SÚPLICA

[imported_Remisson Aniceto]

Reza por mim, amor.
Reza por mim
e não serei um mero grão disperso,
e não serei um anel de Saturno
desgarrado, solto no espaço-tempo
da Eternidade.
Que aqui tudo é mistério,
tudo é descoberta,
há outro sentido,
outro conceito de Existência.
Aqui não há espera,
só a lembrança fugaz,
só a vaga imagem do teu rosto
na moldura do Infinito.
Não te deixei, amor,
roubaram-me de ti,
despejando-me no vácuo do tempo.
Reza por mim,
fumaça disforme ora diluída,
ora rejuntada,
assumindo formas várias e inúteis,
bailando aos dissabores
da inconsciência.
Reza por mim, amor.
Imagina-me como um lago
de águas puras, serenas,
e assim hei de ser
para matar minha sede
de ti.

 

[Fernando Giacon]

Não te deixei, amor,
roubaram-me de ti,
despejando-me no vácuo do tempo.

Você faz um retrato bem sombrio de como seria passar para o outro lado, não é Remisson? Lá existirão lembranças envolvidas com mistério... um vago conceito de existência, e talvez um sentido que não é compreendido por nenhum de nós mortais. No teu poema, a parte triste fica por conta desse pequeno trecho aí, onde "roubaram-me de ti", pode ser entendido talvez como se tirassem a sua vida. Quantas pessoas perdem a vida todos os dias porque alguém as empurrou pra esse caminho?! Consegui refletir bastante cara, gostei muito.