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Tragédia em Santa Maria (RS) - Boate KISS

Tenso . Durante todo o dia tentei pescar informações da TV, mas agora em casa vi mais no Globo News e Internet. Assustador.

Imaginei o pânico da galera. Muita gente, muito nego alcoolizado, deve ter sido um verdadeiro inferno. E fumaça preta é insuportável. Lembro dos cursos de Brigada de incêndio, onde tínhamos de andar por um labirinto cheio dessa fumaça. E lá era fumaça de MADEIRA, não tóxica como essas de espuma. E mesmo em simulações, era assustador, senti uma agonia nesses exercícios. Imagino numa situação dessas.

O local não ajudava em nada, e a lotação foi um agravante, mas véi, 60% das baladas são parecidas com essa Kiss, na boa. Poucas que eu vou possui uma saída alternativa, no máximo para um local aberto para fumantes, mas sem saída. É um erro geral das casas noturnas. Só achei tenso o fato dessa ser TODA revestida com a espuma acústica, isso é um sério agravante.

E não acho tão condenável a ação dos seguranças. Sem saber do incêndio, é o papel deles não deixar sair sem pagar, véi. Aí quando viram que era algo realmente sério, obviamente liberaram. Vi gente os acusando de serem responsáveis por várias mortes. Pera lá...os responsáveis são os donos do lugar, o pseudo-pirotecnista que quis acender UM SINALIZADOR NUM LUGAR FECHADO (parece que morreu também), etc...não os seguranças, IMO.

Fiquei tentando me imaginar numa situação dessas, tenso demais pensar no que fazer nesse desespero. Provavelmente tentaria apenas segurar/proteger quem estivesse comigo, e ir pelos cantos até a porta, mas isso dependeria muito de ONDE eu estivesse. Quem estava em um WC, ou Mezanino, teve poucas chances de conseguir sair. Fora o fator álcool, que não ajuda em nada numa hora dessa.

Enfim, triste demais. =/
 
horrível ler histórias que aparecem, horrível pensar que poderia ser eu, ou mesmo o arthur daqui a alguns anos. eu penso nas mães que acordaram hj com uma ligação do iml ou qualquer coisa do gênero e sinto um aperto enorme no peito. eu já estive em um enterro de pessoa nova vítima de acidente, e foi uma das piores coisas que vi na minha vida - tenho até hoje na memória os gritos da mãe do guri dizendo "eu sabia que você não ia voltar pra casa um dia". o que aconteceu hoje só me fez lembrar desse evento, e pensar em quantas mães não se sentiram assim.

o que eu acho triste é o modo como tentamos personificar a culpa, do tipo: tem que ser fulano de tal o culpado pela morte de tanta gente, ele tem que ir pra cadeira, tem que morrer, sei lá. eu cheguei a ler até um cara falando em aplicar código de hamurabi, wtf. mas, como já foi dito aqui no tópico, nunca é uma coisa só. não foi o cara que usou o sinalizador ou seja lá qual foi o efeito pirotécnico, não foram os seguranças que inicialmente tentaram segurar as pessoas, etc. enquanto tá todo mundo caçando bruxas, a verdade é, repito: nunca é uma coisa só. uma pena que eventos assim precisem acontecer para que fiquemos atentos a todos os 'n' fatores que levaram à tragédia.
 
Ler isso aqui me deu um nó na garganta:


Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça.

A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta.

Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa.

A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013.

As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada.

Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa.

Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio.

Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.

Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência.

Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.

Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.

Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo?

O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista.

A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.

Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro.

Mais de duzentos e quarenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.

Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.

As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso.

Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.

As palavras perderam o sentido.


Autor: Fabrício Carpinejar
 
Uma série de fatores foi o que encadeou essa terrível tragédia em Santa Maria ( como já foi dito aqui), pois ninguém em sã consciência queria que mais de 200 pessoas morressem. Muitas vezes, o preventivo é deixado em segundo plano e isso, de fato, é o que impera seja no trabalho em termos de segurança ou como ocorreu na boate em Santa Maria. Temos que repensar sobre o ocorrido em termos gerais .

Culpar alguém ou alguns não vai trazer à vida os jovens que infelizmente se foram na fatídica madrugada de ontem, mas medidas preventivas e corretivas para que isso nunca mais se repita em nosso país será ( acredito que sim) e deverá ser tomada por todas as autoridades competntes e, com a participação efetiva da sociedade civil. As famílias não vão sentir reconfortadas com prisões e a cupabilização apressada.É preciso serenidade e sensatez agora para que as medidas cabíveis de segurança e bem estar sejam válidas e implantadas para todo o país de agora em diante.

