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Sob o Domínio do Mal (The Manchurian Candidate, 1962 e 2004)

Sister Jack

Usuário
Não tem tópico pra nenhum dos dois? Isso é crime federal, IMO.

Anyway, eu amo o original, do John Frankenheimer, é um dos meus filmes favoritos, e um dos melhores thrillers políticos sci-fi de todos os tempos (o melhor, na verdade). Mas o que eu acabei de ver foi o Remake, do ano passado, dirigido pelo Jonathan Demme. Eu tinha ouvido falar coisas decentes sobre ele, mas perdi a estréia no cinema. Deixei passar. Agora acabei de ver no DVD e...

Sob o Domínio do Mal (2004) - 78
Wow. O Demme realmente acertou com esse aqui. Bem diferente do original, não só em transformar o vilão do filme pra uma preocupação atual -- antes eram os Comunistas, agora são as Corporações Globais -- mas também em eliminar o humor negro e a precisão clínica do filme do Frankenheimer e decidir focar totalmente no ângulo de thriller paranóico. É sombrio, tenso, irritante (no bom sentido). O Demme usa a estética do filme pra manter o clima de insegurança constante, especialmente na primeira metade: ele usa efeitos sonoros baixos, de trens, vozes, gritos, tiros, em praticamente todas as cenas, como se você estivesse afundando na paranóia do protagonista; ele corta de uma cena pra outra com barulhos de sirenes ou choques elétricos, sugere paranóia enchendo o quadro de elementos -- névoa, carros e pessoas bloqueando a visão, espelhos, luzes piscando e refletindo -- e também usa o background com telas e monitores mostrando propagandas políticas (ligeiramente exageradas) com mensagens do tipo "Security Tomorrow". O Tema é importante e totalmente atual: as pessoas estão tendo suas "mentes lavadas" (o elemento sci-fi) de formas mais sutís do que as mostradas pelo filme, pela mídia, governo, e especialmente as Grandes Corporações, conectadas e em controle de basicamente tudo -- incluindo até os seus próprios governantes (o candidato a vice-presidente do filme, Raymond Shaw, tem seu cérebro controlado pela Manchurian Global). Não é nada necessariamente novo, mas é um lembrete essencial (e impactante) sobre o que está realmente acontecendo no mundo. O que o filme realmente sugere de (semi) novo é a idéia de que políticos com ideais conservadores se disfarçam de liberais (o personagem da Meryl Streep), mas até isso já havia sido mencionado no original (comunistas escondidos acusando outros políticos de comunismo).

Aliás, o filme só perde realmente nas suas comparações ao original: ele perde o mistério (a personagem ambígua da Janet Leigh) e o senso de cinismo e paródia descarada, e o senso de humor excitante que adicionava uma nova camada à narrativa -- a vantagem disso sendo que rir das desgraças é mais ousado e enfurecedor do que mostrar elas. E é inegável que o filme tenta martelar a mensagem com toda a força possível, de jeitos óbvios e deselegantes. Mas os flashbacks alucinados ainda seguram, no entanto: montagens rápidas de imagens deliciosamente malucas e sci-fi-icas de soldados amarrados com tubos na cabeça, mulheres árabes com rostos pintados falando mensagens políticas, lavagem cerebral ocorrendo à visões de desenhos animados do exército, um "cientista maluco" do melhor estilo, etc etc etc. O filme também tem um elemento novo que eu gostaria de mencionar, mas é um spoiler (fica no final).


SPOILER

No final, agora a identidade do assassino é alterada pela polícia -- uma operação secreta, possívelmente livre de interferência da Corporação (ou pelo menos daquela Corporação... *arrepios*) -- para afetar e incriminar diretamente a Manchurian Global. Eles alteram por computador a figura do Denzel pra a de um funcionário da Manchurian, manchando a imagem deles para o mundo todo (envolvidos com o assassinato de políticos adorados). Não é totalmente plausível, mas levanta uma dúvida moral muito interessante: a de que o "heroísmo" da polícia federal também envolveu uma Mentira -- uma enganação total do povo. Só assim eles conseguiram atingir a Manchurian, com um sacrifício de integridade e de honestidade (pelo menos parcial). Implícita fica a pergunta: foi correto? Etc.

FIM DOS SPOILERS




Alguém mais viu algum dos dois? Alguém tem alguma opinião sobre o final do remake? Etc?
 
