Tolkien também se inspirou muito nos filósofos da Grécia antiga, principalmente Platão.
Númenor foi inspirado nos relatos do filósofo sobre Atlântida. Aqui está um pequeno techo de "A república ".
Sócrates está discutindo sobre a justiça na casa de Céfalo, e Glauco conta a
seguinte história para ilustrar o ponde vista de que o homem justo, se tiver
chance e poder, acaba corrompido e procedendo como um homem mau:
Glauco - "Concedamos ao justo e ao injusto a permissão de fazerem o que
querem; sigamo-los e observemos até onde o desejo leva a um e a outro.
Apanharemos o justo em flagrante delito de buscar o mesmo objetivo que o
injusto, impelido pela necessidade de prevalecer sobre os outros (...) A
permissão a que me refiro seria especialmente significativa se eles
recebessem o poder que teve outrora, segundo se conta, o antepassado de
Giles, o Lídio.
Este homem era pastor a serviço do rei que naquela época governava a Lídia.
Certo dia, durante uma violenta tempestade acompanhada de um terremoto, o
solo fendeu-se e formou-se um precipício perto do lugar onde o seu rebanho
pastava. Tomado de assombro, desceu ao fundo do abismo e, entre outras
maravilhas que a lenda enumera, viu um cavalo de bronze oco, cheio de
pequenas aberturas; debruçando-se para o interior, viu um cadáver que
parecia maior do que o de um homem e que tinha na mão um anel de ouro, de
que se apoderou; depois partiu sem levar mais nada. Com esse anel no dedo,
foi assistir à assembléia habitual dos pastores, que se realizava todos os
meses, para informar ao rei o estado dos seus rebanhos. Tendo ocupado o seu
lugar no meio dos outros, virou sem querer o engaste do anel para o interior
da mão; imediatamente se tornou invisível aos seus vizinhos, que falaram
dele como se não se encontrasse ali. Assustado, apalpou novamente o anel,
virou o engaste para fora e tornou-se visível. Tendo-se apercebido disso,
repetiu a experiência, para ver se o anel tinha realmente esse poder;
reproduziu-se o mesmo prodígio: virando o engaste para dentro, tornava-se
invisível; para fora, visível. Assim que teve a certeza, conseguiu juntar-se
aos mensageiros que iriam ter com o rei. Chegando ao palácio, seduziu a
rainha, conspirou com ela a morte do rei, matou-o e obteve assim o poder. Se
existissem dois anéis desta natureza e o justo recebesse um, o injusto
outro, é provável que nenhum fosse de caráter tão firme para perseverar na
justiça e para ter a coragem de não se apoderar dos bens de outrem, sendo
que poderia tirar sem receio o que quisesse da ágora, introduzir-se nas
casas para se unir a quem lhe agradasse, matar uns, romper os grilhões a
outros e fazer o que lhe aprouvesse, tornando-se igual a um deus entre os
homens. Agindo assim, nada o diferenciaria do mau: ambos tenderiam para o
mesmo fim."
Ps: texto enviado pela Lobélia do Condado