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“The Fall of Arthur” – novo trabalho de Tolkien será publicado em 2013

Para deixar mais próximo de nós, teve aquele texto sobre a relação amorosa do Lewis sugerir a hipótese de que o comportamento amoroso dele corria contra aquilo que Lewis defendia para os outros. Ele ilustra que alguém relacionado a Tolkien podia criar uma incoerência sem dar muita atenção para os efeitos porque naquele tempo e espaço estava pensando em outra coisa. Que é um risco que Christopher corre sempre durante o trabalho não-linear de um projeto tão longo quanto o da obra do pai.

Acho que tem uma diferença importante aí, Neoghoster... o padrão dúplice de Lewis em relação às mulheres afetava seu relacionamento com Tolkien e até, é verdade, o tratamento da mulher na obra dele, que mudou de um pólo pra outro ao longo do tempo, mas não afetava sua percepção do trabalho ou da obra de Tolkien em si. Já o CT parece estar cumulando os quirks ideológicos do JRRT com os próprios e aumentando sua intensidade ao ponto de criar pontos do trabalho do pai dele onde seu desempenho como editor ficou prejudicado.

Concordo que há rigidez e algum apego ao atraso e também penso que o Christopher os tenham, o que nos resta é identificar uma forma de tornar a opinião dele mais clara.

Para mim a opinião dele está bem clara, considerando o que ele parece estar a fim de esconder... :P Os motivos pra esconder a opinião é que ficam meio obcuros. É verdade e´que no mundo real isso devia ser uma coisa só mas , alas, não é...
 
Última edição:
Acho que tem uma diferença importante aí, Neoghoster... o padrão dúplice de Lewis em relação às mulheres afetava seu relacionamento com Tolkien e até, é verdade, o tratamento da mulher na obra dele, que mudou de um pólo pra outro ao longo do tempo, mas não afetava sua percepção do trabalho ou da obra de Tolkien em si. Já o CT parece estar cumulando os quirks ideológicos do JRRT com os próprios e aumentando sua intensidade ao ponto de criar pontos do trabalho do pai dele onde seu desempenho como editor ficou prejudicado.



Para mim a opinião dele está bem clara, considerando o que ele parece estar a fim de esconder... :P Os motivos pra esconder a opinião é que ficam meio obcuros. É verdade e´que no mundo real isso devia ser uma coisa só mas , alas, não é...

Ah sim, eu também me referia ao comportamento do Lewis, embora o objetivo fosse das semelhanças dos comportamentos dele com os colegas (e também outros escritores) que não dependiam das especificidades individuais. Daquilo que era comum (comunidade) dividido tanto por ele quanto por Tolkien, Christopher e pelos outros filhos. Seria mais como um tema dentro do outro mesmo.

Por causa disso me interessaram os males e deficiências crônicas do discurso escrito quando se compara ao discurso oral ideal. Em muitas passagens nota-se emoção e paixão nas palavras do filho, mas como eu comentava, são duvidosos não apenas do ponto de vista do objetivo e significado mas também com relação ao tom. Talvez já tenha tido oportunidade de ler algo sobre o livro "O Discurso do Rei". No livro o rei atravessa o mesmo tipo de sofrimento que vejo refletido na compreensão dos livros de Tolkien e no trabalho do filho.

Sem obter acesso a descrições do estado de espírito que moldam o tom em que a mensagem é emitida (cada palavra do discurso britânico com um realce próprio a depender do objetivo) a ausência de informações sobre emoção ou ênfase tornam incompreensíveis livros de grandes autores. Por exemplo, uma mesma frase que pareça agressiva se for dita em tom de confissão será diferente se for dita em tom de recriminação que será diferente se for falada em tom de súplica que será diferente de um tom de empatia com público e por aí vai (existem muitas razões para escrever algo emocionante focando diretamente o leitor).

Quer dizer, consigo ver a intenção emocional no trato de vários projetos do pai mas ela não fica clara em várias das vezes (sempre analisando caso a caso) em que elementos transcendem o texto constantemente mas que por vezes não transparecem para além de um homem refletindo amargamente ou que não esteja em todas as vezes plenamente consciente dos efeitos da limitação de um discurso escrito.

