Salamanca
=]
TODOS OS HOMENS DO PRESIDENTE, ETC
(não, não é um filme político gay)
Semana passada eu fui a uma palestra do Aydano Motta, repórter do jornal O Globo, e logo no começo ele revelou o fator determinante que o fez querer seguir a carreira de jornalista: o filme "Todos os Homens do Presidente", o qual assistiu ainda jovem. A partir daí, ele tinha convicção de que seria essa sua futura profissão. Esse fato, somado a inúmeros comentários e elogios a respeito do filme, me deixou bem curioso e com altas expectativas. Como acontece em casos assim, acabei me decepcionando. O filme é muito bom, mas não uma obra-prima como eu esperava.
Não é difícil perceber por que Motta disso aquilo. Do início ao fim, o longa mostra com perfeição o dia-a-dia de dois jornalistas que, após uma série de reportagens, resultaram na renúncia do então presidente dos EUA Richard Nixon. Presenciamos desde a grande e confusa sala de redação até o gabinete dos editores, que, com diálogos extremamente verossímeis, retrata perfeitamente o ambiente do Whashigton Post - e de qualquer outro grande jornal.
Carl Bernstein (Dustin Hoffman) e Bob Woodward (Robert Redford) começaram com uma matéria sobre uma "simples" invasão da sede democrata e acabaram desvendando o fraudulento processo envolvendo o manejamento do dinheiro do Gabinete de Reeleição do presidente. "Todos os Homens..." mostra passo-a-passo dessa investigação, fornecendo um turbilhão de nomes e meias-verdades. Basicamente, aos poucos eles vão obtendo peças mas sem no entanto formar o quebra-cabeças completo.
O filme não mexe com sentimentos. Não invade a privacidade e a vida pessoal dos personagens. Pouco sabemos sobre seus caráteres. As relações entre eles são puramente profissionais, e os diálogos não saem em momento algum do âmbito de ofício; um rápido comentário dos protagonistas sobre o nascimento da filha de um dos personagens chega a soar engraçado, pois simplesmente parece não fazer parte da personalidade deles se preocupar com a vida de alguém. É tudo um grande jogo de interesses onde se faz nada mais que o exercício do trabalho. E isso pode ser um defeito para muitos.
Mas essa não é uma história para se emocionar ou sentir medo. É uma trama política que, no máximo, exala um "quê" de tensão. A única saída é encarnar o espírito da dupla principal e sentir sua sede de informação. Nessa vertente, é cumprido o objetivo de expor uma investigação com todos os seus detalhes, desde o completo caos até o quebra-cabeças (quase) montado. É cumprido o objetivo de revelar o processo real da busca pela verdade e de delatar a hipocrisia que ronda o governo americano. Ainda que, nesse sentido, "Todos os Homens..." não supere o mais recente "JFK", não deixa de ser um interessantíssimo thriller político.
Baseado na história real publicada por Bernstein e Woodward, o filme conta com ótimas atuações que só ressaltam essa veracidade dos fatos retratados. Jason Robards, que interpreta o editor executivo, levou o Oscar por seu papel, além de uma indicação de Atriz Coadjuvante para Jane Alexander. Vale a pena conferir - pricipalmente se você pensa em algum dia ser jornalista. ;P
[70]
Essa cena aí é foda, etc =D
(não, não é um filme político gay)
Semana passada eu fui a uma palestra do Aydano Motta, repórter do jornal O Globo, e logo no começo ele revelou o fator determinante que o fez querer seguir a carreira de jornalista: o filme "Todos os Homens do Presidente", o qual assistiu ainda jovem. A partir daí, ele tinha convicção de que seria essa sua futura profissão. Esse fato, somado a inúmeros comentários e elogios a respeito do filme, me deixou bem curioso e com altas expectativas. Como acontece em casos assim, acabei me decepcionando. O filme é muito bom, mas não uma obra-prima como eu esperava.
Não é difícil perceber por que Motta disso aquilo. Do início ao fim, o longa mostra com perfeição o dia-a-dia de dois jornalistas que, após uma série de reportagens, resultaram na renúncia do então presidente dos EUA Richard Nixon. Presenciamos desde a grande e confusa sala de redação até o gabinete dos editores, que, com diálogos extremamente verossímeis, retrata perfeitamente o ambiente do Whashigton Post - e de qualquer outro grande jornal.
Carl Bernstein (Dustin Hoffman) e Bob Woodward (Robert Redford) começaram com uma matéria sobre uma "simples" invasão da sede democrata e acabaram desvendando o fraudulento processo envolvendo o manejamento do dinheiro do Gabinete de Reeleição do presidente. "Todos os Homens..." mostra passo-a-passo dessa investigação, fornecendo um turbilhão de nomes e meias-verdades. Basicamente, aos poucos eles vão obtendo peças mas sem no entanto formar o quebra-cabeças completo.
O filme não mexe com sentimentos. Não invade a privacidade e a vida pessoal dos personagens. Pouco sabemos sobre seus caráteres. As relações entre eles são puramente profissionais, e os diálogos não saem em momento algum do âmbito de ofício; um rápido comentário dos protagonistas sobre o nascimento da filha de um dos personagens chega a soar engraçado, pois simplesmente parece não fazer parte da personalidade deles se preocupar com a vida de alguém. É tudo um grande jogo de interesses onde se faz nada mais que o exercício do trabalho. E isso pode ser um defeito para muitos.
Mas essa não é uma história para se emocionar ou sentir medo. É uma trama política que, no máximo, exala um "quê" de tensão. A única saída é encarnar o espírito da dupla principal e sentir sua sede de informação. Nessa vertente, é cumprido o objetivo de expor uma investigação com todos os seus detalhes, desde o completo caos até o quebra-cabeças (quase) montado. É cumprido o objetivo de revelar o processo real da busca pela verdade e de delatar a hipocrisia que ronda o governo americano. Ainda que, nesse sentido, "Todos os Homens..." não supere o mais recente "JFK", não deixa de ser um interessantíssimo thriller político.
Baseado na história real publicada por Bernstein e Woodward, o filme conta com ótimas atuações que só ressaltam essa veracidade dos fatos retratados. Jason Robards, que interpreta o editor executivo, levou o Oscar por seu papel, além de uma indicação de Atriz Coadjuvante para Jane Alexander. Vale a pena conferir - pricipalmente se você pensa em algum dia ser jornalista. ;P
[70]
Essa cena aí é foda, etc =D