Anica
Usuário
[imdb]0101761[/imdb]
[size=large]Morrison e Stone: feitos um para o outro[/size]
Sai no Brasil edição dupla de The Doors, subestimado filme do polêmico diretor de Platoon e Nascido em 4 de Julho
[align=justify]Quando se aposentou, em 1991, a crítica de cinema Pauline Kael, tão respeitada quanto temida, disse que o melhor de sair de cena era nunca mais ter de assistir a um filme de Oliver Stone. Para a jornalista da revista The New Yorker, o cineasta, duas vezes ganhador do Oscar de melhor direção (por Platoon e Nascido em 4 de Julho) era um embuste. Além de sensacionalista, ao se apropriar indevidamente de episódios polêmicos da história dos Estados Unidos, tinha a profundidade de um pires nas discussões políticas que tentava enfiar goela abaixo do público.
A tese de Pauline, embora tenha lá sua razão de ser, desconsidera um aspecto importante na obra de Oliver Stone, cujo engajamento hoje parece, é bem verdade, um tanto anacrônico: seu notável domínio da linguagem cinematográfica, tanto na construção de imagens quanto na escritura de roteiros. Exemplo dessa destreza é o subestimado The Doors, que reconstitui em forma de longa-metragem a história da lendária banda de rock norte-americana.
Focada sobretudo na figura do vocalista e compositor Jim Morrison, um dos ícones mais perenes da contracultura, o filme cumpre bem o papel de tentar explicar às novas gerações o porquê do mito construído em torno do roqueiro, defendido com fúria e paixão pelo ator Val Kilmer (de Ases Indomáveis). Filho de uma típica família classe média americana do pós-Segunda Guerra Mundial, Morrison foi um daqueles rebentos que ousaram questionar o que parecia perfeito. E o fez não apenas com sua música. Toda extensão de seu ser era um manifesto antiestablishment. E aí entra o fascínio de Oliver Stone pela história do The Doors.
O grupo é o mais politizado de sua geração no rock dos Estados Unidos. Tanto que a fantasmagórica canção “The End” abre o filme Apocalipse Now, obra-prima de Francis Ford Coppola sobre a Guerra do Vietnã, na qual Stone lutou como soldado. Mas sua música também era lisérgica, psicodélica, suscitando um universo simbólico fascinante para um diretor que desejasse falar, além da história da banda, de um momento-chave e único na história contemporânea, do qual o cineasta participou ativamente.
De certa forma, portanto, Jim e Oliver são a mesma pessoa. Só que Stone sobreviveu para contar a história de Morrison.
A bela fotografia de Robert Richardson, vencedor do Oscar por JFK (de Stone) e O Aviador (de Martin Scorsese), dá ao filme a textura e o colorido do tempo que retrata. Assim como os exuberantes figurinos de Marlene Stewart, que reconstroem com inventividade os looks da época, e a direção de arte de Larry Fulton, capaz de transportar o espectador para os anos 60 e 70.
Como quase toda obra cinematográfica que se pretende biográfica, no entanto, há um certo simplismo na proposta de condensar a complexidade de vidas e de obras, sejam elas tão extraordinárias como a de Morrison e do The Doors ou não. Mas, enquanto espetáculo cinematográfico, o filme de Stone inebria – qualidade compartilhada por muitos de seus filmes. Nesta versão especial dupla, há vários extras, de comentários do diretor a cenas excluídas, passando por um documentário sobre a banda. São a cereja de um bolo psicodélico. GGG1/2
Serviço
The Doors. EUA, 1991. Direção de Oliver Stone. Edição dupla. Classificação indicativa: 18 anos. Preço médio: R$ 39,90.[/align]
Fonte: Gazeta do Povo
[size=large]Morrison e Stone: feitos um para o outro[/size]
Sai no Brasil edição dupla de The Doors, subestimado filme do polêmico diretor de Platoon e Nascido em 4 de Julho
[align=justify]Quando se aposentou, em 1991, a crítica de cinema Pauline Kael, tão respeitada quanto temida, disse que o melhor de sair de cena era nunca mais ter de assistir a um filme de Oliver Stone. Para a jornalista da revista The New Yorker, o cineasta, duas vezes ganhador do Oscar de melhor direção (por Platoon e Nascido em 4 de Julho) era um embuste. Além de sensacionalista, ao se apropriar indevidamente de episódios polêmicos da história dos Estados Unidos, tinha a profundidade de um pires nas discussões políticas que tentava enfiar goela abaixo do público.
A tese de Pauline, embora tenha lá sua razão de ser, desconsidera um aspecto importante na obra de Oliver Stone, cujo engajamento hoje parece, é bem verdade, um tanto anacrônico: seu notável domínio da linguagem cinematográfica, tanto na construção de imagens quanto na escritura de roteiros. Exemplo dessa destreza é o subestimado The Doors, que reconstitui em forma de longa-metragem a história da lendária banda de rock norte-americana.
Focada sobretudo na figura do vocalista e compositor Jim Morrison, um dos ícones mais perenes da contracultura, o filme cumpre bem o papel de tentar explicar às novas gerações o porquê do mito construído em torno do roqueiro, defendido com fúria e paixão pelo ator Val Kilmer (de Ases Indomáveis). Filho de uma típica família classe média americana do pós-Segunda Guerra Mundial, Morrison foi um daqueles rebentos que ousaram questionar o que parecia perfeito. E o fez não apenas com sua música. Toda extensão de seu ser era um manifesto antiestablishment. E aí entra o fascínio de Oliver Stone pela história do The Doors.
O grupo é o mais politizado de sua geração no rock dos Estados Unidos. Tanto que a fantasmagórica canção “The End” abre o filme Apocalipse Now, obra-prima de Francis Ford Coppola sobre a Guerra do Vietnã, na qual Stone lutou como soldado. Mas sua música também era lisérgica, psicodélica, suscitando um universo simbólico fascinante para um diretor que desejasse falar, além da história da banda, de um momento-chave e único na história contemporânea, do qual o cineasta participou ativamente.
De certa forma, portanto, Jim e Oliver são a mesma pessoa. Só que Stone sobreviveu para contar a história de Morrison.
A bela fotografia de Robert Richardson, vencedor do Oscar por JFK (de Stone) e O Aviador (de Martin Scorsese), dá ao filme a textura e o colorido do tempo que retrata. Assim como os exuberantes figurinos de Marlene Stewart, que reconstroem com inventividade os looks da época, e a direção de arte de Larry Fulton, capaz de transportar o espectador para os anos 60 e 70.
Como quase toda obra cinematográfica que se pretende biográfica, no entanto, há um certo simplismo na proposta de condensar a complexidade de vidas e de obras, sejam elas tão extraordinárias como a de Morrison e do The Doors ou não. Mas, enquanto espetáculo cinematográfico, o filme de Stone inebria – qualidade compartilhada por muitos de seus filmes. Nesta versão especial dupla, há vários extras, de comentários do diretor a cenas excluídas, passando por um documentário sobre a banda. São a cereja de um bolo psicodélico. GGG1/2
Serviço
The Doors. EUA, 1991. Direção de Oliver Stone. Edição dupla. Classificação indicativa: 18 anos. Preço médio: R$ 39,90.[/align]
Fonte: Gazeta do Povo