Mas já está ocorrendo de forma lenta e sem chamar a atenção. Netflix e Crunchyroll tem lançado alguns "originais" voltado para o mercado estrangeiro como Keep Your Hands Out! Eizouken e BNA: Brand New Animals. A estética e design de animes está lá, mas o enredo é claramente ocidentalizado. Tudo mastigado e bem estereotipado.
Mas isso não tem passado despercebido pelo governo e as das grandes Publishers do Japão que não vêem positivamente essa imposição de valores do ocidente sobre suas obras e criadores a partir de influencer digitais e de sites ditos "especializados" em animes e mangás que tem adotado a temática da erotização ou da exacerbação da violência a todo o instante e com o adicional da onda de cancelamentos.
Sim, é exatamente isso.
Mas vocês acham que isto pode acontecer com 100% do mercado ou apenas uma parcela? Seria meio que ir filtrando os trabalhos bons e os trabalhos ruins, assim como acontece no cinema.
Infelizmente o Netflix já tem produzido várias séries neste sentido e com eles investindo pesado nos animes, não duvido nada que comecem a aparecer trabalhos neste sentido.
Se os animes do Japão podem ser negativamente influenciados no cenário atual? Eu vejo do seguinte modo:
Uma boa parte dos grandes influenciadores e líderes da área de anime/mangá atuais não tem interesse de estarem atentos ao que pode acontecer de ruim a indústria de entretenimento local. Estão atrás de dinheiro (a indústria japonesa amargou um processo lento de agonia e miséria com estagnação).
Isso porque após a Segunda Grande Guerra, com a derrota dos Alemães (e o confisco de interesses nacionais para o exterior) a classe artística japonesa teve chance de se alinhar com os seguintes grupos que restaram (exemplos):
-Anti-war (Budistas, pacifistas)
-Esquerda (O texto do Nagado inclui o Miyazaki do Ghibli no grupo e não duvido que seja assim, mas é verdade que vários dos medalhões dos anos 70s são assim)
-Descendentes da nobreza que tiveram o poder reduzido cada vez mais ao simbolismo (Imperador, etc...). Foi enfraquecido com o fim da doutrina imperial japonesa,
-Grupos que estão presentes na sociedade mas independem de quem está no poder que no entanto podem influenciar muito como foi o caso dos xintoístas que tiveram conceitos usados para instalação do nazismo japonês no fim do século 19
-Crime organizado (Yakuza, máfia chinesa, máfia coreana... alguns diretores de anime se envolveram no mundo das drogas).
-Um núcleo tradicional enfraquecido de direita (cristãos, etc...). A partir dos anos 90s o enfraquecimento aumenta.
-Globalistas europeus ligados a interesses propagandísticos pós "Eco 92" (inclui grupos de ecologia com trânsito em outros círculos como Anti-war, esquerda e crime organizado)
-Neutros de verdade, alguns favoráveis a globalização (sem necessariamente ser o globalismo atual)
-Grupos neonazis (fracos em relação aos financeiramente ricos globalistas e elites chinesas)
Nós sabemos que um nacionalismo mínimo na indústria que poderia protegê-la (atenção para não confundir com "espaço vital" do nazismo) foi convertido um setor vulnerável em que muitos produtores alocaram os investimentos para áreas ideologicamente opostas aos interesses do Japão (China, Coréia).
Daí então o dinheiro secou, e o padrão cultural "Eua Anos 50" da indústria vem sendo lentamente substituído. Hoje a Hollywood e estúdios que os japoneses usavam para nutrir a indústria estão na mão de investidores que são historicamente inimigos deles, os chineses.
O jovem investidor ricaço chinês sabe juntar muito dinheiro (típico de mercantilistas ou de piratas do Caribe), mas são dependentes de governo tirânico (no exterior obedecem a diretriz do PCC). Estúdios como a Disney que lucraram tubos de dinheiro na China tendem a se afastar do que o japonês conheceu no século 20.
Enfim, tudo vai depender de como o Japão vai reagir ao padrão cultural chinês que desejam impôr. Pode restar a eles se fecharem ou se tornarem numa parte da indústria chinesa. O caso é que Japão sofreu um tipo de colonização financeira e cultural que ressoa Hong Kong.
Já li que o problema dos ricos jovens chineses tem sido esse, eles querem comprar um império mas não sabem o que fazer com aquilo pra funcionar organicamente, afunda tudo no melhor estilo "casa nobre européia em decadência". Seria uma vibe "Alexandria no século 2", ou em outras palavras um risco de morte lenta.