Nessa perspectiva uma parte daquilo que é dito é interpretado como ilógico ou como preconceito e sofre desse mal. Será que em todas as vezes que ele pareça ser preconceituoso ele realmente é? (cabe a todos perguntar isso) Acredito que essas dúvidas também atormentem as análises de vários estudiosos de outros grandes autores. Como eu dizia, matéria para um tema próprio (dois fios na meada) em que classificaríamos os erros do filho decorrentes de preconceito em um conjunto próprio (um tipo específico de erro) dentro de um conjunto maior que são os erros decorrentes das limitações dos veículos (livros) e dos escritores. O mundo das dificuldades do filho de Tolkien daria uma publicação.

De modo que entendo de forma um pouco diversa e complexa a dificuldade de interpretação do leitor em razão de ver o filho como sendo mais dividido e inseguro do que seria comum presumir.
*Nussa... acabei voltando ao meu primeiro post (sobre as dúvidas do filho para abordar o material do pai).
**Claro que também respeito sua visão.
 
Ainda assim, Neoghoster... interpretação de texto discrepante, lacunosa ou contraditória é uma coisa* ... já OMISSÃO de texto, compilado por ele próprio e destacado em livro editado anteriormente, que ele não tem como não saber que é relevante pra questão, em contexto onde é óbvio que essa relevância existe e é crucial pra compreensão dos textos, é outra.

* tipo o episódio da interpretação do Problem of Ros de HoME XII; eu, Conrad Dunkerson e Jallan podemos discordar, como discordamos, da interpretação dada por CT de que o texto e a profecia de Andreth se refere à Guerra da Ira, a "Last Battle" das Guerras da Primeira Era, e não à Dagor Dagorath, mas fundamento em texto editado pra concluir o que concluiu ele, indubitavelmente, tem.

O conjunto de manuscritos do Fall of Arthur é da década de 30... as cartas onde Tolkien cita elementos "arturianos" e o próprio Arthur em conexão com Erëssea e Avalónnë ( que, no interim, teria passado a ser o porto na porção oriental da Ilha ao invés da própria Ilha Solitária, enquanto essa teria voltado a ser chamada de Tol Erëssea, evidenciando que Tolkien fez questão de preservar algum tipo de conexão introduzida na época do Queda de Arthur) são da década de 50, depois do SdA estar concluído e, portanto, vinte anos posteriores. Ele, simplesmente, não podia deixar de citar essas cartas na hora de estabelecer que intenção o Tolkien teria com esses vislumbres da mitologia do Silmarillion no meio do poema, sem estar incorrendo, como incorre, em sonegar informação.

Do mesmo jeito, Christopher fala em abandono do conceito da Última Batalha em HoME X, baseando-se no texto da Valaquenta ( anos 50) que invalida a profecia (não a Batalha em si, apenas sua descrição profética, feita anteriormente na Segunda Profecia de Mandos) de HoMEs IV e V ( anos 30), sendo que ele SABIA que o texto com o poema aliterativo que cita a Dagor Dagorath ( o nome tardio da Last Battle), publicado em Contos Inacabados, é do mesmo conjunto de papéis que acabou entrando como acréscimo no ensaio dos Istari... do início dos anos setenta e, por conseguinte, contemporâneo de materiais publicados em HoME XII e até posteriores a esses.

Na interpretação global do conjunto desse material todo, se ele republicasse e comentasse acuradamente, justificando interpretação possível X em detrimento de possibilidade de leitura Y, seria uma coisa ( e aí sim, entrando e ficando restrito no problema da interpretação puramente textual a que vc se refere), mas omitir a pertinência desse material e , outrossim, coisas como a descrição da metafísica pro retorno de Melkor de HoME X ( deixando a coisa sem comentário ou destaque no livro ao ponto de muita gente não perceber a coisa lá no meio dos Mitos Transformados e se furtando de elaborar em cima de sua clara conexão com a "Last Battle") já é algo de naipe completamente diferenciado.

Por mais que eu reconheça as dificuldades que ele possa ter encontrado, sobretudo em coisas que envolvem tipo a Ruína de Doriath ( onde eu, por exemplo, defendi, anos atrás, com veemência, a necessidade e o mérito de preencher a lacuna do Legendarium, no Silmarillion como compilação no fim dos setenta,com um "fanfic" editorial do CT, apesar do próprio o estar repudiando*), o destino final de Idril e Tuor ( e sua suposta "imortalização"), Tom Bombadil e outras coisas onde os textos, no estado em que ficaram, dão margem mesmo a interpretações dúbias e contraditórias, e onde é perfeitamente justificável o CT ficar em cima do muro, eu não acho mesmo que a questão de Avalon deveria dar ensejo ao mesmo tipo de complicação ou ambiguidade.

