sociedade mudou. Se para a melhor ou pior não dá para dizer, mas no caso de abandono de crianças eu acho extremamente revoltante, especialmente dada as facilidades que o sistema de adoção de criança aqui no Brasil começou a ter. Não precisa parir e jogar num rio como se fosse lixo. Já passou 9 fucking meses com o bebê, faz um parto e oferece para alguém adotar, caramba.

No mais, eu me sinto verdadeiramente dividida sobre a história das trigêmeas, porque apesar dessa loucura de querer abandonar uma criança, por outro lado fico pensando que horror para as três passarem esses primeiros meses tão importantes no desenvolvimento do laço afetivo longe dos pais. Considerando as informações que foram passadas ao público, eu acho que os pais devem fazer um acompanhamento psicológico/psiquiátrico, mas as crianças devem ficar com eles - sobretudo com a mãe.

Digo isso porque o Arthur ficou dois dias internado na UTI e eu quase tive um treco naquele hospital, chorava como uma condenada todo dia, e não de preocupação, porque no fundo eu sabia que estava tudo bem e que só estavam me enrolando para ganhar diária de UTI do plano de saúde. E eu ficava mal assim, mesmo podendo visitá-lo de três em três horas, podia amamentar, pegar no colo e estar com ele. Fico imaginando o que essa mulher não deve estar sentindo com tanta restrição para o contato com as filhas. =/
 
É, os tempos estão mudando mesmo: recém-nascidos já têm blogues. :rofl:
 
Post perfeito, Anica!

Anica disse:
Nesse "eu primeiro" acabamos vendo de tudo, desde o babaca que não usa fones de ouvido no ônibus (eu estou ouvindo minha música e me divertindo, o resto que se lasque) até essas histórias de pais que na realidade não estão pensando na criança que colocaram no mundo, mas nas contas que terão que pagar.

Exatamente! A gente joga pedra num casal desses, mas temos atitudes cotidianas semelhantes, num grau menor (ou não), mas igualmente egoísta. Ontem, estava na Caixa Econômica, e lá não tem mais filas. Fica-se sentado em cadeiras e vão te chamando pela senha. Os bancos, estão sempre cheios e demora-se para ser atentido. Sempre que aparecia uma pessoa idosa com a senha de caixa preferencial, uma mulher do meu lado reclamava. Que tinha que ter um caixa só para eles. Enfim, uma idiota que não entende o significado de "preferencial", nem o que é ser idosa. "Acho um absurdo, blablabla, isso é privilégio, blablabla". Ela era boa no esporte preferido do brasileiro: reclamar da vida. Uma usuária desiste, levanta pra ir embora e ela tem a senha 101. A reclamona do meu lado tinha a senha 119 e pediu a senha 101 da dona. Quer dizer que Caixa Preferencial não pode, mas ela dar uma de esperta pode?

Isso pode parecer que não tem nada a ver com a história das trigêmeas, mas acho que cai naquilo que a Anica falou de pensarmos cada vez menos no coletivo e só no "eu, eu e eu de novo".
 
Calib disse:
É, os tempos estão mudando mesmo: recém-nascidos já têm blogues. :rofl:

menos, calib. está todo mundo sendo educado aqui. não precisa vir com esse tipo de mensagem, que não acrescenta em nada além de ser ofensiva.
 
Eu só estava descontraindo um pouco. Não havia nenhuma ironia ou crítica.
 
Bom, quanto ao post da Anica, quem é mãe talvez possa dizer com mais propriedade do que eu, ou melhor, ter uma outra visão, através de uma experiência que eu não tenho. :seila:

Mas eu ainda acho que tirar as crianças dos pais era o mais - não sei se justo, posivelmente não - mas o mais adequado.

Fico imaginando o que essa mulher não deve estar sentindo com tanta restrição para o contato com as filhas. =/

Foi crueldade (com a mãe principalmente)? Foi. Mas como classificar a atitude dos pais?

Essa sua conhecida, Clara, fez o que nos 9 meses? Ficou só reclamando? 9 meses é muito tempo, você pode se organizar perfeitamente e inclusive dá tempo para "cair a ficha" e perceber a nova realidade.

Não faço a menor ideia já que não convivo com ela e nem faço questão disso.
Só sei que ela voltou da licença e continua diferenciando as meninas, só elogiando a primeira. ¬¬

E essa moça, mãe das trigêmeas, soube quando que esperava três bebês, só no parto?
Difícil hein? Pois que hoje em dia (principalmente ela que fazia tratamento pra engravidar) se sabe de tudo o que acontece na barriga da mãe.

Não acredito que ia "cair ficha" alguma nesse casal descabeçado.
 
eu sei que é só boato e isso não ajuda em nada, mas agora já ouvi dizer que a terceira foi abandonada por ter lábio leporino
 
Anica disse:
eu sei que é só boato e isso não ajuda em nada, mas agora já ouvi dizer que a terceira foi abandonada por ter lábio leporino

humm.. fico imaginando, os pais olhando para três, aquela que tiver um defeito fica aí... parece qdo alguns vão escolher um cachorrinho para comprar e escolhem o mais fofinho, espertinho, bonitinho...

Eu acho tão contraditório, fazer tratamento para ficar grávida e por ter vindo 3, de repente, passam a não querer uma. Não tiveram a empatia e o pensamento de que tantas mulheres querem engravidar e não conseguem, e agora ela e ele renegando essa criança. :eek:

É um casal de classe média, ou seja, poderiam contratar babá e custear as coisas para as crianças.Só se forem tão pão duros que quiseram economizar...
 

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