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Tributo a Sir Alec Guinness

Elendil

Equipe Valinor
Tributo a Sir Alec Guinness

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Um dia desses... ou melhor dizendo, uma madrugada de insônia dessas, me deparei com uma preciosidade cinematográfica numa dessas sessões de cinema que rodam madrugada a dentro na TV Globo. Era o filme “Assassinato por Morte”, de Robert Moore (1976).

Basicamente, a história conta a hilária aventura vivida pelos cinco mais famosos detetives do mundo, que estão presos em uma mansão no interior da Inglaterra, onde ocorrerá um crime perfeito. Um jogo onde todos podem ser vítimas e/ou suspeitos. É uma comédia de humor sutil e inteligente. Coisa rara hoje em dia.

Porém, o interessante foi encontrar no elenco um ídolo: Sir Alec Guinness. No filme Guinness interpreta um mordomo cego que possui o improvável e impronunciável nome “Jamsesir Bensonmum”, que interage com uma cozinheira surda e muda que não sabe ler. Por aí já dá para perceber a grande confusão que a trama toda é. Quando vi o nome de Alec Guinness nos créditos iniciais do filme (que eu ainda não conhecia), decidi sacrificar aquela noite (e o dia também) de sono que já se anunciava.

Naquele instante me lembrei que na noite de 5 de agosto de 2000, aos 86 anos, Sir Alec Guinness, o “Mestre dos Disfarces”, morria num hospital em Londres.

Sir Guinness nasceu pobre e bastardo na Londres de 1914, a época da Grande Guerra. E sua história de vida é comovente. Chegou até mesmo a ser desacreditado pelos seus professores de teatro que nem imaginavam que aquele rapaz tímido se tornaria um dos maiores atores shakespearianos de sua época. Certa vez, depois de já consagrado e milionário, em uma entrevista lhe perguntaram como um ator de sua estirpe podia ser tão modesto e inseguro? Sua resposta – “Não seria quem eu sou se pudesse responder a essa pergunta”. O “Mestre dos Disfarces” não usava máscaras na vida real.

Naquela madrugada, uma das cenas que mais gostei e que caracteriza tão bem o humor britânico de Alec Guinness, foi o momento em que o mordomo interpretado por ele conduz Dick (um dos detetives) e sua esposa até o quarto onde vão pernoitar. O mordomo diz que o quarto pertenceu à falecida Sra. Twain, esposa do dono da mansão que armou toda a confusão. Na porta do quarto o detetive pergunta do que morreu a Sra. Twain. “Ela se assassinou durante o sono”, responde o mordomo. Dick acha a resposta estranha e pergunta se o mordomo não quis dizer que ela se suicidou. Resposta: “Não senhor, foi assassinato mesmo! A Sra. Twain se odiava”.

Um dos meus filmes preferidos em que Sir Guinness atuou foi “A Ponte do Rio Kwai”. Nele Guinness interpreta um determinado e arrogante coronel inglês que é feito prisioneiro pelos japoneses na Segunda Guerra Mundial. Por esse filme ele ganhou o Oscar de melhor ator de 1957. Um dos personagens mais marcantes é o inesquecível Obi-Wan Kenobi, o Ben Kenobi de Star Wars, a trilogia Clássica. Sou suspeito para falar desses filmes, já que sou muito fã deles. Sua atuação é perfeita como o Mestre Jedi que conduz Luke Skywalker nos difíceis caminhos da Força para redimir seu pai, Darth Vader. Um personagem pequeno comparado aos outros interpretados por Guinness, mas muitos dizem que foi a presença marcante de Alec Guinness no elenco que viabilizou e fez com que o primeiro Star Wars (1977) - do até então desconhecido George Lucas – ganhasse crédito entre o público e a crítica e se transformasse numa das maiores bilheterias do cinema.

Não sei exatamente os números, mas é fato que seu cachê pelo filme foi uma merreca. E ele nem precisava. A essa altura, Alec Guinness já era ator do longa data, milionário e mundialmente famoso. Fato que faz cair por terra o boato que dizia que ele detestou fazer os filmes de George Lucas e mostra o quanto ele apostava no projeto do barbudo da Califórnia.

Para mim há muito de Obi-Wan no próprio Guinness. Seu respeito pela vida e introspecção demonstram isso. Seguidor de um guru, buscou no hinduísmo uma nova visão para a vida depois de desapontado com o anglicanismo. Mais tarde, se rendeu ao catolicismo e sua mística praticante. Guinness também era uma pessoa especial, na medida em que tinha uma percepção, ou sensibilidade, fora do comum. Quando esteve nos EUA para filmar “As Aventuras de Padre Brown”, em 1955, foi jantar num restaurante com seu roteirista. Lá conheceu o ator James Dean. Quase que imediatamente se tornaram amigos e a conversa foi animada noite a fora. Na saída, Dean quis mostrar seu novo carro, um Porsche turbinado. Mais tarde Guinness disse ter olhado para o carro e para Dean e disse ter tido uma visão dele morto. Pediu, por favor, para que Dean desistisse do carro. Dean achou graça. Uma semana depois, a 300 km por hora, Dean encontrou a morte num acidente violentíssimo.

Apesar de milionário e celebrado ator, Guinness cultivou uma vida simples e, segundo seus amigos próximos, cultivou até os últimos dias de sua vida as características daquele menino tímido e inseguro que cresceu na periferia de Londres, e que morreu sem ter realizado seu maior desejo: ter conhecido o pai.

Não sei se posso chamar esse texto de uma homenagem. Nem de longe estaria a altura desse grande astro e ser humano. Mas sou seu admirador confesso e presto aqui, de qualquer forma, minha homenagem a Sir Alec Guinness, que deixava os palcos do mundo há nove anos atrás.



 

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O Alec Guiness odiava ser conhecido por Obi-Wan :rofl:

Tanto que ele pediu pro George Lucas que matasse o personagem pra não precisar se comprometer com outros filmes da série. Ele não gostou da participação dele no filme.
 
Pois é, como eu disse, um papel bem pequeno comparado aos tantos que ele interpretou. Porém, quem mandou ele fazer um filme de FC, cheio de fãs nerds?! :mrgreen: Sei que nem as cartas dos fãs de Star Wars ele respondia. Porém, as novas gerações só sabem quem é Alec Guinness por esse personagem. Foi assim que busquei conhecer outros filmes e admirá-lo como ator: Através de Star Wars. Por isso sei que Obi-Wan é um papel bem pequeno... mas foi um meio de chegar aos outros. =]
 

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