Última edição por um moderador:
Re: Sob(s) o(s) Domínio(s) do(s) Mal(s) (1962, 2004)

Muitos devem ter visto sim, porque na premiação do Valinor Film Awards, grande parte dos que votaram conseguiram colocar a Meryl Streep entre as indicadas à Atriz Coadjuvante.
 
Re: Sob(s) o(s) Domínio(s) do(s) Mal(s) (1962, 2004)

Ainda não vi o original, mas tem na locadora. Vou assistir.

SPOILERS

Eu vi o remake e gostei bastante também, foi uma grande surpesa, mas o elemento que vc levantou do final eu sinceramente não lembro exatamente, mas pelo que eu entendo a polícia sempre usou esses tipos de artifícios, não?. Quero dizer, hipoteticamente, se eles pretendem prender um traficante mas não têm prova disso eles "plantam" a droga lá e assim conseguem o que querem. Se o traficante é CERTAMENTE culpado como era a Manchurian, eu acho que isso justifica o ato. Talvez o preço a se pegar de deixar o traficante solto ou a Manchurian livre de acusações seja alto demais...
 
Re: Sob(s) o(s) Domínio(s) do(s) Mal(s) (1962, 2004)

SPOILERS

Hobbit Bonzinho disse:
Eu vi o remake e gostei bastante também, foi uma grande surpesa, mas o elemento que vc levantou do final eu sinceramente não lembro exatamente, mas pelo que eu entendo a polícia sempre usou esses tipos de artifícios, não?. Quero dizer, hipoteticamente, se eles pretendem prender um traficante mas não têm prova disso eles "plantam" a droga lá e assim conseguem o que querem. Se o traficante é CERTAMENTE culpado como era a Manchurian, eu acho que isso justifica o ato. Talvez o preço a se pegar de deixar o traficante solto ou a Manchurian livre de acusações seja alto demais...

Estranho você não lembrar, porque o Ristow também não lembrou. Será que foi alguma cena extra adicionada pelo Demme no DVD ou é só que vocês dois não comem cenoura o suficiente? Mistério...

E sim, esse procedimento de "plantar provas" pela polícia é bem comum, mas eu achei estranho (e interessante) ele ser usado em um thriller paranóico, que sempre tenta ao máximo mostrar o quanto o governo faz coisas ruins enganando o povo, e nunca o quanto a polícia faz coisas boas enganando o povo. E sim, o ato é meio que justificado, mas o jeito que foi mostrado me fez retrair por alguns momentos em choque/nojo do fato de estarem "heroicamente" enganando todo mundo, assim como as corporações, e aos poucos foi se ajustando na minha cabeça que eles provavelmente estão fazendo a coisa certa, e é para um "bem maior". Isso implicitamente sugere um visão meio cínica do mundo, "só se pode fazer bem através de atos imorais", o que é uma coisa boa (ter visões cínicas e questionadoras). O pensamento de que uma Corporação inimiga esteja por trás dessa "operação secreta" da polícia federal, incriminando a Manchurian pra manchar a imagem da competição, etc. Coisas intrigantes e tal.
 
Eu vi o remake, e agora eu não me lembro muito, mas eu me lembro de ter gostado bastante do filme. E, é claro que eu não achei o original para ver...
 
Também não me lembro dessa parte da polícia incriminando a Manchurian, e olha q eu assisti em DVD. Eu lembro q até fiquei puto do final ter sido muito vago e não explicar direito as coisas:

SPOILERS

No caso, o Denzel matar os dois e depois já cortar pra cena da ilha, falando das lembranças dele. Pra mim, não ficou claro o q tinha acontecido. Eu até cheguei a torcer pro plano da Manchurian dar certo, pois quando percebi q eles não tinham esquecido do Denzel e q já tinham tudo planejado eu simplesmente aplaudi mentalmente tamanha esperteza.

Mas se no no final do filme é como vc falou (a polícia "plantando" provas) então ele subiu no meu conceito. Vou alugar d novo!!!

Fim dos SPOILERS

Pra terminar, a melhor coisa desse filme é a Mery Streep. Fala sério, a mulher é uma lenda do cinema e dá um show nesse filme. Aquela monólogo q ela tem antes da escolha do candidato à vice-presidente é FODA!!! Eu tive vontade d votar nela pra presidente!!!
 
