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Sexismo na Linguagem

Veja com os seus próprios olhos:
Parece piada... Nunca tinha ouvido falar disso antes. Logo em seguida vou na caixa de email, e vejo uma mensagem usando esses x's. :lol: Pelo menos era só de um estagiário.

é besta demais. até porque, caramba, já existe " o (a) "
Mas usar "o(a)" você está reforçando os estereótipos binários (dizendo que todo mundo é "o" ou "a"), discriminando transgêneros e andrógenos, perpetuando preconceitos mimimi.
 
Mas usar "o(a)" você está reforçando os estereótipos binários (dizendo que todo mundo é "o" ou "a"), discriminando transgêneros e andrógenos, perpetuando preconceitos mimimi.

eu vejo assim: se vale tanto o ou a (que é o que o o (a) quer dizer) então isso quer dizer que são equivalentes, não diferentes, portanto não há discriminação de gênero. é o self-service da norma culta.
 
Não haveria discriminação de gênero se você considerar que só há dois gêneros (os habituais masculino e feminino, contemplados pelo "o" e pelo "a"), mas o que esse pessoal defende é que essa consideração por si só também é um preconceito, e que haveria um terceiro, ou até talvez infinitos gêneros.
 
Retrógrada. Por acaso não sabe que a norma culta é a forma de dominação da classe dominante, branca, de direita e heterossexual?
:dente:

mas é justamente isso que to dizendo. ai, que lindo, todo mundo que apoia a causa usando o x, obaaa. e essa galera que tem que perder o preconceito? vão continuar achando que é erro de digitação, dando de ombros e seguindo em frente.
 
Não haveria discriminação de gênero se você considerar que só há dois gêneros (os habituais masculino e feminino, contemplados pelo "o" e pelo "a"), mas o que esse pessoal defende é que essa consideração por si só também é um preconceito, e que haveria um terceiro, ou até talvez infinitos gêneros.

Pode haver um número infinito de gêneros usados pelas pessoas em suas vidas, mas pelo menos a língua portuguesa não dá conta dessa quantidade e não há mudança que fará com que dê conta.

Ou a pessoa se conforma, ou se rebela e passa a falar uma língua mais "neutra" (como o finlandês, que só tem um pronome de 3ª pessoa no singular, hän, que significa tanto "ele" quanto "ela") e abre mão de ser compreendida por todas as outras pessoas (caso permaneça no Brasil), ou então cria a própria língua e torce para que outros a adotem.
 
O povo anda pegando no pé de cada coisa, né? Até na língua portuguesa agora o pessoal tá palpitando. Primeiro censuraram Monteiro Lobato, ignorando toda contextualização de suas obras, agora feminazis tem suas virilhas coçando quando leem tudo no masculino sem saber direito ao certo o motivo disso. Lembro do bafafá que foi quando a Dilma foi eleita presidente e todo mundo queria intubar um "presidenta" na nossa goela como a única forma aceitável e tudo diferente disso seria machismo e toda essa balela que a gente cansa de ler no Facebook por aí.

Sei bem o que é isso... a língua não é apenas um canal do pensamento (http://en.wikipedia.org/wiki/Linguistic_relativity) ela é também um parâmetro de comportamento.

O indivíduo passa por 3 estágios entre ingenuidade e maturidade:

ignorância - educação- liberdade de escolha

Sem saber reconhecer o padrão a criação se limita.

Por exemplo, a palavra presidenta que nasce como apelido ou alcunha para um indivíduo específico pode perder o controle e ganhar um objetivo novo, o de vingança (revanchismo é diferente de justiça e pode comprometer muito a utilidade da palavra). "Presidenta" no sentido de caos ao invés de gratidão com a boa comunicação entre as pessoas.

Em Tolkien essa perda de controle criativo aparece no idioma dos orcs que chamam "água suja" de "água gostosa" não com objetivo de identificar aquela água mas querendo se vingar contra o outro tipo de água (limpa) que os outros povos livres preferem para beber. (criação derivada do ódio e inveja ou da dor e sofrimento)

Por isso eu concordo que o lado "comportamental" da língua deve também ser observado com atenção.

E lembro que conheci alguns professores que tomavam remédios controlados. Para quem conhece, alguns remédios são capazes de fazer uma pessoa dar gargalhadas até mesmo se um monte de pessoas forem atropeladas na frente dela na rua.

Um deles tinha justamente problemas de controle da turma. Como ele estava sempre alto (chapado de bom humor) dificilmente reconhecia a sintonia fina dos alunos para reconhecer problemas de saúde ou humor dos alunos e tudo passava batido por ele (é como "tocar o dane-se") e a coordenação, alunos e diretoria sempre tinham problemas porque ele liberava os alunos antes de superarem a fase da ingenuidade.

