Crônicas de horror o Poe nunca escreveu, né. E eu acho que o Pescaldo e provavelmente você não entenderam o que quis colocar sobre a conclusão e explicação. A "explicação" está presente nos contos de Poe quase sempre como a loucura, até onde uma pessoa insana pode chegar. Esse tipo de explicação vem mais das ações das personagens do que de um narrador falando "E tal aconteceu porque tal elouqueceu".
O que acontece é que o clímax das histórias de Poe coincide com o final. É aquela conclusão "tapa na cara", como por exemplo a exposição do corpo decepado do velho em O Coração Denunciador, o domínio da morte rubra em A Máscara da Morte Rubra, o som dos guizos do sujeito preso em O Barril de Amontilado, o sujeito com os dentes da prima em Os Dentes de Berenice, etc. etc. etc. Ou seja, não há texto complementando ou prolongando o ponto máximo de tensão da história, até porque ele é desnecessário. Estragaria o efeito perturbador que todo o resto do texto causou no leitor. Imagine por exemplo O Coração Denunciador sendo concluído com um texto dizendo que o sujeito foi para a cadeia e lá amargurou anos de arrependimento por ter matado o velho. Precisa disso? Não. Isso estragaria o efeito final de Coração Denunciador? Certamente.
Resumindo: não é a questão de "explicar" o horror, até porque mesmo Lovecraft também é sutil quanto a isso. O problema é prolongar o texto após o clímax, querendo detalhar o que poderia ter levado ao momento de horror (o que já é "explicado" ao longo da narrativa), ou o destino das personagens envolvidas na história.
Mas volto a insistir: não acho Lovecraft ruim. Só não acho que como contista ele se equipara ao Poe, e aqui falando de técnica de escrita mesmo, não do enredo. Embora eu ainda ache a loucura do homem muito mais assustadora do que qualquer coisa, mas aí já vai depender unicamente do leitor.