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Suicídio nas obras de Tolkien

Mr. Feynman

Dark Lord of the Physicists
Me deparei hoje, com um artigo em inglês, muito peculiar. Basicamente, ele defende uma interpretação curiosa sobre o suicídio nas obras de Tolkien. Para resumir, segundo o autor, o suicídio é uma importante parte dos livros de Tolkien relacionados a Terra-Média e mais freqüente do que se imagina; o autor chega a manifestar certa surpresa pelo fato de Tolkien ter inserido o suicídio num contexto não negativo visto que ele era católico romano.

O autor defende também três tipos de suicídio em Tolkien.: 1) Suicídio propriamente dito, como o perpetrado por Túrin e sua irmã; 2) Suicídio Númenoriano: alguns Númenorianos, como Aragorn, escolhiam quando morreriam, o que foi feito pelo próprio Aragorn e equivaleria a uma forma de suicídio; 3) Suicídio Élfico, que seria a escolha de alguns elfos de abandonarem seus corpos físicos e irem para o palácio de Mandos, tal como ocorreu com a mãe de Fëanor.

Eu achei interessante a idéia do autor, mas estou meu cético em relação à interpretação dele. Tolkien era católico e as similaridades entre o mundo que ele criou e a cosmogonia católica são enormes a ponto de, ao meu ver, se poder praticamente afirmar que as obras de Tolkien são obras católicas. O paralelo entre a queda de Melkor e a de Lúcifer, por exemplo, é enorme e bem visível. Então é realmente de se estranhar que ele teria inserido uma visão neutra do suicídio em suas obras, ao invés de uma visão negativa, como uma espécie de 'pecado' - embora este conceito não esteja presente nos livros que escreveu.

O que vocês acham disto? O suicídio é realmente tão presente assim nos livros e o caso élfico e dos númerorianos pode mesmo ser considerado como suicídio? Se sim, como interpretar isto?
 
Acho que estão fora do contexto suas impressões sobre a morte nas obras de Tolkien. No caso de Túrin e Nienor, a morte foi causada por Glaurung que, enfeitiçados, esqueceram que eram irmãos; e acima do Grande Lagarto, pairava sobre a família de Húrin a maldição de Melkor que impôs sobre ele o castigo mais cruel que alguém já recebeu na Terra Média.

No caso dos elfos, é preciso ter em mente que seus corpos funcionam como vestes para seus espíritos, não formam um vínculo único que pode ser desfeito com a morte, tal como acontece com os Homens. Sendo assim, eles podem abandonar por espontânea vontade aquela casca caso sofram alguma violência ou desgosto que os fazem partir das Terras de Cá, passem um tempo em Mandos e podem escolher se querem retornar na sua forma original ou renascer em sua família.

Míriel foi a exceção das exceções; por ter dado a luz a um noldor muito poderoso (Feanor), a esposa de Finwe teve sua energia completamente exaurida de tal forma que ela se recusou a sair de Mandos. Segundo a tradição élfica, parte do fear dos pais vai para a gestação da criança, por isso eles tem poucos filhos. Com a exceção, novamente, de Finwe.
 
Interessante mesmo essa idéia.

Eu acho que Tolkien não tem medo de falar sobre a morte de uma forma, geral. Discussões sobre a morte estão muito presente em toda a obra.

Um dos textos que escrevi e foi muito comentado sobre isso é esse: https://www.valinor.com.br/forum/topico/a-dadiva-dos-homens-para-os-elfos.89844/

Nele eu falo principalmente da morte de Aragorn, que para mim é bem claro o suicídio, a eutanásia.

Eu comento o texto que está nos apêndices do Senhor dos Anéis que é o diálogo entre Arwen e Aragorn em seu leito de morte. Que texto lindo. É tão bonito e defende tanto o suicídio que eu sempro lembro dele quando alguém está depressivo falando de morte ou algo do tipo, mas apesar de lembrar, não comento. Porque ele tem bons argumentos para uma pessoa optar por abreviar a existência.

