Rogue One abre um caminho inesperado e brilhante na saga Star Wars
Roberto Sadovski
13/12/2016
Rogue One é
Star Wars como você nunca viu. É uma aventura enxuta, tensa e emocionante. Vai levar os fãs às lágrimas, vai deixar o público casual à beira da poltrona. Introduz personagens novos, os mistura em um mundo já velho conhecido e, como resultado, surge como um animal ousado e original. O curioso é que, depois de a Disney reintroduzir a saga ano passado com
O Despertar da Força, usando justamente nossa familiaridade com o conceito da série em uma trama que espelhava o
Guerra nas Estrelas original, a decisão em
Rogue One foi fugir de conexões, de especulações, do exercício favorito de quem sai do cinema e corre para as redes sociais destilar suas teorias. O filme de Gareth Edwards (
Godzilla) não quer abrir possibilidades assim: quer encontrar respostas.
A premissa de
Rogue One não é a reinvenção da roda. Na verdade, estava explícita desde 1977, no texto que abre o Star Wars de George Lucas, falando sobre a primeira vitória da Aliança Rebelde contra o Império, uma batalha durante a qual ''espiões rebeldes roubam os planos da Estrela da Morte'', a superarma capaz de explodir planetas inteiros. O que Edwards fez foi não só expandir essa narrativa como usá-la para mostrar o mundo de
Star Wars longe da saga central. O resultado é um filme enxuto e auto contido, que se concentra na missão em mãos e mostra como, numa guerra, o holofote pode brilhar sobre os protagonistas mais inesperados.
No caso,
Rogue One segue Jyn Erso (Felicity Jones), criminosa rasteira que é arrastada relutantemente para o meio do conflito entre o Império e uma Aliança Rebelde sustentada por um fiapo de esperança. Seu pai, Galen (Mads Mikkelsen), de quem ela foi separada brutalmente quando criança, é o cientista responsável pela construção da Estrela da Morte, sob a supervisão do cruel diretor Krennic (Ben Mendelsohn, devorando o cenário). Os rebeldes precisam resgatar um piloto imperial que desertou de sua posição e está nas mãos de Saw Gerrera (Forest Whitaker), tão extremista em sua luta contra o Império que até seus ex-aliados lhe viraram as costas. Sua ligação com Jyn é a única esperança de recuperar uma mensagem de Galen e, talvez, ter alguma chance contra a estação de combate devastadora que pode esmagar de vez a Aliança.
Neste cenário, Edwards, trabalhando com um roteiro de Chris Weitz e Tony Gilroy, faz de
Rogue One um filme de guerra clássico, uma trama de ''homens com uma missão'' transplantada para a galáxia muito, muito distante. Sua grande sacada é traduzir em filme o caos que existe nos bastidores de um conflito. Embora o Império já mostre seu domínio, solidificado após o expurgo dos Jedi mostrado em
A Vingança dos Sith, terceiro episódio da saga, a Aliança Rebelde ainda é um aglomerado de combatentes unidos pelo medo, mas incertos da maneira de executar seus atos. É nesta incerteza que Jyn, tomada pela esperança renovada, junta um grupo para dar cabo à missão apontada por seu pai: arquiteto da Estrela da Morte, ele é o responsável pela falha estrutural que um certo Luke Skywalker vai explorar em
Uma Nova Esperança, o Star Wars original.
Dessa forma, o novo filme mergulha em um tema recorrente na saga: a relação entre pais e filhos que culmina numa jornada de redenção. Os heróis de
Rogue Onepodem, sim, ser altruístas. Mas compreender seu papel em meio à grande escala do conflito que aos poucos explode pela galáxia é a força que impele Jyn. Seu caminho, ao contrário da história da família Skywalker, é o de pequenos atos, e de como eles podem redefinir o rumo do conflito. O texto esperto consegue não só lhe dar profundidade, mas também define à perfeição, e em pouco tempo, a personalidade e as motivações de seu grupo. Temos Cassian Andor (Diego Luna), rebelde desde sempre que aprende a não seguir ordens cegamente; a dupla Chirrut (Donnie Yen) e Baze (Wen Jiang), guardiões dos restos do legado Jedi num mundo devastado; o dróide K-2SO (Alan Tudyk, em captura de movimento), a verdadeira antítese de C-3PO; e o piloto desertor, Bodhi (Riz Ahmed), impelido por um profundo sentimento de indignação ante à crescente crueldade do Império.
É justamente na escolha de seu elenco que
Rogue One encontra uma de suas maiores virtudes. Sem parecer que se curva para um preenchimento de cotas, Gareth Edwards constroi um mundo rico em diversidade, e em nenhum momento isso se torna mais importante que a história. E não só em seu elenco principal: de posições de poder no Império e entre os rebeldes, a coadjuvantes em terra firme ou pilotando caças X-Wing, o mundo de
Star Wars surge rico em gêneros e etnias, o que encaixa-se perfeitamente à profusão de criaturas que enfeitam cada frame. Fica óbvio que o ''bem'' e o ''mal'' dependem, exclusivamente, do caráter de cada personagem. O que não impede o diretor de tecer cenas de guerrilha urbana, em especial no solo da lua condenada de Jedha – uma vez um lugar de adoração e peregrinação para os que acreditam na Força, agora devastado pela ocupação do Império. Ecos de zonas de guerra como no Oriente Médio não são ao acaso.
