Soneto da Inexistência
Do berçário, do caixão, do estranho
Aqui jaz aquele que não mais sou
Do educador ao padre, acanho
Os horrores que o tempo transpassou
Horrores estes infandos, infantis!
Da tenuidade de antes do útero
À ausência nas fotos pueris,
Tais pensamentos tornam-se crucíferos...
Nascer, crescer, galantear, morrer
Como me assusta a morte, o não nascer,
A inexistência que ronda o humano!
Burlai-me, ó fenecer dum arcano!
Deixa para este pobre o oblívio:
Flores, caixão, berço, flores, declívio.
_________________________________________________
Soneto petrarquiano, decassílabo, com rimas ABAB ABAB AAB BAA.
Do berçário, do caixão, do estranho
Aqui jaz aquele que não mais sou
Do educador ao padre, acanho
Os horrores que o tempo transpassou
Horrores estes infandos, infantis!
Da tenuidade de antes do útero
À ausência nas fotos pueris,
Tais pensamentos tornam-se crucíferos...
Nascer, crescer, galantear, morrer
Como me assusta a morte, o não nascer,
A inexistência que ronda o humano!
Burlai-me, ó fenecer dum arcano!
Deixa para este pobre o oblívio:
Flores, caixão, berço, flores, declívio.
_________________________________________________
Soneto petrarquiano, decassílabo, com rimas ABAB ABAB AAB BAA.