*
Na verdade Fábio, o Cristopher utilizou versões até
bem detalhadas ( mas que nunca foram muito
pormenorizadas -a única versão mais minuciosa era o
Conto perdido do Nauglafring : The Necklace of the
Dwarves ( no The Book of Lost Tales II) que era mais
incompatível ainda) da história da Ruína de Doriath.

O problema é que elas apresentavam uma porção de
incompatibilidades e discrepâncias com elementos que o
Tolkien redefiniu posteriormente ( a natureza dos
anões, a personalidade do Thingol, o poder da Cerca( e
da própria Melian, etc)


Como você agora pode ver, o The Wanderings deveria
ter fornecido a história completa mas ficou inacabado
e, ao contrário do que o Martinez deu a entender, foi
utililizado na redação da Ruína sim. Mas como ele não
possuía outro recurso a solução foi usar textos feitos
quase trinta anos antes para completar a história.

Não obstante esse fato, o que o Martinez escreveu foi
isso reproduzido abaixo.

<<On the other hand, "The Wanderings of Hurin" is an
important extension of the story of Turin and his
father, and it should not have been excluded, raw
though it was in the form in which Christopher found
it (in fact, the published version is very different
from the unedited manuscripts, by Christopher's
explanation). The story of Turin must return to
Doriath, and it does so quite inadequately in the
published Silmarillion because Christopher literally
chopped the end of the story off and fabricated an
entirely new ending.>>

Traduzindo o texto :

<<Por outro lado " As Vagueações de Húrin" é uma
importante extensão da estória de Túrin e seu pai , e
não deveria ter sido excluída ( nota minha: pelo
resumo do Deriel você agora sabem que ela NÃO FOI
EXCLUÍDA) por mais inacabada que estivesse na forma
com que Cristopher a encontrou ( na verdade a versão
publicada é muito diferente dos manuscritos sem
editamento , segundo a explicação do Cristopher).A
estória de Turin deveria retornar à Doriath e ela o
faz tão inadequadamente no Silmarillion publicado
porque Cristopher LITERALMENTE CORTOU FORA O FINAL DA
ESTÓRIA E FABRICOU UM FINAL INTEIRAMENTE NOVO ( o
grifo é meu)>>

Isso é conversa gente: o Cristopher não cortou o final
da história de Doriath O final do The Wanderings não
foi incluído simplesmente porque não existia. ( o
manuscrito se encerra com a chegada dele em
Brethil.daí em diante só há notas e apontamentos.)

O problema é que ele queria provar que o Silmarillion
não seria canônico( o que é fato indiscutível) e para
fazer isso, esquecendo-se ( na melhor das hipóteses
por que, caso contrário, a hipótese restante é que
ele tenha agido assim deliberadamente) que muita gente
não leu o The Wanderings ou outros livros da História
da Terra Média , exagerou os fatos, dando a entender,
para o leitor desavisado, que o Cristopher inventou a
história toda. Isso não é verdade e mais adiante vai
ficar claro o porquê.


Devido ao fato de The Wanderings ser incompleto ,outra
fonte usada pelo Cristopher além dos Anais de
Beleriand do The Shapping ( The Shaping of Middle
Earth, HOME 4 )foram The Earliest Silmarillion e The
Quenta publicados no mesmo livro e a segunda versão
dos Anais presente no The Lost Road.( HOME 5)


Com a sua leitura, fica claro que Da Ruína de Doriath,
como está no Silmarillion é , praticamente, uma
transcrição do conteúdo desses textos ( mais o The
Wanderings of Húrin, ainda que resumido) onde é
narrada a Guerra com os Anões , a subsequente
intervenção de Beren e Lúthien e a Batalha de Sarn
athrad.

As alterações feitas pelas mãos do Cristopher foram
poucas sendo que a história do Dior Elúchil está do
jeitinho que ficou no Silmarillion.As alterações como
eu falei se dão entre Nargothrond e a Batalha de Sarn
Athrad e dificilmente correspondem a uma modificação
completa da trama como ficará demonstrado a seguir.

Em resumo, esses textos contavam a história da
seguinte maneira ( as modificações e os motivos por
detrás delas ficarão óbvias com uma posterior
comparação com o Silmarillion):

Húrin não foi sozinho até Nargothrond mas reuniu um
bando de foras da lei consigo ( reunidos em Brethil)
Lá chegando eles roubam o tesouro que havia sido
apoderado por Mim, o anão e remanescentes do seu povo,
A Maldição sobre o tesouro de Nargothrond é lançada
por Mim no momento da sua morte ( Mim aparecia aí pela
primeira vez, ele não participa na primeira versão da
história do Túrin).

