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Sexta-feira 13: sugira um livro assustador

Eu gosto do Lovecraft porque suas histórias são perturbadoras, como o Pescaldo comentou, é depois de ler o livro que você fica tenso. Nunca li nada do Poe mas encomendei um livro semana passada para remediar isso =X, do King eu ja li alguns e acho muito bom o clima de apreensão quando se começa a ler.
 
Relendo o tópico, percebi que muitas vezes o que eu sentia lendo todos os três autores (King, Lovecraft e Poe) não era medo ou horror. Eu sentia era uma puta tensão. Tem horas nas obras do King que você se sente obrigada a continuar lendo, mesmo que não tenha tempo, ou esteja morrendo de sono ou simplesmente esteja se cagando com todo o que já leu. Já o Lovecraft te fa pensar que tudo a sua volta pode não ser real, fico imaginando que quem mora em lugares velhos não deve dormir muito bem depois que lê algo como O Chamado de Cthulhu. Do Poe eu só li um conto ou crônica, e não me deixou muito tenso de início, mas o fato de eu ficar esperando uma explicação e ela não vir nunca, me deixa muito "bolado" e conseqüentemente tenso, porque pensava que ia ler uma senhora conclusão.
 
Crônicas de horror o Poe nunca escreveu, né. E eu acho que o Pescaldo e provavelmente você não entenderam o que quis colocar sobre a conclusão e explicação. A "explicação" está presente nos contos de Poe quase sempre como a loucura, até onde uma pessoa insana pode chegar. Esse tipo de explicação vem mais das ações das personagens do que de um narrador falando "E tal aconteceu porque tal elouqueceu".

O que acontece é que o clímax das histórias de Poe coincide com o final. É aquela conclusão "tapa na cara", como por exemplo a exposição do corpo decepado do velho em O Coração Denunciador, o domínio da morte rubra em A Máscara da Morte Rubra, o som dos guizos do sujeito preso em O Barril de Amontilado, o sujeito com os dentes da prima em Os Dentes de Berenice, etc. etc. etc. Ou seja, não há texto complementando ou prolongando o ponto máximo de tensão da história, até porque ele é desnecessário. Estragaria o efeito perturbador que todo o resto do texto causou no leitor. Imagine por exemplo O Coração Denunciador sendo concluído com um texto dizendo que o sujeito foi para a cadeia e lá amargurou anos de arrependimento por ter matado o velho. Precisa disso? Não. Isso estragaria o efeito final de Coração Denunciador? Certamente.

Resumindo: não é a questão de "explicar" o horror, até porque mesmo Lovecraft também é sutil quanto a isso. O problema é prolongar o texto após o clímax, querendo detalhar o que poderia ter levado ao momento de horror (o que já é "explicado" ao longo da narrativa), ou o destino das personagens envolvidas na história.

Mas volto a insistir: não acho Lovecraft ruim. Só não acho que como contista ele se equipara ao Poe, e aqui falando de técnica de escrita mesmo, não do enredo. Embora eu ainda ache a loucura do homem muito mais assustadora do que qualquer coisa, mas aí já vai depender unicamente do leitor.
 
Eu já tinha sacado o que você queria dizer. Porém, como eu já falei, só li um texto do Poe e não quero ficar julgando todo o resto por um só. Conhece o Poe através de você mesma, li numa matéria do Hellfire e achei que se todo mundo falava dele eu era obrigado a ler pelo menos uma coisa.

Em fim... final não são o forte do Lovecraft mesmo. Com ele eu sempre sentia a sensação de continuidade, como se uma frase ficasse no ar, sutil como você mesma disse. Já o King é meio chocho em alguns finais, eu fiquei estarrecido com Celular, fiquei me perguntando se não faltava página.
 
Ah, o problema dos livros do King é que são tijolões enormes cheio de gordura, digamos assim. Tem muito ali que dava para enxugar. Aí, ao contrário do Lovecraft e do Poe que tem histórias de horror, King tem histórias com momentos de horror, o que é bem diferente. Penso aqui no caso de um dos meus favoritos dele, O Cemitério Maldito. Eu poderia contar pelo menos cinco momentos que deram um cagaço enorme, mas no meio disso tudo tem a vida de pai de família e médico do Louis, as conversas dele com o Judd e por aí vai. Aí o que acontece? Os livros funcionam perfeitamente quando transpostos do papel para o cinema (vide o caso de O Iluminado), até porque muita dessa "gordura" é cortada.

Edit: Aliás, ironia das ironias: os textos do Poe, por serem muito enxutos, acabam rendendo péssimas adaptações para o cinema porque os diretores precisam "encher linguiça" para o filme render um mínimo de 90 minutos.
 
Indica alguma adaptação boa ou ruim mesmo do Poe, porque do jeito que as coisas andam, essa é a única forma de eu conhecer melhor as obras.
 
Assim é melhor nem conhecer, acho =/ Mas saiu uma do Gato Negro no Masters of Horror (série de tv) que é interessante porque mescla o conto com a biografia do Poe. Tem uma Máscara da Morte Rubra acho que com o Vicent Price, mas não assisti porque estava com problema de audio (mas por ser o Price já é uma coisa boa, hehe).
 
Vou ler um livro do Poe e Do Lovecraft. Qual vocês indicam como melhor de cada um deles? E o mais fácil para começar?

Só li do Poe O escaravelho de ouro e Os assassinatos da Rua Morgue...
 
O Poe já está em domínio público, você pode encontrar vários contos dele por aí. Eu sugiro pelo menos a leitura dos que já citei acima (A Máscara da Morte Rubra, O Coração Denunciador, O Barril de Amontillado e Os Dentes de Berenice), somando a esses também A Queda da Casa de Usher, Ligeia, Morella, William Wilson, Nunca Aposte sua Cabeça com o Diabo e O Demônio no Campanário. :sim:
 
Eu entendi sim, Anica, mas eu me referia a um caso mais específico do Poe que seria o Escaravelho Dourado e o Assassinatos da Rua Morgue.

Eu costumo comparar a sensação pós Lovecraft com a do filme Exorcista. Durante você não tem medo nem nada, acha até engraçado, o problema é DEPOIS que você termina. Só a idéia d'O Exorcista me aterroriza demais.

Ainda mais eu que tenho uma escada em casa e uma irmã.
 
Tem um conto do Stephen King que eu achei muito perturbador, não lembro direito o nome, mas era um garoto que deixou o pai em um cômodo da casa, e o pai vai se transformando em uma coisa... alguém sabe qual é?
 

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