Penso que Tolkien tem esse olhar "positivo" sobre o suicídio, apesar de ser bastante católico, porque na verdade o que ele defende não é o suicídio em si. Mas ele defende a idéia que a morte não é algo ruim, negativo, ao contrário do que tendemos a pensar. Ele defende a idéia que a morte é um dádiva que Deus deu aos homens. É um presente para que não fôssemos condenados viver para sempre "dentro dos círculos do mundo". É uma saída para quando o corpo já está muito farto de uma vida de indas e vindas, alegrias e tristezas, emoções, acontecimentos e experiências. Quando o corpo está exausto e muito carregado depois de toda uma vida ele pode finalmente descansar, se livrar do fardo. Mesmo que essa morte seja uma morte escolhida... "desejada"?

A tecla que Tolkien bate é, a meu ver, a seguinte: quando tememos a morte, nos sentimos castigados por ela, como se Deus estivesse nos punindo com a nossa morte ou a de parentes e amigos próximos, na verdade esse medo e raiva decorrem de uma mentira. Morgoth mentiu para nós e nós acreditamos e passamos a enxergar a morte como algo ruim e a partir daí passamos a procurar formar de viver sempre mais, de parecer sempre jovens, morremos de medo e asco de qualquer sinal de velhice e sempre quando surgem procuramos esconder, mas na verdade fomos enganados. Porque o Inimigo de Deus, pai da mentira, inventou essa como uma forma de manipular os homens e jogá-los contra Deus.

Fases do Luto.png

Por isso que a morte e o luto tem suas fases: Negação, Raiva, Depressão, Barganha e Aceitação. Porque de início acreditamos na mentira que a morte é um mal e com o decorrer do tempo vamos entendendo e terminamos por aceitar o presente. E é um presente, a vida eterna (neste mundo) seria insuportável. Tudo que tem um início, tem um fim. E essa é a beleza da vida. Tudo é único! Todo momento é precioso, justamente porque é escasso. O ouro só é precioso porque é escasso, o que é abundante não tem valor e é desperdiçado.

Então quando Tolkien tem um olhar "positivo" a respeito do suicídio, penso que na verdade o que ele está querendo é desmistificar a mentira de Morgoth a respeito da morte e não propriamento do suicídio em si.

Essa é minha análise.
 
Muito legal a percepção de vocês dois sobre o assunto. Vou ler o artigo linkado com calma e depois comento melhor e em detalhes, mas gostei muito dessa sua conclusão, Gerbur. Realmente, vendo por este lado torna-se compreensível o porquê de Tolkien ter escrito sobre isto da forma como escreveu.
 
Bem, em artigos assim eu gosto de separar aquilo que as pessoas possam projetar não apenas com relação ao suicídio mas a vários conceitos que só servem bem a realidade em que vivemos e que não caberiam bem para classificar todos os seres de Arda com o mesmo sentido de nosso mundo.

Em Ëa o futuro e o passado podem ser tão visíveis, sólidos e táteis quanto o presente (a memória e visão de elfos e ainur). Então um elfo sempre sabia exatamente o que queria e para onde iria antes de partir, não era uma simples fuga no escuro, diferentemente de um humano de nosso mundo em que é a minoria dos casos de quem entrevê os portões da morte e volta para relatar (só quem tem visão espiritual bem aguçada).

Com freqüência existe no fandom quem suponha que a obra de Tolkien possa ser sempre abordada no mesmo nível que nosso mundo mas a morte no universo da Terra Média aparece ainda mais criativa e sob mais de uma forma que não seria compatível com regras de nossa realidade. O que em nosso mundo chamamos de suicídio (tirar a própria vida) é, pelas leis daquele mundo, nem sempre suicídio. Que quando elfos e numenorianos deixam o corpo a morte daquele corpo precisa ocorrer por se tratar de uma etapa inadiável na natureza, para chegar ao futuro que os aguarda para continuarem a vida, de uma forma parecida a morte de Jesus que muitos confundem com suicídio, mas que não é. Porque são seres em patamares de sensibilidade e consciência acima de um humano de nosso mundo ou dos humanos médios da terra média (Numenorianos seriam homens altos com sangue élfico, abençoados com dons pelos Valar). Quer dizer, se um numenoriano se deitava para falecer ele já havia tido a previsão sobrenatural do futuro de que o que podia fazer já havia alcançado a plenitude e não lhe restava mais nada por aqui e a partida se dava não como um abandono de quem ainda não usou todas as forças mas como alguém que realmente usou todas as forças e que ouviu o chamado de que seu tempo destinado naquela condição terminou porque cumpriu a vontade maior de seu propósito. Nos livros havia um chamado "do Oeste" que os espíritos bons deviam obedecer incluindo homens. Espíritos confusos ou maculados podiam se demorar indefinidamente e os sinais de sua sina no pós túmulo podiam aparecer antes de morrerem. As almas penadas eram apegadas ao mundo antes mesmo de perderem o corpo.