Gondorian Blade disse:
Pra terminar, a melhor coisa desse filme é a Mery Streep. Fala sério, a mulher é uma lenda do cinema e dá um show nesse filme. Aquela monólogo q ela tem antes da escolha do candidato à vice-presidente é FODA!!! Eu tive vontade d votar nela pra presidente!!!

Eu concordo que a Merryl Streep foi fantástica no filme, mas ela foi isso justamente por deixar o personagem totalmente repugnante, como aqueles políticos histéricos e beligerantes e etc, uma Ann Coulter fictícia, falando coisas ridículas sobre "A américa ser um farol de luz num mundo coberto por trevas" (do mesmo nível das mensagens políticas estilo "Security Tomorrow!" etc), e a política dela era totalmente reacionária e tal. Mas ela era realmente convincente...

Por mais que a Merryl tenha detonado, ela não chega nem no dedinho do pé esquerdo da Angela Lansbury interpretando o mesmo papel no original. Agora, essa sim foi uma das melhores performances coadjuvantes (ou em geral, talvez) de todos os tempos. É de babar. Frank Sinatra e Laurence Harvey empatam com o Denzel Washington e o Liev Schreiber, embora os do original tinham mais presença de tela.
 
PODE CONTER SPOILERS

Nossa que estranho haha Será que exsitem várias "versões" do filme em DVD???

Eu aluguei e assisti ontem, e realmente a polícia usa de suas artimanhas informatísticas p/ incriminar a Manchurian Global...

Achei o filme interessante, mas nada muito além disso... talvez por que eu não tenha entendido (sim eu fico mais burra nas férias) porque o "Denzel" atira no Vice e na Senadora (aliás, um tanto estranho a relação mãe-filho... tava mais p/ homem-mulher... eu até me perguntei se o marido da "Meryl" não foi assassinado pela corporação ou algo do tipo (não me lembro de terem comentado a morte dele)) ao invés de atirar no Presidente... Por que o vice estava "lúcido" essa hora, a ponto de ficar na linha de fogo?

Outra coisa, o "civil" contratado por eles na operação em Kuwait era da Manchurian? Ou eu estou drogada?

Elenco excelente e tal...
 
No filme original também tinha essa relação edipiana entre o candidato à vice e a sua mãe?
 
SPOILERS

Argolas disse:
talvez por que eu não tenha entendido (sim eu fico mais burra nas férias) porque o "Denzel" atira no Vice e na Senadora (aliás, um tanto estranho a relação mãe-filho... tava mais p/ homem-mulher... eu até me perguntei se o marido da "Meryl" não foi assassinado pela corporação ou algo do tipo (não me lembro de terem comentado a morte dele)) ao invés de atirar no Presidente... Por que o vice estava "lúcido" essa hora, a ponto de ficar na linha de fogo?

O Denzel tinha sido instruído pra atirar no presidente quando o vice pisasse em cima de uma estrela vermelha que tinha no chão. O vice, num momento de bondade e "clareza" -- eu suspeito que seja a "coisa além do controle mental" que eles estavam falando, sobre como no fundo o homem ainda pode ter controle de si mesmo, etc -- decide não pisar na estrela vermelha, e dá o sinal pra Denzel atirar nele. Denzel, provavelmente também em um "momento de clareza", o faz. A narrativa faz eles mudarem os planos do controle mental e fazerem a Coisa Certa por meio que uma certa esperança no "espírito humano", o que é aceitável.

Outra coisa, o "civil" contratado por eles na operação em Kuwait era da Manchurian? Ou eu estou drogada?

Qual civil? :ahn?:

Não to lembrando.

Fosco disse:
No filme original também tinha essa relação edipiana entre o candidato à vice e a sua mãe?

Sim. E ela era ao mesmo tempo mais sutil -- sem aquele momento descarado pré-eleição entre os dois -- e mais definida, simbolizada na forma diferente em que o controle mental era ativado.

Aliás, existem várias diferenças entre o remake e o original, quem for assistir o outro vai se surpreender em alguns momentos, como a forma de ativação do controle mental, uma reviravolta diferente no final, etc.
 
Vi a versão dew 1962 e acho que de alguma forma o remake conseguiu se equivaler a ele. Gostei muito da sensação de "estão todos contra mim e não tenho para onde ir" que o Demme colocou no seu filme, que não tem no do Frankenheimer.
As cenas da lavagem cerebral em compensação são geniais. Engraçadas e perturbadoras ao mesmo tempo.
 

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