Re: → Sobre Eru Ilúvatar
Mas esse Destino, determinismo cego, é também irracional, logo, é desprovido de imposição de leis sobre a existência. Não pode haver livre-arbítrio. Eru não impõe nada, ele está inserido, tudo é imposto por Ele e para Ele. Tudo.
O livre-arbítrio pressupõe uma liberdade que nos é concedida. Ninguém nos concedeu, ela é nossa por natureza, e ela pressupõe uma entidade exterior que a controla contra nós. Assim não há liberdade. E se Eru fosse exterior, não seria Eru, seria um E.T. Nossa liberdade é natural, nos é dada por nós mesmos e, consequentemente, pelas organizações religiosas, sociais, políticas e econômicas que criamos com uma finalidade necessária.
Só uma dúvida. De onde veio a tendência de Morgoth ao mau? Somente o desejo pela chama imperecível? Foi isso que o fez escolher o mau?
A Chama atraiu Morgoth pelo poder que enla estrá inserido. Melkor acreditava que só de possuir a Chama se tornaria Eru, mas um Eru que tivesse Vontade, Existência e Poder. Ainda que criado por Eru, Melkor o usurparia como o pai do Mundo, e seria um Senhor externo, controlador e vivo. Uma farsa.
Então, não há Bem nem Mal. Há o Amor, que é fidelidade ao Mundo, dos Valar. Eru não impôs nada disso aos seus pupilos, era uma vontade natural, como criaturas, dos Ainur.
Mas a vontade de Melkor era igual. Só que ele queria o Poder, que é um ente oposto ao Amor. Se o amor é natural, o poder deveria ser também.
Mas contece que esse poder deveria existir para governar em função de um povo, com uma utilidade empírica e social. Isso vale para Manwë sobre os Ainur, Ingwë para os vanyar, Aragorn para Gondor e Arnor, etc.
O poder não é natural, ele é social, político, Em outras palavras, nada há de sagrado, metafísico, ou espiritual no poder. Diferente do amor, ele émpírico, prático.
Melkor perverteu a Natureza, quando desejou, com sua vontade de Vala, o poder fora de suas funções e finalidades. A vontade tem poder criador e destruidor. O Escuro foi criado dentro do coração de Morgoth, pela sua vontade.
Tal Vontade que criasse uma ontologia do Poder e desprezasse o Amor, era antinatural e criadora do que chamamos de mal, essa antinatureza. Não o mal moral, mas a ânsia pelo que deveria estar em último plano: o poder.
O Escuro não existia em si, então, não como o Amor. Mas a Luz (amor) se enfraqueceu, poeque Morgoth era o mais poderoso dos Valar e sua grande Vontade deu vida ao Escuro. tal hediondo era esse ente, que nunca mais ele criou nada.