Ou seja, em Tolkien a morte vai dando sinais, visíveis e invisíveis da proximidade e os homens são os que menos enxergam esses sinais. A espécie humana é a mais fraca na obra (inclusive mais que os anões).

Se interessar ler um pouco mais eu escrevi um tópico há um tempo atrás sobre a aparência original da morte em Tolkien focando os homens a partir da ótica de Andreth. Pode valer dar uma espiada no tópico.
 
Esses três textos são essenciais para compreender a "teologia da morte" dentro dos contos (tardios) de Tolkien:

Athrabeth Finrod ah Andreth
Comentário sobre o Athrabeth Finrod ah Andreth
Conto de Adanel

O primeiro é a o diálogo entre a humana mestre de tradições Andreth e o rei Finrod Felagund, a respeito da morte, do Mal e tudo mais. O segundo é o comentário de Tolkien, como autor onisciente, sobre essas questões. E o terceiro é um análogo da Queda de Adão e Eva dentro do universo tolkienriano.

O que se conclui dos textos é que a separação entre corpo e alma é algo não-natural, e é fruto da natureza caída do mundo, em última instância decorrente da ação de Melkor. Dessa forma, a morte dos elfos pode ser identificada como fruto de mácula física ou espiritual.

A morte dos homens, porém, é mais problemática, porque (a) a morte para os Homens parece algo natural, afinal do contrário como Melkor poderia ter alterado de tal forma o destino dos homens? (b) Diferentemente dos elfos, que amam a vida terrena, isto é, amam tudo que está associado à Terra, os homens logo estão insatisfeitos com essa vida: os homens têm uma tendência ao transcendente, ao espiritual, ao além-mundo.

A solução que Finrod e Andreth encontram é que, primeiramente, esse aspecto da "psicologia humana" é algo natural e desejado por Deus.

Portanto, a passagem de mortais “sobre o mar” após a Catástrofe – que é registrada nO Senhor dos Anéis (...) foi, de qualquer modo, uma graça especial. Uma oportunidade para morrer de acordo com o plano original para os não caídos: eles chegavam a um estado onde poderiam adquirir um conhecimento e paz de espírito maiores, e estando curados de todos os ferimentos, tanto de mente como de corpo, por fim poderiam finalmente entregarem-se: morrer de livre vontade, e mesmo de desejo, em estel. Uma coisa que Aragorn alcançou sem qualquer tipo de auxílio.​

Essa não é, porém, a solução perfeita, porque a decadência do corpo e a separação de corpo e alma não eram desejados por Deus - o homem não-caído deixaria o mundo de corpo e alma: em outras palavras, ascenderia aos céus, sem passar pela morte.

Assim, baseando seu argumento no axioma de que a separação de hröa e fëa não é natural e é contrária ao seu desígnio, ele chega (ou se preferir, precipita-se) à conclusão de que o fëa de um homem não caído levaria consigo seu hröa ao novo modo de existência (livre do Tempo). Em outras palavras, esta “suposição” era o fim natural de cada vida humana, embora, até onde sabemos, este foi o fim do único membro “não caído” da humanidade.* Ele tem então uma visão dos homens como os agentes da cura da “desfiguração” de Arda, não meramente ao desfazer a desfiguração ou o mal perpetrado por Melkor, mas ao produzir uma terceira coisa, Arda Refeita – pois Eru jamais simplesmente desfaz o passado, mas gera algo novo, mais magnífico do que o “primeiro desígnio”. Em Arda Refeita elfos e homens encontrarão separadamente alegria e contentamento, uma amizade recíproca, um elo que será o Passado.