Praticamente todo o bando de Húrin morre vítima da
maldição e ele chega sozinho até Doriath

Thingol avisado de que o tesouro está desquarnecido
manda levá-lo para Doriath ( uma coisa meio palha :
como Húrin poderia escarnecer do Thingol sendo que ,
no fim das contas não foi ele que levou coisa alguma
para Doriath? O próprio Cristopher comenta isso.)
.Húrin culpa Thingol pela desgraça do Túrin e parte de
Doriath( sem perceber que tinha sido manipulado) após
o que rumores dizem que ele se encontra com Morwen
antes de morrer.

Thingol, sob a influência simultânea da maldição do
ouro e da sedução do silmaril, manda fazer o
Nauglamir( o Nauglamir ainda não existia como o
Tolkien mais tarde decidiu) contratando anões
joalheiros de Belegost e/ou Nogrod. Os anões são
atraídos pelo Tesouro( o anões eram uma raça má no
Lost Tales e vestígios dessa concepção estão nesses
textos posteriores ) e clamam a sua posse uma vez que
foi roubado de Mim e do seu povo( que fora exterminado
pelos elfos). Eles e Thingol discutem e ele os expulsa
de Doriath sem a remuneração estipulada.

Os anões invadem Doriath com a ajuda de elfos
gananciosos (?) do Reino Escondido e conseguem matar
Thingol que estava numa boa ,caçando na Floresta
depois de ter humilhado os anões ( isso é praticamente
igual à versão do Lost Tales) . O Thingol primitivo
era uma peça rara ,conseguia ser tão popular a ponto
de ser traído por elfos em Doriath mesmo aconselhado
pela sua mega mulher ,( elfos esses que eram capazes
de fazer um exército inteiro de anões ultrapassar a
Cerca de Melian (?)mesmo com os vigias atentos*,) e
ainda fica pensando que os anões iam deixar barato o
calote, indo passear numa nice na floresta enquanto
seu lobo não vinha ( afinal, quem sabe, pensava ele,
o lobo já tinha vindo, he, he, he, he :-P)

(* o Cristopher achou que isso era um absurdo e eu
concordo com ele: foi um artifício simples demais ( "a
too simple device") para justificar a transposição da
Cerca e incompatível com a visão que oTolkien fez dela
mais tarde)

Como dá pra ver pessoal, desse jeito a história não
podia ficar, o próprio Tolkien se fosse preparar a
história para publicação iria perceber que tinha muita
coisa absurda e teria feito modificações antes de
fazê-lo.

Infelizmente, essas alterações tiveram de ser feitas
pela mão do Cristopher e do Guy Kay mas vejam só ( aí
vêm as alterações) bolar que o Thingol teria sido
morto pelos joalheiros ainda em Menegroth, que a sua
perseguição ( a dos joalheiros homicidas) e
subsequente massacre na floresta pelos elfos seria o
estopim da guerra denunciado pelos sobreviventes em
Nogrod, e que, ao atacar Doriath, o exército anão de
Nogrod JÁ TERIA encontrado O Reino Escondido sem a
proteção de Melian( uma vez que ela, desgostosa, já
teria partido para Valinor), realmente foram soluções
lógicas, compatíveis com a ambientação e com a
caracterização dos personagens e raças envolvidos.

Além do mais, ele usou isso como uma oportunidade de
fazer o Pastores das árvores mencionados previamente (
o Tolkien criou os ents muito tardiamente) aparecerem
de alguma forma na Quenta Silmarillion( tirando o
capítulo em que foram criados).

E o Cristopher Tolkien ao que parece não teve
escolha a não ser usar as versões de HOME 4 e 5 porque
a parte "Beleriandica" da última versão do
Silmarillion não forneceu dados adicionais sobre a
Ruína de Doriath ( The Wanderings deveria ter feito
isso mas infelizmente não fez ,ficou inconclusa).

Pessoalmente, eu acho a narração da conversa de Húrin
e Thingol em Doriath uma coisa linda mesmo que, ao que
tudo indica, ela não tenha sido escrita pelo Tolkien
mas sim pelo Guy Kay ( que é um escritor inglês de
Fantasia)segundo o que o Cristopher disse num trecho
citado no ensaio do Gil-galad.

