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Sérgio Porto aka Stanislaw Ponte Preta

Jornalista, mas autor de textos irreverentes, me levou a crer que o Brasil que ele descreveu nos anos 60, o tal "jeitinho brasileiro" nada mudou.

Se eu fosse vocês iria conferir a sua obra cheia de cronicas e contos legais IMEDIATAMENTE....

Vejamos algumas pérola do cidadão:

"Mais assanhado do que bode velho no cercado das cabritas"
"Mais suado do que o marcador de Pelé"
"Mais feia do que mudança de pobre"

Outras mais, autor do SAMBA DO CRIOLO DOIDO que debocha dos sambas-enredos surreiais presente no nosso pais desde sempre:

Foi em Diamantina onde nasceu J.K.
E a princesa leopoldina lá resolveu se casar
Mas Chica da Silva tinha outros pretendentes
E obrigou a princesa a se casar com Tiradentes
Laiá, laiá, laiá, o bode que deu vou te contar

Joaquim José, que também é da Silva Xavier
Queria ser dono do mundo
E se elegeu Pedro Segundo
Das estradas de minas, seguiu p'rá são paulo
E falou com anchieta
O vigário dos índios
Aliou-se a dom pedro
E acabou com a falceta
Da união deles dois ficou resolvida a questão
E foi proclamada a escravidão

Assim se conta essa história
Que é dos dois a maior glória
A Leopoldina virou trem
E Dom Pedro é uma estação também
Oô, oô, oô, o trem té atrasado ou já passou
 
ele sempre estava presente naquelas coletâneas do para gostar de ler. e sabe, eu não lembro dele só pelo pseudonimo esquisitão (eu acho =P ), mas também porque adorava as crônicas e contos dele. preciso realmente reler algumas coisas, faz muito, muito tempo que não tenho contato com as obras do stanislaw.
 
Foi assim que eu conheci a obra dele, através do Para gostar de ler, mas recentemente, meu namorado apareceu com uma edição da Editora Abril publicada em 1981 que é maravilhosa, explica tudinho da vida dele , assim como ele criou a família Ponte Preta com biografia falsa e tudo mais....com direito ao FEBEAPA(Festival de Besteira que Assola o Pais), que infelizmente continua eternamente no nosso país .Engraçadissimo.
 
Essa é a crônica que eu mais gosto do Stanislaw no momento:

Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava na fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha.

Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:

- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?

A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:

- É areia!

Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.

Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com moamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.

Diz que foi aí que o fiscal se chateou:

- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com quarenta anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.

- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:

- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?

- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha.

- Juro - respondeu o fiscal.

- É lambreta.
 
Hehe, essa da velhinha e a lambreta é clássica. :rofl:
Também tive contato com os contos/crônicas do Stanislaw por meio de uma coletânea do Para Gostar de Ler que era usada como paradidático no meu colégio. Os textos têm um humor carcterístico do tal jeitinho brasileiro, que, como a Carlinha falou, não mudou nada nos dias de hoje. Me diverti muito lendo.
 
Já tive contato com umas crônicas dele, assinadas como Stanislaw. Não lembro o nome do livro, apenas me recordo que era uma compilação de crônicas e não consta na lista de obras lançadas por ele na Wikipédia. Achei legal.
 
Vou te falar, é lendo FEBEAPÁ que a gente pensa: brasileiro tem sorte. Afinal, foram tantos os mandos e desmandos da "REDENTORA" - também conhecida como Ditadura - que o país era pra ser muito mais bagunçado do que já é.

Li muita coisa sobre o Regime Militar Brasileiro, e nenhum outro livro trouxe de forma tão sincera o cotidiano dos comuns - eu, você e o dono da banca de jornal -, como em FEBEAPÁ.

Difícil decidir quem leva o troféu FEBEAPÁ daquele período de pega-pra-capar. Nos dias de hoje, onde a concorrência segue intensa, Kassab, se não fosse o campeão, certamente asseguraria uma vaga na Libertadores.
 
Direto do FEBEAPÁ:

" ... Quando se desenhou a perspectiva de uma seca no interior cearense, as autoridades dirigiam uma circular aos prefeitos, solicitando informações sobre a situação local depois da passagem do equinócio. Um prefeito enviou a seguinte resposta, à circular: " Doutor Equinócio ainda não passou por aqui. Se chegar será recebido como amigo, com foguetes, passeata e festas... "
 
Essas pesquenas anedotas de povinho do interior me lembram o "Porque Lulu Bergantim não atravessou o Rubicon", do José Cândido de Carvalho. :D
(ótima leitura, por sinal)
 
Em FEBEAPÁ 2, percebi um Stanislaw mais critico, mais direto. Ainda com a visão humorística, mas num tom " seria engraçado, se não fosse triste ", afinal, a "Redentora" fechava o cerco e descia a borracha nos estudantes e movimentos sociais, sem pudor nenhum. E olha que estamos no ano de 67, anterior ao AI-5, o tempo brabo dos milicos.

"... O Sr. Joaquim, porém, deve ter mudado de técnica, porque - meses mais tarde - quando agiu da mesma maneira, deixando que a Polícia baixasse o porrete nas professoras primárias do Estado (elas protestavam contra o não pagamento de seus vencimentos que estavam atrasados de vários meses), o Secretário de Segurança mineiro não espalhou mais o boato de que não tinha mandado bater. Disse apenas que seus homens bateram nas professoras "porque elas tentaram me agredir."
Antigamente a escola era risonha e franca, mas houve uma certa evolução e as professoras apanharam. " No meu tempo" - dizia-me o distraído Rosamundo, comentando as lamentáveis ocorrências - " ninguém levantava a mão para a professora. A gente, no máximo, levantava o dedo e, assim mesmo, quando estava apertado pra ir lá dentro..."

FEBEAPÁ 2 - Stanislaw Ponte Preta
 

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