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Tolkien e o português

Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que uma análise morfológica não é de todo segura, já que lidamos com sistemas sobre os quais não temos um domínio pleno. Assim, a única certeza que damos aqui é aquela fundada pela suposição. Depois, gostaríamos de esclarecer também que não se tem questionado a influência de línguas indo-européias na criação do alto-élfico, senão a participação do latim na formação da sua estrutura.
Trataremos pois de mostrar, nos pontos que já foram lançados, que a suposta afinidade entre o quenya e o latim se dá, na verdade, com o finlandês, se bem que seja possível que alguns pontos se acheguem mais ao grego, mas desafortunadamente tal língua não faz parte do nosso "corpus", que se compõe das versões latina, finlandesa e alta-élfica do "Pai Nosso" e as traduções latina (de nossa autoria) e finlandesa (http://www.uta.fi/~johanna.annola/poetry.html) do cântico "Namárie".
O primeiro ponto, o acento, tem de fato mais relação com o latim que com o finlandês. O acento latino e alto-élfico dependem da quantidade da penúltima sílaba do vocábulo, "arborum" e "aldaron" são proparoxítonos pela mesma razão. Em finlandês, pelo contrário, lê-se "vúodet lúkemattomat kuin púiden síívet!", ou seja, está sempre sobre a primeira sílaba.
As consoantes finais, inversamente, coincidem com as finlandesas. Nos dois textos, esta língua apresenta tão-somente as consoantes /n/, /t/ e /s/ em fim de palavra, e nenhum encontro consonantal; em quenya, /n/, /t/ e /r/, e nenhum encontro consonantal. Já os textos latinos trazem /r/, /s/, /n/, /m/, /d/, /b/ e os encontros /nt/, /nk/, /ns/.
Quanto à ordem, é interessante notar que, no "Pai Nosso", enquanto o quenya e o finlandês antepõem o adjetivo, "ilyarea mastalma" e "jokapäiväinen leipämme", o latim o mete depois, "Panem nostrum quotidianum".
Finalmente, sobre a morfologia do nome e do verbo, há de fato alguns casos de flexão, como a mudança {ea} > {ie}, "laurea" > "laurie". De outros, podemos fazer uso do nosso conhecimento acerca da formação da língua para dar uma explicação, por exemplo {e} > {i}, "lasse" > "lassi". Sabe-se que na língua antiga não havia flexão nestes casos, "lasse" ou *"lassi" > *"lassei" ou *"lassii". Pode-se dizer então que há uma mudança estrutural condicionada por uma mudança fonética. Na maior parte dos vocábulos se dá a aglutinação, que é também o processo típico do finlandês, "ráma" > "ráma{r}", assim como "siive" > "siive{t}". Note-se que as raízes detes vocábulos são os próprios vocábulos, enquanto a do correspondente latino, "ala", é uma parte da palavra, "al-", que se trata de uma forma presa, isto é, só tem uma função dentro do sistema quando se prende a outros morfemas, como "al{is}" ("pelas asas"), "al{a}{rum}" ("das asas"). O mesmo acontece com o verbo, "cad", a raiz de "cadere" ("cair"), só tem sentido se se fundir a morfemas como {u}{nt}, "cadunt" ("caem"). Já o correspondente alto-élfico é por si só a raiz a forma da terceira pessoa do singular, "lanta", que forma o plural junto ao morfema {r}, "lantar".
Por tudo isto, continuo sem enxergar muita latinidade no quenya. Há que compará-lo agora com o grego, para sabermos até onde vai o influxo helênico sobre a língua dos Noldor.
 

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