This story was not lightly or easily conceived, but
was the outcome of long experimentation among
alternative conceptions. IN THIS WORK GUY KAY TOOK A
MAJOR PART, AND THE CHAPTER THAT I FINALLY WROTE OWES
MUCH TO MY DISCUSSIONS WITH HIM. ( grifo meu)

No fim das contas Húrin percebe que fora usado por
Morgoth e entrega o colar sem escárnio depois de fitar
os olhos de Melian, a maia. ( o quanto disso foi
baseado nas notas do final do The Wanderings,
Deriel?)

"Aceita pois o Colar dos Anões como uma dádiva de
alguém que não tem nada e como uma lembrança de Húrin
de Dor-Lómin" (...)

Um final digno de um herói da grandeza de Húrin ( eu
gostei do fato de que ele vê a luz no final e que a
influência de Melkor sobre ele é expurgada em
Doriath), em minha opinião .

E a morte do Thingol, que nunca ficou lá essas
coisas, também ficou legal para mim ( no Lost Tales
ela nem é descrita , há uma descrição muito da hora do
modo como Thingol foi para a Caçada ( feita para
comemorar a caçada a Carcharoth) mas depois o que se
fala é do anão Naugladûr invadindo a sala do trono de
Menegroth para escarnecer de Melian ( que lá e chamada
Gwendeling ) enquanto ela conversava com um elfo
traidor um tal de Ufedhin, já carregando a cabeça de
Tinwelint ( Thingol) e o colar no pescoço dele. E a
Gwendeling só foge para alertar Beren e Lúthien ( que
diferença da Maia cujo poder rechaçaria ( na versão
posterior Ungoliant "envolta num terror de trevas" das
cercanias de Doriath, não é?).

Espero que esse sumário tenha ajudado a esclarecer o
problema da Ruína de Doriath (espero que um dia todo
mundo aqui no Brasil possa tirar as conclusões por
conta própria qdo e se os livros saírem aqui/.Até
então cuidado com as generalizações ( que são sempre
perigosas ) e com textos que possuem o intento de
persuadir a par do mister de informar.






--- Fabio Bettega <bettega@...> escreveu: >
> Bom, do que eu entendi daquele capitulo do HoME 11
> e do que eu
> lembro do Silmarillion (preciso reler pelo menos a
> Queda de Doriath),
> posso dizer que:
>
> - o capitulo é extremamente confuso. Não existe um
> texto linear e
> sim uma coleção de rascunhos, ideias, testes e
> correcoes. Era algo
> bem primario
>
> - pelos comentarios percebe-se claramente que
> Tolkien estava
> bastante preocupado em conectar a historia do
> Nauglamir que estava em
> Nargothrond a Thingol
>
> - aparentemente Chistopher praticamente escreveu o
> capitulo, a
> aprtir de rascunhos linhas gerais e outros detalhes
> deixados por
> Tolkien, infelizmente; Alias, por isso que a morte
> de Thingol parece
> tão besta... pq basicamente nada tinha sido escrito
> sobre ela.
>
> Vou dar uma relida no Silmarillion e amanha coloco
> alguns impressoes
> mais exatas.

Se o CT insiste em agir como se fosse o caso, eu não posso, de consciência livre, diante do que parece overwhelming evidence, deixar de concluir que entra aí algo mais além de simples "interpretação", por mais que ela até possa estar incluída no pacote ou exercer algum papel. Exatamente como acontecia com o próprio JRRT em vários assuntos ( tipo o da mitologia celta que está envolvido aqui na questão do Fall of Arthur*)ao ponto de ter como destaque da sua natureza o conceito de "contrasistência", definido pelo professor Clyde S. Kilby, que conheceu Tolkien pessoalmente, o ajudou a começar a organizar o Silmarillion a pedido dele, como sendo uma tendência pra ser "consistentemente contraditório".

Então, nesse ponto, o CT só mostra mesmo que é filho do Tolkien, já que o "fruto não cai longe da árvore", after all, lembrando que havia e há motivos claros, IMO, sociais, históricos e religiosos, pra justificar esses paradoxos aparentes porque, no fim das contas, a própria sociedade britânica que deu origem a ambos está repleta deles e, portanto, JRRT e CT estão, em grande parte, escusados por fazerem concessões a esse tipo de ingerência ou pressão, quaisquer que sejam mesmo suas convicções particulares, uma vez que, sem elas, era bem capaz da obra ( Silmarillion, Contos Inacabados, HoME, Fall of Arthur, Sigurd and Gudrun e, virtualmente, tudo que foi editado pelo CT) não ter sido publicada até hoje. Se bobear, nem o SdA teria sido publicado sem esse tipo de "compromisse".