Da mesma forma é o idioma. É necessário observar se a pessoa está fazendo mudanças lingüísticas ou se está sabotando a sociedade.
 
explica essa estória aí melhor @Bruce Torres :rofl:

Recentemente eu comentei sobre o assunto no blog Demais Considerações Literárias em um tópico sobre o Pós-Estruturalismo e o porque de eu ter minhas reservas em relação a isso. Pois bem, ocorre que essa mania pós-estrutural atingiu em cheio a Academia, o Establishment, a Intelligentsia, o Diabo a Quatro depois da década de 1960, graças aos estudos de Barthes, Derrida, Foucault e outros putos. Eles deram um passo além de Lévi-Strauss - não era mais suficiente saber a origem dos interditos, dos costumes, da dinâmica (psico)social, etc.

(Vocês já devem saber disso, mas é só pra estabelecer o contexto em que surgiu essa acusação.)

Pois bem, existia uma filósofa feminista chamada Sandra Harding. Um filósofo, a princípio, estuda fenômenos e sentidos - só que ela foi mais longe. Se antes os filósofos escolásticos tentavam incutir em fenômenos cosmológicos uma lógica divina - apenas para os modernos chegarem a uma visão naturalista, afinal -, ela resolveu que, ei, os matemáticos estavam tentando forçar uma visão própria (leia-se, "estupro") no estudo dos fenômenos naturais.

"One phenomenon feminist historians have focused on is the rape and torture metaphors in the writings of Sir Francis Bacon and others (e.g. Machiavelli) enthusiastic about the new scientific method. …But when it comes to regarding nature as a machine, they have quite a different analysis: here, we are told, the metaphor provides the interpretations of Newton’s mathematical laws: it directs inquirers to fruitful ways to apply his theory and suggests the appropriate methods of inquiry and the kind of metaphysics the new theory supports. But if we are to believe that mechanistic metaphors were a fundamental component of the explanations the new science provided, why should we believe that the gender metaphors were not? A consistent analysis would lead to the conclusion that understanding nature as a woman indifferent to or even welcoming rape was equally fundamental to the interpretations of these new conceptions of nature and inquiry. In that case, why is it not as illuminating and honest to refer to Newton’s laws as “Newton’s rape manual” as it is to call them “Newton’s mechanics”?"

Fontes: The Science Question in Feminism, de Sandra Harding.
Imposturas Intelectuais, de Alan Sokal e Jean Bricmont.

Vemos acima uma tentativa de criar uma equivalência semiótica (falsa) entre "mecânica" e "estupro". O que Newton estabelece em seus Principia é uma conclusão das leis físicas (e naturais e mecânicas) de corpos em movimento, etc. É apenas um tratado matemático, mas Harding lhe dá uma conotação de "manual de estupro" - só que a "mecânica" é algo que independe de observador (Newton não conhecia física quântica), sendo o resultado final calculável e o mesmo dentro das mesmas condições. A não ser que a autora creia que o "estupro" é um impulso - ainda assim impossível de calcular e apreender dentro de uma base científica precisa -, uma leitura possível de sua declaração, essa analogia não faz o menor sentido.
 
No meu entendimento, as pessoas que a criticaram (e ainda a criticam) refletem inconscientemente (ou não!) um preconceito inerente à nossa sociedade.

Na boa, não é mais interessante atentarmos para as ações das pessoas ao invés da escolha entre "presidente" e "presidenta"? Essa militância da Suplicy é um saco. Quer pegar no pé dos machistas? Fine. Quer pegar no pé de quem fala "Presidente Dilma"? Ah, vai lavar uma louça depois de queimar a barriga no fogão.

:batera:
 
O que precisa mudar é comportamento, e não linguagem. Inglês não tem artigo feminino ou masculino, alemão tem masculino, feminino e neutro (em quatro declinações diferentes) e nem por isso são menos sexistas que outras nações. Concordo que postos de trabalho (juíza, presidenta, etc) devam ser usados... de resto, para mim, é besteira...
 
Na boa, não é mais interessante atentarmos para as ações das pessoas ao invés da escolha entre "presidente" e "presidenta"? Essa militância da Suplicy é um saco. Quer pegar no pé dos machistas? Fine. Quer pegar no pé de quem fala "Presidente Dilma"? Ah, vai lavar uma louça depois de queimar a barriga no fogão.

:batera:
Grimnir, eu acho que apontei exatamente a mesma questão que você no início do meu post.
Eu disse:
Acho que não é uma questão de querer resolver o problema através de uma mudança na língua.
Ao meu ver, o caminho a ser seguido pra entender melhor o fenômeno é inverso.
Que tal pensar que o problema é tão sério e evidente que chega a se refletir na língua?
E depois eu enfatizei essa mesma questão no final do mesmo post.
Eu disse:
De fato, o objetivo principal não é mudar a língua, mas a língua se torna objeto de uma luta ideológica que pode ou não provocar uma mudança linguística. Pra mim, é válido!
De fato, a implicância com quem não concorda em usar uma marca linguística não consagrada é inútil.
Mas, seguindo o caminho inverso, a implicância com quem decide usar tais marcas também não surte nenhum efeito! ;)
 

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