A tragédia do Estádio do Heysel em 1985 no jogo entre Juventus x Liverpool onde morreram 38 torcedores serviu de lição para que providências fossem tomadas em relação à segurança nos estádios ingleses e, as autoridades de lá implantaram as devidas correções e medidas cabíveis nos estádios de futebol.
Mesmo a distância presto minha solidariedade e condolências ao povo de Santa Maria-RS, às famílias das vítimas e, ao povo do Rio Grande do Sul.


"Nós, latino-americanos

Somos todos irmãos
não porque seja o mesmo sangue
que no corpo levamos:
o que é o mesmo é o modo
como o derramamos.”
Ferreira Gullar
 

caramba... que coisa de mau gosto. eu sei que a liberdade de expressão está aí, mas qual era o objetivo dessa charge? alguém consegue enxergar uma crítica social ou alguma sacada genial nela? se conseguir, me explica pq não entendi.

é triste saber que nesse exato momento devem existir dezenas ou centenas de lugares com os mesmo problemas da boate Kiss e que funcionam normalmente. é claro, de n'O Globo que os prefeitos vão mandar vistoriar esses locais - só q por quanto tempo? infelizmente, para os jornais, nada como uma tragédia após a outra. a memória parece meio curta - o que se discute com qualidade sobre os deslizamentos em Niterói ou a chacina das crianças na escola em Realengo?
 
Ah, discordo. Não acho que será fogo de palha essas verificações. Estamos cansados de ver ao longo do anos, acidentes que trouxeram benefícios posteriores.

Exemplo clássico: morte do Ayrton Senna, que desencadeou diversas mudanças nas regras e nos carros da categoria, para aumentar a segurança dos pilotos. Creio que a tragédia de Santa Maria pode muito bem servir como exemplo para uma postura que priorize mais as vidas dos frequentadores. Ocorreu o mesmo na Argentina após 2004.
 
Pois é... infelizmente, algumas coisas ruins acabam vindo "para o bem", mesmo que várias vidas tenham sido perdidas. Acaba sendo uma "lição" a se aprender.
 
Em 2003, 100 pessoas morreram em incêndio em boate de Rhode Island.
'Não estou surpreso de que ninguém aprendeu', diz sobrevivente.


como vc bem disse, em 2004 aconteceu o mesmo na Argentina. não são tragédias que aconteceram ano passado, mas há quase 10 anos.

enfim, eu faço votos que consigamos aprender e evitar que essas tragédias se repitam, isso é óbvio.

procurando mais um pouco, eu encontro a seguinte manchete: Fiscalização em boates é 'efetiva e rigorosa', diz prefeito de Santa Maria. então só posso ser levado a crer que as regras é que são ruins.
 
E sobre os seguranças que fecharam as saídas de emergência? Sobre isso alguém falou?

Se é tão "rigoroso" assim, por que não deixaram as saídas de segurança desempenhar seu papel?
 
Na realidade a grande lição a se fazer após essa tragédia é fiscalizar com rigor (e entenda-se aqui de qualquer fiscal da prefeitura nunca aceitar receber propina é obvio!) e fechar permanentemente estabelecimentos que não atendem as normas mínimas de segurança. Esse é o ponto.

Leis e normas de segurança de prevenção de incêndios existem há anos. Eu que atuo na área de iluminação de emergência conheço de cor várias delas. Só que por uma série de fatores aqui no Brasil nem todos cumprem.

No fundo praticamente não há mais o que inventar de novo e basta seguir as leis e normas que já existem como se devem que aí a chance de acontecer outra desgraça como a que aconteceu nesse fim de semana será nula.
 
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E sobre os seguranças que fecharam as saídas de emergência? Sobre isso alguém falou?

Se é tão "rigoroso" assim, por que não deixaram as saídas de segurança desempenhar seu papel?

Já deu em um monte de notícia que 1) não tinham saídas de emergência e 2) os seguranças bloquearam a única saída por coisa de 1 minuto, para impedir que as pessoas saíssem sem pagar, mas somente porque não sabiam que estava pegando fogo. Eles não têm culpa de não existir um alarme de incêndio lá dentro, e todos sabemos como podem se comportar jovens alcoolizados quando querem tumultuar.