* A referência é à Virgem Maria.​

Se isso não acontece ocorre devido à Queda do homem, conforme relata o conto de Adanel - fruto de Melkor, sim, mas fruto também de um certo Pecado Original por parte da humanidade. Não parece à toa então que, dentro da Tradição Católica, além da Assunção de Maria, exista o dogma da Imaculada Conceição - Maria estava livre do Pecado Original, o que possibilitaria que seu corpo fosse não-caído e que pudesse ascender aos céus sem mais delongas (e outras proezas, como parir sem sangue, sem dor e sem perder a virgindade).

Isso abre caminho para que meio-elfos (talvez) não morram de velhice, afinal não haveria porque resgatarem esse aspecto caído do corpo dos homens - o que ajudaria a a explicar certos elementos do conto de Arwen.

Dessa forma a morte de livre vontade dos numenorianos não pode ser comparada ao suicídio, e sim vista como uma vocação, um dom especial garantido por Deus: isso é, o dom de identificar claramente o chamado de Deus para deixar o mundo, e a paz de espírito para ver nisso um presente e não um infortúnio. Se há a separação entre corpo e alma, isso não é fruto da vontade de Deus ou daquele que morre, mas sim fruto do aspecto caído do mundo que aqueles que morrem não conseguiram superar. Essa é uma diferença essencial entre esses casos e o suicídio típico, em que a separação do corpo e alma é causada pelo próprio suicida. Mais importante, a morte de Aragorn é fruto em primeiro lugar de um convite divino, e não de sua própria vontade, como se ele tivesse meramente decidido quando fosse morrer. Isso se contrapõe, por exemplo, ao suicídio de Denethor:

A autoridade não lhe foi dada, Regente de Gondor, para ordenar a hora de sua morte - respondeu Gandalf – E apenas os reis bárbaros, sob o domínio do Poder Escuro, fizeram isso, matando-se por orgulho e desespero (...) (O Retorno do Rei)

Aqui é uma afirmação mais questionável, mas há até quem interprete que os corpos de Aragorn e outros ficaram preservados do decaimento, isto é, receberam o dom da incorruptibilidade:

Estel, Estel! — gritou ela, e nesse momento, na hora em que tomou sua mão e a beijou, Aragorn adormeceu. Então revelou-se nele uma grande beleza, tanto que todos os que vieram depois para vê-lo olhavam-no admirados, pois viam que a graça de sua juventude, a coragem de sua virilidade, a sabedoria e a majestade de sua velhice estavam mescladas em seu rosto. E por muito tempo ficou ali deitado, uma imagem do esplendor dos Reis dos Homens, numa glória que não se apagou antes da destruição do mundo. (O Retorno do Rei)

O que é uma interpretação interessante, pois distancia ainda mais a morte de Aragorn de um suicídio típico, na medida em que também o corpo é conservado naquele processo.





Pegando o gancho do tópico e divagando um pouco, é interessante que Tolkien revela que os elfos tem um forte senso de mortalidade, isso é, o conhecimento claro de que o Mundo (e eles próprios) são finitos, inclusive temporalmente. Os elfos, ainda que tenham fëar e sejam filhos de Deus, seriam "criaturas do Mundo" como os animais, e não parece haver meio concebível para eles superarem o fim do mundo. Finrod recebe a esperança de que a salvação dos elfos e do Mundo se dá justamente pelo caráter ascético do homem, isto é, sua tendência de negar esse mundo e se direcionar ao além-mundo, de corpo e alma - de alguma forma, através disso, o homem poderia resgatar e redimir também o Mundo como um todo, incluindo os elfos.

