OBRA-PRIMA
Sim, por incrível que pareça, eu adorei o filme. Embora eu ainda ache a versão original do Tarkovsky superior, o Soderberg finalmente se provou um diretor de qualidade pra mim com esse filme. Ele é demais. Eu estou até pensando em dar uma chance aos outros filmes dele depois desse.
Eu já vi o filme DUAS VEZES no cinema. Dá pra ter uma idéia de quanto eu gostei; o filme não é do tipo que se repete.
Pra começar, eu quero elogiar Soderberg e a fotografia do filme com os mais altos elogios possíveis. Só de olhar pra tela foi um prazer enorme, realmente grande. Cada plano foi planejado com muita atenção, tentando alcansar um nível de beleza e significância. Os filtros amarelados usados na Terra, a camera lenta, pesada, macia, estática. As vezes o uso de Steadycam representava uma situação caótica, nervosa ou confusa. As vezes um filtro azulado e tomadas longas mostravam o ambiente misterioso da estação. E as imagens e efeitos especiais do planeta Solaris são de deixar qualquer um em grande necessidade de um babador.
Os dois personagens principais, Rheya e Kelvin, tinham um relacionamento intenso. Não intenso como vc vê em filmes de romance, mas realmente intenso, do tipo que dá pra sentir o calor e a tensão sexual saindo da tela e atingindo você. Durante o primeiro sonho de Kelvin, onde misturas de flashback, imaginação e realidade acontecem, Soderberg filma uma cena de sexo que realmente foi NECESSÁRIA para um filme. Que fazia sentido na história. Não era apenas para mostrar o corpo dos atores ou por polêmica. O amor entre os dois, a conexão que eles tem, foi expressada nessa cena. Um momento lindo.
Soderberg realmente teve bastante diversão dirigindo esse filme. Dá pra ver o estilo que ele mostra em outros filmes, agora totalmente explorado, com flashbacks e presente misturados (sem aviso), cameras tremendo em uma cena e estáticas em outra, vários filtros e trabalhos de cores diferentes. Ele até fez homenagens (várias) a 2001: Uma Odisséia No Espaço.
A trilha sonora é uma das melhores trilhas que eu já vi para um filme. Realmente ajudou e complementou o filme. Combinava com o tema, com o clima. Os barulhos eletrônicos e batidas leves em momentos mais calmos e os sons mais fortes nos momentos de tensão do filme. Não podia ter sido de outro jeito.
Comparando com a obra do Tarkovsky, esse filme é claramente mais rápido, menos poético e menos ambíguo. Aliás, ficou até um pouco óbvio. Mas não atrapalhou. Agora eu me sinto meio culpado de gostar tanto de dois filmes iguais, então pelo fato dele ser um remake(algo que eu não gosto), eu vou tirar um ponto da nota final dele. Não foi necessário, nenhum remake é, mas o Soderberg fez a única coisa aceitável em um remake, que é mudar o filme bastante do original, uma nova versão da mesma história.
8/10
Ok, vou colocar mais um post em relação a essa pequena discussão...
Ristow disse:
pkm disse:
o clone dele viveu em Solaris e fim?! ou seja, ele morreu na nave e o clone dele ficou com a clone da garota?! Alguém me ajuda nessa!?
Foi isso mesmo... Quando a nave está prestes a decolar de Solaris, ele não entra naquela cabine junto daquela negra (esqueci o nome). Ele volta pra nave e se mata (provavelmente porque não queria viver sem a mulher). O problema é que um clone dele é criado pelo planeta, clone que vem pra Terra (tanto que quando ele chega aqui, ele diz que não reconhece e tal...). Isso fica mais visível quando ele se corta e não fica nenhuma cicatriz; ou seja, o clone dele e da mulher vivem juntos aqui na Terra................não é lindo?
Não foi isso que aconteceu não.
[spoiler:ac6f759e71]Kelvin, na hora de entrar na nave, decide que não pode voltar pra Terra pois ainda está muito emocionalmente conectado com Rheya. Então ele continua na estação, na esperança da esposa voltar. Mas a estação é sugada por Solaris.
No entanto, ele não morre. Solaris, o planeta inteiro, uma forma de vida altamente inteligente e poderosa, coloca Kelvin em um estado de alucinação. Kelvin pensa que está na Terra, vivendo sua vida normalmente, re-acostumando(como ele diz) ao lugar, mas na verdade, tudo aquilo está acontecendo no planeta Solaris. Isso é revelado quando ele corta o seu dedo e não sangra(um jeito meio idiota de mostrar, mas whatever). Isso prova que ele não está mais sobre o controle do seu corpo, mas apenas de sua mente. E Solaris realizou o desejo de Kelvin, de ter a sua esposa de volta, não fisicamente, mas mentalmente. Então os dois continuam a vida de paixão deles no planeta, só que não estando realmente ligados a realidade.
Kelvin:"Estou morto ou vivo?
Rheya:"Você não precisa pensar mais dessa forma."
Isso significa que eles fazem parte do planeta agora, são imortais.[/spoiler:ac6f759e71]
Espero que tenha tirado algumas dúvidas.
PS: Esqueci de comentar no post acima, mas todas as atuações do filme foram excelentes, especialmente o Clooney(a melhor atuação da vida dele) e o Davies, o cara que interpreta o malucão Snow da estação.