Eu realmente espero que esqueçam essa ação dos seguranças, que só estavam fazendo seu trabalho sem saber do problema. Senão fica aquelas manchetes caçando culpados "seguranças impedem jovens de sair sem pagar a comanda", como se fosse a principal causa das mortes.
 
E sobre os seguranças que fecharam as saídas de emergência? Sobre isso alguém falou?

Se é tão "rigoroso" assim, por que não deixaram as saídas de segurança desempenhar seu papel?

Não havia saídas de incêndio. Havia uma única porta que funcionava como saída e entrada. Pouco mais de 1,20, pelo que ouvi na cobertura de domingo.

Ou seja, o lugar era um matadouro em qualquer situação que acontecesse ali. Se acontecesse uma briga morreria gente esmagada tentando fugir. Em caso de incêndio viraria uma estufa.
 
Até o Google:

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Até mesmo aqui onde moro, um conhecido perdeu o primo que, por ser asmático desmaiou pela falta de ar e foi um dos pisoteados. Em Porto Alegre e região metropolitana, aquele modelo de Danceteria hermeticamente fechada, para cumprir as leis que proíbem o som alto em bairros, é padrão. A maioria só tem a entrada/saída e nenhuma saída de emergência. Ou seja, para não terem o as casas fechadas devido ao barulho, os estabelecimentos se transformaram em caixas isoladas, sem ventilação e superlotação nos finais de semana com open bar.

E ver o testemunho de alguém que iria passar o dia todo velando amigos e parentes é muito doloroso.
 
Ontem, me lembro de ter ouvido uma centena de vezes essa história e ter pensado "porque estão alardeando tanto essa tragédia ? O que tem de mais?" Insensibilidade minha, porque não sabia o quanto de jovens havia morrido nesse incêndio. Estão investigando ainda, mas não acho que houve algum culpado específico. A casa estava acima da lotação, não tinha saídas de emergência suficientes, a banda foi a gota d'água por tentar realizar um espetáculo pirotécnico em um espaço fechado , já ouvi tudo isso. Todos os "detalhes" que evitariam essas mortes. Agora, é mudar situação arriscada das casas noturnas e de seus shows ou senão a diversão continuará a se transformar em luto.
 
Foi horrível de se ver. Imagino a dor de passar por aquilo.

Uma sucessão de acontecimentos igual a uma bola de neve em pontos críticos idêntica a cadeia de causa e efeito que costuma ocorrer na queda de um avião. Até o incêndio em local fechado em que o pânico tira vidas pôde ser testemunhado.

Para evitar esses acidentes nosso país aplica pouquíssima verba para cuidar da segurança e de um código nacional que dizem ser uma colcha de retalhos (um eufemismo para código esfarrapado). Nossa falta de estrutura humana e cultural para evitar esses acidentes é gritante. O governo sabe disso e orienta que em algumas cidades é impossível a VISA fiscalizar mais de 20% dos estabelecimentos de todos os ramos utilizando apenas a pouca força humana (pouco pessoal) e materiais disponíbilizados (falta até gasolina). Fiscalizar anualmente todo o comércio é uma garantia que ainda não temos.

Pra se ter uma idéia é só observar que quando tem festas públicas os organizadores não elaboram listas de contato com órgãos públicos nem enviam ofícios e passes gratuitos para órgãos importantes municipais tais como defesa civil, vigilância sanitária, sec. de meio ambiente, entre outras agências. Há município que sequer conta com um carro de bombeiro em condições de operar (isso quando falamos apenas dos municípios que possuem privilégio de ter bombeiros porque em algumas cidades eles não existem).

Seria útil as famílias fazerem uma associação e bater nas portas de Brasília. Na época da faculdade cada turma tinha 30 alunos. Uma das turmas perdeu quase 20% deles em um acidente de carro levando junto as vidas e um capital humano irrecuperável. Cinco anos depois o clima ainda era pesado e todos os professores ainda se lembravam (o câmpus ficou marcado). Incêndio é uma das formas mais terríveis de tirar a alegria das pessoas (e uma das formas mais sofridas de morrer é queimado ou por sufocamento que é parecido com afogamento). Quem já teve um imóvel queimado sabe como é (meu pai perdeu a casa incendiada quando criança). A hora é de providências. Uma oração pela alma das vítimas para que encontrem paz.
 
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