Rogue One pode ser diferente dos episódios da saga em tom e em estrutura. Mas Edwards sabe a caixa de brinquedos que tem em mãos, e não se furta em dividir a diversão. Seu filme, afinal, ocupa o espaço temporal da época mais sensacional da série – o alvorecer de ''uma nova esperança'' -, e tudo em cena reflete o que George Lucas criou em seu clássico de 1977. O que significa que o responsável pelo controle da Estrela da Morte é Grand Moff Tarkin, que o saudoso Peter Cushing defendeu há quase quatro décadas, ''ressuscitado'' aqui de maneira assustadora. Significa também que Darth Vader dá as caras antes de descobrir seus herdeiros, sem nenhuma amarra como força do mal (sim, ele está em cena como o Lorde de Sith violento e letal que sempre ouvimos falar). E significa que, após a missão de Jyn Erso, os planos da Estrela da Morte tem destino certo e bastante conhecido. Ampliando seus horizontes com esta
História Star Wars, a Força continua poderosa no cinema.
Fonte:
http://robertosadovski.blogosfera.u...nho-inesperado-e-brilhante-na-saga-star-wars/
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Pode ficar tranquilo: “Rogue One” é tudo isso mesmo (sem spoilers)
Alexandre Matias
13/12/2016
A primeira coisa que você deve saber sobre Rogue One, o primeiro filme da Lucasfilm fora das três trilogias que contam a saga da família Skywalker, é que você deve se proteger ao máximo para não saber nada. Blinde-se de quaisquer dicas sobre a história do filme que estreia nesta quinta, dia 15. Qualquer pequena informação sobre o filme pode estragar boas surpresas em relação a este novo rumo que a franquia criada por George Lucas parece tomar. Não que o filme seja repleto de revelações e reviravoltas, mas mantenha-se alheio a tudo que possa estragar sua surpresa em relação a Rogue One.
A segunda coisa que você precisa saber sobre este filme é que ele é tudo isso mesmo. Ele mantém-se tão fiel à mitologia clássica quanto o Episódio VII lançado no ano passado, mas muda completamente de rumo pois não tem a carga de expectativa que o filme dirigido por JJ Abrams carregava. Assim, mantém-se fiel ao tom e à paisagem imaginada naqueles três primeiros filmes sem precisar ater-se tanto a qualquer história que já conhecemos. Se muitos reclamavam que O Despertar da Força era uma mera atualização do roteiro do Episódio IV, Rogue One não se prende a nenhum fio narrativo que já conhecemos para impor sua força.
Mas está tudo lá: o Império cada vez mais implacável e a Aliança Rebelde tomando forma. Novas naves, novas espécies, novas armas e novos personagens encontram-se com velhos conhecidos (alguns inesperados – tem gente até da trilogia prequel), fazendo que a história do bando de mercenários que tem como missão sequestrar informações sobre uma novíssima arma do Império tenha todo o DNA da saga original de George Lucas.
O time principal de personagens – e seus atores – é formidável. A Jyn Erso de Felicity Jones já é uma das grandes heroínas dos filmes de ficção científica, ao lado de outras protagonistas geniais da saga, como a Princesa Leia e da novata Rey. Ela destaca-se frente a um exército de Brancaleone improvável e divertidaço, que conta com mudanças bruscas de humor – da infâmia à raiva – de fora que o filme nunca perde sua tensão básica, que mantém-se literalmente até a impressionante última cena.
É um filme de guerra, com cenas de batalhas espetaculares, mas também um filme sobre um universo em expansão: na primeira meia hora somos apresentados a paisagens e planetas novíssimos, que em breve serão habitados em filmes futuros. Mas também há doses pesadas de emoção – dá pra segurar o choro em pelo menos duas cenas – e a palavra de ordem é esperança. Esperança não apenas para o futuro da história nos filmes (afinal, ele antecede a primeira trilogia, iniciada em 1977), mas também para o rumo que a Lucasfilm está levando sua série. E prepare-se para a terceira parte do filme, que ela é de tirar o fôlego – em vários momentos.
Escrevo sob o efeito da felicidade surpreendente provocada pelo filme à primeira vista (algo parecido, embora mais adulto, com a vibração alto astral do seriado Stranger Things), mas dá pra cravar que Rogue One é um dos melhores filmes da franquia, melhor que o filme do ano passado, que o Episódio IV e, talvez (preciso assistir mais uma vez), que O Império Contra-Ataca. Preciso ver de novo, mas se há falhas neste filme, não consegui pegar nesta primeira vez. Até o final da semana comento melhor o filme – aí sim com spoilers – e cravo se Rogue One é ou não o melhor filme da série até agora.
Fonte:
http://matias.blogosfera.uol.com.br...ilo-rogue-one-e-tudo-isso-mesmo-sem-spoilers/
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A título de curiosidade:
10 Films That Influenced ‘Rogue One: A Star Wars Story’