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Suicídios Exemplares (Enrique Vila-Matas)

Anica

Usuário
Pela resenha que saiu na Gazeta, parece bem legal:

Enrique Vila-Matas sorri para os personagens de Suicídios Exemplares como alguém ouvindo uma história triste e desagradável, que beira o absurdo. É uma risada nervosa e debochada – uma resposta possível para algo que não se compreende di-reito.

A compilação de dez contos que a Cosac Naify publica no Brasil começa com um texto que faz as vezes de apresentação e termina com a citação de uma carta de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa. Entre um e outro, Vila-Matas discorre sobre vários tipos de suicidas.

Em sua página na internet, www.enriquevilamatas.com, o escritor barcelonês comenta que Suicídios Exemplares foi resultado do desejo de entender as pessoas que abandonam determinada atividade. Tema que reapareceria em Bartleby e Companhia (2000), numa referência ao personagem criado por Herman Melville – criador de Moby Dick –, o escrivão que se sente incapaz de fazer qualquer coisa.

Publicado em 1991, Suicídios Exemplares é o título mais antigo de sua bibliografia a sair em português. A mesma Cosac Naify já havia publicado outros quatro, começando por A Viagem Vertical, de 1999.

Com um conhecimento enciclopédico de literatura, Vila-Matas criou uma obra que é encarada como irônica e cheia de referências a outros autores e livros e a sua própria vida.

O ponto de partida de Paris Não Tem Fim foi a disposição de escrever sobre sua experiência em Paris quando era um aspirante a romancista de 20 anos alugando um cômodo desconfortável da escritora Marguerite Duras, autora de O Amante.

Apesar de ser narrado em primeira pessoa e da inspiração autobiográfica, Paris Não Tem Fim é um romance. Também pontuado de humor, ele não é tão sarcástico quanto em Suicídios Exemplares. É quase como se, neste, Vila-Matas ainda não fosse capaz de amar seus personagens. Não que isso seja fundamental, mas, eventualmente, acabou acontecendo.

A história “Em Busca do Parceiro Eletrizante”, por exemplo, fala de um ator de nome Brandy Mostaza sem qualquer sinal de compaixão. O protagonista vai do sucesso à decadência, da magreza à obesidade, da vida boa ao desejo de morte e é difícil embarcar no seu dilema. Esquecido e sem emprego, ele procura um parceiro para tentar voltar ao cinema. Um sujeito que fizesse com ele uma dupla à la Stan Laurel e Oliver Hardy (o Gordo e o Magro). O máximo que se consegue sentir de Mostaza é uma ponta de curiosidade.

Algo diferente acontece com a protagonista de “Rosa Schwarzer Volta à Vida”, uma senhora que trabalha na função de segurança de museu e leva uma rotina modorrenta com o marido e os filhos. Com dificuldade de enxergar um sentido para sua vida, ela cogita o suicídio. Um dos impulsos é freado porque não quer ficar “cruelmente sem maquiagem sob as rodas de um carro”.

Com um novo ânimo – o de saber que acontecimentos a vida ainda lhe reserva –, entra em um café para tomar um chá, conhece um bêbado jovem, bonito e triste, e criam uma amizade improvável.

Rosa Schwarzer é um ponto de virada na antologia. É quando Vila-Matas deixa de zombar dos suicidas para enxergá-los de maneira mais humana. O autor diz que se identifica sempre com os personagens do livro que está escrevendo. Enquanto produzia Suicídios Exemplares, ele conta que temia se matar e que via na janela do apartamento em que morava, no sexto andar, “a possibilidade fácil do voo”.

O livro não romantiza o suicídio – que paira sobre as páginas mas nunca acontece de fato – e afirma a curiosidade necessária à vida.

Serviço

Suicídios Exemplares, de Enrique Vila-Matas. Cosac Naify, 208 págs., R$ 45.

Fonte: Gazeta do Povo
 
Eu não li esse ainda (tá na espera aqui na estante, to com muita coisa pra ler), mas sendo Vila-Matas, eu recomendo. Mesmo que eu seja suspeito quando falo dos 'novos latino-americanos' (Bolaño, Fresán, Vila-Matas, Pasquapiro, ...).
 
Agora eu li. É ótimo: sutil e soco na cara, ao mesmo tempo.
O Vila-Matas não é um Bolaño ou um Fresán, mas é ótimo mesmo!

***

"Será que a realização da plenitude e absurdo da vida exigem suicídio?” É, para Albert Camus, a única pergunta que deve ser respondida. E ele conclui que o suicídio não é a resposta: deve-se viver, deve-se revoltar. A revolta carrega em si a esperança, a luta é suficiente para tornar o homem pleno.

E as personagens dos contos de Vila-Matas são como o pensamento do argelino colocado em prática. Um tema que pode ser considerado forte, que pode assustar. Mas são contos extremamente delicados e sutis. E só em um dos contos a personagem efetivamente se mata. Nos outros o suicídio é uma idéia, servindo mais como uma promessa do que como algo a realmente ser realizado. Talvez nisso resida o fato de serem exemplares: a pergunta de Camus é respondida não de modo filosófico, mas prático. Alguns até tentam levar a idéia a cabo mas, por um motivo ou outro, sempre protelam sua execução.

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