Mercúcio
Usuário
Felagund, Grimnir, Bruce Torres e outros sabem do meu mau humor em relação a um certo radicalismo superficial, intolerante, mistificador que vem ganhando alguns desses movimentos identitários de minorias que aí estão.
Eu, particularmente, acho meio idiota destruição de imagens e "crucifixodomia" e talz, enquanto provocação que se esgota na provocação...
Mas vá lá, ao contrário de muita gente que classificou o ato aqui em questão como desnecessário ou como um erro de cálculo político, honestamente, achei o ato da crucificação da transexual de uma força simbólica realmente admirável. Deve ter sido o mais político dos atos em um evento que tem se caracterizado por uma crescente despolitização.
Ademais, acho que o meme que o Omykron colocou acima coloca uma boa questão. Rechaçar a manifestação da transexual como uma temeridade, tendo em vista uma possível reação da comunidade evangélica/católica/cristã/whatever e de sua representação política não é muito diferente de dizer que os jornalistas do Charlie Hebdo cavaram a própria cova por ousarem satirizar a religião, quando é da natureza da sátira ser agressiva a algo ou a alguém. Sim, seria ingênuo não esperar uma reação violenta. Mas por que os homossexuais não deveriam desafiar um universo simbólico que, de maneira geral, lhes é hostil? Não me sinto muito afeito a esse pudor politicamente correto diante desse caso em específico.
Além disso, a manifestação aqui em questão é bastante polissêmica, não? Pode ser vista como sátira, como desafio, como denúncia de uma violência sofrida (simbólica e de fato) e, sim, como insulto e desrespeito. E cabe sim pontuar: milhares foram crucificados além de Jesus. A cruz é um símbolo um tanto mais antigo que o cristianismo. Mas não vamos crucificar ninguém por isso.
E acho que vale aqui um comentário transversal. Recentemente, o Papa Francisco esteve nas Filipinas. Bem, o catolicismo filipino promove rituais bárbaros de flagelação, em que reproduzem crucificações usando pregos de verdade, em que crianças participam de espancamentos, em suma, onde rola muito sangue. Imagens fortes:
Honestamente, a crucificação simbólica da transexual me parece um tanto mais inofensiva que o espetáculo acima, a respeito do qual, aliás, o Papa Chico nada disse.
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PS: a despeito do que alguns possam dizer, eu me considero cristão e acho que Jesus não se sentiria ofendido com a representação aqui em questão. Só que como o seu fandom (expressão surrupiada de um post que o @Bruce Torres compartilhou) é um tanto suscetível, ficamos aí nos atendo a mesquinharias...
Eu, particularmente, acho meio idiota destruição de imagens e "crucifixodomia" e talz, enquanto provocação que se esgota na provocação...
Mas vá lá, ao contrário de muita gente que classificou o ato aqui em questão como desnecessário ou como um erro de cálculo político, honestamente, achei o ato da crucificação da transexual de uma força simbólica realmente admirável. Deve ter sido o mais político dos atos em um evento que tem se caracterizado por uma crescente despolitização.
Ademais, acho que o meme que o Omykron colocou acima coloca uma boa questão. Rechaçar a manifestação da transexual como uma temeridade, tendo em vista uma possível reação da comunidade evangélica/católica/cristã/whatever e de sua representação política não é muito diferente de dizer que os jornalistas do Charlie Hebdo cavaram a própria cova por ousarem satirizar a religião, quando é da natureza da sátira ser agressiva a algo ou a alguém. Sim, seria ingênuo não esperar uma reação violenta. Mas por que os homossexuais não deveriam desafiar um universo simbólico que, de maneira geral, lhes é hostil? Não me sinto muito afeito a esse pudor politicamente correto diante desse caso em específico.
Além disso, a manifestação aqui em questão é bastante polissêmica, não? Pode ser vista como sátira, como desafio, como denúncia de uma violência sofrida (simbólica e de fato) e, sim, como insulto e desrespeito. E cabe sim pontuar: milhares foram crucificados além de Jesus. A cruz é um símbolo um tanto mais antigo que o cristianismo. Mas não vamos crucificar ninguém por isso.
E acho que vale aqui um comentário transversal. Recentemente, o Papa Francisco esteve nas Filipinas. Bem, o catolicismo filipino promove rituais bárbaros de flagelação, em que reproduzem crucificações usando pregos de verdade, em que crianças participam de espancamentos, em suma, onde rola muito sangue. Imagens fortes:
Honestamente, a crucificação simbólica da transexual me parece um tanto mais inofensiva que o espetáculo acima, a respeito do qual, aliás, o Papa Chico nada disse.
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PS: a despeito do que alguns possam dizer, eu me considero cristão e acho que Jesus não se sentiria ofendido com a representação aqui em questão. Só que como o seu fandom (expressão surrupiada de um post que o @Bruce Torres compartilhou) é um tanto suscetível, ficamos aí nos atendo a mesquinharias...
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