tolkien%2Bcontrasistency%2B2.JPG


*tema desse tópico aí tb que discute esse texto aí salvo no meu blog, o qual está, pra variar inacessível na fonte norueguesa (podendo ser encontrado mas não sempre online aí.

contrasistency-jpg.54224


Excelente review do Fall of Arthur aqui

Outra ótima e complementar aí:
Philosophizing   on Fall of Arthur

Fall of Arthur and the connections to the Quenta
 

Anexos

  • contrasistency.jpg
    contrasistency.jpg
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  • Tolkien British and Norse in tension.pdf
    945,3 KB · Visualizações: 0
Última edição:
Tô ligado, inclusive já esperava que me enviasse fontes (fico grato por enviar mais textos). E me chama a atenção nessa questão também o terreno especulativo da forma como pode ocorrer uma omissão legítima na produção de livros. Se for no sentido de deixar de publicar uma referência então faz sentido que exista também uma distância entre aquilo que o fã veja como omissão e a proposta de um livro comum ou até dos projetos do Tolkien pai (omissão e supressão da perspectiva editorial ou do autor são diferentes).

Depois de ter contato com o conceito de honra nos livros o filho deve ter reconhecido a qualidade de outras referências literárias que vinham de países inimigos de sua terra ( a honra do pai o força a ver que as qualidades de um inimigo continuam sendo qualidades em prol de uma visão realista). Ou seja, a opção por deixar de incluir pode não ser sempre por repulsão a elementos pessoais e estrangeiros ou atraso mas pode também querer buscar uma criação própria que venha de seu país (o esforço de guerra ativo na alma britânica).

Tipo alguns ingleses que gostam de produtos e invenções americanas mas não os compram pra poder estimular a sobrevivência local.

Então um dos riscos que Christopher corre é que a vontade de Tolkien pai de criar um universo mitológico nacional tinha chances de enxergar as outras mitologias não apenas como fontes em domínio público mas como arquétipos ou símbolos que se repetem em mais de uma história. Que é um cenário muito propício a não citar ou referir diretamente algumas fontes de inspiração o que poderia deixar ele involuntariamente numa posição de vilão. Eu pelo menos imagino que o Tolkien pai estava pesquisando esses esqueletos estruturais comuns a várias mitologias e no decorrer de vários anos a qualidade do trabalho editorial do filho dele tende a não ser homogênea.

Mas acho que você já tinha comentado dessas partes duvidosas, então entrei mais pra estudar o assunto.
 
Com a devida escusa aqui no caso do "dilema" e "mistério" Avalon/Avallon...TUDO isso pra não dizer que Avalon de Artur e Avalonnë e Erëssea do Silmarillion fazem parte do MESMO mundo, o nosso, do mesmo jeito que JRRT sempre fez questão de deixar claro desde a introdução do SdA em 1966 e que eram ou são a mesmíssima coisa, assim como Atalantë/Númenor e Atlântida/Atlantis tb eram? Isso, pra mim, é o CT tapando o sol com a peneira de novo, só pra não reconhecer o evidente.

Ponto de vista meu compartilhado e explicado de forma clara aí( legal ver que mais gente tb concluiu a mesma coisa, embora a polidez não deixe descer a lebre na omissão do CT:

The Connection to the Quenta
As explained in my review, Tolkien's notes to the unwritten ending of The Fall of Arthur indicate that he planned to send Lancelot across the sea to Avalon in the wake of Arthur, never to return, and they also reveal that Tolkien explicitly placed this Avalon as the Lonely Isle in the Bay of Faërie – i.e. Avalon was Tol Eressëa. Since we have, as demonstrated by Christopher Tolkien in The History of Middle-earth, already seen Tolkien linking from his mythology to the Arthurian world by stating, within the sub-created Secondary World of his mythology, that the Arthurian Avalon was identical to Tol Eressëa, the linking here is the other way around – here the link is shown to exist also in the Secondary World of King Arthur.

Strengthening this link by making it bi-directional has some rather significant consequences. In mathematical theory, a bi-directional implication is the same as an equivalence, and the implication here is that Tolkien is telling us that the Arthurian world (or at least his Arthurian world) and his Silmarillion world are equivalent – that they are the same. This also allows us to speculate what the consequences of this equivalence might be on the internal history of the Silmarillion world.
 

Anexos

  • Article_SwordMacsenGwledig.pdf
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