Essa é a mesma solução que Schopenhauer encontra para a salvação dos animais (que dentro de sua filosofia são seres de dignidade igual ou comparável à dignidade do homem), salvação que ocorreria ainda que sejam criaturas incapazes de ascetismo:

schopenhauer.png

Também em Schopenhauer há a distinção entre duas mortes de livre "disposição": a morte do suicida típico, afirmadora da vida e da vontade, e a morte do asceta, daquele que nega a vida e a própria vontade.

schopenhauer2.png

E por ser justamente uma negação da vontade, a morte do asceta não aconteceria por "decisão" sua, mas como um dom além da sua vontade, como se vindo de fora de seu próprio ser, ainda que ele tenha uma certa "boa disposição" para receber a morte.

Essa distinção parece ser (razoavelmente) consonante com o cristianismo e com o que discutimos aqui. A diferença é que Schopenhauer foca mais na morte por martírio ou por certa inanição do corpo, não prevendo a morte do tipo "tolkienriano" (ou mariano) em que o sofrimento parece ser atenuado e o corpo preservado. Mas não é uma diferença insolúvel, a meu ver.
 
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Aqui é uma afirmação mais questionável, mas há até quem interprete que os corpos de Aragorn e outros ficaram preservados do decaimento, isto é, receberam o dom da incorruptibilidade:

Estel, Estel! — gritou ela, e nesse momento, na hora em que tomou sua mão e a beijou, Aragorn adormeceu. Então revelou-se nele uma grande beleza, tanto que todos os que vieram depois para vê-lo olhavam-no admirados, pois viam que a graça de sua juventude, a coragem de sua virilidade, a sabedoria e a majestade de sua velhice estavam mescladas em seu rosto. E por muito tempo ficou ali deitado, uma imagem do esplendor dos Reis dos Homens, numa glória que não se apagou antes da destruição do mundo. (O Retorno do Rei)

O que é uma interpretação interessante, pois distancia ainda mais a morte de Aragorn de um suicídio típico, na medida em que também o corpo é conservado naquele processo.

Essa hipótese ganha ainda mais plausibilidade em A Natureza da Terra-Média:

Os Homens relatam que os corpos de alguns de seus Mortos mantêm por muito tempo a sua coerência, e mesmo, por vezes, persistem em forma bela, como se apenas dormissem. De que isso é verdadeiro os Elfos têm prova; mas o propósito ou a razão não lhes parece clara. Os Homens dizem que são os corpos dos sagrados que por vezes permanecem incorruptos por muito tempo: querendo dizer aqueles cujos fëar eram fortes e, contudo, estavam sempre voltados para Eru em amor e esperança​

E, ainda mais surpreendentemente, Tolkien tenta estender esse fenômeno para as várias "encarnações" de Durin, o Imortal:

Aqui pode-se dizer, entretanto, que a reaparição, após longos intervalos, da pessoa de um dos Pais dos Anãos nas linhagens de seus Reis — p. ex. especialmente Durin — provavelmente não é, quando examinada, um caso de renascimento, mas de preservação do corpo de um antigo Rei Durin (digamos), ao qual, após certos intervalos, seu espírito retornava. Mas as relações dos Anãos com os Valar, e especialmente com o Vala Aulë, são (ao que parece) bem diferentes daquelas de Elfos e Homens.​

Poderia ser difícil conciliar isso com o fato de Durin aparecer várias vezes no decorrer de uma árvore genealógica... Mas, olhando a árvore, acaba nem sendo tão difícil, porque todas "encarnações" de Durin se dão ou no passado remoto (I até VI) ou no futuro distante (VII). Não temos, na obra, nenhum registro de pais de algum desses Durin. De fato, pode ser então que, de tempos e tempos, Durin voltasse à vida.

Mas aí Durin teria que, pelo menos no 6º retorno, ter fundado uma nova dinastia. A não ser que, quando a linhagem real terminasse, Durin retornasse à vida, reinasse, e "adotasse" alguém com grande mérito de se tornar rei e fundar uma nova linhagem... Eru chama os anões de "filhos de minha adoção" em O Silmarillion, então até que combina... Além disso, Dúrin I é dito ter despertado sozinho, sem esposa, diferentemente dos outros anões... Vai ver ele nunca sequer teve filhos, pra começar...
 
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